Alsácia

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Alsace
Alsácia
Bandeira
Brasão
Informações
Capital Estrasburgo
Arrondissements 13
Cantões 75
Comunas 903
Dados Estatísticos
Área 8 280 km²
População 1 868 183 hab.
Densidade populacional 225,6 hab./km²
Dados políticos
Presidente do conselho regional Philippe Richert (UMP)
Departamentos
Bas-Rhin (Baixo Reno) (67)
Haut-Rhin (Alto Reno) (68)
Localização da Região de Alsácia na França

A Alsácia (em francês: Alsace, em alemão: Elsass) é uma antiga região administrativa da França, localizada a leste do país, junto às fronteiras alemã e suíça. Hoje integra a região do Grande Leste (Alsácia-Champanha-Ardenas-Lorena) e tem Estrasburgo como capital e maior cidade.[1]

Geografia[editar | editar código-fonte]

Típica paisagem alsaciana: as vinhas e os Vosges

A Alsácia tem uma superfície de 8 280 km², sendo a menor região da França metropolitana. Seu comprimento é de aproximadamente quatro vezes sua largura, estendendo-se sobre uma planície entre o rio Reno a leste e as montanhas dos Vosges a oeste.

Ela engloba os departamentos (départements) do Haut-Rhin (Alto Reno), ao sul, e Bas-Rhin (Baixo Reno), ao norte. Tem fronteiras com a Alemanha ao norte e ao leste, com a Suíça e a região francesa de Franche-Comté ao sul e com a região francesa da Lorena (Lorraine) ao oeste.

Possui diversas florestas, principalmente nos Vosges e no Baixo-Reno (floresta de Haguenau). Diversos vales também embelezam a região. Seu ponto culminante é o Grand Ballon, ou Ballon de Guebwiller no Alto-Reno, que culmina a 1424 m.

A Alsácia tem um clima subcontinental com invernos frios e secos e verões quentes. Há pouca precipitação pluviométrica devido à proteção dos Vosges a oeste. A cidade de Colmar tem um microclima ensolarado: é a segunda cidade mais seca da França (depois de Perpignan), com uma precipitação anual de somente 550 mm, tornando-a ideal para o vinho da Alsácia (vin d'Alsace).

Principais cidades[editar | editar código-fonte]

As maiores cidades são (> 20 000 habitantes (1999)):

História[editar | editar código-fonte]

Em tempos pré-históricos, a Alsácia era habitada por tribos nômades de caçadores, mas por volta de 1500 a.C. os Celtas começaram a se estabelecer na região, desmatando e cultivando a terra. Por volta de 58 a.C., os romanos invadiram e estabeleceram a Alsácia como um centro de viticultura. Para proteger esta atividade valiosa, os romanos construíram fortificações e campos militares que se transformaram em diversas comunidades que têm sido habitadas sem interrupção até hoje.

Com o declínio do Império Romano, a Alsácia tornou-se um território controlado pelos Alamanos, um povo agrícola cuja língua formou as bases do moderno dialeto alsaciano. Os Francos expulsaram os Alamanos da região durante o século V, e a Alsácia tornou-se então parte do Reino da Austrásia. A Alsácia permaneceu sob controle franco até que o reino franco fosse dissolvido oficialmente em 843, com o Tratado de Verdun.

A Alsácia tornou-se então parte do Sacro Império Romano-Germânico e ficou sob a administração dos Habsburgos da Áustria até que fosse cedida à França no término da Guerra dos Trinta Anos em 1648. Enquanto isso, a Alsácia usufruiu de uma grande prosperidade durante o século XII e o século XIII, sob a administração dos Hohenstaufen, mas essa prosperidade teve fim no século XIV com uma série de invernos rigorosos, péssimas colheitas e a Peste bubônica. As dificuldades foram atribuídas aos judeus, levando aos pogroms terríveis de 1336 e 1339. Durante o Renascimento, a prosperidade retornou à Alsácia sob a administração dos Habsburgos.

A Alsácia, junto com a Lorena, foi durante séculos objeto de disputas e guerras entre a Alemanha e a França. A Alsácia e a Lorena foram anexadas pela França sob a administração de Louis XIV de França. Desde 500, a área foi povoada principalmente por uma população de origem e língua germânicas, que lutou contra a imposição da língua e costumes franceses (mostrando que esse território é essencialmente germânico). As duas regiões foram reunificadas à Alemanha após a Guerra Franco-Prussiana de 1870, causando a emigração (estimada) de 50000 pessoas (de um total de 1 milhão) para a França, e a Alsácia permaneceu parte da Alemanha até o final da Primeira Guerra Mundial, quando a Alemanha a cedeu de volta à França no Tratado de Versalhes. Alguns, no entanto, como o presidente dos Estados Unidos Woodrow Wilson, acreditavam que a região deveria ser independente e autônoma, pois sua Constituição definia que estava sujeita unicamente à autoridade do Kaiser, e não do Estado Alemão (muitos alsacianos defendiam a anexação ao Império Alemão que na época havia se tornado uma república).

Após a Primeira Guerra Mundial, os habitantes que tinham vindo de outras partes da Alemanha foram expulsos. A identidade germânica foi reprimida com uma política sistemática de proibição do uso do alemão e de seus dialetos, e a obrigação do uso do francês como língua vernacular. Isso humilhou os alemães, trazendo o revanchismo da II Guerra Mundial. Curiosamente, a região não foi obrigada e reconhecer as leis promulgadas na França entre 1870 e 1918, tais como a lei de separação entre a Igreja e o Estado.

A região foi anexada pela Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial. A Alsácia foi absorvida pela região alemã do Baden, e a Lorena pela do Saarland (Sarre). Note-se o estatuto diferente da situação do resto da França, que foi ocupada pela Alemanha. Com isso, os alsacianos foram obrigados a se alistar nas forças armadas alemãs, como qualquer cidadão alemão. Muitos alsacianos foram enviados à Frente russa, a fim de distanciá-los da região natal e coibir as tentativas de deserção. Muitos desertaram, e suas famílias sofreram as consequências.

A região trocou de mãos novamente em 1944, voltando ao domínio francês, que restaurou a velha política de repressão do período entre-guerras. Por exemplo, de 1945 a 1984 o uso da língua alemã em jornais era restrito a um máximo de 25%. Nos últimos anos, com a diluição da consciência nacionalista, a liberdade cultural foi gradualmente restabelecida.

Datas importantes[editar | editar código-fonte]

Política[editar | editar código-fonte]

A Alsácia é uma das regiões mais conservadoras da França. Foi uma das duas regiões da França metropolitana onde a direita ganhou as eleições regionais de 2004, controlando assim o Conselho Regional da Alsácia (Conseil régional d'Alsace). O presidente do Conselho Regional é Philippe Richert, membro do partido governamental Union pour un mouvement populaire (União para um Movimento Popular) ou UMP.

Economia[editar | editar código-fonte]

Segundo o Institut National de la Statistique et des Études Économiques (INSEE), a Alsácia teve um PIB de 44,3 bilhões de Euros em 2002 (3% do PIB francês). Com um PIB per capita de 24 804 Euros, é a segunda região mais rica da França, com a Île-de-France em primeiro lugar. 68% dos empregos são no setor de serviços (terciário) e 25% na indústria (secundário), fazendo da Alsácia uma das regiões francesas mais industrializadas.

Demografia[editar | editar código-fonte]

A população alsaciana era de 1 868 183 habitantes em 2013. Tem crescido regularmente ao longo dos anos, exceto em tempos de guerra, tanto por crescimento natural como pela imigração. Este crescimento acelerou-se no final do século XX. O INSEE estima que a população alsaciana crescerá de 12,9% a 19,5% entre 1999 e 2030.

Com uma densidade de 226 hab./km², a Alsácia é a terceira região mais densamente povoada na França metropolitana. A população tem, na maior parte, origem germânica (a língua alemã foi proibida depois da I Guerra Mundial e o dialeto alemão da Alsácia possui poucos falantes).

Cultura[editar | editar código-fonte]

A maison Kammerzell em Estrasburgo

Historicamente, a região passou da França para a Alemanha diversas vezes, resultando em uma rica mistura cultural. Além disso, era ponto de passagem para os deslocamentos humanos desde antes da Idade Média, tendo recebido inúmeras contribuições culturais.

Língua[editar | editar código-fonte]

Os dialetos alemães locais são o alsaciano e o frâncico. Apesar de que ambos possam ser distinguidos em francês ("alsacien" e "francique"), tende-se a se referir a ambos como alsaciano. Nenhum dos dois tem um estatuto oficial, apesar de ambos serem reconhecidos como línguas da França.

Quando a Alsácia estava sob controle alemão de 378 a 1648, de 1871 a 1919 e de 1940 a 1944, o uso da língua alemã era obrigatório.

Desde 1992, com o intuito de preservar a língua alsaciana, existem classes bilingues paritárias na Alsácia, onde o ensino é dado em língua alemã (50%) e em língua francesa (50%). Atualmente, elas representam aproximadamente 5 % dos estudantes. No segundo grau (colegial), os alunos podem passar um diploma chamado Abibac, mistura do Abitur alemão e do Baccalauréat francês. O alsaciano pode ser falado no jardim de infância e pode ser ensinado ou falado na escola primária. No entanto, a parte escrita é feita em língua alemã, considerando que esta é a versão escrita comum do conjunto de dialetos alsacianos.

Também são comuns apresentações teatrais em alsaciano.

Culinária[editar | editar código-fonte]

A cozinha alsaciana, fortemente influenciada pela tradição culinária alemã, caracteriza-se pelo uso do porco em vários pratos. A lista de pratos tradicionais inclui baeckeoffe, tartes flambées (flammekueche), choucroute, e fleischnacka. O sul da Alsácia, também chamado Sundgau, é famoso pela sua carpe frite (carpa frita).

As festividades de fim de ano, contrariamente ao resto da França, envolvem a produção de uma grande variedade de biscoitos e pequenos bolos chamados brédalas, assim como de pain d'épice (algo parecido com o pão de mel brasileiro), que são distribuídos às crianças desde a festa de São Nicolau.

Região vinícola por excelência, seus vinhos são principalmente brancos (a exceção é o Pinot Noir), tendo uma grande influência germânica e sendo chamados vins d'Alsace. A Alsácia produz alguns dos mais notáveis Rieslings secos do mundo, e é a única região da França a dar o nome da cepagem ao vinho.

A Alsácia é também a maior produtora de cerveja da França, graças principalmente às cervejarias na região de Estrasburgo. Entre elas, podemos citar as de Kronenbourg, Fischer, Heineken, Météor e Kanterbräu. O Schnapps (aguardente) também é produzido na Alsácia, mas está em declínio porque as destilarias domésticas são menos comuns hoje em dia, e também porque o consumo de bebidas tradicionais, a forte teor alcoólico, diminui drasticamente.

Além disso, a Alsácia também é conhecida por seus sucos de fruta e suas águas minerais.

Veja também: Vinho da Alsácia

Símbolo[editar | editar código-fonte]

A cegonha, símbolo da Alsácia

O símbolo da Alsácia é a cegonha, pássaro que, segundo as histórias contadas às crianças, trazia os bebês às famílias. Quase extinta na região há vinte anos, ela foi reintroduzida e começa a repovoar os telhados das igrejas e o céu da Alsácia. As cegonhas reintroduzidas sedentarizaram-se e não migram mais.

Turismo[editar | editar código-fonte]

Principais pontos turísticos

Alsacianos célebres[editar | editar código-fonte]

Nativos[editar | editar código-fonte]

"Adotados"[editar | editar código-fonte]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

Commons
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Referências

  1. «Alsácia - France Guide». Consultado em 16 de maio de 2011. Arquivado do original em 29 de abril de 2011