Citricultura no Brasil
A citricultura no Brasil refere-se à produção de frutas do tipo citrus (ou ainda citros ou frutas cítricas) no Brasil, integrando, principalmente, a laranja, o limão, a tangerina e a lima.[1]
Segundo a Embrapa, "o Brasil é o primeiro produtor mundial de citros com uma produção de 19,6 milhões de toneladas/ano numa área cultivada de 883 mil hectares, em 2008"[2] e, de acordo com o site G1 em setembro de 2017, "a citricultura brasileira é a maior do mundo e o citros foi a cadeia do agro que mais empregou em SP em 2016".[3]
A principal região produtora de citros no Brasil é o cinturão citrícola de São Paulo e Triângulo/Sudoeste de Minas Gerais.
Evolução histórica[editar | editar código-fonte]
Segundo o professor da USP-Ribeirão Preto Marcos Fava Neves (p. 09), "no Brasil, em 2010, são quase 165 milhões de árvores produzindo e na Flórida, 60 milhões. A densidade de árvores por hectare aumentou bastante. Era de 250 árvores/hectare em 1980, 357 árvores em 1990, 476 árvores em 2000 e atualmente existem pomares com quase 850 árvores por hectare. Hoje estão disponíveis mudas melhores, vindas de viveiros telados e praticamente 130 mil hectares já são irrigados. Cerca de 11.000 produtores com menos de 20 mil árvores (87% do total) detêm 21% das árvores existentes no cinturão citrícola. Outras 32% das árvores estão nas mãos de 1.500 produtores que tem entre 20 mil a 199 mil plantas. 120 produtores têm mais de 200 mil plantas e já representam 47% das árvores".[4]
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Produção de laranja[editar | editar código-fonte]
De acordo com Neves (p. 12), "introduzida no Brasil logo no início da colonização, a laranja encontrou no país melhores condições para vegetar e produzir do que nas próprias regiões de origem, expandindo-se por todo o território nacional.[4]
Segundo o site G1 em 2017, "ainda na década de 1980, o Brasil superou os Estados Unidos e se tornou o maior produtor de laranja do mundo. O posto é mantido até hoje: a safra brasileira em 2016/2017 foi de 245 milhões de caixas, contra 67 milhões de caixas dos Estados Unidos." De acordo com a matéria também, "o Brasil é responsável ainda por produzir 61% de todo o suco de laranja consumido no planeta".[3]
Já no ano de 2004, o Brasil produziu dezoito milhões e trezentas mil toneladas em laranja, o que equivalia a 45% do total em frutas colhido naquele ano, o que tornou a fruta o principal cultivo do setor frutícola no país,[5] enquanto que entre 2015/16, segundo a CitrusBr, "a safra foi finalizada em 300.650.000 caixas de 40,8 quilos em todo o cinturão citrícola.[6]
A principal região produtora de laranja no Brasil é o cinturão citrícola, composto por 349 municípios,[3] sendo que o estado de São Paulo responde, sozinho, por um total de 79% da produção de laranja no país.[7]
A CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) reportou em março de 2020 que, em 2019, a quantidade produzida de laranja cresceu 5,62%.[8]
As variedade mais produzidas no Brasil são a valência, a valência folha murcha, a pera rio, a hamlim, a westin e a rubi.[9]
| Evolução da produção de laranja no Brasil (Fonte: Neves; Marcos Fava, Tabela 09) | |
|---|---|
| Ano | Toneladas |
| 1970/71 | 43.480 |
| 1980/81 | 219.020 |
| 1990/91 | 302.990 |
| 2000/01 | 407.562 |
| 2008/09 | 427.010 |
Produção de limão[editar | editar código-fonte]
Segundo a Embrapa, no Brasil foram produzidas 1.481.322 toneladas de limão em 2018, sendo que a produção no estado de São Paulo corresponde a 79% do total.[10]
As variedades mais produzidas no país são a tahiti e a siciliano[9] e, junto com o México, o Brasil é o maior produtor da variedade tahiti no mundo.[11]
| Maiores produtores de limão em 2018 (Fonte: Embrapa) | |
|---|---|
| Estado | Produção (tonelada) |
| São Paulo | 1.171.745 |
| Minas Gerais | 72.412 |
| Bahia | 65.089 |
| Pará | 39.120 |
| Rio de Janeiro | 20.645 |
Produção de tangerina[editar | editar código-fonte]
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Conhecida como bergamota no Rio Grande do Sul e como tangerina ou mexerica em outros estados do Brasil, segundo a Embrapa a área colhida desta fruta cítrica passou de 26.312 hectares em 1970 para 48.999 em 2015.[12]
A variedade mais produzida no Brasil é a ponkan.[13]
| Maiores produtores de tangerina em 2018 (Fonte: Embrapa) | |
|---|---|
| Estado | Produção (tonelada) |
| São Paulo | 384.714 |
| Minas Gerais | 203.737 |
| Rio Grande do Sul | 144.233 |
| Paraná | 137.663 |
| Rio de Janeiro | 32.348 |
Consumo interno[editar | editar código-fonte]
Laranja: de acordo com a CitrusBr, entre 2015/16 era "possível mensurar o mercado interno da fruta in natura ao redor de 39.064.000 caixas de 40,8 quilos".[6] Quanto ao consumo de suco, segundo José Roberto Mendonça de Barros (p. 48 e 49) o consumo médio no Brasil por ano é de apenas 0,5 litro por habitante, o que é considerado um "baixo consumo per capita".[14]
Limão: o consumo brasileiro de limão é de 0,549 kg/ano de acordo com o IBGE.[11]
Tangerina: segundo o Incaper, no Brasil o consumo médio familiar de tangerina Ponkan passou de 1,17 para 1,18 kg per capita por ano entre 2002 e 2008, sendo que as maiores regiões consumidoras são a Sul (2,54kg) e Sudeste (1,38kg).[15]
Exportação[editar | editar código-fonte]
Segundo Neves (p. 17), "em 2009, as exportações do complexo citrícola totalizaram 2,15 milhões de toneladas de produtos e US$ 1,84 bilhão em receita, representando cerca de 3% das exportações do agronegócio.[4]
Já o G1 reportou em janeiro de 2019 que só as exportações de limão chegavam ao valor de US$ 800 milhões por ano[16] e, de acordo com Paulo Lipp João (p. 03), o Brasil ocupa o 5º lugar entre os maiores exportadores de limão.[9]
| Volumes exportados (Fonte: Neves; Marcos Fava, p. 19) | |||
|---|---|---|---|
| Ano | Laranja in natura (caixas) | Óleo essencial de laranja (toneladas) | Dlimoneno e terpenos cítricos (toneladas ) |
| 2000 | 1.846.685 | 17.564 | 38.728 |
| 2005 | 751.326 | 31.690 | 35.379 |
| 2009 | 641.795 | 28.408 | 35.926 |
| Volumes exportados (Fonte: João, Paulo Lipp) | |
|---|---|
| Ano | Limão (tipo tahiti/toneladas) |
| 2015 | 96.631 |
| 2016 | 95.747 |
| 2017 | 92.392 |
Quanto à tangerina, segundo o Sebrae, "menos de 1% da safra nacional é exportada".[13]
Referências
- ↑ Dirceu de Mattos Junior, José Dagoberto De Negri, José Orlando de Figueiredo e Jorgino Pompeu Junior (26 de abril de 2005). «CITROS: principais informações e recomendações de cultivo». IAC. Consultado em 12 de outubro de 2009
- ↑ «1° D I A d o viveirista de citros. - Portal Embrapa»
- ↑ a b c «Citricultura brasileira é a maior do mundo»
- ↑ a b c Neves, Marcos Fava. O retrato da citricultura brasileira (PDF). São Paulo: Markestrat | USP
- ↑ «A Indústria Brasileira das Frutas - Ampliação e Conquista de Mercados». Consultado em 1 de outubro de 2009
- ↑ a b «PRESS RELEASE: Dados de rendimento e processamento da safra 2015/2016». CitrusBr. 16 de maio de 2020. Consultado em 26 de abril de 2020
- ↑ IBGE. «Produção Agrícola Municipal - 2003». Notícia: Milho tem maior aumento, mas soja continua em primeiro lugar no ranking da produção agrícola brasileira de 2003. Consultado em 1 de outubro de 2009
- ↑ «PIB do Agronegócio cresce 3,81% em 2019» (em inglês)
- ↑ a b c João, Paulo Lipp (2019). Panorama do Limão no RS (PDF). Rio Grande do Sul: UFRGS
- ↑ Embrapa (2019). Produção brasileira de limão em 2018 (PDF). [S.l.]: Embrapa
- ↑ a b «Com mercado garantido, limão taiti vira alternativa para a fruticultura». 16 de abril de 2018
- ↑ Embrapa (2019). Produção brasileira de tangerina em 2018. [S.l.]: Embrapa
- ↑ a b «O cultivo e o mercado da tangerina | Sebrae»
- ↑ Barros, José Roberto Mendonça de. O mercado da citricultura no Brasil e as suas novas perspectivas. [S.l.]: CitrusBr
- ↑ PRODEST; Incaper. «Tangerina Ponkan é excelente opção para consumo alimentar na época de outono/inverno»
- ↑ «Produção de limão gera renda de mais de R$ 1 bilhão»
