Hemolitina: diferenças entre revisões

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A '''hemolitina''' é uma [[proteína]] contendo [[ferro]] e [[lítio]] de origem [[extraterrestre]], de acordo com um estudo preliminar<ref name="ARX-20200222">{{Citar arXiv|arxiv=2002.11688|classe=astro-ph.EP|nome=Malcolm. W.|sobrenome=McGeoch|nome2=Sergei|sobrenome2=Dikler|titulo=Hemolithin: a Meteoritic Protein containing Iron and Lithium|data=22 de fevereiro de 2020}}</ref> que não foi publicado em uma [[revista científica]]. Foi supostamente encontrada dentro de dois [[meteorito]]s [[condrito carbonáceo]]s, [[Allende (meteorito)|Allende]] e Acfer-086,<ref name="TMS-20200303">{{Citar web |ultimo=Staff |url=https://www.lpi.usra.edu/meteor/metbull.php?code=95 |titulo=Acfer 086 |data=3 de março de 2020 |acessodata=3 de março de 2020 |website=[[The Meteoritical Society]]}}</ref><ref name="ARX-20200222pdf">{{Citar arXiv|arxiv=2002.11688|classe=astro-ph.EP|nome=Malcolm. W.|sobrenome=McGeoch|nome2=Sergei|sobrenome2=Dikler|titulo=Hemolithin: a Meteoritic Protein containing Iron and Lithium - PDF|data=22 de fevereiro de 2020}}</ref><ref name="VC-20200228">{{Citar jornal |ultimo=Ferreira |primeiro=Becky |url=https://www.vice.com/en_us/article/z3bw38/a-key-ingredient-for-life-has-been-found-on-an-extraterrestrial-source-scientists-report |titulo=A Key Ingredient for Life Has Been Found on an 'Extraterrestrial Source,' Scientists Report in this unpublished report. |data=28 de fevereiro de 2020 |acessodata=2 de março de 2020 |website=[[Vice (magazine)|Vice]]}}</ref> por uma equipe de cientistas liderada pela bioquímica da [[Universidade Harvard|Universidade de Harvard]] Julie McGeoch. O relatório da descoberta foi recebido com certo ceticismo e sugestões de que os pesquisadores haviam extrapolado a análise a partir de dados incompletos.<ref name="NS-20200303">{{Citar jornal |ultimo=Crane |primeiro=Leah |url=https://www.newscientist.com/article/2235981-have-we-really-found-an-alien-protein-inside-a-meteorite/ |titulo=Have we really found an alien protein inside a meteorite? |data=3 de março de 2020 |acessodata=3 de março de 2020 |website=[[New Scientist]]}}</ref><ref name="SPC-20200303">{{Citar jornal |ultimo=Wall |primeiro=Mike |url=https://www.space.com/possible-extraterrestrial-protein-meteorite.html |titulo=First known extraterrestrial protein possibly spotted in meteorite |data=3 de março de 2020 |acessodata=3 de março de 2020 |website=[[Space.com]]}}</ref>


== Origens ==
== Origens ==
A proteína hemolitina detectada foi relatada como tendo sido encontrada dentro de dois meteoritos [[Condrito carbonáceo|CV3]] chamados [[Allende (meteorito)|Allende]] e [[Acfer 086|Acfer-086]].<ref name="TMS-20200303" /> Acfer-086, onde a molécula completa foi detectada em vez de fragmentos ([[Allende (meteorito)|Allende]]), foi descoberto na [[Argélia]] em 1990.<ref name="VC-20200228" /><ref name="MB-19910901">{{Citar periódico |url=http://adsbit.harvard.edu/cgi-bin/nph-iarticle_query?1991Metic..26..255W |titulo=Meteoritical Bulletin, No. 71 |data=1 de setembro de 1991 |acessodata=7 de março de 2020 |número=71 |ultimo=Wlotza |primeiro=Frank |paginas=255–262 |bibcode=1991Metic..26..255W |doi=10.1111/j.1945-5100.1991.tb01047.x |volume=26 |periódico=[[Meteoritical Bulletin]]}}</ref>
[[Ficheiro:HemolithinTimeLine-McGeochJEM-20200322.jpg|miniaturadaimagem|direita|304x304px|Linha do tempo da hemolitina]]
A proteína hemolitina detectada foi relatada como tendo sido encontrada dentro de dois meteoritos [[Condrito carbonáceo|CV3]] chamados [[Allende (meteorito)|Allende]] e Acfer 086.<ref name="TMS-20200303" /> Acfer-086, onde a molécula completa foi detectada em vez de fragmentos (Allende), foi descoberto na [[Argélia]] em 1990.<ref name="VC-20200228" /><ref name="MB-19910901">{{Citar periódico |url=http://adsbit.harvard.edu/cgi-bin/nph-iarticle_query?1991Metic..26..255W |titulo=Meteoritical Bulletin, No. 71 |data=1 de setembro de 1991 |acessodata=7 de março de 2020 |número=71 |ultimo=Wlotza |primeiro=Frank |paginas=255–262 |bibcode=1991Metic..26..255W |doi=10.1111/j.1945-5100.1991.tb01047.x |volume=26 |periódico=[[Meteoritical Bulletin]]}}</ref>


== Estrutura ==
== Estrutura ==
De acordo com a [[espectrometria de massa]] dos pesquisadores, a hemolitina é amplamente composta dos[[aminoácido]]s [[glicina]] e hidroxiglicina.<ref name="SPC-20200303" /> Os pesquisadores notaram que a proteína estava relacionada a proporções "extraterrestres muito altas" de [[deutério]]/[[hidrogênio]] (D/H);<ref name="VC-20200228" /> tais proporções D/H elevadas não são encontradas em qualquer lugar da Terra, mas são "consistentes com cometas de longo período"<ref name="SA-20200302">{{Citar jornal |ultimo=Starr |primeiro=Michelle |url=https://www.sciencealert.com/scientists-claim-to-have-found-the-first-known-extraterrestrial-protein-in-a-meteorite |titulo=Scientists Claim to Have Found The First Known Extraterrestrial Protein in a Meteorite |data=2 de março de 2020 |acessodata=2 de março de 2020 |website=ScienceAlert.com}}</ref> e sugerem, conforme relatado, "que a proteína foi formada no [[Disco protoplanetário|disco proto-solar]] ou talvez até antes, em [[Nuvem molecular|nuvens moleculares interestelares]] que existiam muito antes do nascimento do Sol".
De acordo com a [[espectrometria de massa]] dos pesquisadores, a hemolitina é amplamente composta dos [[aminoácido]]s [[glicina]] e hidroxiglicina.<ref name="SPC-20200303" /> Os pesquisadores notaram que a proteína estava relacionada a proporções "extraterrestres muito altas" de [[deutério]]/[[hidrogênio]] (D/H);<ref name="VC-20200228" /> tais proporções D/H elevadas não são encontradas em qualquer lugar da Terra, mas são "consistentes com cometas de longo período"<ref name="SA-20200302">{{Citar jornal |ultimo=Starr |primeiro=Michelle |url=https://www.sciencealert.com/scientists-claim-to-have-found-the-first-known-extraterrestrial-protein-in-a-meteorite |titulo=Scientists Claim to Have Found The First Known Extraterrestrial Protein in a Meteorite |data=2 de março de 2020 |acessodata=2 de março de 2020 |website=ScienceAlert.com}}</ref> e sugerem, conforme relatado, "que a proteína foi formada no [[Disco protoplanetário|disco proto-solar]] ou talvez até antes, em [[Nuvem molecular|nuvens moleculares interestelares]] que existiam muito antes do nascimento do [[Sol]]".


O desenvolvimento natural da hemolitina pode ter começado com a formação de glicina primeiro, e depois se ligando a outras moléculas de glicina em [[Polímero|cadeias de polímero]] e, mais tarde ainda, combinando-se com átomos de ferro e oxigênio. Os átomos de ferro e oxigênio residem no final da molécula recém-descoberta. Os pesquisadores especulam que o agrupamento de [[Óxido de ferro(II)|óxido de ferro]] formado no final da molécula pode ser capaz de absorver [[Fotão|fótons]], permitindo que a molécula divida a [[água]] (H<sub>2</sub>O) em [[Hidrogénio|hidrogênio]] e [[Oxigénio|oxigênio]] e, como resultado, produza uma fonte de energia que pode ser útil para o [[Abiogênese|desenvolvimento da vida]].<ref name="VC-20200228" />
O desenvolvimento natural da hemolitina pode ter começado com a formação de glicina primeiro, e depois se ligando a outras moléculas de glicina em [[Polímero|cadeias de polímero]] e, mais tarde ainda, combinando-se com átomos de ferro e oxigênio. Os átomos de ferro e oxigênio residem no final da molécula recém-descoberta. Os pesquisadores especulam que o agrupamento de [[Óxido de ferro(II)|óxido de ferro]] formado no final da molécula pode ser capaz de absorver [[Fotão|fótons]], permitindo que a molécula divida a [[água]] (H<sub>2</sub>O) em [[Hidrogénio|hidrogênio]] e [[Oxigénio|oxigênio]] e, como resultado, produza uma fonte de energia que pode ser útil para o [[Abiogênese|desenvolvimento da vida]].<ref name="VC-20200228" />


O exobiólogo e químico Jeffrey Bada expressou preocupação com a possível descoberta da proteína, comentando: ''"O principal problema é a ocorrência de hidroxiglicina, que, até onde sei, nunca foi relatada em meteoritos ou em [[Abiogênese|experimentos pré-bióticos]].'' ''Nem é encontrado em quaisquer proteínas (...) Assim, este aminoácido é estranho para ser encontrado em um meteorito, e eu sou altamente suspeito dos resultados.''"<ref name="SPC-20200303" /> Da mesma forma, Lee Cronin, da [[Universidade de Glasgow]], afirmou: "A estrutura não faz sentido."<ref name="NS-20200303" />
O exobiólogo e químico Jeffrey Bada expressou preocupação com a possível descoberta da proteína, comentando: <blockquote>''"O principal problema é a ocorrência de hidroxiglicina, que, até onde sei, nunca foi relatada em meteoritos ou em [[Abiogênese|experimentos pré-bióticos]].'' ''Nem é encontrado em quaisquer proteínas (...) Assim, este aminoácido é estranho para ser encontrado em um meteorito, e eu sou altamente suspeito dos resultados.''"<ref name="SPC-20200303" /> </blockquote>Da mesma forma, Lee Cronin, da [[Universidade de Glasgow]], afirmou: "''A estrutura não faz sentido.''"<ref name="NS-20200303" />


== História ==
== História ==
[[Ficheiro:HemolithinTimeLine-McGeochJEM-20200322.jpg|miniaturadaimagem|direita|304x304px|Linha do tempo da hemolitina]]
Hemolitina é o nome dado a uma molécula de proteína isolada de dois [[meteorito]]s [[Condrito carbonáceo|CV3]], [[Allende (meteorito)|Allende]] e Acfer-086. Sua proporção de [[deutério]] para [[Hidrogénio|hidrogênio]] é 26 vezes maior que a terrestre, o que é consistente com o fato de ter se formado em uma [[Nuvem interestelar|nuvem molecular interestelar]], ou posteriormente no [[disco protoplanetário]] no início de nosso [[Sistema Solar|sistema solar]] há 4,567 bilhões de anos. Os elementos [[hidrogênio]], [[lítio]], [[carbono]], [[Oxigénio|oxigênio]], [[Azoto|nitrogênio]] e [[ferro]] de que é composto estavam todos disponíveis pela primeira vez 13 bilhões de anos atrás, depois que a primeira geração de [[Estrela|estrelas massivas]] terminou em eventos [[Nucleossíntese|nucleossintéticos]]. A seta horizontal no gráfico de linha do tempo abaixo mostra, na escala do início do Universo até o presente, quando a Hemolitina poderia ter se formado e se reformado.
Hemolitina é o nome dado a uma molécula de proteína isolada de dois [[meteorito]]s [[Condrito carbonáceo|CV3]], [[Allende (meteorito)|Allende]] e Acfer-086. Sua proporção de [[deutério]] para [[Hidrogénio|hidrogênio]] é 26 vezes maior que a terrestre, o que é consistente com o fato de ter se formado em uma [[Nuvem interestelar|nuvem molecular interestelar]], ou posteriormente no [[disco protoplanetário]] no início de nosso [[Sistema Solar|sistema solar]] há 4,567 bilhões de anos. Os elementos [[hidrogênio]], [[lítio]], [[carbono]], [[Oxigénio|oxigênio]], [[Azoto|nitrogênio]] e [[ferro]] de que é composto estavam todos disponíveis pela primeira vez 13 bilhões de anos atrás, depois que a primeira geração de [[Estrela|estrelas massivas]] terminou em eventos [[Nucleossíntese|nucleossintéticos]]. A seta horizontal no gráfico de linha do tempo abaixo mostra, na escala do início do Universo até o presente, quando a Hemolitina poderia ter se formado e se reformado.


A pesquisa que levou à descoberta da hemolitina começou em 2007 quando a [[ATPase]], uma das primeiras a se formar na Terra, foi observada prendendo água.<ref name="JRSI-20070917">{{Citar periódico |titulo=Entrapment of water by subunit c of ATP synthase |data=11 de setembro de 2007 |ultimo=McGeoch |primeiro=J.E.M. |ultimo2=McGeoch |primeiro2=M.W. |paginas=311–318 |doi=10.1098/rsif.2007.1146 |pmc=2500151 |pmid=17848362 |volume=5 |periódico=[[Journal of the Royal Society Interface]]}}</ref> Sendo essa propriedade útil para a química antes do desenvolvimento da bioquímica na Terra, cálculos teóricos de [[entalpia]] sobre a condensação de [[aminoácido]]s foram realizados no espaço de fase gasosa perguntando: "''se os aminoácidos poderiam polimerizar em proteína no espaço?''" - podiam, e sua água de condensação ajudou na polimerização.<ref name="PLOS-20140721">{{Citar periódico |titulo=Polymer Amide as an Early Topology |data=21 de julho de 2014 |ultimo=McGeoch |primeiro=J.E.M. |ultimo2=McGeoch |primeiro2=M.W. |paginas=e103036 |bibcode=2014PLoSO...9j3036M |doi=10.1371/journal.pone.0103036 |pmc=4105422 |pmid=25048204 |volume=9 |periódico=[[PLOS One]]}}</ref> Isso levou a vários manuscritos de isótopos e informações de massa sobre a hemolitina.<ref name="ARX-20200222" /><ref name="ARX-20170728">{{Citar arXiv|arxiv=1707.09080|classe=astro-ph.EP|nome=Julie E. M.|sobrenome=McGeoch|nome2=Malcolm W.|sobrenome2=McGeoch|titulo=A 4641Da polymer of amino acids in Acfer-086 and Allende meteorites.|data=28 de julho de 2017}}</ref><ref name="ARX-20181115">{{Citar arXiv|arxiv=1811.06578|classe=astro-ph.EP|nome=Malcolm. W.|sobrenome=McGeoch|nome2=Tomas|sobrenome2=Samoril|titulo=Polymer amide as a carrier of 15N in Allende and Acfer 086 meteorites|data=28 de julho de 2017}}</ref>
A pesquisa que levou à descoberta da hemolitina começou em 2007 quando a [[ATPase]], uma das primeiras a se formar na Terra, foi observada prendendo água.<ref name="JRSI-20070917">{{Citar periódico |titulo=Entrapment of water by subunit c of ATP synthase |data=11 de setembro de 2007 |ultimo=McGeoch |primeiro=J.E.M. |ultimo2=McGeoch |primeiro2=M.W. |paginas=311–318 |doi=10.1098/rsif.2007.1146 |pmc=2500151 |pmid=17848362 |volume=5 |periódico=[[Journal of the Royal Society Interface]]}}</ref> Sendo essa propriedade útil para a química antes do desenvolvimento da bioquímica na [[Terra]], cálculos teóricos de [[entalpia]] sobre a condensação de [[aminoácido]]s foram realizados no espaço de fase gasosa perguntando: "''se os aminoácidos poderiam polimerizar em proteína no espaço?''" - podiam, e sua [[água]] de [[Condensação (química)|condensação]] ajudou na polimerização.<ref name="PLOS-20140721">{{Citar periódico |titulo=Polymer Amide as an Early Topology |data=21 de julho de 2014 |ultimo=McGeoch |primeiro=J.E.M. |ultimo2=McGeoch |primeiro2=M.W. |paginas=e103036 |bibcode=2014PLoSO...9j3036M |doi=10.1371/journal.pone.0103036 |pmc=4105422 |pmid=25048204 |volume=9 |periódico=[[PLOS One]]}}</ref> Isso levou a vários manuscritos de isótopos e informações de massa sobre a hemolitina.<ref name="ARX-20200222" /><ref name="ARX-20170728">{{Citar arXiv|arxiv=1707.09080|classe=astro-ph.EP|nome=Julie E. M.|sobrenome=McGeoch|nome2=Malcolm W.|sobrenome2=McGeoch|titulo=A 4641Da polymer of amino acids in Acfer-086 and Allende meteorites.|data=28 de julho de 2017}}</ref><ref name="ARX-20181115">{{Citar arXiv|arxiv=1811.06578|classe=astro-ph.EP|nome=Malcolm. W.|sobrenome=McGeoch|nome2=Tomas|sobrenome2=Samoril|titulo=Polymer amide as a carrier of 15N in Allende and Acfer 086 meteorites|data=28 de julho de 2017}}</ref>


== Ver também ==
== Ver também ==

Revisão das 19h05min de 20 de fevereiro de 2021

Hemolitina
Hemolitina
A hemolitina foi encontrada em Acfer-086, supostamente em um meteorito Allende, semelhante ao da foto.

A hemolitina é uma proteína contendo ferro e lítio de origem extraterrestre, de acordo com um estudo preliminar[1] que não foi publicado em uma revista científica. Foi supostamente encontrada dentro de dois meteoritos condrito carbonáceos, Allende e Acfer-086,[2][3][4] por uma equipe de cientistas liderada pela bioquímica da Universidade de Harvard Julie McGeoch. O relatório da descoberta foi recebido com certo ceticismo e sugestões de que os pesquisadores haviam extrapolado a análise a partir de dados incompletos.[5][6]

Origens

A proteína hemolitina detectada foi relatada como tendo sido encontrada dentro de dois meteoritos CV3 chamados Allende e Acfer-086.[2] Acfer-086, onde a molécula completa foi detectada em vez de fragmentos (Allende), foi descoberto na Argélia em 1990.[4][7]

Estrutura

De acordo com a espectrometria de massa dos pesquisadores, a hemolitina é amplamente composta dos aminoácidos glicina e hidroxiglicina.[6] Os pesquisadores notaram que a proteína estava relacionada a proporções "extraterrestres muito altas" de deutério/hidrogênio (D/H);[4] tais proporções D/H elevadas não são encontradas em qualquer lugar da Terra, mas são "consistentes com cometas de longo período"[8] e sugerem, conforme relatado, "que a proteína foi formada no disco proto-solar ou talvez até antes, em nuvens moleculares interestelares que existiam muito antes do nascimento do Sol".

O desenvolvimento natural da hemolitina pode ter começado com a formação de glicina primeiro, e depois se ligando a outras moléculas de glicina em cadeias de polímero e, mais tarde ainda, combinando-se com átomos de ferro e oxigênio. Os átomos de ferro e oxigênio residem no final da molécula recém-descoberta. Os pesquisadores especulam que o agrupamento de óxido de ferro formado no final da molécula pode ser capaz de absorver fótons, permitindo que a molécula divida a água (H2O) em hidrogênio e oxigênio e, como resultado, produza uma fonte de energia que pode ser útil para o desenvolvimento da vida.[4]

O exobiólogo e químico Jeffrey Bada expressou preocupação com a possível descoberta da proteína, comentando:

"O principal problema é a ocorrência de hidroxiglicina, que, até onde sei, nunca foi relatada em meteoritos ou em experimentos pré-bióticos. Nem é encontrado em quaisquer proteínas (...) Assim, este aminoácido é estranho para ser encontrado em um meteorito, e eu sou altamente suspeito dos resultados."[6]

Da mesma forma, Lee Cronin, da Universidade de Glasgow, afirmou: "A estrutura não faz sentido."[5]

História

Linha do tempo da hemolitina

Hemolitina é o nome dado a uma molécula de proteína isolada de dois meteoritos CV3, Allende e Acfer-086. Sua proporção de deutério para hidrogênio é 26 vezes maior que a terrestre, o que é consistente com o fato de ter se formado em uma nuvem molecular interestelar, ou posteriormente no disco protoplanetário no início de nosso sistema solar há 4,567 bilhões de anos. Os elementos hidrogênio, lítio, carbono, oxigênio, nitrogênio e ferro de que é composto estavam todos disponíveis pela primeira vez 13 bilhões de anos atrás, depois que a primeira geração de estrelas massivas terminou em eventos nucleossintéticos. A seta horizontal no gráfico de linha do tempo abaixo mostra, na escala do início do Universo até o presente, quando a Hemolitina poderia ter se formado e se reformado.

A pesquisa que levou à descoberta da hemolitina começou em 2007 quando a ATPase, uma das primeiras a se formar na Terra, foi observada prendendo água.[9] Sendo essa propriedade útil para a química antes do desenvolvimento da bioquímica na Terra, cálculos teóricos de entalpia sobre a condensação de aminoácidos foram realizados no espaço de fase gasosa perguntando: "se os aminoácidos poderiam polimerizar em proteína no espaço?" - podiam, e sua água de condensação ajudou na polimerização.[10] Isso levou a vários manuscritos de isótopos e informações de massa sobre a hemolitina.[1][11][12]

Ver também

Referências

  1. a b McGeoch, Malcolm. W.; Dikler, Sergei (22 de fevereiro de 2020). «Hemolithin: a Meteoritic Protein containing Iron and Lithium». arXiv:2002.11688Acessível livremente [astro-ph.EP] 
  2. a b Staff (3 de março de 2020). «Acfer 086». The Meteoritical Society. Consultado em 3 de março de 2020 
  3. McGeoch, Malcolm. W.; Dikler, Sergei (22 de fevereiro de 2020). «Hemolithin: a Meteoritic Protein containing Iron and Lithium - PDF». arXiv:2002.11688Acessível livremente [astro-ph.EP] 
  4. a b c d Ferreira, Becky (28 de fevereiro de 2020). «A Key Ingredient for Life Has Been Found on an 'Extraterrestrial Source,' Scientists Report in this unpublished report.». Vice. Consultado em 2 de março de 2020 
  5. a b Crane, Leah (3 de março de 2020). «Have we really found an alien protein inside a meteorite?». New Scientist. Consultado em 3 de março de 2020 
  6. a b c Wall, Mike (3 de março de 2020). «First known extraterrestrial protein possibly spotted in meteorite». Space.com. Consultado em 3 de março de 2020 
  7. Wlotza, Frank (1 de setembro de 1991). «Meteoritical Bulletin, No. 71». Meteoritical Bulletin. 26 (71): 255–262. Bibcode:1991Metic..26..255W. doi:10.1111/j.1945-5100.1991.tb01047.x. Consultado em 7 de março de 2020 
  8. Starr, Michelle (2 de março de 2020). «Scientists Claim to Have Found The First Known Extraterrestrial Protein in a Meteorite». ScienceAlert.com. Consultado em 2 de março de 2020 
  9. McGeoch, J.E.M.; McGeoch, M.W. (11 de setembro de 2007). «Entrapment of water by subunit c of ATP synthase». Journal of the Royal Society Interface. 5: 311–318. PMC 2500151Acessível livremente. PMID 17848362. doi:10.1098/rsif.2007.1146 
  10. McGeoch, J.E.M.; McGeoch, M.W. (21 de julho de 2014). «Polymer Amide as an Early Topology». PLOS One. 9: e103036. Bibcode:2014PLoSO...9j3036M. PMC 4105422Acessível livremente. PMID 25048204. doi:10.1371/journal.pone.0103036 
  11. McGeoch, Julie E. M.; McGeoch, Malcolm W. (28 de julho de 2017). «A 4641Da polymer of amino acids in Acfer-086 and Allende meteorites.». arXiv:1707.09080Acessível livremente [astro-ph.EP] 
  12. McGeoch, Malcolm. W.; Samoril, Tomas (28 de julho de 2017). «Polymer amide as a carrier of 15N in Allende and Acfer 086 meteorites». arXiv:1811.06578Acessível livremente [astro-ph.EP] 

Ligações externas