Jones Manoel: diferenças entre revisões
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Em dezembro de 2020, Jones Manoel foi denominado num relatório governamental como ''detrator'' por ser um "crítico contundente do governo [[Bolsonaro]]", tecer fortes críticas à [[grande mídia]], entre outros. O documento aconselhou o monitoramento das suas publicações.{{Sfn|Valente|2020}} Em julho de 2021, o [[Secretaria Especial da Cultura|secretário Especial de Cultura]] incumbente, [[Mário Frias]], fez um publicação [[racista]] no [[Twitter]], sobre Jones Manoel, chegando a ser removido pela rede social.{{Sfn|Novelino|2021}} Após o ataque, Jones respondeu dizendo "[o]lha o ex-ator frustrado e atual [[fascista]] cometendo um crime de racismo diário", e recebeu o apoio solidário de várias personalidades, como [[Gregório Duvivier]] e [[Manuela d'Ávila]].{{Sfn|Novelino|2021}} |
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== Posições políticas == |
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Jones Manoel defende o regime político da [[Coreia do Norte]]<ref>{{Citar web |url=https://blogdaboitempo.com.br/2019/05/29/sim-eu-apoio-a-coreia-do-norte-notas-sobre-anticolonialismo-imperialismo-e-hegemonia/ |titulo=Sim, eu apoio a Coreia do Norte! Notas sobre anticolonialismo, imperialismo e hegemonia |data=29 de maio de 2019}}</ref> e o governo de [[Josef Stalin]].<ref>{{Citar web |url=https://www1.folha.uol.com.br/poder/2020/09/stalin-nao-foi-a-reencarnacao-de-lucifer-diz-influenciador-de-caetano-veloso.shtml |titulo=Stálin não foi a reencarnação de Lúcifer, diz historiador que influenciou Caetano Veloso |data=17 de setembro de 2020}}</ref> O jornal ''El País'' o qualifica como o "maior expoente" de uma esquerda radical, defensora da revolução comunista, com "todos os meios necessários, incluindo a violência". A matéria enfatiza em tom crítico um post de Jones no Twitter onde afirma que os [[Gulag|gulags soviéticos]] "parecem universidades perto dos presídios brasileiros".<ref name=":2">{{Citar web |ultimo=Marreiro |primeiro=Felipe Betim, Flávia |url=https://brasil.elpais.com/brasil/2020-10-31/a-esquerda-radical-brasileira-desenterra-o-debate-sobre-o-socialismo-real-e-ganha-adeptos-nas-redes.html |titulo=A esquerda radical brasileira desenterra o debate sobre o socialismo real e ganha adeptos nas redes |data=2020-10-31 |acessodata=2021-07-16 |website=EL PAÍS |lingua=pt-br}}</ref> O jornal ''Gazeta do Povo'' também deu destaque às falas do historiador, a quem se refere com a antonomásia "Influencer stalinista de Caetano Veloso".<ref name=":0">{{Citar web |ultimo=Salvi |primeiro=Rafael |url=https://www.gazetadopovo.com.br/ideias/influencer-stalinista-de-caetano-veloso-defende-morte-de-liberais-e-adversarios-politicos/ |titulo=Influencer stalinista defende morte de liberais e adversários políticos |acessodata=2021-07-16 |website=Gazeta do Povo |lingua=pt-BR}}</ref> O jornalista Rafael Salvi critica o posicionamento favorável à "pena de morte para adversários do socialismo" ou, nas palavras de Jones, "pena de morte para crimes contrarrevolucionários de pessoas financiadas por organizações estrangeiras".<ref name=":0" /> O jornal on-line ''[[The Intercept|The Intercept Brasil]]'' fez severas críticas às declarações supracitadas, afirmando que o "historiador e influenciador marxista Jones Manoel não corou em falar publicamente que matar pessoas em uma revolução "é uma contingência que acontece".<ref name=":1">{{Citar web |ultimo=Dias |primeiro=Tatiana DiasRafael Moro MartinsTatiana |ultimo2=de 2020 |primeiro2=Rafael Moro Martins22 de Janeiro |url=https://theintercept.com/2020/01/22/elogiar-ditadores-faz-esquerda-continuar-perdendo/ |titulo=Elogiar ditadores é a melhor maneira de a esquerda continuar perdendo |acessodata=2021-07-16 |website=The Intercept Brasil |lingua=pt |ultimo3=20h13}}</ref> |
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Revisão das 13h29min de 29 de outubro de 2021
Jones Manoel | |
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Jones-manoel-youtuber-marxista-m2.jpg | |
Dados pessoais | |
Nascimento | 9 de janeiro de 1990 (34 anos) Brasil, PE, Recife |
Nacionalidade | brasileira |
Alma mater | Universidade Federal de Pernambuco |
Partido | Partido Comunista Brasileiro |
Ocupação | historiador, militante, youtuber |
Website | jonesmanoel.com |
Jones Manoel da Silva (Recife, 9 de janeiro de 1990) é um historiador, marxista, youtuber, professor de história, comunicador popular, escritor, e militante do Partido Comunista Brasileiro (PCB), conhecido pelo seu canal no YouTube denominado Jones Manoel.[1][2][3] É graduado em licenciatura em história pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e mestre em Serviço Social.[4]
Nascido a 9 de janeiro de 1990, e criado na Favela da Borborema, em Recife, ganhou fama na internet ao falar sobre marxismo e educação popular.[5][6][4] Começou cedo sua militância, ainda aos 14 anos e trabalhava a vender jornais no semáforo da sua cidade.[5] Em 2011, com 23 anos, começou a cursar história na UFPE, e iniciou, em simultâneo, a sua militância no PCB.[7] Escreve para a Revista Opera, Blog da Boitempo, Jornal "O Poder Popular", do PCB, assim como o seu sítio, para o Lavrapalavra, e participa no podcast Revolushow.[7] Estreou a sua coluna em vídeo no canal do CartaCapital a 5 de agosto de 2020, onde pretende construir uma "espécie de glossário com temas fundamentais do debate político".[5][8] Entende que "um dos grandes problemas do Brasil hoje é o baixo nível do debate político" e sugere como atuação a "pedagogia política".[8]
Biografia
Juventude (1990 — 2013)
É filho de Dona Elza, mulher negra que começou a trabalhar aos 8 anos, e que, aos 15, migrou para Recife para trabalhar como empregada doméstica, e Luis Manoel, nascido e criado na Favela da Borborema em Recife. Quando Jones tinha 11 anos, o seu pai foi assassinado, num crime que não foi solucionado até hoje. Cresceu com a sua mãe, e com a sua irmã mais velha, Juliana.[5] Começou o seu processo de politização a partir do rap, através de artistas como Racionais MCs, Facção Central, GOG, Tupac Shakur, RZO, e também cresceu ouvindo forró — Cavaleiros do Forró, Calcinha Preta, Saia Rodada, etc.[5][7]
A primeira vez que ouviu falar de marxismo foi numa música do Tupac, quando é citado Fidel Castro, e quando os Racionais MC's citam na música Jesus Chorou: "Malcom X, Gandhi, Lennon, Marvin Gaye, Che Guevara, Tupac e Bob Marley e o evangélico Martin Luther King". Era um conjunto de nomes que não conhecia. A primeira vez que teve curiosidade de saber quem era Malcolm X foi ao ouvir a música do GOG, Malcolm X foi a Meca e GOG ao Nordeste.[9]
Com 20 anos, a partir de um amigo, conheceu o marxismo e passou a conseguir acesso a literaturas de esquerda. Aos 21 anos já se considerava comunista. As suas duas primeiras experiências de militância foram pleitear o cargo de presidente da associação de moradores da sua comunidade, mas diante de ameaças e intimidações teve que desistir. Em seguida, montou com o seu amigo Júlio César um curso popular chamado Novo Caminho, mantido por dois anos, e que ajudou mais de 20 jovens da Borborema e região a acessar instituições de ensino públicas.[5] Jones foi um dos primeiros jovens da história da Borborema a entrar numa universidade pública, entrando no curso de história da UFPE em 2011.[5][7]
Militância política (2013 — atualidade)
Em 2013, após se envolver nas Jornadas de Junho, começou a militar na União da Juventude Comunista, a ala juvenil do PCB, e manteve-se nos anos seguintes como estudante e militante do movimento estudantil.[5][10] Depois da graduação fez um mestrado em Serviço Social, também na UFPE, e nesse período passou a focar a sua militância em comunicação e educação popular.[5] Manteve por anos um blog de relativo sucesso (mais de 300 mil acessos) e depois passou a trabalhar com um canal no YouTube, em 2017, com podcasts, e a escrever para vários meios e para iniciativas variadas de educação popular.[5][10] Também atuou no movimento sindical e foi, por um curto período, professor de uma escola pública militar do estado da Bahia.[5] Só em 2018, após as eleições presidenciais, o seu canal disparou. Em 2019 publicou a coletânea Revolução Africana, que, em outubro de 2020, já tinha vendido por volta de 9 mil exemplares. O impacto que o livro teve, mais o crescimento do seu canal, fez com que Manoel cedesse o seu trabalho como professor concursado à venda de livros e de cursos de educação online. Uma candidatura do escritor para vereador da Câmara Municipal do Recife, nas eleições de 2020, foi ponderada pelo PCB, mas não se chegou a realizar, com Jones Manoel dizendo que "[n]ós entendemos que eu gastaria muito tempo na campanha e não conseguiria continuar com meu trabalho de propaganda".[10]
Jones Manoel | |
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Carreira no YouTube | |
Servidor(es) | Youtube |
Período de atividade | 2017—presente |
Inscritos | + 153 mil |
Visualizações | + 3,8 milhões |
Dados de maio de 2021 |
Atualmente, milita no PCB, busca atuar na popularização e divulgação do marxismo e do programa denominado de Revolução Brasileira, mantém as iniciativas do canal no YouTube, participa do Revolushow, autointitulado como o maior podcast marxista do Brasil, dirige com o Gabriel Landi a coleção Quebrando as Correntes (publicada pela editora Autonomia Literária), e é professor do curso "Domenico Losurdo e Frantz Fanon: uma introdução ao marxismo anticolonial" na plataforma Classe Esquerda.[5] Segundo o historiador, tenta usar o YouTube como uma plataforma cruzada, "faço um vídeo, eu indico livros, coloco links na descrição, tento levar as pessoas para esses conteúdos e para as atividades de rua, [...] e potencializar a organização prática".[9]
A 6 de janeiro de 2020, é publicada uma entrevista de Caetano Veloso a Jones Manoel no Mídia Ninja.[2] Posteriormente, o artista afirmou numa entrevista no programa Conversa com Bial, na TV Globo, que desistiu das suas posições liberaloides a partir de vídeos que assistiu do historiador e youtuber Jones Manoel e dos livros que leu do filósofo italiano Domenico Losurdo.[11]
Em dezembro de 2020, Jones Manoel foi denominado num relatório governamental como detrator por ser um "crítico contundente do governo Bolsonaro", tecer fortes críticas à grande mídia, entre outros. O documento aconselhou o monitoramento das suas publicações.[3] Em julho de 2021, o secretário Especial de Cultura incumbente, Mário Frias, fez um publicação racista no Twitter, sobre Jones Manoel, chegando a ser removido pela rede social.[12] Após o ataque, Jones respondeu dizendo "[o]lha o ex-ator frustrado e atual fascista cometendo um crime de racismo diário", e recebeu o apoio solidário de várias personalidades, como Gregório Duvivier e Manuela d'Ávila.[12]
Posições políticas
Jones Manoel defende o regime político da Coreia do Norte[13] e o governo de Josef Stalin.[14] O jornal El País o qualifica como o "maior expoente" de uma esquerda radical, defensora da revolução comunista, com "todos os meios necessários, incluindo a violência". A matéria enfatiza em tom crítico um post de Jones no Twitter onde afirma que os gulags soviéticos "parecem universidades perto dos presídios brasileiros".[15] O jornal Gazeta do Povo também deu destaque às falas do historiador, a quem se refere com a antonomásia "Influencer stalinista de Caetano Veloso".[16] O jornalista Rafael Salvi critica o posicionamento favorável à "pena de morte para adversários do socialismo" ou, nas palavras de Jones, "pena de morte para crimes contrarrevolucionários de pessoas financiadas por organizações estrangeiras".[16] O jornal on-line The Intercept Brasil fez severas críticas às declarações supracitadas, afirmando que o "historiador e influenciador marxista Jones Manoel não corou em falar publicamente que matar pessoas em uma revolução "é uma contingência que acontece".[17]
Livros
- Manoel, Jones; Fazzio, Gabriel (2019). Revolução Africana – Uma antologia do pensamento marxista. Brasil: Autonomia Literária. ISBN 978-85-69536-56-7
- Manoel, Jones; Landi, Gabriel (2020). Raça, classe e revolução – A luta pelo poder popular nos Estados Unidos. Brasil: Autonomia Literária. ISBN 978-65-87233-19-2
- Losurdo, Domenico; Manoel, Jones (2020). Colonialismo e luta anticolonial: desafios da revolução no século XXI. Brasil: Boitempo Editorial. ISBN 9786557170090
Referências
Citações
- ↑ Boitempo, Jones Manoel.
- ↑ a b Ninja 2020.
- ↑ a b Valente 2020.
- ↑ a b Silva 2018.
- ↑ a b c d e f g h i j k l CartaCapital 2020.
- ↑ Manoel 2021.
- ↑ a b c d Vieira 2020.
- ↑ a b Manoel 2020.
- ↑ a b Souza & Bernardes 2020.
- ↑ a b c Mazza 2020.
- ↑ Rocha 2020.
- ↑ a b Novelino 2021.
- ↑ «Sim, eu apoio a Coreia do Norte! Notas sobre anticolonialismo, imperialismo e hegemonia». 29 de maio de 2019
- ↑ «Stálin não foi a reencarnação de Lúcifer, diz historiador que influenciou Caetano Veloso». 17 de setembro de 2020
- ↑ Marreiro, Felipe Betim, Flávia (31 de outubro de 2020). «A esquerda radical brasileira desenterra o debate sobre o socialismo real e ganha adeptos nas redes». EL PAÍS. Consultado em 16 de julho de 2021
- ↑ a b Salvi, Rafael. «Influencer stalinista defende morte de liberais e adversários políticos». Gazeta do Povo. Consultado em 16 de julho de 2021
- ↑ Dias, Tatiana DiasRafael Moro MartinsTatiana; de 2020, Rafael Moro Martins22 de Janeiro; 20h13. «Elogiar ditadores é a melhor maneira de a esquerda continuar perdendo». The Intercept Brasil. Consultado em 16 de julho de 2021
Bibliografia
Artigos
- «Jones Manoel: "Quero socializar o conhecimento sobre nomes fundamentais do pensamento crítico e da luta popular"». CartaCapital. 5 de agosto de 2020. Cópia arquivada em 30 de setembro de 2020
- «Jones Manoel responde: "O que é fascismo?"». CartaCapital. 5 de agosto de 2020. Cópia arquivada em 24 de dezembro de 2020
- Valente, Rubens (1 de dezembro de 2020). «Veja a lista de jornalistas e influenciadores em relatório do governo». UOL. Cópia arquivada em 7 de dezembro de 2020
- Rocha, Lucas (24 de setembro de 2020). «Caetano defende Jones Manoel e reforça crítica ao liberalismo». Fórum. Cópia arquivada em 28 de outubro de 2020
- Bernardes, José; Souza, Marina (11 de outubro de 2020). «Jones Manoel: "170 anos de capitalismo no país não resolveram, agora é nossa vez"». Brasil de Fato. Cópia arquivada em 16 de novembro de 2020
- «Descubra quem é o jovem pensador marxista que mudou a cabeça de Caetano Veloso». Mídia Ninja. 5 de janeiro de 2020. Cópia arquivada em 6 de novembro de 2020
- «Jones Manoel». Boitempo Editorial. Cópia arquivada em 15 de outubro de 2020
- Vieira, Douglas (27 de setembro de 2020). «Jones Manoel, o historiador que influencia Caetano Veloso». UOL. Cópia arquivada em 1 de novembro de 2020
- Mazza, Luigi (Outubro de 2020). «Os comunistas estão chegando». piauí. Cópia arquivada em 5 de novembro de 2020
- Veras, Luciana (1 de junho de 2021). «"Nunca me adaptei aos estereótipos de um intelectual"». Continente. Cópia arquivada em 2 de junho de 2021
- Novelino, Ricardo (15 de julho de 2021). «Mário Frias faz comentário racista sobre ativista negro: 'Precisa de um bom banho'». G1. Cópia arquivada em 16 de julho de 2021
Outros
- Silva, Jones (2018). «Em busca da revolução brasileira: Um estudo crítico sobre a estratégia socialista na obra de Carlos Nelson» (PDF). Universidade Federal de Pernambuco. Cópia arquivada (PDF) em 8 de dezembro de 2020
- Jones Manoel [@_makavelijones] (9 de janeiro de 2021). «hoje é meu aniversário» (Tweet). Cópia arquivada em 9 de janeiro de 2021 – via Twitter