Morte de Mary Reeser

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Mary Reeser o primeiro caso de combustão humana espontânea
Morte de Mary Reeser
Mary em 1947
Nome completo Mary Hardy Reeser
Conhecido(a) por Circunstâncias misteriosas de sua morte
Nascimento 8 de março de 1884
Columbia, Pennsylvania
Morte 2 de julho de 1951 (67 anos)
St. Petersburg, Florida
Causa da morte Desconhecida, porém aceita a hipótese da combustão humana espontânea

Mary Hardy Reeser (8 de março de 1884 - 2 de julho de 1951) foi uma mulher que ficou conhecida por ser o primeiro e o principal caso estudado de combustão humana espontânea, o que gerou uma revolução nos estudos de mortes parecidas. Sua morte continua misteriosa e sem uma explicação comprovada, havendo apenas hipóteses.[1][2][3]

Vida pessoal[editar | editar código-fonte]

Mary Reeser nasceu em Columbia, Pensilvânia e casou-se com o Dr. Richard Reeser. Seu único filho, também chamado de Dr. Richard Reeser Jr., nasceu na Pensilvânia em 1910 ou 1911.[1] Mary foi enterrada no cemitério de Chestnut Hill nos arredores de Mechanicsburg, Pensilvânia.[2]

Morte[editar | editar código-fonte]

No dia 2 de julho de 1951, por volta das 8 horas da manhã, a proprietária da casa de Reeser, chamada Pansy Carpenter, foi até lá levando um telegrama. Ela tocou a campainha e aguardou por resposta, o que não aconteceu. Pansy então foi perguntar sobre Reeser para os vizinhos, que afirmaram que a senhora Reeser havia recebido, na noite anterior, a visita de Richard Reeser, seu filho, e que ela provavelmente estaria em casa.[3]

Preocupada com a senhora Reeser, Pansy tentou forçar a fechadura da porta que estava muito quente. Assim, sem entender o que estava ocorrendo, chamou auxílio dos serviços de emergência e da polícia para ajudá-la no socorro de Mary.[3]

Com a chegada da polícia foram encontrados os restos mortais da senhora Reeser. Ela estava carbonizada, sentada em uma cadeira que também estava queimada. No resto da casa, não havia sinais que indicassem um incêndio, apenas objetos plásticos ao redor que haviam derretido por conta do calor. A cena deixava claro que o fogo começou e terminou no corpo de Mary[4] que agora carbonizado, apresentava umas poucas partes preservadas. Uma das pernas da senhora estava praticamente intacta e o crânio estava desfigurado, porém não carbonizado.

Investigações[editar | editar código-fonte]

A maioria dos casos envolvendo corpos carbonizados, mas os objetos ao redor não estão quimados, são caracterizados como uma ocultação de cadáver. Normalmente são pessoas que foram assassinadas e têm seus corpos incendiados, sem deixar muitas marcas no restante do local.

Porém, no caso de Mary Reeser a polícia não encontrou ninguém que teria motivos para assassiná-la, tendo em vista que Reeser era uma senhora de 67 anos e que não tinha problemas com ninguém. Ela era descrita pelos vizinhos como uma mulher doce e reservada e a tese de homicídio não parecia consistente, tendo em vista que não havia sinais de arrombamento na residência.[3][4]

Após a repercussão do caso, o FBI afirmou que o ocorrido estava diretamente ligado ao consumo de cigarros e bebidas alcoólicas, fato que não foi aprovado pela família, tendo em vista que Mary não tinha hábitos de consumir essas substâncias. [5]

Teorias[editar | editar código-fonte]

Possessão demoníaca[editar | editar código-fonte]

Uma das teorias levantadas por grupos de pesquisadores ligados à religião, é que Mary estava possuída por um demônio que fez com que ela pegasse fogo de dentro para fora, assim explicando como o seu corpo foi quase completamente carbonizado sem grandes danos ao resto da estrutura de sua residência. Porém, esta teoria não segue uma metodologia científica e foi descartada.[6]

Homicídio[editar | editar código-fonte]

Como era comum antes do caso de Mary, todos os casos nos quais havia mortos com corpos carbonizados eram tratados assassinato, cujos corpos tinham sido movidos do local da morte e depois incendiadas. Em alguns casos, a combustão do corpo poderia se espalhar para os objetos ao redor, causando um incêndio, e em outros, apenas o corpo da vitima era carbonizado. Porém, a teoria foi descartado porque Mary Reeser não cultivava rivais e era uma pessoa bondosa, além de não haver sinais de violência na cena do crime.[6][7]

Alcoolismo[editar | editar código-fonte]

Outra teoria era o alcoolismo, utilizada pelo FBI para solucionar o caso. Porém esta teoria foi considerada superficial. A teoria científica explica que o excesso de álcool no corpo poderia ocasionar a ignição, carbonizando a pessoa de dentro para fora. Porém, a teoria não explicaria o início do fogo e qual o mecanismo de acionamento. O FBI tentou explicar utilizando-se da ideia de que um cigarro haveria começado o incêndio, porém é improvável, já que o calor do cigarro deveria atravessar a pele e a gordura de Reeser para incendiar o conteúdo alcoólico de dentro do corpo.[6][7][8]

Azia fatal[editar | editar código-fonte]

Outra teoria que procurava explicar o ocorrido com Reeser, seria uma azia muito forte, no qual o ácido estomacal haveria perfurado o estômago de Mary, assim incendiado os tecidos de dentro para fora. Porém, a teoria não explicaria como o ácido clorídrico conseguiria incendiar a gordura humana, que apenas incendeia em altas temperaturas, por volta de 300ºC.[6][7]

Efeito pavio[editar | editar código-fonte]

Esta é a teoria atual mais aceita. A teoria porpõe que, em casos de combustão humana espontânea, o fogo não começa de dentro para fora, como as demais teorias, e, sim, de fora para dentro. A teoria defende que Mary Reeser faleceu por causas naturais, como um mal súbito, por exemplo, e, por estar próximo de algum objeto que emitiria um grande calor, seu corpo acabou incendiando por conta do contato com as altas temperaturas (podendo ser lenha, um fogão, uma vela, ou qualquer outro objeto com alta temperatura).[9][10]

O objeto em si não tinha capacidade de carbonizar diretamente o corpo da senhora Reeser, tendo em vista que, para carbonizar a gordura da maneira que foi vista, deveria haver fontes de calor com temperaturas superiores a 300ºC, o que também possivelmente incendiaria o restante da residência. A teoria explica que, conforme o objeto extremamente quente ficava próximo ao corpo de Mary, este iria liberando gordura em formato de óleo (como se fosse um suor) e este óleo é extremamente inflamável. Isto criaria um efeito em cadeia, com o óleo pegando fogo e derretendo, como uma vela queima sua cera, o resto do corpo de Mary, consumindo toda gordura disponível.[6]

Referências

  1. a b «Mary Reeser - Find a Grave». Ancestry 
  2. a b «Mary Reeser - Memorial Online». Find a Grave 
  3. a b c d Company, Tampa Publishing. «Did spontaneous combustion kill St. Pete widow Mary Reeser?». Tampa Bay Times (em inglês). Consultado em 24 de junho de 2021 
  4. a b «St. Petersburg Times - Google News Archive Search». news.google.com. Consultado em 24 de junho de 2021 
  5. «FBI said 1951 death wasn't 'spontaneous human combustion,' but mystery persists | Tampa Bay Times». web.archive.org. 1 de junho de 2014. Consultado em 24 de junho de 2021 
  6. a b c d e «The Curious Case of Mary Hardy Reeser». www.baynews9.com (em inglês). Consultado em 24 de junho de 2021 
  7. a b c «A Morte Misteriosa de Mary Reeser». ICHI.PRO. Consultado em 24 de junho de 2021 
  8. «Watch Out for All the Holiday Drinking—You Might Spontaneously Combust» 
  9. «Burning issue: spontaneous human combustion». New Scientist (em inglês) (2878): 30–31. 18 de agosto de 2012. ISSN 0262-4079. doi:10.1016/S0262-4079(12)62127-7. Consultado em 24 de junho de 2021 
  10. December 2013, Benjamin Radford-Live Science Contributor 19. «Spontaneous Human Combustion: Facts & Theories». livescience.com (em inglês). Consultado em 24 de junho de 2021