Rodrigo Augusto da Silva

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Conselheiro Rodrigo Augusto da Silva
Rodrigo Augusto da Silva
Conselheiro Rodrigo Augusto da Silva
Senador do Império do Brasil pela Província de São Paulo
Período 10 de agosto de 1888
a 15 de novembro de 1889
Antecessor(a) João da Silva Carrão
Dados pessoais
Nascimento 7 de dezembro de 1833
Santo Amaro, Província de São Paulo, Império do Brasil
Morte 17 de outubro de 1889 (55 anos)
Rio de Janeiro, Império do Brasil
Nacionalidade brasileiro
Cônjuge Catharina de Queirós Mattoso Ribeiro
Partido Partido Conservador
Religião Católico
Profissão Político, diplomata, advogado, jornalista
Assinatura Assinatura de Rodrigo Augusto da Silva

Rodrigo Augusto da Silva (Santo Amaro, 7 de dezembro de 1833Rio de Janeiro, 17 de outubro de 1889) foi um político, diplomata, advogado e jornalista brasileiro. Conselheiro Privado de Sua Majestade o Imperador Dom Pedro II, foi o autor da Lei Áurea, que extinguiu a escravidão no Brasil.

Era filho do Barão do Tietê e sobrinho do capitalista Benedito Antonio da Silva. Foi um dos líderes do partido conservador nos últimos anos do império, juntamente com Antônio da Silva Prado. Herdou o prestígio e posição de seu pai, chefe do partido conservador em São Paulo e também de seu sogro, o Senador Eusébio de Queirós,[1] chefe do partido conservador nacional,[2] que foi o autor de uma das mais importantes leis do império, a Lei Eusébio de Queirós.

Rodrigo era deputado geral, senador do Império do Brasil de 1888 a 1889, Ministro da Agricultura, Ministro dos Transportes e Ministro das Relações Exteriores do Brasil (ver Gabinete João Alfredo). Foi feito cavaleiro Grã-cruz da Real Ordem de Vila Viçosa, cavaleiro Grã-cruz de 1º classe da Ordem de São Gregório Magno de Roma e cavaleiro Grã-cruz da Legião de Honra, da França.[3]

Rodrigo era católico e de família de forte tradição católica em São Paulo.[nota 1]


Família[editar | editar código-fonte]

Rodrigo Augusto da Silva era descendente da antiga e tradicional família paulista. Por parte de pai era neto do sargento-mor José da Silva de Carvalho que foi confirmado por carta real como comandante da vila de Santo Amaro. Afonso d'Escragnolle Taunay descreve José da Silva de Carvalho, como “proprietário abastado”,[10] já Edmundo Zenha o descreve como: “…um homem rico em Santo Amaro. Grande proprietário de terras e de escravos, era, na antiga freguesia, um dos esteios do situacionismo. No primeiro livro de notas do Tabelião de Santo Amaro temos uma amostra de sua atividade. Quase não se voltam duas páginas que não se encontre o seu nome, comprando ou dando dinheiro sob hipoteca.” A avó paterna de Rodrigo A. da Silva era descendente de famílias açorianas, entre elas os Silveira Bettencourt.

O pai de Rodrigo Augusto da Silva, o coronel José Manuel da Silva, foi agraciado por Dom Pedro II com o título de Barão do Tietê, foi comendador da Ordem de Cristo e oficial da Ordem da Rosa além de ter assumido a presidência da província de São Paulo algumas vezes. Foi ainda presidente do Banco do Brasil de São Paulo, da Companhia União Paulista e da Caixa Econômica Federal.[11] Ainda pelo lado paterno era sobrinho do major Benedito Antônio da Silva,[12] primo da Baronesa de Bernardo Pinto (Portugal) e do empresário e industrial Dr. Manuel Claudino da Silva.

Por via de sua mãe, Maria Reducinda da Cunha Bueno, descendia de Amador Bueno.[13][14] Era sobrinho do Visconde de Cunha Bueno, primo-irmão do Dr. William Ellis Jr. e do senador Alfredo Ellis.[14]

O senador Rodrigo Augusto da Silva casou com Catharina de Queirós Mattoso Ribeiro, filha do senador Eusébio de Queirós. Catharina era neta materna da condessa da Piedade.

Capitalistas e empreendedores[editar | editar código-fonte]

O avô, o pai e o tio paterno de Rodrigo Augusto da Silva foram importantes empresários paulistas. A família construiu fortuna no transporte e comercialização de mercadorias durante o período colonial e imperial. No início a família foi proprietária de tropas que faziam o transporte de açúcar,café e mercadorias;[15] seu avô passou a empreiteiro de obras, construindo estradas para a província de São Paulo. Posteriormente a família esteve entre os fundadores das primeiras ferrovias e bancos na província, muito destes empreendimentos foram em sociedade com a família Silva Prado, que também inicialmente possuía negócios no tropeirismo. Os Silva Prado mantiveram uma aliança política que durou três gerações com a família de Rodrigo Augusto da Silva.

Estiveram entre os fundadores e acionistas da Companhia Mogiana de Estradas de Ferro, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Companhia Cantareira de Águas e Esgotos, Ferrovia Rio Claro-São Carlos, Companhia de Estradas de Ferro São Paulo ao Rio de Janeiro, Companhia União Paulista, Banco de Depósitos e Descontos, Companhia Importadora de Drogas e a Companhia Docas de Santos.[16][17][18]

Quando o Barão do Tietê faleceu em 1877 possuía uma fortuna de 806:047$183 réis[19] em imóveis, mais participação acionária em diversas empresas. Entre os imóveis estavam o Palacete do Tietê, localizado na rua Direita nº 1 e uma grande fazenda na região do atual município de Diadema.[20] O tio de Rodrigo A. da Silva, o major Benedito Antônio, teria uma fortuna diversas vezes superior a do Barão do Tietê, Apenas a participação em uma de suas empresas passaria de 500:000$000,[21] no ano de sua morte deixou somente em imóveis 1.500:000$000 réis, não estando incluso a sobrepartilha.

Carreira política[editar | editar código-fonte]

Apos formar-se em direito no Largo de São Francisco em São Paulo começou a carreira como advogado e jornalista, era versado em diversas línguas, especialmente o francês, que tinha excelente fluência. Ficou conhecido pelo seu conhecimento da literatura clássica, tendo fama de intelectual, por estes motivos foi ironizado por Rui Barbosa pela educação aristocrática e tradicionalista que recebeu na infância. Com seu irmão Cândido Silva e Antônio da Silva Prado escrevia em jornais conservadores defendendo o partido, selando uma aliança que viria anos depois culminar durante os anos de 1888 e 1889, com a aprovação da lei Áurea e a morte de Rodrigo Augusto da Silva.

Ainda jovem, apoiado pelo prestígio e fortuna de seu pai foi eleito Deputado Geral em 1857, tinha apenas 24 anos, sendo um dos mais jovens, se não o mais jovem deputado geral. Recebeu ainda apoio do sogro, o senador Eusébio de Queirós, aliado político de seu pai e também do Visconde do Cruzeiro, outro aliado de seu pai.[22] Todos do partido Conservador. Na corte recebeu fortes ataques do lider do partido liberal paulista, o Conselheiro Antônio Moreira de Barros. Este viria acusá-lo de fraude eleitoral, sendo discutido a frente de todos na Câmara dos Deputados. As acusações não prevaleceram e foram consideradas ataques políticos.

Em 1887, foi chamado pelo “velho amigo” Antônio da Silva Prado para integrar o governo do Barão de Cotejipe na pasta do Ministério da Agricultura, Comércio e Obras Públicas (ver Gabinete Cotegipe. Assumiu em um momento muito tenso. A Princesa Isabel e o então primeiro-ministro, Barão de Cotejipe não concordavam em relação a abolição da escravatura. O último sendo contra os termos propostos. Veio depois a assumir o Ministério das Relações Exteriores, e novamente o Ministério da Agricultura, Comércio e Obras Públicas, sendo o responsável pela aprovação da Lei Áurea. Mantinha ainda o Ministério das Relações Exteriores como substituto de Antônio da Silva Prado. Durante este período causou descontentamento de setores republicanos e liberais da imprensa que denunciavam o fato de ser ao mesmo tempo ministro de duas pastas mais importantes do governo, dando a Rodrigo Augusto da Silva poderes extraordinários. A respeito disso Rui Barbosa o atacou de forma direta, assim como estava fazendo com o Conde d’Eu e o Imperador. No Diário de Noticias apelidou Rodrigo Augusto da Silva de O Varão das Duas Pastas,[23] disse Rui Barbosa:

Camões diria talvez barão. Mas, neste nossos tempos, já não é dado trocar o v em b sem carta de mercê imperial. Como diríamos então? O homem? é trivial, é plebeu. Varão é terso, viril, atlético; da a visão escultural da musculatura refornida, das espáduas largas do lutador, que sustenta aos ombros os dois ministérios: o comércio, a agricultura, as obras públicas, as relações exteriores. Para este privilegiado a vida não tem estações. Não foi para ele que Ovídio versejou que nem tudo e para todas as idades.

… se não soubéssemos que o bizarro conselheiro da coroa se deleita em compulsar a boa literatura clássica. Pena é que a politica estragasse um homem, que a natureza dotou com a lírica eternamente juvenil da força e da sensibilidade.

Títulos e Honrarias[editar | editar código-fonte]

Outros Títulos

  • Presidente da Associação Auxiliar para o Progresso da Província de São Paulo.
  • Conselheiro da Imperial Irmandade de Nossa Senhora da Consolação e S. João Batista (São Paulo). Provedor em 1878.


Referências

  1. Anais do Congresso de História do Segundo Reinado, volume 4, parte 2, 1983, pg. 118 e 155
  2. MACHADO DE ASSIS, Joaquim Maria, O velho Senado, página 423, Edição comemorativa do Sesquicentenário de Nascimento de Machado de Assis, Brasília, Senado Federal - Centro Gráfico, 1989.[1]
  3. Biografia na pagina do Senado Federal do Brasil: http://www.senado.gov.br/sf/SENADORES/senadores_biografia.asp?codparl=2223&li=20&lcab=1886-1889&lf=20 Arquivado em 23 de agosto de 2004, no Wayback Machine.
  4. Curia Metropolitana de São Paulo, Livro da Paroquia de Santa Efigênia, Batismos, Volume 14, 1829-1834. Pg. 53.
  5. Registros da Igreja Católica, 1616-1980. Arquidiocese do Rio de Janeiro, Paroquia de Santo Antônio dos Pobres, Matrimônios, Volume 01, Pg. 49.
  6. Registro Civil da 4ª Circunscrição do Rio de Janeiro, Óbitos, Volume 2, Pg. 75.
  7. Gazeta de Noticias, Rio de Janeiro, RJ. 19/10/1889 (versão digitalizada da Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro, RJ)
  8. O PAIZ, Rio de Janeiro, RJ. 19/10/1889 (versão digitalizada da Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro, RJ)
  9. Gazeta de Noticias, Rio de Janeiro, RJ. 24/10/1889 (versão digitalizada da Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro, RJ)
  10. Taunay, Afonso de Escragnolle - História da cidade de São Paulo sob o Império‎, pg. 387, 1956
  11. Almanak Laemmert 1877, Rio de Janeiro, pg. 77
  12. Zenha, Edmundo - A Vila de Santo Amaro, pg. 154
  13. Leite, Aurelio. O cabo-maiór dos paulistas na guerra com os emboabas, 1942. pg. 135
  14. a b Genealogia Paulistana, de Luiz Gonzaga da Silva Leme. Volume 5, Título Cunhas Gagos, páginas 150 a 154. Disponível no link http://www.arvore.net.br/Paulistana/CGagos_4.htm
  15. Goulart, José Alípio - Tropas e tropeiros no formação do Brasil, 1961. pg. 255
  16. Marques de Saes, Flavio Azevedo - História Econômica da Independência e do Império de Tamás Szmrecsányi, José Roberto do Amaral Lapa, pg. 186
  17. Lobo, Hélio -Docas de Santos 1936, pg. 16
  18. INDICADOR DE SÃO PAULO PARA O ANO DE 1878, Abílio A. S. Marques
  19. Oliveira, Maria Luiza Ferreira de - Em casas térreas com alcovas. Formas de morar entre os setores médios em São Paulo, 1875 e 1900. pg. 59
  20. IBGE 2010 Documentação Territorial do Brasil – Diadema site: http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/dtbs/saopaulo/diadema.pdf
  21. Lobo, Hélio - Docas de Santos 1936
  22. Martins, Maria Fernanda - O Círculo dos grandes: Um estudo sobre política, elites e redes no segundo reinado a partir da trajetória do visconde do Cruzeiro (1854-1889), pg. 108
  23. Rui Barbosa - O Varão das Duas Pastas, Diario de Noticias, RJ, 5 de Maio de 1889,

Notas

  1. Rodrigo Augusto da Silva, filho do sargento-mor José Manuel da Silva e D. Maria Reducinda da Silva. Batizado na freguesia de Santa Efigênia, São Paulo, SP, Brasil. Na capela do Mosteiro da Luz, Igreja Católica Apostólica Romana, no dia 16 de Fevereiro de 1834 com licença do bispo eleito do Rio de Janeiro D. Antônio Maria de Moura, foi batizado pelo vigário Antônio Joaquim da Silva. Tendo sido seus padrinhos Dr. Rodrigo Antônio Monteiro de Barros e D. Maria M. da Silva Prado. [4] Casou com D. Catarina Adelaide de Queirós Matoso Ribeiro na residência da Condensa da Piedade (avó da noiva), com provisão do Bispo Conde Capelão-mor do Rio de Janeiro foi celebrada a cerimônia pelo vigário Marcos Cardoso de Paiva, conforme o ritual romano com a presença das testemunhas Marques de Monte Alegre e Conselheiro Francisco Queirós Coutinho Matoso da Câmara no dia 6 de Agosto de 1859. [5] Batizou a sua única filha, Maria Custodia Ribeiro de Queirós Matoso e Silva, no dia 25 de Maio de 1875 na Matriz da Gloria, no Rio de Janeiro. Sendo o padrinho por procuração o avô paterno, Barão do Tietê e D. Luíza de Queirós Coutinho Matoso Perdigão. Fonte: Registros da Igreja Católica, 1616-1980. Arquidiocese do Rio de Janeiro, Paroquia Nossa Senhora da Gloria, Laranjeiras, Volume 7, 1874-1876, Pg. 40. Faleceu em sua residência nas Laranjeiras, no Rio de Janeiro, foi enterrado no cemitério Católico da Ordem Terceira de Francisco Xavier. [6] Teve a sua alma encomendada pelo reverendo coadjutor da Matriz da Gloria durante as cerimónias fúnebres que ocorreram em seu palacete nas Laranjeiras e logo depois foi sepultado no cemitério da Ordem Terceira de São Francisco Xavier.[7] [8] Missa de sétimo dia do Conselheiro Rodrigo Augusto da Silva no dia 23 de Outubro de 1889, no Rio de Janeiro, foi muito concorrida como anunciou o jornal Gazeta de Noticias do Rio de Janeiro. [9]

Precedido por
Antônio da Silva Prado
Ministro dos Transportes do Brasil
e
Ministro da Agricultura do Brasil

1887
Sucedido por
Antônio da Silva Prado
Precedido por
Antônio da Silva Prado
Ministro dos Transportes do Brasil
e
Ministro da Agricultura do Brasil

1888 — 1889
Sucedido por
Lourenço Cavalcanti de Albuquerque
Precedido por
Antônio da Silva Prado
Ministros das Relações Exteriores do Brasil
1888 — 1889
Sucedido por
José Francisco Diana


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