Levante militar de setembro de 1958 na Venezuela

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Levante militar de setembro de 1958 na Venezuela

Confrontos em Caracas durante a el levante
Data 7 de setembro de 1958
Local Caracas, Venezuela
Desfecho insurreição fracassada
Beligerantes
governo da Venezuela
manifestantes civis
Guarda Nacional da Venezuela
Policia Militar de Caracas
Comandantes
Wolfgang Larrazábal Juan de Dios Moncada Vidal
José Ely Mendoza Méndez
19 mortos
100+ feridos

O levante militar de 7 de setembro de 1958 na Venezuela foi um movimento contra a Junta de Governo do país presidida por Wolfgang Larrazábal, após o golpe de Estado de 23 de janeiro que depôs o ditador Marcos Pérez Jiménez. O levante não teve apoio suficiente e fracassou. Seus participantes foram submetidos à justiça militar e alguns pediram asilo em embaixadas.

Antecedentes[editar | editar código-fonte]

Depois do golpe de Estado de 23 de janeiro de 1958 contra o ditador Marcos Pérez Jiménez e após sua saída do país, foi estabelecida na Venezuela uma Junta de Governo chefiada pelo contra-almirante Wolfgang Larrazábal.[1] Em seus primeiros meses de governo, a Junta forma uma comissão para investigar a conduta dos oficiais da ditadura militar, que levou ao confisco do patrimônio de Pérez Jiménez. Os partidos políticos são legalizados, a convocação de eleições é anunciada e líderes políticos exilados retornam ao país. Em março foi nomeada a Comissão Redatora do Estatuto Eleitoral, composta por representantes de todas as forças políticas nacionais.

Jesús María Castro León e Wolfgang Larrazábal.

Durante este período, ocorreram conflitos internos dentro das Forças Armadas: um encabeçado pelo Coronel Hugo Trejo, que não ingressou na Junta de Governo apesar de ter sido um precursor na rebelião contra Marcos Pérez Jiménez, e outro pelo próprio ministro da Defesa, General Jesús María Castro León, que começou a discordar das decisões da Junta e defendeu um deslinde completo entre militares e civis. Hugo Trejo aceitou o cargo de embaixador da Venezuela na Costa Rica, mas Castro León continuou conspirando contra o governo.[1]

Em 23 de julho, uma crise política começou quando o ministro da Defesa entregou uma série de condições solicitadas por cerca de uma centena de militares a Junta de Governo. Entre os pedidos estava a ilegalização novamente da Acción Democrática e do Partido Comunista da Venezuela, a censura à imprensa, o adiamento das eleições por três anos e a formação de um novo governo sob a tutela dos militares.[1] ​Os estudantes e os partidos políticos opondo-se às petições, começaram as negociações e Castro León tomou a decisão de renunciar ao ministério para não colocar seus partidários em confronto contra os do governo, e no dia seguinte foi expulso do país junto com um grupo de oficiais adeptos.[1][2]

Levante[editar | editar código-fonte]

Em 7 de setembro de 1958, os tenentes-coronéis Juan de Dios Moncada Vidal e José Hely Mendoza Méndez lideraram um levante militar em Caracas.[3] Os rebeldes apoderaram-se das instalações do Ministério da Defesa, do Destacamento de Polícia Militar n.º 2, localizado em frente ao Palácio de Miraflores e algumas estações de rádio. Contavam com o apoio da Guarda Nacional e da Polícia Militar de Caracas, mas acreditavam que seriam respaldados por outras guarnições e unidades militares, e esse apoio não era suficiente para o êxito do levante.[1][3] Ao tomar conhecimento do levante militar, milhares de pessoas compareceram ao palácio presidencial para enfrentar a rebelião.[4] Por sua vez, o Comitê Sindical Unificado Nacional anunciou uma greve geral por tempo indeterminado e a tomada das ruas de Caracas como resposta. Os confrontos aconteceram das 8 da manhã às 4 da tarde envolvendo civis, que entraram duas vezes no quartel da Polícia Militar, ponto estratégico para os rebeldes. A insurreição teve como saldo final 19 mortos e mais de 100 feridos.[5][3]

O major Luis Alberto Vivas Ramírez, participante do levante, declarou que os rebeldes desejavam expressar solidariedade ao grupo de oficiais expulsos em julho, bem como sua rejeição à Junta de Governo, "porque estava conduzindo o país ao descalabro econômico e as Forças Armadas a divisão".[3]

Desfecho[editar | editar código-fonte]

A Junta de Governo agiu com mais severidade contra o levante do que contra os movimentos anteriores. Alguns dos rebeldes foram presos e submetidos à justiça militar, incluindo Mendoza Méndez, que foi julgado por rebelião. Outros militares buscaram refúgio em embaixadas.[1][3]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Nota[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b c d e f Arráiz Lucca, Rafael (2007). Venezuela: 1830 a nuestros días. [S.l.]: Titivillus. pp. 152–154. ISBN 9789803542351 
  2. «Castro León, Jesús María». Fundación Empresas Polar. Consultado em 28 de novembro de 2022 
  3. a b c d e «1958 - Cronología de historia de Venezuela». Fundación Empresas Polar. Consultado em 29 de novembro de 2022 
  4. «Caracas». Fundación Empresas Polar. Consultado em 28 de novembro de 2022 
  5. #Documental - Rómulo Resiste (em espanhol)