Fernando de Paços

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Fernando Zamith de Passos Silva (Viana do Castelo, 8 de Novembro de 1923 . Queluz, 18 de Junho de 2003), com o pseudónimo Fernando de Paços, foi um tradutor[1], poeta, cronista e dramaturgo autodidacta e nacionalista português[2].

Fazendo parte do grupo cultural e político Távola Redonda[3], foi uma das vozes líricas mais interessantes reunidas no inicio da década de 50[4].

Na sua vida profissional foi secretário e colaborador na revista Távola Redonda (1950-54), publicação oficial do grupo referido acima, e redactor da revista Graal (1956-57). Esteve, desde 1980 até à aposentação, ligado à direcção literária da Editorial Verbo[5].

Era também um pedagogo: "alguém para quem uma das funções do teatro era a de educar divertindo"[6].

... ao lado de um alto grau de exigência, haveria em Fernando de Paços um como que pudor de se exibir na feira literária, com todo o seu ruído, vaidade e emulação. Nem o seu interesse pelo teatro o levou a subir ao palco. Autor de peças infantis e entusiasta de fantoches e marionetas – era, certamente, a faceta lúdica de um homem reservado –, escondia-se atrás da cortina. ... A sua vocação não era a de publicista – era, no mundo, a de monge contemplativo[7].

Era muito amigo dos escritores Luiz Pacheco, de quem era vizinho e mesmo assim com quem trocava correspondência, e de Florentino Goulart Nogueira[8], com quem colaborou na Graal e depois na revista Tempo Presente[9].

Biografia

Viana do Castelo, cidade onde tirou o curso dos liceus. Filho de uma família numerosa, cedo foi habitar com seus pais e irmãos, numa casa serrana com uma pequena quinta, a dois quilómetros de Viana do Castelo, em São João d'Arga, a poucos metros de uma casinha onde, por algum tempo, vivera Camilo Castelo Branco pelos anos de 1850[10].

Na sua juventude um dinamizador de revistas culturais como a revista Seiva Nova na qual colaborava com recensões, poesia, artigos sobre literatura e conto nos anos de 1942-43[11].

Veio viver para Lisboa no ano de 1953, a instâncias do poeta António Manuel Couto Viana seu conterrâneo[12].

Foi Secretário dos fascículos de Poesia Távola Redonda e, com Maria de Lourdes Belchior, David Mourão-Ferreira, Goulart Nogueira e Luís de Macedo, e pertenceu ao corpo de redacção da revista Graal[13].

Igualmente começou por exercer actividades culturais para a infância no Diário de Notícias, como redactor da revista «Cavaleiro Andante» e editor da revista «João Ratão»[14].

Foi ainda director da revista infantil Camarada (1958-65)[15].

Participou com a sua dramaturgia infantil no Teatro do Gerifalto dirigido pelo referido A. M. Couto Viana[16].

Anos mais tarde, passou a exercer, em exclusivo, o cargo de Director da Editorial Verbo[17], sendo amigo do proprietário Fernando Guedes[18].

Faleceu, numa modesta casa, em Massamá, Queluz[19], no dia 18 de Junho de 2003[20].

Família

Casou comː Amália Monroy de Cabo.

Tiveramː

Obra

  • Fuga, Viana do Casteloː Poesia Nova edições, 1944.
  • O Fértil Jardim, Lisboaː Ed. Távola Redonda, 1953
  • O Segundo Dilúvio, 1963[23]
  • A Jangada Aérea, Lisboa: Verbo, 1995

Escreveu numerosas peças infantis, designadamente pequenas peças para teatro de Fantoches. Ele próprio representou as suas peças de teatro de Fantoches, nas secções de teatro infantil da [[Mocidade Portuguesa e da [[Companhia Nacional de Educação de Adultos. Entre outras, destacamos as peças infantis escritas no ano de 1950, ainda em Viana do Castelo, como o «O Feiticeiro Infeliz» e «A Cigarra e a Formiga». Ainda «A Viola Mágica», «Dependurado da Lua», «O Natal do João», «O Príncipe Sapo», «O Valente Gondalim», «O Relógio Mágico», etc.[24].

Teve uma colaboração assídua na imprensa infanto-juvenil (João Ratão e Camarada) e participado no volume colectivo 10 Peças de Teatro Infantil (1961)[25].

A Imprensa Nacional - Casa da Moeda publicou a sua Obra Poética (poesia publicada) em 2005[26] e quinze das suas peças de teatro foram reunidas no livro Teatro Infantil, da editora Verbo, em 2009[27].

Referências

  1. Peça infantil "O Rei veado"/T. do Gerifalto, Museu Nacional do Teatro, MatrizNet
  2. Vidas Portuguesas: Fernando de Paços, Fascismos em Rede, 29 de novembro de 2008
  3. A ideia 2017 n 81 83, Revista de cultura libertária, 27 de Dezembro de 2017
  4. Fernando de Paços – Obra Poética, Prefácio de Esther de Lemos, Imprensa Nacional
  5. [https://repositorio.ul.pt/bitstream/10451/33906/1/ulfl243557_tm.pdf Correspondência de Luiz Pacheco com Luís Amaro, por Maria Helena Sardinha, Tese para a obtenção do grau de Mestre em Crítica Textual, Faculdade de Letras, Universidade de Lisboa, 2017, pág. 173]
  6. O Autómatos, Teatro Municipal Joaquim Benite, Almada, 30 de Março de, 2019
  7. Fernando de Paços: a obra poética, Annualia, 3 de Fevereiro de 2009
  8. A ideia 2017 n 81 83, Revista de cultura libertária, 27 de Dezembro de 2017
  9. Tempo Presente in Infopédia (em linha). Porto: Porto Editora, 2003-2020. (consult. 2020-08-02 05:42:09).
  10. Vidas Portuguesas: Fernando de Paços, Fascismos em Rede, 29 de novembro de 2008
  11. Vidas Portuguesas: Fernando de Paços, Fascismos em Rede, 29 de novembro de 2008
  12. Vidas Portuguesas: Fernando de Paços, Fascismos em Rede, 29 de novembro de 2008
  13. Vidas Portuguesas: Fernando de Paços, Fascismos em Rede, 29 de novembro de 2008
  14. Vidas Portuguesas: Fernando de Paços, Fascismos em Rede, 29 de novembro de 2008
  15. Vidas Portuguesas: Fernando de Paços, Fascismos em Rede, 29 de novembro de 2008
  16. Vidas Portuguesas: Fernando de Paços, Fascismos em Rede, 29 de novembro de 2008
  17. Vidas Portuguesas: Fernando de Paços, Fascismos em Rede, 29 de novembro de 2008
  18. A ideia 2017 n 81 83, Revista de cultura libertária, 27 de Dezembro de 2017
  19. A ideia 2017 n 81 83, Revista de cultura libertária, 27 de Dezembro de 2017
  20. Vidas Portuguesas: Fernando de Paços, Fascismos em Rede, 29 de novembro de 2008
  21. A ideia 2017 n 81 83, Revista de cultura libertária, 27 de Dezembro de 2017
  22. Francisco Zamith, Até Sempre, Agência Funerária Passos
  23. Fernando de Paços – Obra Poética, Prefácio de Esther de Lemos, Imprensa Nacional
  24. Vidas Portuguesas: Fernando de Paços, Fascismos em Rede, 29 de novembro de 2008
  25. [https://repositorio.ul.pt/bitstream/10451/33906/1/ulfl243557_tm.pdf Correspondência de Luiz Pacheco com Luís Amaro, por Maria Helena Sardinha, Tese para a obtenção do grau de Mestre em Crítica Textual, Faculdade de Letras, Universidade de Lisboa, 2017, pág. 173]
  26. Vidas Portuguesas: Fernando de Paços, Fascismos em Rede, 29 de novembro de 2008
  27. Teatro do Noroeste apresenta o espetáculo infanto-juvenil "O autómato" em Almada, Lusa, DN, 29 Março 2019