Movimento de Ação Portuguesa

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Movimento de Acção Portuguesa (MAP) foi um movimento político da direita política que foi fundado por Florentino Goulart Nogueira e Rodrigo Emílio Alarcão Ribeiro de Melo, ambos poetas, entre maio e junho de 1974, após a chamada a Revolução dos Cravos do 25 de Abril de 1974 em Portugal[1] e que terá um papel relevante na contra-revolução clandestina durante o PREC[2].

Apesar de nunca se ter constituído como partido político, por ter sido ilegalizado na sequência da intentona do 28 de Setembro de 1974[3], manifestação que apoiava, rivalizou com o Partido Nacionalista Português[4]

A Comissão Central do Movimento, além dos referido fundadores, integrava Luís de Sena Esteves e Alberto Correia de Barros, enquanto António José de Brito ficou responsável pelo Porto e António José Almeida pelo Comité Nacional de Acção Revolucionária (CNAR). Este último funcionava como braço armado do MAP, que se dedicaria aos confrontos de rua[5].

Igualmente aderiram ao movimento Rodrigo Ribeiro de Mello, Walter Cândido Ventura, Delfim Fuentes Mendes, Vasco Emanuel Centeno Barata, José Rebordão Esteves Pinto[6] (que há-de casar-se com Vera Lagoa e assumir a direcção de O Diabo, depois da morte desta.[7]), Jaime Nogueira Pinto[8] e atribuída a presidência honorária a Guilherme Braga da Cruz, antigo reitor da Universidade de Coimbra.[9]

Estes, na sua maioria, pertenciam a sectores da direita radical crítica de Marcelo Caetano, como os “nacionalistas revolucionários” da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, ligados à Cooperativa Livreira Cidadela criada em Coimbra.[10]

O MAP. exprimia o ponto de vista da Direita mais intransigente, integrista e salazarista, defendendo a existência de um partido único e a nação pluricontinental[11]. Assumindo assim um ideário antidemocrático e colonialista, reclamando igualmente simultaneamente a herança teórica do [[Integralismo Lusitano, movimento tradicionalista [[monárquico, acrescido de um profundo cariz [[anticomunista[12] e apologético da autoridade e da ordem[13].

O movimento nasceu no seguimento de uma reunião fracassada entre o general Kaúlza de Arriaga, na sede da Junta de Energia Nuclear, em Lisboa, para criar um partido.[14]

Este círculo político consideravam que a guerra civil em Portugal era uma inevitabilidade por causa do avanço da esquerda revolucionária. Acreditavam que a [[democracia nascida da Revolução de Abril era ainda mais persecutória e intolerante do que o Estado Novo, o regime ditatorial deposto. E, portanto, argumentavam ser necessário prepararem-se para esse confronto o mais rapidamente possível, estabelecendo contactos com financiadores de peso, com militares de extrema-direita e com os restantes partidos que estavam a ser criados.[15].

O MAP defendia a unidade nacional, ou seja, opunha-se à independência das colónias porque “a perda temporária dessa independência, as mutilações ou fragmentações que quaisquer forças imponham à nossa Pátria, são contrárias à existência livre e una do Povo Português”; era apologista da autoridade e da ordem, propondo que os partidos internacionalistas fossem ilegalizados; subordinava os direitos dos indivíduos ao interesse da comunidade; repudiava o “dogma da luta de classes”; condenava o espírito de divisão partidarista]]; e, por fim, defendia a libertação da cultura, isto é, rejeitava o alegado domínio do marxismo na sociedade e nas suas instituições[16].

Ao contrário de outras forças da extrema-direita portuguesa, o MAP recusou qualquer aproximação à política [[spinolista de criação de um projeto federalista.[17] [18]

Referências

  1. Movimento de Acção Portuguesa, Setenta e Quatro (consulta em 9.5.2022
  2. À Direita da Revolução - Resistência e contra-revolução no PREC (1974-1975), por Riccardo Marchi, pág. 26
  3. Morreu Eurico Corvacho, antigo militar de Abril, DN, Lusa, 22 de Dezembro de 2011
  4. Movimento de Acção Portuguesa, Setenta e Quatro (consulta em 9.5.2022
  5. Movimento de Acção Portuguesa, Setenta e Quatro (consulta em 9.5.2022
  6. A nacionalização da banca no contexto do processo revolucionário português (1974-75), por Ricardo Vieira de Campos de Abreu Noronha, Tese de Doutoramento em História Económica e Social Contemporânea, Universidade Nova de Lisboa, Junho 2011, pág. 252
  7. Projecto CRiPE- Centro de Estudos em Relações Internacionais, Ciência Política e Estratégia. © José Adelino Maltez. Última revisão em: 03-05-2007
  8. Sistema militar prisional após o 25 de Abril (conclusão), por Costa Neves, O Referencial, nº 143, Outubro-Novembro de 2021, pág. 40
  9. Movimento de Acção Portuguesa, Setenta e Quatro (consulta em 9.5.2022
  10. Spinolismo: Viragem Política e Movimentos Sociais, por Francisco Felgueiras Bairrão Ruivo, Tese de Doutoramento em História Contemporânea, Universidade Nova de Lisboa, Julho, 2013, pág. 384
  11. A nacionalização da banca no contexto do processo revolucionário português (1974-75), por Ricardo Vieira de Campos de Abreu Noronha, Tese de Doutoramento em História Económica e Social Contemporânea, Universidade Nova de Lisboa, Junho 2011, pág. 252
  12. Movimento de Acção Portuguesa, Setenta e Quatro (consulta em 9.5.2022
  13. A nacionalização da banca no contexto do processo revolucionário português (1974-75), por Ricardo Vieira de Campos de Abreu Noronha, Tese de Doutoramento em História Económica e Social Contemporânea, Universidade Nova de Lisboa, Junho 2011, pág. 252
  14. Movimento de Acção Portuguesa, Setenta e Quatro (consulta em 9.5.2022
  15. Movimento de Acção Portuguesa, Setenta e Quatro (consulta em 9.5.2022
  16. Movimento de Acção Portuguesa, Setenta e Quatro (consulta em 9.5.2022
  17. Movimento de Acção Portuguesa, Setenta e Quatro (consulta em 9.5.2022
  18. O MAP era o resultado de uma cisão na direita resultante da questão colonial. Aqueles que perfilhavam ou aceitavam as teses federalistas juntaram-se à tendência que está na génese do Movimento Federalista, enquanto as linhas integristas formarão o Movimento Nacionalista Português e do MAP. - Spinolismo: Viragem Política e Movimentos Sociais, por Francisco Felgueiras Bairrão Ruivo, Tese de Doutoramento em História Contemporânea, Universidade Nova de Lisboa, Julho, 2013, pág. 386
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