João Martins Ricalde

João Martins Ricalde (c. 1526 – Outubro de 1588) ou João Martins da Rica (ao que parece indicar a sua grande riqueza em bens materiais e estatuto) ou Juan Martínez de Recalde em castelhano, foi um almirante, mercador ou navegante em Viana do Castelo que esteve ao serviço do Reino de Portugal, que na altura pertencia ao Império Espanhol . Terá sido o 1º senhor do Paço de Lanheses^[1].

Biografia

Juntando-se à armada espanhola vindo de Sevilha por mar, em 1582, num seu galeão, lutou contra as forças de D. António, Prior do Crato e de Aymar de Clermont de Chaste ao lado de Dom Álvaro de Bazán na tomada dos Açores^[2].

Participou depois como almirante do lado luso-espanhol^[3] sob o comando de D. Alonso Pérez de Guzmán, Duque de Medina Sidónia, na derrocada da Invencível Armada, contra as forças britânicas, fornecendo 10 galeões, 4 patachos, 700 marinheiros, 2000 soldados e 250 peças de artilharia, que estariam estacionados às suas ordens no porto de Biscaia^[4].

Origem familiar

Segundo Felgueiras Gayo, em Famílias de Portugal, ele seria filho e herdeiro de um seu homónimo João Martins, navegante "rico" morador em Viana do Castelo e o que consta em documentação coeva, sua contemporânea, no Arquivo da Casa de Almada, é que seria de origem portuguesa. Já sua mãe seria uma senhora de San Sebastián, na Biscaia, D. Elvira Palomar y Angulo de origem na nobreza local. Seria filha de Fernão Rodrigues Palomar e Catarina de Angulo, senhores das Casas e Solares destes apelidos no lugar de Balmaseda, na Vila de Ascoitia, na província de Guipuscoa. Este seu pai teria sido vedor do município de Viana, pelos anos de 1510, colaborando na construção do Mosteiro de Santa Ana e sua Igreja de Nossa Senhora da Caridade^[5]^[6], "como consta do Foral da Câmara da dita Vila"^[7], e que tinha adquirido metade do padroado de Lanheses, localidade essa que na altura seria ainda um couto do mosteiro de São Salvador da Torre.

Descendência

João Martins Ricalde, "o moço", casou com Guiomar de Abreu, filha de Rui de Abreu e de Senhorinha Gomes de Brito^[8].

Tiveram:

Rodrigo de Abreu de Ricalde casado com da Maria da Costa Vilarinho, filha de Diogo da Costa e de Maria Dias Vilarinho.
Joana de Abreu Ricalde casada com António Vilarinho, sem geração.
Catarina de Abreu casada António Quesado, sem geração.

Referências

↑ O seu pai ao ter casado com D. Ana da Rocha, filha de Martim da Rocha, fidalgo da Casa Real (Nobiliário das Famílias de Portugal, Felgueiras Gayo, Carvalhos de Basto, 2ª Edição, Braga, 1989- vol IX - pg 208 (Ricaldes § 1 N 2)), e que era o comendatário do Mosteiro de São Salvador da Torre, deveria ter recebido a possibilidade de poder comprar a metade referido padroado e fazer o contrato de aforamento das terras que vieram a ser construído o Paço de Lanheses
↑ Archivo dos Açores, Volume 2, Relação da expedição do Commendador de Chaste à Ilha Terceira, em Maio de 1583, Collecção de Documentos Relativos às Ilhas dos Açores, Extrahidos do Archivo Nacional da Torre do Tombo, Tip. do Archivo dos Açores, 1880
↑ Tudo faz indicar que estaria a comandar a frota do Reino de Portugal, inclusive, por além do Duque, que era comandante de toda esta batalha, não havia mais nenhum general a não ser Alexandre Farnésio, duque de Parma e Placência que chefiaria as forças terrestres de Parma e eventualmente as de Navarra da qual era vice-rei.
↑ Defeat of the Spanish Armada (A.D. 1588), Sir Edward Shepherd Creasy, The Great Events by Famous Historians, Vol. 1-20, Editor: Rossiter Johnson, Charles Horne, and John Rudd, November 21, 2006
↑ “A criação do Real Mosteiro de Sant`Ana deveu-se à Câmara e nobreza de Viana – destacando-se da iniciativa e diligências do licenciado António Correia, juiz de fora, e como tal presidente do Senado da Câmara, e de João Martins Ricalde ou da Rica que foi um dos vedores das obras …” – A Igreja de Nossa Senhora da Caridade, por Francisco José Carneiro Fernandes, in Cadernos Vianenses, tomo III, Braga, 1979, pág. 65, nota 1]
↑ Mosteiro de Santa Ana / Edifício da Congregação da Caridade, Paula Noé, SIPA, 2005
↑ «Nobiliário das Famílias de Portugal», por Felgueiras Gayo, Carvalhos de Basto, 2ª Edição, Braga, 1989- vol IX - pg 208 (Ricaldes § 1 N 2)
↑ «Nobiliário das Famílias de Portugal», por Felgueiras Gayo, Carvalhos de Basto, 2ª Edição, Braga, 1989- vol IX - pg 208 (Ricaldes § 1 N 2)

Bibliografia

´«Nobiliário das Famílias de Portugal», por Felgueiras Gayo, Carvalhos de Basto, 2ª Edição, Braga, 1989- vol IX - pg 208 (Ricaldes § 1 N 2)
«a Caminho de Santiago, roteiro do Peregrino», Lello editores, Porto, Janeiro de 2000

[1] O seu pai ao ter casado com D. Ana da Rocha, filha de Martim da Rocha, fidalgo da Casa Real (Nobiliário das Famílias de Portugal, Felgueiras Gayo, Carvalhos de Basto, 2ª Edição, Braga, 1989- vol IX - pg 208 (Ricaldes § 1 N 2)), e que era o comendatário do Mosteiro de São Salvador da Torre, deveria ter recebido a possibilidade de poder comprar a metade referido padroado e fazer o contrato de aforamento das terras que vieram a ser construído o Paço de Lanheses

[2] Archivo dos Açores, Volume 2, Relação da expedição do Commendador de Chaste à Ilha Terceira, em Maio de 1583, Collecção de Documentos Relativos às Ilhas dos Açores, Extrahidos do Archivo Nacional da Torre do Tombo, Tip. do Archivo dos Açores, 1880

[3] Tudo faz indicar que estaria a comandar a frota do Reino de Portugal, inclusive, por além do Duque, que era comandante de toda esta batalha, não havia mais nenhum general a não ser Alexandre Farnésio, duque de Parma e Placência que chefiaria as forças terrestres de Parma e eventualmente as de Navarra da qual era vice-rei.

[4] Defeat of the Spanish Armada (A.D. 1588), Sir Edward Shepherd Creasy, The Great Events by Famous Historians, Vol. 1-20, Editor: Rossiter Johnson, Charles Horne, and John Rudd, November 21, 2006

[5] “A criação do Real Mosteiro de Sant`Ana deveu-se à Câmara e nobreza de Viana – destacando-se da iniciativa e diligências do licenciado António Correia, juiz de fora, e como tal presidente do Senado da Câmara, e de João Martins Ricalde ou da Rica que foi um dos vedores das obras …” – A Igreja de Nossa Senhora da Caridade, por Francisco José Carneiro Fernandes, in Cadernos Vianenses, tomo III, Braga, 1979, pág. 65, nota 1]

[6] Mosteiro de Santa Ana / Edifício da Congregação da Caridade, Paula Noé, SIPA, 2005

[7] «Nobiliário das Famílias de Portugal», por Felgueiras Gayo, Carvalhos de Basto, 2ª Edição, Braga, 1989- vol IX - pg 208 (Ricaldes § 1 N 2)

[8] «Nobiliário das Famílias de Portugal», por Felgueiras Gayo, Carvalhos de Basto, 2ª Edição, Braga, 1989- vol IX - pg 208 (Ricaldes § 1 N 2)

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