Lentilha

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Como ler uma infocaixa de taxonomiaLens culinaris
lentilha
Lentilhas (Lens culinaris).
Lentilhas (Lens culinaris).
Classificação científica
Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Magnoliopsida
Ordem: Fabales
Família: Fabaceae
Subfamília: Faboideae
Tribo: Vicieae
Género: Lens
Espécie: L. culinaris
Nome binomial
Lens culinaris
Medikus
Produção mundial de lentilhas.
Três tipos de lentilhas.

Lens culinaris, popularmente chamada de lentilha,[1] é pequena planta trepadeira anual, da família das leguminosas, subfamília Faboideae. Essa erva de origem asiática é cultivada universalmente e possui folhas penadas, com folíolos minutos, sendo que a maioria das folhas apresenta folíolo terminal, ímpar, transformado em gavinha preênsil. Suas flores são papilionáceas, pequenas, de cor clara e as vagens são curtas, com uma ou duas sementes discóides. Apresenta também largo uso ornamental em vasos, jardineiras ou em cercaduras de canteiros.

Consumo[editar | editar código-fonte]

Lentilhas têm sido parte da dieta humana desde o período neolítico, sendo uma das primeiras culturas agrícolas domesticadas no Oriente Médio. Evidências arqueológicas mostram que elas eram consumidas de 9.500 a 13.000 anos atrás.[2]

Do Oriente Médio, as lentilhas se espalharam para a Europa do sul e central e para o norte de África.[3]

Valor nutricional[editar | editar código-fonte]

Com cerca de 30% de suas calorias vindas de proteína, as lentilhas têm o terceiro maior nível de proteína, em peso, do que qualquer outro legume, depois da soja, e superado, ainda, pelo teor das sementes do cânhamo.[4] As proteínas incluem os aminoácidos essenciais isoleucina e lisina. A planta é uma fonte barata e essencial de proteína em muitas partes do mundo, especialmente na Ásia Ocidental e no subcontinente indiano, que têm grandes populações vegetarianas.[5] As lentilhas são deficientes em dois aminoácidos essenciais, a metionina e a cisteína.[6] As lentilhas também contêm fibras alimentares, ácido fólico, vitamina B1 e minerais.[7]

Lentilhas também têm alguns fatores anti-nutricionais, tais como inibidores de tripsina e teor relativamente elevado de fitato. A tripsina é uma enzima envolvida na digestão e os fitatos reduzem a bio-disponibilidade de minerais[8] A planta é uma boa fonte de ferro, tendo mais de metade da necessidade diária de ferro de uma pessoa em uma porção de um copo.[9]

Produção[editar | editar código-fonte]

As lentilhas são relativamente tolerantes às secas e são cultivadas em todo o mundo. A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO - sigla em inglês) estimou que a produção mundial de lentilhas em 2009 foi de 3,917 milhões de toneladas, provenientes principalmente de Canadá, Índia, Turquia e Austrália. Cerca de um quarto da produção mundial de lentilhas vem da Índia, sendo que a maioria da produção é consumida no mercado interno. O Canadá é o maior exportador de lentilhas no mundo e Saskatchewan é a mais importante região produtora canadense.[10]

10 maiores produtores
(em toneladas)
Posição País 2010 2011 2012
1  Canadá 1.947.100 1.531.900 1.493.620
2  Índia 1.031.600 943.800 950.000
3  Austrália 140.000 379.659 463.000
4  Turquia 447.400 405.952 438.000
5  Estados Unidos 392.675 214.640 240.490
6 Nepal 151.757 206.969 208.201
7  Etiópia 80.952 128.009 151.500
8  China 125.000 150.000 145.000
9 Síria Síria 77.328 112.470 130.229
10 Irã Irão 100.174 71.808 85.000
Mundo 4.686.673 4.386.870 4.522.097
Fonte: Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura[11]

Cultura[editar | editar código-fonte]

Consumir lentilhas durante a véspera de Ano-Novo é hábito comum em países como o Brasil, o Chile e a Venezuela. Acredita-se que as pequenas sementes, circulares e achatadas como moedas, atraem boa sorte no âmbito financeiro.

Segundo o Gênesis, primeiro livro da Bíblia, Esaú cedeu a Jacó seu direito de primogênito em troca de um prato de lentilhas. Samá, um dos valentes do rei Davi, defendeu sozinho um campo de lentilhas contra os filisteus.

Referências

  1. Julio Seabra Inglez Souza (1995). Enciclopédia agrícola brasileira: E-H. EdUSP. pp. 190 – 191. ISBN 978-85-314-0584-6.
  2. Leah A. Zeldes (16 de fevereiro de 2011). «Eat this! Lentils, a prehistoric foodstuff». Dining Chicago. Chicago's Restaurant & Entertainment Guide. Consultado em 4 de agosto de 2011 
  3. «"Lentilhas, um passeio pela história da humanidade" no site CozinhaVapza.com». Consultado em 12 de agosto de 2013. Arquivado do original em 5 de abril de 2012 
  4. Callaway JC (2004). Hempseed as a nutritional resource: an overview. Euphytica 140:65–72.
  5. «Essential Amino Acids». Consultado em 19 de setembro de 2014 
  6. Randy Sell. «Lentil». North Dakota State University Department of Agricultural Economics. Consultado em 14 de dezembro de 2011. Cópia arquivada em 21 de junho de 2009 
  7. «USDA nutrient database». Consultado em 19 de setembro de 2014 
  8. "Effect of processing on some anti-nutritional factors of lentils", J. Agric. Food Chem.
  9. «"Iron: food sources"». Consultado em 19 de setembro de 2014 
  10. «Crops Market Information - Canadian Industry». Consultado em 19 de setembro de 2014 
  11. «Production of Lentils by countries». Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura. 2012. Consultado em 21 de fevereiro de 2014 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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