Renascimento (partido político francês)

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Renascimento
Renaissance
Secretário-geral Stéphane Séjourné
Fundador Emmanuel Macron
Fundação 6 de abril de 2016 (8 anos)
Sede Paris,  França
Ideologia Social liberalismo[1][2]
Reformismo[3]
Europeísmo
Terceira via[4][5]
Espectro político Centro[6][7]
Centro-direita[8][9]
Direita[10][11]
Partido pega-tudo[12]
Ala de juventude Os Jovens com Macron
Membros (2023) 30.000[13]
Afiliação nacional Ensemble
Grupo no Parlamento Europeu Renovar a Europa
Assembleia Nacional
156 / 577
Senado da França
21 / 348
Parlamento Europeu
11 / 79
Conselhos departamentais
2 / 95
Conselhos regionais
1 / 17
Cores      Azul-marinho
Página oficial
parti-renaissance.fr

Política da França
Partidos políticos
Eleições

Renascimento (em francês: Renaissance; abreviado como RE), anteriormente conhecido como A República em Marcha! (em francês: La République en Marche!),[14][15][16] ou simplesmente Em Marcha!,[17] é um partido político francês de cunho social-liberal.[18][19][20][21]

O partido foi fundado em 6 de abril de 2016 pelo ex-ministro da Economia, Indústria e Assuntos Digitais e atual presidente da França, Emmanuel Macron. Apresentado como um partido favorável à União Europeia,[22][23][24] Macron o considera um "movimento progressista que une a esquerda e a direita".[23]

O partido aceita a globalização e quer "modernizar e moralizar" a política francesa.[25][26][27]

Após a eleição presidencial de 2017, foi rebatizado para "A República em Marcha !"[28] e apresentou candidatos nas eleições legislativas de 2017,[29] incluindo dissidentes do Partido Socialista e do Republicanos, bem como de partidos menores. Como resultado, obteve a maioria absoluta na Assembleia Nacional, garantindo 308 assentos.

Desde junho de 2019, é membro do grupo parlamentar europeu Renovar a Europa.[30]

Em setembro de 2022, mudou seu nome para "Renascimento".[31]

História[editar | editar código-fonte]

Antecedentes[editar | editar código-fonte]

A Esquerda Livre (em francês: La Gauche Libre), o think-tank do movimento, foi declarado como uma organização em 1.º de março de 2015. Depois, o website lesjeunesavecmacron.fr foi registrado como um domínio em 23 de junho de 2015. Eventualmente, duas páginas do Facebook foram criadas e um domínio extra registrado. Outra organização acabou sendo criada por Macron, declarada como "A Associação pela Renovação da Vida Política" (em francês: L'Association pour le renouvellement de la vie politique) e registrada como um "micropartido" em janeiro de 2016. Isso ocorreu após o en-marche.fr ser reivindicado como um domínio. A Associação pela Renovação da Vida Política foi então registrada como Ema Em Marcha (em francês: Ema En Marche) em março de 2016.[32]

Fundação[editar | editar código-fonte]

Em Marcha! foi oficialmente fundado em 6 de abril de 2016 em Amiens por Emmanuel Macron com a ajuda do conselheiro político Ismaël Emelien.[33] As iniciais do nome do partido eram as mesmas iniciais do nome de Macron.[34]

O anúncio do Em Marcha! foi a primeira indicação de Macron de que planejava concorrer à presidência,[35] com ele usando Em Marcha! para arrecadar fundos para sua eventual campanha presidencial.[36] O lançamento do partido recebeu ampla cobertura da mídia e essa cobertura continuou a atingir seu pico à medida que as tensões aumentavam entre Macron e outros ministros do governo, pois a lealdade de Macron era questionada.[37] Nas semanas seguintes à criação do Em Marcha!, Macron fez-se ouvir nas pesquisas de opinião, tornando-se visto como o principal concorrente de esquerda.[38]

A criação do Em Marcha! foi bem recebido por várias figuras políticas, incluindo Najat Vallaud-Belkacem,[39] Jean-Pierre Raffarin[40] e Pierre Gattaz,[41] embora também tenha sido criticada por Jean-Luc Mélenchon[42] e Christian Estrosi.

Na tentativa de criar a primeira plataforma de campanha do partido, Macron e o também político Ludovic Chaker[43] recrutaram 4.000 voluntários[44] para realizar pesquisas de porta em porta com 100.000 pessoas, usando as informações obtidas para criar um programa mais próximo do eleitorado francês.[45]

Mais tarde naquele ano, Chaker estruturou o movimento e se tornou o primeiro secretário-geral do Em Marcha!, bem como seu primeiro funcionário oficial.[46] Ele foi então nomeado vice-secretário-geral e coordenador das operações de campanha de Macron para as eleições presidenciais francesas de 2017.[47]

Mudança de nome[editar | editar código-fonte]

Em maio de 2022, o Em Marcha! anunciou que mudaria o nome de seu grupo parlamentar para "Renascimento".[48] Em setembro, o partido também mudou seu nome para "Renascimento". A mudança foi parte de um esforço para reunir toda a maioria presidencial em um único partido, embora apenas os partidos Agir e Territórios do Progresso se fundiram no Renascimento.[49]

Ideologia[editar | editar código-fonte]

Várias fontes descreveram o partido como sendo um partido pega-tudo de centro ou centro-direita a direita. Em 2017, observadores e comentaristas políticos o descreveram como sendo socialmente e economicamente liberal.[50] O partido também foi descrito como usuário de um discurso similar ao da terceira via adotada pelo Partido Trabalhista do Reino Unido durante a fase do "Novo Trabalhismo" de Tony Blair (o blairismo).[51] Além disso, foi apontado como apoiador de algumas políticas próximas ao liberalismo clássico.[52][53][54] Sob a óptica de populistas, o partido é neoliberal.[55] De acordo com uma pesquisa da Ipsos realizada em março de 2018, parte da percepção pública vê que o partido mudou para a direita desde março de 2017,[56][57] com 45% dos entrevistados classificando o partido como de centro-direita (25%) a direita (20%). 21% dos entrevistados o colocam no centro, em comparação com 33% em março de 2017.[58][59][60]

Resultados eleitorais[editar | editar código-fonte]

Eleições presidenciais[editar | editar código-fonte]

Data Candidato(a) 1.ª Volta 2.ª Volta Resultado
Cl. Votos % Cl. Votos %
2017 Emmanuel Macron 1.º 8.656.346 24,01% 1.º 20.743.128 66,10% Eleito
2022 9.783.058 27,85% 18.779.641 58,55% Eleito

Eleições legislativas[editar | editar código-fonte]

Data 1.ª Volta 2.ª Volta Deputados Status
Cl. Votos % Cl. Votos %
2017 1.º 6.390.797 28,21% 1.º 7.826.432 43,06%
309 / 577
Maioria absoluta
2022 2.º 3.758.004 16,52% 1.º 5.227.183 25,19%
157 / 577
Maioria relativa

Eleições para o Senado[editar | editar código-fonte]

Data Assentos Cl. Status
2017
21 / 348
4.º Oposição
2020
21 / 348

Eleições europeias[editar | editar código-fonte]

Data Cl. Votos % Deputados
2019 2.º 5.079.015 22,42%
11 / 74

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Audrey Tonnelier, « Le projet d’Emmanuel Macron est social-libéral », Le Monde, 24 February 2017
  2. David Bensoussan, « Malgré le Covid, l'esprit Macron tente de résister à la crise », Challenges, 17 January 2021
  3. Duhamel, Alain (29 de junho de 2018). «Emmanuel Macron est un "réformisme impérieux", juge Alain Duhamel». RTL.fr (em francês). Consultado em 22 de agosto de 2019 
  4. Leparmentier, Arnaud (1 de março de 2017). Macron, la troisième voie. Le Monde (em francês). Consultado em 3 de janeiro de 2023
  5. Rathgeb, Philip; Wolkenstein, Fabio (23 de junho de 2017). «Third-way à la française: What do Macron's reforms involve and how likely are they to succeed?». LSE (em inglês) 
  6. Milner, Susan (6 de fevereiro de 2017). «Emmanuel Macron and the building of a new liberal-centrist movement». EUROPP (em inglês). London School of Economics. Consultado em 25 de março de 2017. Cópia arquivada em 8 de fevereiro de 2017 
  7. Venturini, Lionel (12 de janeiro de 2017). «En marche ! Un social-libéral pour piloter le projet de Macron». L'Humanité (em francês). Consultado em 25 de março de 2017 
  8. Aubriat, Paul (11 de maio de 2019). Européennes: pour LREM, le centre droit en France, le centre gauche en Europe. Public Senat (em francês). Consultado em 3 de janeiro de 2023
  9. Briatte, François; Neihouser, Marie; Kelbel, Camille (20 de abril de 2020). "France held elections under coronavirus. Here are four takeaways". The Washington Post (em inglês). Consultado em 31 de dezembro de 2021
  10. Johnston, Ryan (2022). «Comparing France's La Republique en Marche and Poland's Law and Justice Party» (PDF). The Journal of Foreign Affairs at Carolina (em inglês). 3 (1) 
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  12. Bamberger, Clara (9 de junho de 2017). «Les Inrocks - Législatives : "Le parti d'Emmanuel Macron a un caractère attrape-tout"». Les Inrocks (em francês) 
  13. Baudot, Jean-Rémi (5 de abril de 2023). «Renaissance : le parti présidentiel revendique un pic d'adhésions, avec près de 400 nouveaux adhérents hebdomadaires». France Info (em francês). Consultado em 22 de junho de 2023 
  14. Rubin, Alissa J. (7 de maio de 2017). «Macron Decisively Defeats Le Pen in French Presidential Race». The New York Times (em inglês). ISSN 0362-4331. Consultado em 3 de janeiro de 2023 
  15. Williamson, Lucy (7 de maio de 2017). «French election: What next for Macron after win?». BBC News (em inglês). Consultado em 3 de janeiro de 2023 
  16. Callus, Andrew; Jarry, Emmanuel (15 de novembro de 2016). «Macron launches French presidential bid as polls show tight race». Reuters (em inglês). Consultado em 3 de janeiro de 2023 
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  24. «Macron veut voir son "projet progressiste" défendu en 2017». Europe 1 (em francês). 27 de junho de 2016. Consultado em 3 de janeiro de 2023 
  25. «Une charte pour avance rensemble» (PDF) (em francês). Renascimento 
  26. «Emmanuel Macron and the building of a new liberal-centrist movement». EUROPP (em inglês). 6 de fevereiro de 2017. Consultado em 3 de janeiro de 2023 
  27. Tonnelier, Audrey (24 de fevereiro de 2017). «Le projet d'Emmanuel Macron est social-libéral». Le Monde (em francês). Consultado em 3 de janeiro de 2023 
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  58. «En Marche, un parti de droite aux yeux des Français» (em francês). Valeurs actuelles. 12 de abril de 2018. Consultado em 23 de junho de 2023 .
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