Filosofia helenística

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Filosofia Helenística

A filosofia helenística estende-se, em um primeiro momento, da morte de Alexandre (323 a. C.) ao fim da República Romana e à vitória de Augusto na Batalha de Áccio, portanto durante aquilo que historiadores da cultura convencionaram como helenismo. As correntes formadas neste período, todavia, influenciam vastamente a filosofia posterior, permitindo considerar-se como filosofia helenística muito da filosofia ocidental que se estende até o século III d. C., como o posterior Neoplatonismo, graças às influências na constituição das correntes de pensamento[1].

Filosofia de uma nova época

O processo histórico que se formava desde o século VI a.C. após o imperialismo ateniense e toda a instabilidade política e econômica posterior[2], o período de Alexandre e o contexto seguinte construíram-se pouco a pouco com outras noções sobre o mundo[3]. Em um contexto diferente do anterior (Período Clássico), o pensamento foi, gradativamente alterando-se, sofrendo até mesmo influências das religiões orientais (o que foi permitido pelo Império de Alexandre) e em um segundo momento pelo cristianismo (o que foi permitido pelo Império Romano)[4], e adaptando-se a uma lógica de cosmopolitismo, em outras palavras, de uma universalidade do pensamento humano[5], aplicável a todo indivíduo e sem as restrições existentes em um pensamento cujo referencial é, naturalmente, um conceito restringente: a polis, fechada em si, mesmo conectada a outras[6].

A princípio, as correntes que compõem a filosofia helenística compartilham semelhanças e uma oposição intensa à filosofia clássica, platônica e aristotélica, mesmo possuindo em suas bases pontos fortemente clássicos. Nestas semelhanças, convém destacar: a ideia de que ética e física, sobretudo para estoicos e epicuristas, apoiavam uma à outra, sendo indivisíveis para que seu conhecimento fosse perfeito; um forte materialismo, recusando-se a transcendência, forte, por exemplo, no pensamento aristotélico, com o Intelecto ativo, embora este materialismo não se aplique exatamente a todas as correntes (como a dos neoplatônicos, posterior, formada em outro contexto e guiada pela ideia da transcendência); as formas sistemáticas que torna as correntes filosóficas em doutrinas, firmes em suas verdades, sendo que estas articulam os saberes da física, da ética e da lógica [7]; a noção de que cabia ao estudo da filosofia a função de estabelecer caminhos (condutas) capazes de conduzir à felicidade, a chamada medicina da alma[8].

Há, por fim, uma crítica à entrega às paixões, capazes de conduzir a uma dilaceração da alma, sendo a filosofia, o melhor caminho, a verdadeira terapia da felicidade. Estuda-se as paixões para reconhecer seus malefícios e buscar expurgá-las, a começar pelo desejo de possuir objetos ou outros indivíduos; valoriza-se o Logos e aquilo que depende apenas do indivíduo em sua busca por felicidade[9].

Escolas Helenísticas

Ceticismo

Pirro de Élis (imagem retratando uma anedota contada por Sexto Empírico. Ao alcançar a ataraxía, o filósofo manter-se-ia sereno e impassível)

O ceticismo caracterizou-se como uma corrente de pensamento que surgiu primeiramente com Pirro de Élis, contemporâneo de Alexandre. O Pirronismo é, portanto, a primeira filosofia cética e é considerada a mais radical[10]. Tem como uma de suas características principais o natural impedimento do dogmatismo, uma vez que é ideal ao filósofo abster-se de juízo, ou seja, manter um constante estado de dúvida para com verdades possíveis, impedindo-as de serem naturalizadas, ou até mesmo possíveis em sua existência[11]. Além disso, o filósofo cético, especialmente o que estiver diretamente ligado ao Pirronismo, deve ter outras três qualidades: ser “incapaz de falar”, com isso incapaz de sentenciar uma “verdade”; ser desprendido de paixões, assim não sendo guiado, e retirado de sua serenidade, por ilusões dos sentidos; e por fim ser sereno, livre da confusão do mundo, embora este conceito exija uma explicação melhor: a indiferença (1ª qualidade) e a insensibilidade (2ª qualidade) garantem um estado de tranquilidade mental sem a necessidade de constantes formulações intelectuais e afetivas e, assim sendo, o filósofo mantém sua felicidade, consciente da ausência de respostas e livre da constante tensão que seria a busca pela verdade[12].

Pirro fez parte da expedição de Alexandre e entrou em contato com correntes de pensamento orientais. Possivelmente houve forte influência dos Gimnosofistas, indianos, que permitiu o desenvolvimento da filosofia de Pirro, mas também se articulou saberes provenientes de correntes do pensamento megárico, cínico e democriteano. Aqui a ataraxía, essa serenidade ideal do filósofo, estabelece-se graças ao vazio interior de representações, enquanto se mantém e aceita a dúvida, conceito permitido pela influência oriental[13]. Sobre as origens, também se considera o pensamento megárico como o precursor ocidental mais antigo[14], aqui sempre considerando que é de vital importância a ideia de que não se possa arbitrar entre verdade ou falsidade em determinado questionamento. Quanto a isso, os megáricos já refletiam e, vê-se aqui, um exemplo do enraizamento das filosofias helenísticas em filosofias anteriores, mesmo que sejam conflitantes e opostas, uma vez que sejam filosofias de contextos diferenciados.

Foi dada continuação ao ceticismo mais adiante por outros filósofos, embora alguns destes tenham considerado o ceticismo de forma diferente, como os da chamada terceira Academia, que teve como representante inicial Carnéades de Cirene, ainda no século II a. C. Houve ainda alguns pensadores viventes da Era cristã que retomaram o ceticismo mais rigoroso, entre eles Sexto Empírico, do século II d. C.[15].É preciso fazer apenas um último comentário: definir o ceticismo como escola pode ser algo controverso, uma vez que rejeita-se o dogmatismo e o próprio Sexto Empírico comentou que o ceticismo apenas teria uma escola enquanto fosse conduta de vida e não mera instituição enraizada em um dogma[16].

Representantes

Epicurismo

Epicuro de Samos

O epicurismo surge como uma doutrina diferenciada em um contexto em que a filosofia costumava preocupar-se com os aspectos subjetivos e mais abstratos: Epicuro rejeita qualquer conhecimento que provenha de algo transcendente aos sentidos e afirma que a felicidade está ao alcance do homem, através dessa filosofia voltada à verdade, distanciada do divino e ligada a uma noção mecânica do universo. Epicuro teria nascido em meio à cultura ateniense e sua filosofia, se desenvolvido essencialmente grega[17]. Existiria, portanto, no epicurismo, três características básicas: um atomismo descendente de Demócrito, que permitiria a Epicuro explicar que o universo era formulado em princípio pela matéria (além de uma outra realidade, invisível, intangível) e que seria a alma, mortal; A crença na indiferença dos deuses, posto que existiriam mas, uma vez que teriam atingido a felicidade, não viveriam com o propósito de dar forma ou reger o universo; Uma noção fixa acerca dos sentidos, considerando-os verdadeiros caminhos para a compreensão da verdade e o alcance do bem, sendo o bem aqui entendido por prazer[18] (prazer esse que pode ser, entre outras coisas a ausência de perturbação, ou seja ataraxía). A verdade traduzida pelos sentidos, pelo material, por aquilo que não era transcendente, mas sim que estava ao alcance do homem seria então o caminho para a felicidade e para a liberdade.

As noções acerca da física, sobretudo o atomismo, dentro da filosofia de Epicuro, estão dispostas de modo a se considerar a ideia de criação como tola, uma vez que não haveria o que criasse o fator criador. Em outras palavras, não seria possível que um todo se originasse do nada, logo seria necessário que algo criasse aquilo que desse origem ao universo[19]. Posto isso, a reflexão epicurista leva, entre outros pontos, ao fato de que até mesmo a alma poderia morrer, uma vez que sua vida estaria ligada à vida do corpo e aqui fica clara a importância dada aos sentidos. Além disso, a formação e a transformação das coisas (essa gerando a criação do novo) seria ocasionada pelos movimentos dos átomos[20]: o todo sempre existiu e é composto pelos átomos; a novidade vem apenas da mudança atômica. Outra característica, sua consideração sobre a indiferença dos deuses apresenta-se como, novamente, uma rejeição do transcendente, sendo que seria possível que a relação de Epicuro com o divino e suas considerações sobre estes (especialmente em relação à libertação das superstições geradas pela ideia de transcendência) estejam ligadas a sua mãe, a quem o filósofo acompanhava, quando jovem, ao meio religioso[21]. Por fim o forte apela às sensações como fontes de conhecimento permite uma associação direta entre o bem e o prazer: o bem buscado pelo homem só poderia ser encontrado com auxílio dos sentidos; os sentidos só poderiam encontrar como bem o prazer. Há, certamente, um caráter hedonista em tudo isso, na medida em que o prazer seria o único bem possível de ser alcançado, sendo que tal pensamento já existia desde a Escola cirenaica[22], e seria sustentando todo esse sistema que o filósofo alcançaria a felicidade uma vez que livre da tormenta da transcendência e satisfeito dos bens alcançáveis.

O pensamento epicurista se propagou pelo mundo helenístico ao longo do tempo e chegou a Roma, conforme o contato entre as culturas da época crescia e a presença de Roma se fazia mais forte[23]. Entre seus representantes no mundo romano, Lucrécio, que vivera em um período muito conturbado para Roma (disputas internas políticas e militares), teve seu pensamento muito influenciado por seu momento, o que permitiu uma aceitação à filosofia epicurista[24]. Teria sido um dos filósofos que melhor aderiu ao epicurismo[25] e sua obra teria expandido as noções epicuristas.

Representantes

Estoicismo

Zenão de Cítio

Como costumeiro na filosofia helenística, o estoicismo formou-se com influências das correntes de pensamento anteriores. Uma de suas máximas era algo já defendido pelo megáricos, que era a negação, ou ao menos a contestação, à noção de uma multiplicidade universal ou de constantes mudanças no cosmos[26]. Com essa simples característica nota-se a famosa distinção entre estoicismo e epicurismo[27], na medida em que o primeiro lida com uma ideia de universo e de divindade totalmente ligada a uma unidade (seria o mundo, um só, por exemplo, e o divino, uma força imanente na natureza, da qual seriamos parcelas menores[28]), enquanto o segundo dedica-se à crença das constantes transformações dos átomos e da multiplicidade de mundos[29].

O estoicismo teve como grande característica a capacidade de se adequar aos contextos em que se encaixava, sobrevivendo durante cinco séculos[30] e tornando-se corrente filosófica do período helenístico[31]. Dessa longa duração e da pouca importância dada à ortodoxia[32], surgiu uma variedade de doutrinas dentro da filosofia estoica que articulavam física, ética e lógica de maneiras distintas, criando escalas de importância diferentes entre as três. Houve também quem desconsiderasse uma das três, supondo não haver utilidade, e mudanças nas concepções estoicas conforme chegou o período imperial romano. Algo que dificulta a compreensão do estoicismo mais antigo é o fato de as fontes terem sido perdidas e os relatos conhecidos virem de opositores do mesmo[33].

Zenão de Cítio, fundador da escola do pórtico, nasceu em Chipre, onde havia forte influência grega, à época[34]. Em Atenas, como meteco fenício, sem cidadania ateniense, logo impossibilitado de comprar uma residência, ele ensinava sob um pórtico e assim a filosofia estoica nasce como uma filosofia, em grande parte, de estrangeiros instalados em um território classicamente grego[35]. Uma ideia notável de Zenão e claramente ligada ao pensamento dos megáricos e ao dos cínicos é a corporeidade da alma e a inexistência de entidade incorpóreas, uma vez que as ideias adviriam do pensamento e não existiriam por si próprias, contrariamente a Platão[36].

Outras características primordiais do estoicismo são as seguintes: a existência de uma teoria dos signos, antecedente à semiologia atual; a ideia de que, como animal seria guiado por instinto, homem seria guiado por razão; um claro cosmopolitismo; a busca e o elogia do equilíbrio em relação às paixões dos sentidos[37]. Além de tudo isso, outro princípio é importante para a filosofia estoica: o Logos, caracterizado de acordo com Heráclito, assim, sendo tomado pelos estoicos como princípio ativo da matéria, aquilo que daria forma ao mundo, a essência da própria divindade[38], à qual estariam submetidas a lógica, a ética e a física e conforme a qual as três se articulariam e dariam estrutura ao sistema filosófico[39].

Historicamente considerou-se que o estoicismo influenciou líderes políticos na época em que vigorou, como Tibério Graco e Cleômenes III de Esparta[40]. Mas, como já foi comentado, essa escola filosófica não se manteve estática, idêntica à filosofia desenvolvida por Zenão. No século II a.C., Panécio trouxe significativas inovações ao estoicismo, em virtude das revisões que fez, inclusive graças ao contato com a cultura romana[41]. Além disso, Posidônio que veio logo em seguida também trouxe mutações à doutrina do estoicismo e supostamente, com uma escola em Rodes, suplantou a de Atenas e passou a ensinar jovens patrícios romanos, levando ainda mais da filosofia estoica para o mundo romano[42].

Representantes

Escola peripatética

A Escola peripatética foi fundada com a filosofia aristotélica e permaneceu existindo ao longo da época helenística[43]. Aristóteles morreu um ano após Alexandre e a direção do Liceu ficou com Teofrasto[44]. Filosoficamente manteve-se o pensamento aristotélico como base fundamental, embora aparentemente novas tendências a noções de universalidade tenham se estabelecido[45]. Chegando ao século I a.C. Andrônico de Rodes gerou nova tendência para a filosofia que era produzir comentários acerca das obras do mestre, atendo seu destaque particular à figura de Aristóteles[46].

Representantes

Neopitagorismo

O neopitagorismo surgiu no século I a.C. enquanto a doutrina pitagórica era revivida por alguns filósofos da época, logo, estaria assim incluída dentre as escolas filosóficas helenísticas[47]. Aparentemente, não haveria muita originalidade nessa doutrina, sendo essa apenas uma retomada do pitagorismo anterior, com suas características bem reconhecidas, dentre elas a valorização dos números como elementos essenciais para a compreensão e a constituição do universo e o misticismo[48], caracterizado pela crença na mudança da alma de um corpo a outro[49]. Considera-se também que, em seus textos, os representantes de tal doutrina teriam características que futuramente passaram a ser comuns do neoplatonismo, que surgiria posteriormente[50].

Representantes


Referências

  1. Chauí, 2010, p. 14
  2. AUSTIN, Michel; VIDAL-NAQUET, Pierre. O tempo das crises. In:_______. Economia e Sociedade na Grécia Antiga. Lisboa, Edições 70, 1986.
  3. FERGUSON, John. Cosmópolis; Pólis. In:________. A Herança do Helenismo. Lisboa, Verbo, 1973. / ORRIEUX, Claude; PANTEL, Pauline Schmitt. L'époque hellénistique. In:________. Histoire grecque. Paris, PUF, 2004.
  4. Chauí, 2010, p. 22
  5. "Os helenísticos conseguiram o que os sofistas não conseguiram: a popularização da filosofia." (Chauí, 2010, p. 36)
  6. Chauí, 2010, p. 19-20
  7. "(...)cada sistema apresenta-se como conjunto articulado de verdades, constituindo uma totalidade coerente e autossuficiente. Daí, pouco a pouco, o ensino das doutrinas tende a ser mais importante do que novas investigações que, embora realizadas continuamente, são consideradas acréscimos ao corpo doutrinário e não refutações ou inovações." (Chauí, 2010, p. 16)
  8. "Assim, malgrado as diferenças,pode-se, finalmente, apontar como traço comum às escolas helenísticas o racionalismo ético ou a convicção de que é possível definir regras racionais universais para a conduta humana cuja exemplaridade é oferecida pela figura do filósofo como sábio ou homem virtuoso que não se deixa corromper pela boa fortuna nem abater-se pelo infortúnio, capaz de ensinar aos outros o caminho da vida feliz, fazendo da filosofia uma sabedoria de vida." (Chauí, 2010, p. 17)
  9. "(...) não se submeter ao páthos, mas buscas a apathéia, graças à qual se chega à ataraxía, isto é, à ausência total de perturbação. Alcançar essa serenidade ou essa tranquilidade de espírito é a verdadeira felicidade ou beatitude." (Chauí, 2010, p. 18)
  10. Abbagnano, 2014, p. 891
  11. Chauí, 2010, p. 57-59
  12. Chauí, 2010, p. 59-60
  13. Chauí, 2010, p. 53-54
  14. Abbagnano, 2014, p. 152
  15. Abbagnano, 2014, p.151
  16. Chauí, 2010, p. 46
  17. Petit, 1987, p. 93
  18. Abbagnano, 2014, p. 390
  19. Chauí, 2010, p. 97-98
  20. Abbagnano, 2014, p. 390
  21. Chauí, 2010, p. 81
  22. Abbagnano, 2014, p. 578
  23. WALBANK, F. W. La llegada de los romanos. In:_______. El Mundo Helenístico. Madrid, Gredos, 2012.
  24. Chauí, 2010, p. 253-254
  25. Chauí, 2010, p. 253
  26. Abbagnano, 2014, p. 758
  27. Chauí, 2010, p. 113
  28. Chauí, 2010, p. 115
  29. Chauí, 2010, p. 99
  30. Chauí, 2010, p. 118
  31. Chauí, 2010, p. 116
  32. Chauí, 2010, p. 117
  33. Chauí, 118-119
  34. Chauí, 2010, p. 119
  35. Petit, 1987, p. 91-92
  36. Chauí, 2010, p. 120.
  37. Abbagnano, 2014, p. 438
  38. Abbagnano, 2014, p. 728
  39. Chauí, 2010, p. 123
  40. Petit, 1987, p. 93
  41. Chauí, 2010, p. 178
  42. Chauí, 2010, p. 181
  43. Chauí, 2010, p. 14
  44. Chauí, 2010, p. 81
  45. FERGUSON, John. Cosmópolis. In:________. A Herança do Helenismo. Lisboa, Verbo, 1973, p. 35
  46. Abbagnano, 2014, p. 707
  47. Chauí, 2010, p. 14
  48. Abbagnano, 2014, p. 826
  49. Abbagnano, 2014, p. 779
  50. Abbagnano, 2014, p. 826

Bibliografia

  • ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. São Paulo, Martins Fontes, 2014.
  • CHAUÍ, Marilena. Introdução à História da Filosofia: As Escolas Helenísticas, volume II. São Paulo, Companhia das Letras, 2010.
  • PETIT, Paul. Permanência da Grécia. In:______. A Civilização Helenística. São Paulo, Martins Fontes, 1987.
  • Stanford Encyclopedia of Philosophy