Lei da irreversibilidade da evolução: diferenças entre revisões

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Modelo que atende a Lei de Dollo.
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== Exemplos que atendem o princípio de Dollo ==
== Exemplos que atendem o princípio de Dollo ==
[[File:Lei de Dollo Modelo.png|thumb|'''Modelo evolutivo que atende a Lei de Dollo.''' Se um organismo A(aquático) evolui gerando um organismo A(terrestre) e este origina um organismo B(terrestre), caso haja retorno evolutivo de B(terrestre) para o ambiente aquático, ele formará um B(aquático) e não mais A(aquático).|388x388px]]

=== Ictiossauros e o ambiente aquático ===
=== Ictiossauros e o ambiente aquático ===
Os [[Ictiossauro|Ictiossauros]] são um grupo de [[répteis]] que retornaram ao [[Ambiente Aquático|ambiente aquático]]. Logicamente, uma respiração sistêmica branquial seria a melhor forma de se obter o [[Oxigênio dissolvido no oceano|oxigênio]] dissolvido na água. Entretanto, os répteis surgiram no ambiente terrestre de ancestrais que já possuíam [[Pulmão|pulmões]] e [[Pata|patas]] possuindo ancestralidade comum com todos [[tetrápodes]]. Uma vez que esses ancestrais possuíam pulmões, a [[seleção natural]] atuou de outras formas na adaptação desses organismos devido ao retorno para o ambiente aquático. A anatomia hidrodinâmica, as nadadeiras e várias outras adaptações ao meio aquático voltaram através da modificação de estruturas que os ancestrais terrestres (e não aquáticos) possuíam. A respiração continuou sendo [[Ventilação pulmonar|pulmonar]] e não retornou para a branquial pois esta é uma característica ancestral. O mecanismo de reprodução [[Ovovivíparo|ovovivípara]] onde o embrião se desenvolve dentro de um [[ovo]] alojado dentro do corpo da [[mãe]], manteve-se como os alguns répteis terrestres que são ovovivíparos.
Os [[Ictiossauro|Ictiossauros]] são um grupo de [[répteis]] que retornaram ao [[Ambiente Aquático|ambiente aquático]]. Logicamente, uma respiração sistêmica branquial seria a melhor forma de se obter o [[Oxigênio dissolvido no oceano|oxigênio]] dissolvido na água. Entretanto, os répteis surgiram no ambiente terrestre de ancestrais que já possuíam [[Pulmão|pulmões]] e [[Pata|patas]] possuindo ancestralidade comum com todos [[tetrápodes]]. Uma vez que esses ancestrais possuíam pulmões, a [[seleção natural]] atuou de outras formas na adaptação desses organismos devido ao retorno para o ambiente aquático. A anatomia hidrodinâmica, as nadadeiras e várias outras adaptações ao meio aquático voltaram através da modificação de estruturas que os ancestrais terrestres (e não aquáticos) possuíam. A respiração continuou sendo [[Ventilação pulmonar|pulmonar]] e não retornou para a branquial pois esta é uma característica ancestral. O mecanismo de reprodução [[Ovovivíparo|ovovivípara]] onde o embrião se desenvolve dentro de um [[ovo]] alojado dentro do corpo da [[mãe]], manteve-se como os alguns répteis terrestres que são ovovivíparos.
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== Exemplos de reversão de características ==
== Exemplos de reversão de características ==

=== Atavismo táxico<ref name=":0">{{Citar periódico|ultimo=DOMES|primeiro=Katja|data=2007|titulo=Reevolution of sexuality breaks Dollo's law|url=http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC1855408/|jornal='''Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America'''|volume=104|numero=17|paginas=7139–7144|doi=10.1073/pnas.0700034104|issn=0027-8424|pmid=17438282|acessodata=|coautores=Roy A.}}</ref>===
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Revisão das 20h53min de 3 de fevereiro de 2020

Uma vez que um organismo tenha evoluído de uma determinada maneira, ele não retornará exatamente a uma forma anterior. Isto é ilustrado aqui em duas dimensões; Na realidade, biomoléculas e organismos evoluem em muitas dimensões diferentes.

A Lei de Dollo (também conhecida como Lei da irreversibilidade da evolução e princípio de Dollo), proposto em 1893 [1] pelo paleontólogo francês Louis Dollo afirma que "um organismo vivo nunca retorna exatamente a um estado anterior, mesmo que se encontre inserido em condições de existência idênticas àquelas em que viveu anteriormente, sempre mantém algum traço dos estágios intermediários pelos quais passou." [2]

Essa lei é freqüentemente interpretada erroneamente como afirmando que a evolução não é reversível, ou que estruturas e órgãos perdidos não podem reaparecer da mesma forma por qualquer processo de devolução (ou evolução reversa).[3][4] De acordo com Richard Dawkins, o princípio de Dollo é apenas uma afirmação sobre a improbabilidade estatística de um organismo vivo seguir por completo para o mesmo estado evolutivo duas vezes ou para um estado de uma espécie antecessora por completo, em qualquer direção. Para Stephen Jay Gould a irreversibilidade exclui certos caminhos evolutivos, após formas amplas surgirem: Por exemplo, uma vez que você adote o plano corporal de uma simples espécie, diversas opções são fechadas para sempre pois as possibilidades futuras devem se desdobrar respeitando os limites do design herdado da espécie.[5]

Este princípio é classicamente aplicado à morfologia , particularmente de fósseis , mas também pode ser usado para descrever eventos moleculares , como mutações individuais ou perdas genéticas.

Exemplos que atendem o princípio de Dollo

Modelo evolutivo que atende a Lei de Dollo. Se um organismo A(aquático) evolui gerando um organismo A(terrestre) e este origina um organismo B(terrestre), caso haja retorno evolutivo de B(terrestre) para o ambiente aquático, ele formará um B(aquático) e não mais A(aquático).

Ictiossauros e o ambiente aquático

Os Ictiossauros são um grupo de répteis que retornaram ao ambiente aquático. Logicamente, uma respiração sistêmica branquial seria a melhor forma de se obter o oxigênio dissolvido na água. Entretanto, os répteis surgiram no ambiente terrestre de ancestrais que já possuíam pulmões e patas possuindo ancestralidade comum com todos tetrápodes. Uma vez que esses ancestrais possuíam pulmões, a seleção natural atuou de outras formas na adaptação desses organismos devido ao retorno para o ambiente aquático. A anatomia hidrodinâmica, as nadadeiras e várias outras adaptações ao meio aquático voltaram através da modificação de estruturas que os ancestrais terrestres (e não aquáticos) possuíam. A respiração continuou sendo pulmonar e não retornou para a branquial pois esta é uma característica ancestral. O mecanismo de reprodução ovovivípara onde o embrião se desenvolve dentro de um ovo alojado dentro do corpo da mãe, manteve-se como os alguns répteis terrestres que são ovovivíparos.

Cetáceos e o ambiente aquático

Os cetáceos são um grupo de mamíferos que retornaram ao ambiente aquático. Logicamente, uma respiração sistêmica branquial seria a melhor forma de se obter o oxigênio dissolvido na água. Entretanto, os mamíferos surgiram no ambiente terrestre de ancestrais que já possuíam pulmões e os cetáceos de um ancestral em comum com ungulados. Uma vez que esses ancestrais possuíam pulmões, a seleção natural atuou de outras formas na adaptação desses organismos devido ao retorno para o ambiente aquático. A anatomia hidrodinâmica, as nadadeiras e várias outras adaptações ao meio aquático voltaram através da modificação de estruturas que os ancestrais terrestres (e não aquáticos) possuíam. A respiração continuou sendo pulmonar e não retornou para a branquial pois esta é uma característica ancestral. O comportamento da coluna vertebral durante a locomoção também manteve-se como os dos ungulados, pois segundo Richard Dawkins, baleias "galopam" (movimento vertical da coluna vertebral) nos oceanos.

Exemplos de reversão de características

Atavismo táxico[6]

Leitura complementar

  • Dremer, C.J. A revision of atavisms in vertebrates. Neotropical Biology and Conservation: v.1(2), p. 72-83,006.
  • Plage, M.L. "Atavismo ou não?". Galileu: Edição 189 - Abril de 2007. Disponível online em: [1]. Acesso em 24 de setembro de 2009.

Referências bibliográficas

  1. DOLLO, Louis. Les lois de l'évolution. Bull. Soc. Belge Geol. Pal. Hydr. VII: 164–166. 1893.
  2. Gould, S. J. (1970). "Dollo on Dollo's law: irreversibility and the status of evolutionary laws". Journal of the History of Biology. 3 (2): 189–212. doi:10.1007/bf00137351.
  3. Goldberg, Emma E.; Boris Igić (2008). "On phylogenetic tests of irreversible evolution". Evolution. 62 (11): 2727–2741. doi:10.1111/j.1558-5646.2008.00505.x. PMID 18764918.
  4. Collin, Rachel; Maria Pia Miglietta (2008). "Reversing opinions on Dollo's Law". Trends in Ecology & Evolution. 23 (11): 602–609. doi:10.1016/j.tree.2008.06.013. PMID 18814933.
  5. GOULD, S. J. Dollo on Dollo's law: irreversibility and the status of evolutionary laws. Journal of the History of Biology. 3: 189–212. 1970.
  6. a b DOMES, Katja; Roy A. (2007). «Reevolution of sexuality breaks Dollo's law». Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America. 104 (17): 7139–7144. ISSN 0027-8424. PMID 17438282. doi:10.1073/pnas.0700034104 
  7. NORTON, R. Proceedings of the National Academy of Sciences, April 24, cited in Science News, vol. 171, p. 302. 2007.