Agronegócio

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Agronegócio (em inglês: agribusiness), abreviado como "agro", é a junção de inúmeras atividades que envolvem de forma direta ou indireta qualquer parte da cadeia produtiva agrícola ou pecuária. No Brasil, o termo é usado para se referir às grandes propriedades monocultoras modernas que empregam tecnologia avançada e pouca mão de obra, com produção voltada principalmente para o mercado externo ou para as agroindústrias e com finalidade de lucro.[1]

Ciclo do agronegócio[editar | editar código-fonte]

Cultivo mecanizado de arroz na Região Sul do Brasil

O agronegócio representa qualquer operação do ciclo da agricultura e da pecuária, o que engloba a produção, os serviços financeiros, de transporte, marketing, seguros, bolsas de mercadoria. O estudo do agronegócio é dividido em três partes.

A primeira é representada pela indústria e comércio que fornecem insumos para a produção rural, como, por exemplo, os fabricantes de fertilizantes, defensivos químicos, equipamentos, bancos e financeiras.

A segunda parte trata dos negócios agropecuários propriamente ditos, representados pelos produtores rurais, sejam eles pequenos, médios ou grandes, constituídos na forma de pessoas físicas - fazendeiros ou camponeses - ou de pessoas jurídicas.

Na terceira parte encontram-se as atividades de compra, transporte, beneficiamento e venda dos produtos agropecuários até o consumidor final. Enquadram-se, nesta definição, os frigoríficos, as indústrias têxteis e calçadistas, empacotadores, supermercados e distribuidores de alimentos.[2][3]

Insumos[editar | editar código-fonte]

Insumo é a combinação de fatores de produção diretos (matérias-primas) e indiretos (mão de obra, energia, tributos) e que entram na elaboração de certa quantidade de bens ou serviços. No agronegócio, os principais insumos são sementes, adubo, defensivos, maquinário, combustível, ração, mão de obra especializada.

Produção[editar | editar código-fonte]

A produção é o trabalho do agropecuarista por meio do cultivo do solo e/ou criação de animais, independentemente do tamanho da área ou método utilizado. É a transformação do produto agropecuário em subprodutos que podem ser bens de consumo ou insumos para outros processos, como o leite, queijos, carnes, embutidos, ração, fios, corantes.

Industrialização[editar | editar código-fonte]

O processo de industrialização de produtos da agropecuária, conhecido como "agroindústria", que consiste na transformação de matérias-primas agropecuárias provenientes da agricultura, pecuária, aquicultura ou silvicultura, que são realizadas de forma sistemática em ambientes físicos equipados e preparados. Nesta fase, os produtos primários são transformados em subprodutos.[4][5]

Distribuição[editar | editar código-fonte]

Caracteriza-se pelo transporte, processamento e distribuição dos bens agropecuários, para o consumidor ou para intermediários no processo.

Cliente final[editar | editar código-fonte]

É o consumidor dos produtos agropecuários, que os recebe in natura ou processados.

Principais produtos[editar | editar código-fonte]

Criação de gado leiteiro

Alimentos[editar | editar código-fonte]

Envolve toda a cadeia da produção alimentícia, como frigoríficos, usinas de beneficiamento de leite, indústria de óleo, rações, empacotadores, distribuidores de grãos e beneficiadores.

Biocombustíveis[editar | editar código-fonte]

É o setor do agronegócio que cuida do cultivo de plantas que serão transformadas em combustíveis orgânicos, os chamados biocombustíveis.

Têxtil[editar | editar código-fonte]

Ramo industrial que transforma bens agropecuários em produtos têxteis, como vestuário, artigos de cama, mesa e banho, bens de decoração e insumos para as indústrias moveleira e calçadista.

São exemplos de matéria-prima produzidos pelo agronegócio o algodão, o linho e a .

Madeira[editar | editar código-fonte]

Explora o solo pelo cultivo de árvores que serão transformadas em madeira, celulose ou produtos químicos para posterior utilização como matéria-prima de várias indústrias, a exemplo da moveleira, construção civil, papeleira, ou mesmo a obtenção de lenha para combustível.

Questão ambiental[editar | editar código-fonte]

O aprimoramento do agronegócio barateou o custo dos alimentos e deu à população um maior poder de consumo e de escolha, mas também trouxe vários problemas, principalmente ligados às questões ambientais e sociais.[6]

O desafio é a produção no campo sem impactos ao meio ambiente, causados notadamente pelo uso de agrotóxicos, pelo desmatamento e empobrecimento do solo, queimadas, contaminação de mananciais e do lençol freático, desequilíbrio ecológico e proliferação de pragas.

Nas cidades, a preocupação se dá com o lixo gerado após o consumo, mais precisamente com o descarte de embalagens.[7][8]

Questão social[editar | editar código-fonte]

Nos países pobres, a modernização da agricultura deixou muitos produtores à margem do processo, principalmente famílias que viviam da agricultura de subsistência, ou agricultura familiar, em pequenas propriedades rurais.

Estes, privados de técnicas e métodos modernos, como irrigação, maquinários e insumos, perderam a competitividade, o que levou ao abandono do campo, num fenômeno conhecido como êxodo rural, aumentando, assim, nas grandes cidades, o acúmulo de pessoas vindas do campo.[9]

Tipos de produtores[editar | editar código-fonte]

Os proprietários ou arrendatários de grandes extensões de terra são também conhecidos como latifundiários. Geralmente, os latifúndios são áreas onde ocorre a monocultura de produtos considerados commodities, principalmente a soja, o milho, o algodão e a pecuária leiteira e de corte.[10]

É o tipo de produção que ocorre em países de grande extensão territorial, onde o lucro se dá pelo ganho em escala e a redução dos custos de produção.

O agronegócio e os biocombustíveis[editar | editar código-fonte]

Colheitadeiras em um campo de cana-de-açúcar em Piracicaba, São Paulo.

O biocombustível é uma opção para substituição dos combustíveis fósseis, por ser renovável e menos poluente. Trata-se dos chamados combustíveis de biomassa, em especial o etanol e diversos tipos de óleos vegetais, com inúmeras fontes, como mamona, soja, milho, dendê, pequi, girassol.

O Brasil foi pioneiro no uso do biocombustível em escala, através do programa Pró-álcool, idealizado pelo Governo Federal na década de 1970, após a segunda fase da crise do petróleo.

Foi também o primeiro país a obrigar o seu uso, através da mistura do álcool na gasolina, bem como o primeiro a ter frota composta por automóveis flex, que rodam com os dois tipos de combustível, independente da quantidade de cada um.

O governo brasileiro a partir de 2004 passou a estimular a produção e uso do biodiesel com propostas de mistura no diesel convencional e ampliação do uso a longo prazo.[11] [12]

O mercado do agronegócio[editar | editar código-fonte]

O valor bruto da produção (VBP) agropecuária alcançou R$ 1,188 trilhão em 2021, dos quais R$ 821,2 bilhões na produção agrícola e R$ 367,6 no segmento pecuário.[13]

Commons
Commons
O Commons possui imagens e outros ficheiros sobre Agronegócio

Ver também[editar | editar código-fonte]

Outros projetos Wikimedia também contêm material sobre este tema:
Wikinotícias Notícias no Wikinotícias

Referências

  1. Matos, Patrícia Francisca; Pessoa, Vera Lúcia Salazar (28 de dezembro de 2011). «A MODERNIZAÇÃO DA AGRICULTURA NO BRASIL E OS NOVOS USOS DO TERRITÓRIO». Geo UERJ. pp. 290–322. doi:10.12957/geouerj.2011.2456. Consultado em 8 de dezembro de 2022 
  2. «Conceiro de Agronegócio». Gestão no Campo. Consultado em 27 de junho de 2019 
  3. «Agronegócio - O que é?». Portal do Agronegócio. Consultado em 27 de junho de 2019 
  4. «O QUE É AGROINDÚSTRIA?». Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Consultado em 1 de maio de 2022 
  5. «O que é agroindústria e quais seus impactos?». TOTVS. 9 de junho de 2020. Consultado em 1 de maio de 2022 
  6. «O Agronegócio Sustentável». Planeta Sustent�vel. Consultado em 3 de junho de 2016. Arquivado do original em 30 de Maio de 2016 
  7. «Agronegócio e meio ambiente - Opinião - Estadão». Estadão. Consultado em 3 de junho de 2016 
  8. «Impacto das embalagens no meio ambiente». www.mma.gov.br. Consultado em 3 de junho de 2016 
  9. «Agricultura - Inclusão pelo campo - Ambiente econômico gerado pelo agronegócio favorece avanço social de regiões carentes». www.ipea.gov.br. Consultado em 3 de junho de 2016 
  10. Torres, Mauricio; Branford, Sue (10 de janeiro de 2017). «Impêrio da soja: Logística e tecnologia sustentam modelo colonialista de agronegócio na Amazônia». The Intercept (em inglês). Consultado em 27 de junho de 2019 
  11. «CEAB - Biocombustíveis». Arquivado do original em 14 de agosto de 2016 
  12. «Especial: 10 anos do Programa Nacional do Biodiesel». Repórter Brasil. 9 de outubro de 2014. Consultado em 28 de julho de 2021 
  13. Azevedo, Gabriel (11 de outubro de 2022). «VPB de 2022 do Brasil é estimado em R$ 1,1 trilhão». Canal Rural. Consultado em 12 de outubro de 2022