Isaque I da Etiópia

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Isaque I
ይሥሓቅ
Imperador da Etiópia

14º Negus da dinastia salomónica
Reinado 1414–1429
Antecessor(a) Teodoro I
Sucessor(a) André
Descendência
André
Pai Davi I
Mãe Seion Mangasha

Isaque I (em amárico: ይሥሓቅ , transc.: yisḥāḳ, também conhecido como Yeshaq) foi Imperador da Etiópia (nəgusä nägäst, 1414 - 1429) e membro da dinastia salomónica. [1] Seu nome de trono era Gabra Masqal II.[2] Foi o segundo filho de Davi I, sua mãe era a rainha Seyon Mangasha [3]

Reinado[editar | editar código-fonte]

O reinado de Isaque foi marcado por uma revolta dos Beta Israel. Em resposta, o imperador marchou para a antiga região de Wegera (Vagara, atual Amara), onde derrotou os rebeldes em Kossoge cerca de 30 quilômetros ao norte de Gondar, terminando assim a revolta. Construindo uma suntuosa igreja no local para comemorar sua vitória. [4] [5] [6] Isaque I também invadiu a região dos shanqellas e a dos agaus. Depois disso enviou suas tropas a sudeste, onde enfrentou os filhos de Sabredim II, que haviam retornado do exílio na Península Arábica.[3]

Isaque, segundo o historiador islâmico Almacrizi, contratou um grupo de mamelucos liderados por al-Tabingha para treinar seu exército em artilharia e combate com espadas. Esta é a referência mais antiga a armas de fogo (naft em árabe) na Etiópia. [7] [2] Na mesma época, outro visitante egípcio, um copta, "reorganizou o reino", de acordo com Almacrizi ", e coletou tanta riqueza para o Hati [o Imperador] que ele gozou da autoridade do rei". Este Copta sem nome também introduziu a prática do Imperador vestir roupas "esplêndidas" e carregar uma cruz, o que o destacou de seus súditos.[8]

George Wynn Brereton Huntingford sugere que foi durante o reinado de Isaque que os governantes da Etiópia deixaram de ter capitais permanentes; em vez disso, suas Cortes eram mantidas em acampamentos enquanto avançavam em seu domínio.[9]

Isaque fez o primeiro contato conhecido da Etiópia pós-axumita com um governante europeu. Ele enviou uma carta de dois dignitários a Afonso V de Aragão, que chegou ao rei em 1428, propondo uma aliança contra os muçulmanos e esta aliança seria selada por um casamento duplo, que exigiria que o infante Pedro de Aragão (irmão de Afonso) levasse um grupo de artesãos para a Etiópia, onde ele se casaria com a filha de Isaque. Não está claro como ou se Alfonso respondeu a esta carta, embora em uma carta que chegou a um sucessor de Isaque, Zara-Jacó (Cosntantino I), em 1450, Alfonso tenha escrito que ele ficaria feliz em enviar artesãos para a Etiópia se a segurança deles fosse garantida, pois em uma ocasião prévia em que enviara um grupo de treze de seus súditos para a Etiópia eles haviam perecido.[10]

Um exemplo notável da literatura etíope que sobreviveu a esse período é um panegírico dirigido a Isaque, que Enrico Cerulli destacou como uma joia da poesia etíope. [11]

Tadesse Tamrat acredita que as fontes primárias mascararam a morte de Isaque em uma batalha contra os muçulmanos.[3] Isaque foi enterrado em Tadbaba Maryam, um convento do distrito Sayint (região de Amara).[12]

Ver também[editar | editar código-fonte]



Precedido por
Teodoro I
-- Imperador da Etiópia
(nəgusä nägäst)
14º Negus da dinastia salomónica

1414 – 1429
Sucedido por
André



Referências

  1. Shinn, David H.; Ofcansky, Thomas P. (11 de abril de 2013). Historical Dictionary of Ethiopia (em inglês). [S.l.]: Scarecrow Press, p. 438 
  2. a b Henze, Paul B. (2000). Layers of Time:. A History of Ethiopia (em inglês). [S.l.]: Hurst & Company, p. 68 
  3. a b c Budge, E. A. Wallis (2014). A History of Ethiopia:. Volume I - Nubia and Abyssinia (em inglês). [S.l.]: Routledge, p 301 
  4. James Bruce, Travels to Discover the Source of the Nile (1805 edition), vol. 3, p. 97
  5. Kessler, David F. (2012). The Falashas:. A Short History of the Ethiopian Jews (em inglês). [S.l.]: Routledge, p. 95 
  6. Dĕngĕl, Mĕhĕrka. Chronica de Susenyos, rei de Ethiopia. Traducção e notas. [S.l.]: Imprensa nacional, p. 443 
  7. Richard Pankhurst, "Linguistic and Cultural Data on the Penetration of Fire-Arms into Ethiopia", Journal of Ethiopian Studies, Vol. 9, No. 1 (1971), pp. 47–82.
  8. Richard Pankhurst, The Ethiopians: A History (Oxford: Blackwell, 1998), pp. 75-ff
  9. Huntingford, The Glorious Victories of 'Amda Seyon King of Ethiopia (Oxford: Clarendon Press, 1965), p. 16 n.
  10. O. G. S. Crawford (editor), Ethiopian Itineraries, circa 1400–1524 (Cambridge: the Hakluyt Society, 1958), pp. 12f.
  11. David Buxton, The Abyssinians (New York: Praeger, 1970), p. 131.
  12. Morie, Louis J. (1904). Les civilisations africaines:. Histoire de l'Éthiopie (Nubie et Abyssinie) depuis les temps les plus reculés jusqu'à nos jours (em francês). [S.l.]: A. Challamel, p. 214