Guiaçadim

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
(Redirecionado de Ghias ad-Din)
Guiaçadim
Rei consorte da Geórgia
Reinado 1223-1226
Consorte de Rusudana da Geórgia
Antecessor(a) Davi Soslano
Sucessor(a) Tamar Amanelije
 
Morte Após 1226
Descendência
Dinastia
Pai Abedal Harije Maomé Muguiçadim Tugril Xá
Mãe Filha de Ceifadim Beguetimur
Religião

Guiaçadim (fl. 1223–1226) era membro da dinastia seljúcida de Rum e marido da rainha Rusudana da Geórgia (r. 1223–1245) de c. 1223 a 1226. Filho do emir de Erzurum, se converteu ao cristianismo por ordem de seu pai para poder se casar com Rusudana. Sua posição na corte era fraca e o relacionamento conjugal foi prejudicado devido à infidelidade de Rusudana. Mudou de um lado a outro na divisão religiosa e política durante a invasão corásmia da Geórgia em 1226. À época, foi repudiado por Rusudana, e depois sumiu dos registros, deixando dois filhos para trás, Tamara e Davi VI (r. 1245–1259).

Vida[editar | editar código-fonte]

Origens[editar | editar código-fonte]

Guiaçadim nasceu em data desconhecido. Era o filho mais novo de Abedal Harije Maomé Muguiçadim Tugril Xá, o emir seljúcida de Erzurum, e sua esposa, filha de Ceifadim Beguetimur, o governante de Ahlat.[1] Tugril Xá recebeu Elbistão como apanágio após a divisão do Sultanato de Rum por seu pai Quilije Arslã II em 1192, mas mudou, em cerca 1201, para Erzurum.[2] Ele parece ter sido tributário do Reino da Geórgia por pelo menos parte de seu reinado.[3]

O nome original do consorte de Rusudana não é registrado em fontes georgianas ou muçulmanas. Guiaçadim é um lacabe relatado pelo estudioso egípcio do século XIII ibne Abedal Zair. O historiador georgiano João, escrevendo no início do século XIX, postula que o marido de Rusudana foi nomeado Demétrio (Dimitri) após sua conversão ao cristianismo na Geórgia.[1]

Casamento[editar | editar código-fonte]

Segundo fontes muçulmanas, Rusudana casou-se com um filho do emir de Erzurum em 620 AH (1223/1224).[4] A anônima Crônica dos 100 Anos do século XIV, parte das Crônicas da Geórgia, relata que o jovem príncipe seljúcida havia sido mantido na corte da Geórgia como refém, a fim de garantir a lealdade de Erzurum. Rusudana gostava dele e o tomou como marido.[5] O erudito árabe contemporâneo Abdalatife também confirma que foi Rusudana quem optou pelo príncipe seljúcida, mas Ali ibne Alatir afirma que foi o próprio emir de Erzurum que propôs o casamento para defender seu país das invasões georgianas. Depois que os georgianos rejeitaram o pedido do emir por ser muçulmano, ordenou que seu filho se convertesse ao cristianismo, fato descrito por ibne Alatir como "uma estranha mudança de eventos sem paralelo".[6]

Os anais da Geórgia relataram que Guiaçadim era um homem bonito e fisicamente forte. Por volta dos 17 anos, na época do casamento, era mais jovem que Rusudana,[1] que é descrita por unanimidade pelas fontes medievais como uma mulher bonita e dedicada ao prazer.[7] Relatando seus escandalosos casos amorosos e estilo de vida adúltero, ibne Alatir relata que numa ocasião Rusudana foi surpreendida pelo marido na cama, nos braços de um escravo ("mameluco"). Como Guiaçadim se recusou a tolerar esse fato, ibne Alatir continua, Rusudana mandou que se mudasse para "outra cidade" sob estrita supervisão.[8] O autor muçulmano ressalta a "posição fraca" que o príncipe seljúcida tinha na corte da Geórgia.[4] As evidências sugerem que era desprovido do alto estatuto e prestígio de que gozavam os antigos reis da Geórgia, especialmente o pai de Rusudana, Davi Soslano, marido da rainha Tamar. As fontes da Geórgia não lhe dão o título de rei e não o denunciam como comandante do exército ou envolvido em assuntos estatais. Seu nome não aparece nas moedas emitidas em nome de Rusudana.[1]

Guiaçadim e Rusudana tiveram dois filhos, Tamar e Davi. Tamar se casou com seu primo, o sultão de Rum Caicosroes II (r. 1237–1246) e tornou-se mais conhecido por seu apelido Gurcu Catum. Davi se tornou o rei da Geórgia após a morte de Rusudana em 1245 e era antepassado da primeira dinastia do Reino de Imerícia no oeste da Geórgia.[1][2] Em 1226, o xá corásmio Jalaladim Mingueburnu (r. 1220–1231) conquistou a capital georgiana de Tbilisi, colocando a rainha Rusudana em fuga para seus domínios ocidentais, Guiaçadim se converteu ao islamismo e, segundo o cronista Anaçaui, obteve amã (segurança) de Jalaladim. No entanto, depois que o xá corásmio partiu para sitiar Ahlat, Guiaçadim retornou ao cristianismo, desertou para os georgianos e os informou sobre a fraqueza de uma guarnição corásmia em Tbilisi. Rusudana parece ter repudiado o casamento com Guiaçadim na mesma época e ele desaparece das fontes a partir de então.[1]

Referências

  1. a b c d e f Djaparije 1995, p. 181–182.
  2. a b Toumanoff 1949–1951, p. 181.
  3. Peacock 2006, p. 130.
  4. a b Richards 2010, p. 244.
  5. Metreveli 2008, p. 537.
  6. Richards 2010, p. 244, 270.
  7. Metreveli 2008.
  8. Richards 2010, p. 244–245.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Djaparije, Gotcha I. (1995). საქართველო და მახლობელი აღმოსავლეთის ისლამური სამყარო XII-XIII ს-ის პირველ მესამედში [Georgia and the Near Eastern Islamic world in the 12th–13th century]. Tbilisi: Metsniereba 
  • Peacock, Andrew (2006). «Georgia and the Anatolian Turks in the 12th and 13th centuries». Anatolian Studies. 56: 127–146. doi:10.1017/S0066154600000806 
  • Metreveli, Roin (2008). «ასწლოვანი მატიანე [Chronicle of A Hundred Years]». ქართლის ცხოვრება [Kartlis Tskhovreba]. Tbilisi: Artanuji 
  • Richards, Donald Sidney (2010). The Chronicle of Ibn Al-Athir for the Crusading Period from Al-kamil Fi'l-ta'rikh, Part 3: The Years 589-629/1193-1231: the Ayyubids After Saladin and the Mongol Menace. Farnham: Ashgate Publishing. ISBN 0754669521 
  • Toumanoff, Cyril (1949–1951). «The Fifteenth-Century Bagratids and the Institution of Collegial Sovereignty in Georgia». Traditio. 7: 169–221