Pithecopus megacephalus

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Estado de conservação
Espécie deficiente de dados
Dados deficientes (IUCN 3.1) [1]
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Amphibia
Ordem: Anura
Família: Phyllomedusidae
Gênero: Pithecopus
Espécie: P. megacephalus
Nome binomial
Pithecopus megacephalus
(Miranda-Ribeiro, 1926)

Pithecopus megacephalus (atualmente Pithecopus megacephalus) é uma espécie de anfíbio da família Phyllomedusidae. Endêmica do Brasil, ela pode ser encontrada na Serra do Cipó no estado de Minas Gerais e também no estado da Bahia.[2]

O epípeto específico megacephala ou megacephalus (do inglês mega = grande e cephalo, do grego = cabeça) denota cabeça grande ou larga.

A primeira identificação, feita em 1926, classificou a espécie como Bradymedusa megacephala. Em 2012, foi reclassificada como Phyllomedusa megacephala[3] e, atualmente, a espécie teve seu gênero alterado e passou a ser chamada de Pithecopus megacephalus.[4]

Distribuição[editar | editar código-fonte]

A ocorrência de indivíduos se restringe ao complexo serrano do espinhaço, especialmente na Serra do Cipó no estado de Minas Gerais,[5] mas também há registros da espécie no estado da Bahia nos municípios de Igaporã e Jacaraci.[2]

A Serra do Espinhaço pode ser classificada como uma ilha do céu por possuir aspectos topográficos que geram uma descontinuidade na paisagem e as isola dos demais ambientes, criando características climáticas e edáficas únicas que tornam a região altamente propícia a endemismos. A Serra do Espinhaço é um dos exemplos brasileiros mais claros de uma região com uma herpetofauna altamente endêmica.

Descrição[editar | editar código-fonte]

Colorido[5][editar | editar código-fonte]

Possui padrão reticulado bem definido formado por círculos vermelho-alaranjados envoltos por coloração preta. Esse padrão só é observado na parte interna dos braços, pernas, lateral do corpo e pálpebras inferiores. No restante do corpo a espécie apresenta coloração verde clara.

Cabeça[5][editar | editar código-fonte]

O comprimento da cabeça é menor que sua largura. O focinho tem aparência truncada quando visto dorsalmente e levemente obtuso quando visto lateralmente. Não apresenta lábios espessados. Os tímpanos são verticalmente elípticos com diâmetro equivalente a metade do dos olhos.

Corpo[5][editar | editar código-fonte]

Os braços e antebraços são desenvolvidos e possuem mãos pequenas e dedos longos e estreitos. As pernas são curtas e moderadamente hipertrofiadas sendo a coxa maior que a tíbia e artelhos esbeltos.

Ecologia[editar | editar código-fonte]

Uso de hábitat[editar | editar código-fonte]

Os indivíduos dessa espécie se restringem a altitudes superiores a 800m acima do nível do mar[6] (em alguns casos, indivíduos foram encontrados acima de 1000m)[2] em campos rupestres, ambientes rochosos e ambientes próximos a córregos e riachos.[2][6]

Vocalização[editar | editar código-fonte]

Os indivíduos da espécie vocalizam de maneira harmônica e pulsada e seu canto é mais grave que o de Phyllomedusa hypochondrialis.

Reprodução[editar | editar código-fonte]

Os indivíduos da espécie tendem a ter um período de reprodução extremamente restrito por serem altamente exigentes com a disponibilidade de água parada e límpida. Tal recurso só está disponível no ambiente após chuvas torrenciais que formam poças adequadas para a cópula e oviposição da espécie.[6]

Os ovos são colocados em folhas fora da água de modo que quando eclodem os girinos podem migrar para a água.[7]

Dimorfismo[editar | editar código-fonte]

Os indivíduos machos variam em tamanho de 36,1 mm a 43,3 mm e as fêmeas entre 41,6 mm e 49,1 mm.[2]

Conservação[editar | editar código-fonte]

De acordo com a IUCN, a espécie encontra-se com dados insuficientes para determinar seu estado de conservação atual. Porém, estudos apontam que este deveria ser atualizado para ameaçada uma vez que sua área de ocorrência é extremamente limitada e uma pequena área de ocorrência é abrangida por unidades de conservação.[6]

O endemismo da espécie e sua distribuição em pequenos e descontínuos ambientes resulta na formação de pequenas populações suscetíveis a efeitos negativos de uma deriva genética, como mudanças na área ou composição do ecossistema, e por isso necessitam de medidas conservacionistas específicas para cada população de modo que a probabilidade de eventos de extinção local seja reduzida.[6]

Há evidência de que estas ilhas do céu estiveram fortemente conectadas no passado, porém é possível que estas tenham se tornado geograficamente isoladas como consequência de mudanças climáticas. Estima-se que o ecossistema de campos rupestres terá sua área severamente reduzida até 2100 devido ao aquecimento global e atividades humanas.[6]

Portanto, é recomendável que a conservação de P. megacephalus seja subdivida em unidades de conservação independentes, com, no mínimo, uma para cada uma das populações conhecidas de modo que as linhagens evolutivas possam ser preservadas.[6]

Cabe ressaltar que a criação de corredores ecológicos para aumentar a conectividade das populações pode não ser adequado para a conservação da espécie visto que poucas áreas entre as ilhas de ocorrência da espécie possuem condições adequadas para sua sobrevivência. Isso causaria uma dependência de ações humanas para o manejo dos indivíduos o que não é recomendável para a evolução da espécie.[6]

Referências

  1. Angulo, A. (2008). Phyllomedusa megacephala (em inglês). IUCN 2014. Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN. 2014. Página visitada em 9 de outubro de 2014..
  2. a b c d e Brandão, Reuber (2012). «Phyllomedusa megacephala (Miranda-Ribeiro 1926) (Amphibia, Anura, Hylidae, Phyllomedusinae): Distribution extension, new state record and map.». Herpetology Notes. 5: 535-537 
  3. Brandão, Reuber Albuquerque; Brandao, Reuber Albuquerque (2012). «A New Species of Phyllomedusa Wagler, 1830 (Anura: Hylidae) from Central Brazil». Journal of Herpetology (em inglês). 36 (4). 571 páginas. ISSN 0022-1511. doi:10.2307/1565926 
  4. Duellman, William E.; Marion, Angela B.; Hedges, S. Blair (2016). «

    Phylogenetics, classification, and biogeography of the treefrogs (Amphibia: Anura: Arboranae)

    »
    . Zootaxa (em inglês). 4104 (1). 1 páginas. ISSN 1175-5334. doi:10.11646/zootaxa.4104.1.1
     
  5. a b c d Caramaschi, Ulisses (2006). «Redefinição do grupo de Phyllomedusa hypochondrialis, com redescrição de P. megacephala (Miranda-Ribeiro, 1926), revalidação de P. azurea Cope, 1862 e descrição de uma nova espécie (Amphibia, Anura, Hylidae)». Arquivos do Museu Nacional. 64 (2): 159-179 
  6. a b c d e f g h Ramos, Elisa Karen Silva; de Magalhães, Rafael Félix; Sari, Eloisa Helena Reis; Rosa, Augusto Henrique Batista; Garcia, Paulo Christiano Anchietta; Santos, Fabrício Rodrigues (7 de setembro de 2017). «Population genetics and distribution data reveal conservation concerns to the sky island endemic Pithecopus megacephalus (Anura, Phyllomedusidae)». Conservation Genetics (em inglês). 19 (1): 99–110. ISSN 1566-0621. doi:10.1007/s10592-017-1013-z 
  7. «Phyllomedusa megacephala: Ariadne Angulo». IUCN Red List of Threatened Species. 1 de janeiro de 2008. doi:10.2305/iucn.uk.2008.rlts.t55857a11363174.en. Consultado em 5 de julho de 2018 
Wikispecies
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