Francisco Moreira das Neves

Monsenhor Dom Francisco Moreira das Neves (Gandra (Paredes), 18 de Novembro de 1906 - 31 de Março de 1992), foi um padre católico, escritor, jornalista e poeta.

Como literato, ficou célebre por um estudo das ideias de Guerra Junqueiro.

Foi um dos principais colaboradores do Cardeal Cerejeira, de quem foi biógrafo.

Entre as suas realizações encontra-se a campanha dos cruzeiros do Duplo Centenário da Independência de Portugal, lançada em 1940, que teve o propósito de comemorar a data da Fundação do Estado Português (1140) e da Restauração da Independência (1640), que originou grande quantidade destes pequenos monumentos existentes em todo o país e particularmente no seu concelho natal, no alto do Monte da Meda, na localidade de Lordelo (Paredes).

Dele escreveu Fernando Namora: “Há no Pe. Moreira das Neves uma árdua militância cultural, mas toda ela voltada para o investimento em valores de uma matriz «exemplar». Como homem das letras em nada se desviou da rota que se impôs, e nunca deu sinais de qualquer ambiguidade. Fez opções e por elas se bateu com argúcia e ardor generoso”.

Dizia-se de si mesmo, conforme o aposto na sua pedra tumular: Aqui jaz quem nunca foi / Missionário nem herói! Mas quis ser em alegria / Apenas, em dor e amor / Cantor de Nosso Senhor! Poeta da Eucaristia.

O seu nome foi dado pela Autarquia à Biblioteca Municipal de Paredes, a quem legou importante parte do seu espólio bibliográfico, bem como a uma Avenida deste burgo nortenho e onde se encontra erigido um monumento em sua memória.

A título póstumo, a Sociedade Histórica da Independência de Portugal homenageou-o, promovendo no seu Salão Nobre um Colóquio que teve como ponto central a sua obra. Assim como a Câmara Municipal de Paredes fez o mesmo por altura do centenário do seu nascimento, programa que contemplou ainda a inauguração de uma exposição sobre a sua vida e obra.

Biografia

Depois de frequentar o Seminário do Porto, recebeu a ordenação presbiteral, em 1929, de D. António Augusto de Castro Meireles. Nos primeiros paroquiou em Milhundos (e/ou Rendufe, em que terá transitado para a paróquia de Mosteiró (Vila do Conde)), e dedicou-se, em simultâneo, ao apostolado infantil com a fundação do Patronato de Santa Rita de Cássia.

A seguir, exerceu durante vários anos o papel de subdirector do jornal Novidades até 1974 (colaborador do jornal desde 1934) e um dos directores da editora União Gráfica.

Foi co-fundador da Rádio Renascença (Emissora Católica Portuguesa), havendo colaborado na RTP.

Em 1946 foi nomeado presidente nacional da Obra de Protecção aos Leprosos.

Foi, durante vários anos, de 1966 a 1989, Cerimoniário Eclesiástico da Ordem de Cavalaria do Santo Sepulcro de Jerusalém de Portugal.

Foi sepultado na sua terra natal, Gandra, no concelho de Paredes, no dia 2 de Abril.

Obras literárárias

Autor de mais de uma centena de obras editadas, terá estas como as principais:

• «Sonho Azul» (Sonetos - 1931);
• «António Correia de Oliveira» (1932);
• «Hóstia florida (1936)»;
• «As sete palavras de Nossa Senhora – Poemas Marianos» (1938);
• «Leal Conselheiro Infantil» (1940);
• «Guerra Junqueiro: o homem e a morte», Livraria Simões Lopes, 1942
• «Inquietação e Presença» (1942) ;
• «Mendigo de Deus» (1944);
• «O cardeal Cerejeira, Patriarca de Lisboa”» (1945)
• “Santo Agostinho – Cem Páginas” (1945)
• «O Grupo dos Cinco: dramas espirituais», Livraria Bertrand, 1945.
• «A tarde e o céu», União Gráfica, 1954
• «Para um retrato de Salazar: breve "in memoriam"», Festa do Natal de Cristo, 1971 (co-autor com Afonso Rodrigues Queiró e António da Cruz Rodrigues)

Ligações externas

• Moreira das Neves: padre, jornalista e poeta, por Luís Filipe Santos, Agência Ecclesia, 7 de Novembro de 2006