Sistema de Seleção Unificada

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Fluxograma com orientações para candidatos sobre como o Sisu funciona.

Sistema de Seleção Unificada (Sisu) é uma plataforma digital no ar desde janeiro de 2010 sendo desenvolvida pelo Ministério da Educação brasileiro e utilizada pelos estudantes que realizaram o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para se inscreverem nas instituições de ensino superior que aderiram total ou parcialmente, com uma certa porcentagem de suas vagas, à nota do Enem como forma de ingresso, em substituição ao vestibular.

O sistema tem por base o mesmo projeto do Programa Universidade para Todos (ProUni), e sua dinâmica é por turnos. Durante o dia, fica aberto a seleção e modificação por parte dos estudantes e na madrugada (23h:59min às 01h:59min) é fechado a edições. Neste momento o sistema gera o ranking classificatório. No próximo dia, o sistema é reaberto para os estudantes verificarem sua classificação no curso escolhido e se desejarem alterar o curso e a universidade. A prova também é feita por pessoas com interesse em ganhar bolsa integral ou parcial em universidade particular através do ProUni. Desde 2014 serve também para obtenção de financiamento através do fundo de Financiamento do Ensino Superior (FIES).

Utilização[editar | editar código-fonte]

Evolução do número de vagas[editar | editar código-fonte]

2011[editar | editar código-fonte]

Na edição de 2011/1 foram oferecidas 83 125 vagas em 83 instituições públicas de ensino superior. A oferta representou um aumento de 77% em relação à edição do primeiro semestre de 2010, quando 47 mil vagas foram disponibilizadas pelo sistema.[1]

2012/13[editar | editar código-fonte]

Na primeira edição de 2012 ofereceram-se 108 552 vagas por 92 instituições em 3 327 cursos.[2] Já em 2013 ofereceram-se 129 319 vagas em 101 instituições. O número de vagas cresceu 18% em relação ao ano anterior.[3]

2014[editar | editar código-fonte]

Em 2014 houve a oferta de 171 401 vagas em 4 723 cursos de 115 instituições públicas de educação superior na primeira edição[4] e 51 412 vagas em 1 447 cursos, distribuídos em 67 instituições federais e estaduais na segunda edição.[5]

2015-17[editar | editar código-fonte]

Na primeira edição de 2015 foram oferecidas 205 514 vagas. Em 2016 houve um crescimento de 10,9%, tendo o Sisu oferecido 228 071 vagas vagas em 6 323 cursos de 131 instituições.[6] Já em 2017 se ofereceram 238 397 vagas no mesmo número de instituições.[7]

2023/24[editar | editar código-fonte]

Em 2023, foram ofertadas 226 399 vagas para 6 402 cursos de graduação em 128 instituições para a primeira edição (2023/1)[8] e 51 277 vagas para 1 666 cursos em 65 instituições para a segunda edição (2023/2).[9]

Em 2024, em edição única,[10][11][a] serão oferecidas 264 254 vagas em 127 instituições públicas de educação superior.[12][13][14]

Universidades participantes[editar | editar código-fonte]

Atualmente as instituições que integram o sistema unificado são 94 universidades estaduais e federais, todos os 35 institutos federais e os 2 centros federais de educação tecnológica. Em 2016, foram abertas cerca de 228 mil vagas em 131 instituições públicas no primeiro semestre, além de outras 55 mil vagas em 42 instituições.[15][16][17]

Funcionamento do sistema[editar | editar código-fonte]

O processo acontece uma vez ao ano[10][11][a] e o candidato pode escolher até duas opções de curso, sendo permitidas alterações durante o período de inscrição.[18][10][11][19] As instituições podem estabelecer pesos diferentes por matéria para cada curso e nota mínima por curso.[18][19][20]

A nota de corte é a menor nota para ficar entre os selecionados em um curso, com base no número de vagas e no total de candidatos. Uma vez por dia, o Sisu calcula e divulga a nota de corte para cada curso.[21]

Critérios de desempate[editar | editar código-fonte]

O desempate depende dos seguintes critérios, nesta ordem: maior nota em Redação; maior nota em Linguagens, Códigos e suas Tecnologias; maior nota em Matemática e suas Tecnologias; maior nota em Ciências da Natureza e suas Tecnologias; e maior nota em Ciências Humanas e suas Tecnologias.[22]

Dessa forma, o candidato deve efetuar as suas opções de curso e alterá-las durante o período de inscrição de modo a adequá-las às notas de corte. Como a nota de corte varia diariamente, é possível que num dia o candidato esteja acima da nota de corte de um curso, mas no outro esteja abaixo, ou vice-versa. Dessa forma, é necessário que os candidatos monitorem as notas de corte todos os dias, durante o período de inscrição, a fim de conseguir a aprovação no melhor curso possível dentre aqueles que ele almeja e evitar não ser aceito em nenhum curso.[23][24]

Ampla concorrência e ação afirmativa[editar | editar código-fonte]

Existem formas diferentes de concorrer para uma vaga no Sisu. Vagas para ampla concorrência são destinadas a qualquer um que tenha feito o Enem.[25]

Cada instituição pode optar por ofertar vagas de ação afirmativa própria, reservando vagas para setores da população, como para refugiados ou professores de ensino básico. É possível também oferecer bônus na nota para pessoas que se encaixem em determinadas situações.

Existem também vagas reservadas pela Lei de Cotas, que se aplica somente a instituições federais, como universidades e institutos federais. Até 2016, as vagas para a Lei de Cotas eram divididas em quatro categorias.[25] A primeira diz respeito a candidatos com renda familiar per capita igual ou inferior a um salário mínimo e meio que tenham cursado todo o Ensino Médio em escolas públicas; candidatos autodeclarados pretos, pardos ou indígenas, com renda familiar bruta per capita igual ou inferior a um salário mínimo e meio e que tenha cursado todo o Ensino Médio em escolas públicas; candidatos que tenham cursado todo o Ensino Médio em escolas públicos, independentemente da renda familiar; e candidatos cotistas autodeclarados pretos, pardos ou indígenas que tenham cursado todo o Ensino Médio em escolas públicos, independentemente da renda familiar.

Reserva de vagas para pessoas com deficiência[editar | editar código-fonte]

Em 2013, um promotor do Ministério Público Federal no Ceará entrou com uma ação na Justiça Federal contra o Ministério da Educação para garantir a reserva de vagas às pessoas com deficiência nas instituições de ensino superior que fazem uso das notas do sistema. Na época, o Sisu já possui cotas sociais para candidatos pardos, pretos e indígenas, e também a estudantes oriundos de escolas públicas.[26][27][28] Essa solicitação se concretizou em parte pela Lei 13.409/2016, que institui cotas para pessoas com deficiência, aumentando o número de categorias para oito.[29]

Lista de espera[editar | editar código-fonte]

Ao inscrever-se no Sisu, o estudante pode optar por uma ou duas opções de curso. Caso seja convocado na 1ª opção, deve fazer sua matrícula nela. Caso não seja, passa à 2ª opção. Até 2018, o estudante que não fosse aprovado na 1ª opção e que fosse convocado na 2ª poderia optar por entrar na lista de espera da 1ª opção, aguardando convocação em chamada posterior pela IES. No entanto, ele somente se poderia manter na lista de espera da 1ª opção. A partir de 2019, o estudante que não for chamado à 1ª opção e que for chamado à 2ª não pode mais concorrer a nenhuma lista de espera. O estudante que não for convocado para nenhuma opção, no entanto, poderá optar por ocupar a lista de espera de sua 1ª ou 2ª opção.[30] Isso foi estabelecido na Portaria do MEC Nº 1.117, de 1º de novembro de 2018.[31]

Problemas[editar | editar código-fonte]

Travamento do sistema[editar | editar código-fonte]

Na sexta-feira de 29 de janeiro de 2010 foi aberto pela primeira vez e, desde então, tem recebido críticas referentes à instabilidade e lentidão por parte dos estudantes e da mídia.[32] A capacidade informada em 2010 pelo MEC é de 200 mil acessos simultâneos.[33]

Os problemas de acesso e lentidão voltaram a ocorrer em 2011 o que fez com que uma decisão judicial obrigasse o MEC a estender o prazo de inscrições.[34]

Vazamento de Informações[editar | editar código-fonte]

Em 2011 ocorreu vazamento de informações. Ao entrar no sistema utilizando seu próprio código de acesso, o candidato podia acessar dados como desempenho e opção de cursos de outros candidatos.[35]

Em 2013, um novo vazamento ocorreu. Desta vez, o candidato podia acessar dados como notas das provas, número do telefone celular e o e-mail de outros candidatos através do sistema de ajuda. De acordo com o MEC, a falha foi consertada alguns minutos após a abertura das inscrições para o programa.[36][37]

Abuso da recuperação de senhas[editar | editar código-fonte]

Em 2016, o sistema alterou seu mecanismo de alteração de senhas perdidas, enfraquecendo sua segurança. Até ao ano anterior, era necessário fornecer o endereço de e-mail ou número de telefone celular utilizado durante o cadastro no Enem para que uma nova senha fosse gerada e enviada para o usuário por um desses meios. Após a alteração, bastava se fornecerem certos dados pessoais (CPF, nome da mãe, residência e data de nascimento) para que o sistema aceitasse uma nova senha fornecida pelo usuário. Como, em muitos casos, tais informações estão disponíveis publicamente, alguns alunos foram vítimas de vandalismo, tendo suas contas invadidas e opções de curso alteradas por terceiros.[38]

Notas

  1. a b Anteriormente ocorrendo duas vezes ao ano, em 2024 passa a ser realizado de forma única, no começo do ano. (Edital nº 22/2023)

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. «Resultados do Enem 2010 já estão disponíveis no site do Inep». MEC. 14 de janeiro de 2011 
  2. Portal Brasil (26 de dezembro de 2011). «Estudantes já podem consultar vagas do Sisu». MEC 
  3. [1]
  4. «Primeira edição do ano, com 2,5 milhões de inscritos, tem número recorde de candidatos». MEC. 13 de janeiro de 2014. Consultado em 18 de janeiro de 2017 
  5. «Número de inscritos às 15 horas do segundo dia supera o total da mesma edição de 2013». MEC. 3 de junho de 2014. Consultado em 18 de janeiro de 2017 
  6. «Ministro aponta aumento do número de vagas do Sisu; Enem teve casos de nota máxima». MEC. 11 de janeiro de 2016 
  7. «Oferta do Sisu será de 238 mil vagas em 131 instituições; inscrições começam no dia 24». MEC. 18 de janeiro de 2017. Consultado em 18 de janeiro de 2017 
  8. «Mais de 226 mil vagas estão disponíveis para consulta no Sisu». Ministério da Educação. Consultado em 1 de janeiro de 2024 
  9. «Mais de 51 mil vagas serão ofertadas no Sisu do 2º semestre». Ministério da Educação. 25 de fevereiro de 2023. Consultado em 1 de janeiro de 2024 
  10. a b c «Sisu terá só uma edição por ano a partir de 2024». G1. 11 de dezembro de 2023. Consultado em 1 de janeiro de 2024 
  11. a b c «Sisu 2024, único do ano, abrirá inscrições em 22 de janeiro; veja cronograma». G1. 29 de dezembro de 2023. Consultado em 1 de janeiro de 2024 
  12. «Publicado edital do Sisu 2024». Ministério da Educação. Consultado em 1 de janeiro de 2024 
  13. «Inscrições para o Sisu começam dia 22 e vão até 25 de janeiro». Agência Brasil. 29 de dezembro de 2023. Consultado em 1 de janeiro de 2024 
  14. «Divulgado calendário da edição única do Sisu 2024». Agência Brasil. 29 de dezembro de 2023. Consultado em 2 de janeiro de 2024 
  15. «Desconversa: Sisu 2016 acabou de abrir». desconversa.com.br. Consultado em 8 de janeiro de 2016. Arquivado do original em 13 de janeiro de 2016 
  16. «Descomplica: Universidades Participantes do Sisu». enem.descomplica.com.br 
  17. «Descomplica: Universidades Participantes do Sisu - Universidades». enem.descomplica.com.br 
  18. a b «EDITAL Nº 22, DE 26 DE DEZEMBRO DE 2023 (SISU 2024)». Ministério da Educação (MEC). 29 de dezembro de 2023. Consultado em 1 de janeiro de 2024 – via Imprensa Nacional 
  19. a b «Dúvidas sobre o SISU». Portal Único de Acesso ao Ensino Superior. Ministério da Educação (MEC). Consultado em 1 de janeiro de 2024 
  20. «Sisu Gestão». Ministério da Educação (MEC) 
  21. «Dúvidas sobre o SISU - Nota de Corte». Portal Único de Acesso ao Ensino Superior. Ministério da Educação (MEC). Consultado em 1 de janeiro de 2024 
  22. «Descomplica: Quais são os critérios de desempate do Sisu?». enem.descomplica.com.br 
  23. «Instruções do site Brasil Escola sobre o funcionamento do Sisu». vestibular.brasilescola.com 
  24. «Página de perguntas frequentes sobre o Sisu da UFC». www.prograd.ufc.br. Consultado em 19 de junho de 2013. Arquivado do original em 22 de julho de 2013 
  25. a b «Descomplica: Ampla Concorrência e Ação Afirmativa». enem.descomplica.com.br 
  26. «MPF do Ceará quer reserva de vagas para pessoas com deficiência no Sisu». G1. 2 de maio de 2013 
  27. «MPF quer reserva de vagas para pessoas com deficiência no Sisu». Terra. 2 de maio de 2013 
  28. «MPF quer cota no Sisu para estudantes com deficiência». UOL. 2 de maio de 2013 
  29. Monteiro, Cleverton (4 de agosto de 2021). «Cotas na Universidade: o que é? para quem são? quais os benefícios para a sociedade?». ufop.br. Consultado em 25 de agosto de 2022 
  30. «MEC divulga cronograma do Sisu 2019 e mudança na lista de espera». G1. 23 de novembro de 2018. Consultado em 22 de dezembro de 2018 
  31. «Portaria do MEC Nº 1.117, de 1º de novembro de 2018». MEC. 1 de novembro de 2018. O estudante selecionado na chamada regular em uma de suas opções de vaga não poderá participar da lista de espera, independentemente de ter realizado sua matrícula na instituição para a qual foi selecionado. 
  32. «Enem 2009: Só 45 mil alunos conseguem inscrição no primeiro dia. Acesso em 30 de janeiro de 2010». www.vooz.com.br. Consultado em 30 de janeiro de 2010. Arquivado do original em 2 de fevereiro de 2010 
  33. «Sistema de seleção facilita a escolha dos estudantes». MEC. 27 de janeiro de 2010 
  34. «Estudantes se revoltam no Twitter contra trapalhadas do MEC». Terra. Consultado em 18 de janeiro de 2011 
  35. «Site do Sisu volta a apresentar problemas com vazamento de dados». Guia do Estudante. 18 de janeiro de 2011 
  36. «Inscrições para o Sisu começam com vazamento de informações». Bom Dia Brasil. 7 de janeiro de 2013 
  37. «Vazamento de dados não permitiu alterações na inscrição do Sisu, garante MEC». ZH 2014 
  38. «MEC muda regra de troca de senha do Enem, e estudantes relatam invasões no Sisu». G1 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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