Aujo

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Territórios originais dos godos e culturas arqueológicas góticas entre os séculos III-IV
Culturas arqueológicas góticas do norte do Mar Negro entre os séculos II-IV. A Cultura de Cherniacove está representada em laranja escuro

Aujo (em latim: Aujum) ou Ojo (em latim: Oium) foi uma área na Cítia onde, segundo a Gética de Jordanes, os godos sob Filímero assentaram-se após deixarem a Gotiscandza.[1] O autor não fornece a etimologia do termo, embora alguns estudiosos interpretem-o como o plural dativo latino das disseminadas palavras germânicas *aujō- ou *auwō-, significando "prado bem-regado" ou "ilha".[2][3] Arqueologicamente, a Cultura de Cherniacove que compreendeu partes da Ucrânia, Moldávia e Romênia, correspondeu com a Cítia gótica.[4][5][6]

Segundo alguns historiadores, o relato de Jordanes dos godos em Aujo foi construído de sua leitura de registros clássicos mais antigos e de tradição oral.[7][8] Contudo, segundo outros historiadores, a narrativa de Jordanes tem pouca relação com o relato de Cassiodoro,[9] nenhuma relação com as tradições orais, e pouca relação com história factual.[10]

História[editar | editar código-fonte]

Segundo Jordanes, o rei Filímero liderou os godos na busca por terras adequadas e quanto chegaram em Aujo, ficaram encantados com a riqueza da região. Eles cruzaram uma ponte para lá chegar, mas quando metade do exército cruzou-a,[3] a ponte cedeu e ninguém mais pode atravessar a área. Segundo Jordanes, os godos reclamaram a terra para si e derrotaram os antigos habitantes, os espalos.[11]

Os godos deixaram Aujo numa segunda migração à Mésia, Dácia e Trácia, mas posteriormente retornaram, assentando ao norte do mar Negro. Na época de seu retorno estava divididos em dois grupos (tervíngios e grutungos) e cada um deles era comandado por uma dinastia distinta: o primeiro pelos Baltos, e o segundo pelos Amalos. Esse relato se ajusta às Culturas de Vilemberga e Cherniacovee, que mostram a migração germânica da bacia do Vístula à Ucrânia.[12]

Referências

  1. Jordanes, IV.25.
  2. Green 1998, p. 167.
  3. a b Merrills 2005, p. 120.
  4. Kulikowski 2006, p. 62-63.
  5. Green 1998, p. 167-168.
  6. Heather 1991, p. 50-52; 88-92.
  7. Merrills 2005, p. 120-121.
  8. Wolfram 2006, p. 43-90.
  9. Amory 2003, p. 295.
  10. Kulikowski 2006, p. 66.
  11. Jordanes, IV.27.
  12. Heather 1999, p. 16.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Amory, Patrick (2003). People and Identity in Ostrogothic Italy 489-554. Cambrígia: Imprensa da Universidade de Cambrígia. ISBN 0521526353 
  • Green, Dennis Howard (1998). Language and History in the Early Germanic World. Cambrígia: Imprensa da Universidade de Cambrígia. ISBN 0-521-79423-4 
  • Heather, Peter (1991). Goths in the Fourth Century. Liverpul: Imprensa da Universidade de Liverpul. ISBN 0853234264 
  • Kulikowski, Michael (2006). Rome's Gothic Wars: From the Third Century to Alaric. Cambrígia: Imprensa da Universidade de Cambrígia. ISBN 1139458094 
  • Merrills, Andrew H. (2005). History and Geography in Late Antiquity. Cambrígia: Imprensa da Universidade de Cambrígia. ISBN 0-521-84601-3 
  • Wolfram, Herwig (2006). «"Gothic history as historical ethnography" and Origo et religio: ethnic traditions and literature in early medieval texts». In: Thomas F. X. Noble. From Roman Provinces to Medieval Kingdoms. Londres: Routledge. ISBN 0-415-32741-5