Golpe de 18 de Brumário

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 Nota: Para a obra de Karl Marx (1852), veja O 18 de Brumário de Luís Bonaparte.
Golpe de 18 de Brumário do Ano VIII
Golpe de 18 de Brumário
O general Bonaparte no Conselho dos Quinhentos, por François Bouchot.
Outros nomes Coup d'état of 18 Brumaire
Participantes Napoleão Bonaparte
Emmanuel Joseph Sieyès
Charles-Maurice de Talleyrand
Paul Barras
Charles-François Lebrun
Localização Paris, França
Data 9 de novembro de 1799
Resultado
Anterior Campanha do Egito (1798)
Posterior Segunda Coligação (1799)

O Golpe de 18 de Brumário do Ano VIII[1] (de acordo com o Calendário Republicano Francês) foi um golpe de Estado ocorrido na Primeira República Francesa em 9 de novembro de 1799, que colocou fim ao regime do Diretório e à Revolução Francesa, dando início à Era Napoleônica.[2]

Contexto[editar | editar código-fonte]

O regime do Diretório, que governava a França desde 1795, estava marcado pela corrupção de seus dirigentes, por inúmeros golpes de Estado, pela agitação popular e militar e por uma profunda crise econômica. Á esquerda e à direita, desde jacobinos até monarquistas, o Diretório era golpeado com críticas e levantes. Até mesmo entre seus defensores, a burguesia, havia uma crescente insatisfação contra o regime.

Por outro lado, nacionalismo, glórias militares e ideais de igualdade fascinavam os franceses nesse período. Napoleão Bonaparte valeu-se de suas ações militares no Egito e de sua vitória sobre os exércitos ítalo-austríacos para criar sua imagem de herói nacional. O general recebeu uma recepção apoteótica quando retornou a Paris e, em seguida, começou a planejar um golpe de Estado com outros conspiradores.[2]

Napoleão, ainda que jovem, destacou-se como um dos mais respeitáveis generais do Exército Francês durante a Revolução. Sua habilidade na guerra devia-se principalmente à verdadeira reforma que empreendeu no meio militar, concedendo vantagens, motivação, profissionalização e, sobretudo, a infusão de um espírito nacional aos soldados. O exército de Napoleão foi o primeiro exército da história ligado à ideia de "nação", ao contrário dos exércitos tradicionais da época, associados à aristocracia.[3]

A burguesia e membros do Diretório - em particular o Diretor Emmanuel Joseph Sieyès - perceberam que o general Bonaparte era o homem certo para consolidar um novo regime. Propuseram-lhe, então, que utilizasse a força de suas tropas para assumir o governo.

Golpe[editar | editar código-fonte]

Numa ação eficaz, apesar de tumultuada, Napoleão cercou o Conselho dos Quinhentos e forçou a demissão dos membros do Diretório, tomando o poder para si.[3] Grande parte do Conselho protestou furiosamente, assim como os diretores Louis Gohier e Jean-François-Auguste Moulin, que tentaram resistir ao golpe, porém, sem sucesso.

No momento do golpe, deputados exigiram respeito à Constituição de 1795 (Ano III), ao que Napoleão respondeu: "A Constituição! Vocês mesmos a destruíram! Vocês a violaram em 18 de Frutidor; a violaram em 22 de Floreal; a violaram em 30 de Prairial. Ela já não tem o respeito de ninguém!".[4]

Em plena crise política e econômica, os promotores do golpe criaram o Consulado, estabelecendo um novo regime na França, protagonizado por Napoleão Bonaparte, que assumiu o título de Primeiro Cônsul. O golpe foi acolhido com entusiasmo por grande parte da população e, principalmente, pela burguesia, que aspirava à paz, à ordem interna e à normalização das atividades econômicas. Por outro lado, os conspiradores acreditavam que acabariam por reduzir a importância de Napoleão, utilizando-o apenas como a "espada" que levaria a cabo o movimento golpista.[5]

Consequências[editar | editar código-fonte]

Após o Golpe de 18 de Brumário, uma nova Constituição foi redigida e os poderes da República se concentraram nas mãos de três cônsules: Napoleão Bonaparte, Roger Ducos e o próprio Sieyès[6], sendo os dois últimos substituídos logo em seguida por Jean-Jacques-Régis de Cambacérès e Charles-François Lebrun.

Posteriormente, Napoleão dominaria completamente o cenário político, tornando-se Cônsul Vitalício, em 1802, e Imperador dos Franceses, em 1804.

Referências

  1. Datação conforme o calendário da Revolução Francesa (ver calendário revolucionário francês).
  2. a b «Hoje na História: Napoleão dá o golpe do 18 Brumário». Opera Mundi. Consultado em 2 de abril de 2016 
  3. a b «Era Napoleônica». História do Mundo. Consultado em 2 de abril de 2016 
  4. Doyle, William (2002). The Oxford history of the French Revolution. Internet Archive. [S.l.]: Oxford University Press. p. 375 
  5. Doyle, p. 375.
  6. Crook, Malcolm (1999). «The Myth of the 18 Brumaire». H-France Napoleon Forum. Consultado em 12 de dezembro de 2007. Cópia arquivada em 18 de janeiro de 2008 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

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Ver também[editar | editar código-fonte]

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