Usuário:DAR7/Testes/História de Curitiba/História do Umbará, do Caximba, do Tatuquara, do Ganchinho e do Campo de Santana

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1693[editar | editar código-fonte]

Em 29 de março de 1693, não existem registros de povoadores europeus na região. Mas os historiadores creem que os indígenas, que usavam o barro como matéria-prima para a atividade cerâmica, já habitavam-na antes da era cristã. Numa região em que prevalecia a mata de várzea dentre os rios Barigui e Passaúna se desenvolveriam os bairros Tatuquara, Campo de Santana, Umbará, Ganchinho e Caximba.[1]

1756[editar | editar código-fonte]

Os registros e a população na época eram poucas, no entanto, os primeiros trabalhos de infraestrutura passavam a aparecer. Em 11 de fevereiro de 1786, quase um centenário após a criação oficial de Curitiba, aparece a primeira menção oficial. Em uma ata da Câmara Municipal, que era sobre consertos para uma ponte acima do "Rio Grande", foram designados, dentre outros representantes de bairros, vilas e freguesias, os senhores Francisco Xavier Esteve e Theodozio Esteves como representantes do Tatuquara. A função do trabalho era possibilitar o trânsito de tropeiros chegavam dos Campos Gerais rumo a costa empregando as primeiras trilhas e atalhos que atravessavam a região, que até aquela época se dedicava à exploração da erva-mate, de pequenas produções de animais e de algumas plantações.[2]

1880[editar | editar código-fonte]

Dentre capões e várzeas, população ia aumentando de maneira mais demorada. Em 1854 o Caximba abrigava quatro sítios e, em 1855 eram catalogadas sete posses de terra no Ganchinho. No segundo meado do século XIX, já eram antigas no povoado pessoas como João Santana Pinto, o grande fazendeiro e sugestor da designação para o bairro Campo de Santana. Passam então a surgir novos sobrenomes de procedência europeia, especialmente italiana e polonesa. Perto da década de 1880, um conjunto de "italianos revolucionários", inconformados com a política oficial de imigração, criou a Colônia Dantas no bairro que conhecemos hoje como Água Verde. Várias dessas famílias, já que eram, agora na Itália, camponeses, se deslocaram a procura de terras para a agricultura. Naquela época descobriram na extremidade meridional da cidade, perto da propriedade de João Santana Pinto, uma enorme parte de terras que mais tarde seria chamada de Umbará.[3]

1897[editar | editar código-fonte]

O dia 29 de junho de 1897 era de comemoração para a comunidade de Umbará e região. A Paróquia de São Pedro do Umbará, construída sob permissão do Bispo Dom José Carmogo Barros, era benzida nesta data. O cotidiano era bastante tranquilo. Os habitantes se congregavam e festejavam na igreja, onde começaram as paqueras e em seguida eram comemorados os casamentos. Em torno dela se encontrava o cemitério em que eram enterrados os parentes. As crianças cursavam escolas isoladas que em boa parte das vezes operavam em uma única sala de meninos ou meninas e um docente. Na opinião dos adultos, o dia se iniciava ainda antes do nascimento do Sol e acabava próximo ao pôr do sol no momento que os trabalhos da agricultura, da criação de gado ou das outras barricarias eles haviam roubado todas as energias. Nas residências, o português compartilhava espaço com o italiano ou o polonês.[4]

1915[editar | editar código-fonte]

O mapa de Curitiba em 1915 mostra a situação do ponto mais ao sul de Curitiba no começo do século XX. O Caximba, extremo sul, aparece atravessado pela Estrada do Tietê (hoje Estrada do Caximba ou Delegado Bruno de Almeida) e quase que completamente ocupado por várzeas e matas. O Campo de Santana possui o seu atual território partilhado com que até então era conhecido como Prensa. Nas regiões de Tatuquara e Umbará já aparece mais a partilha do território em quinhões e propriedades, com indústrias cerâmicas e residências. Já o Ganchinho, cruzado por diversas rotas, sai mais como um ponto de conexão dentre a região, a "cidade" e demais municipalidades.[5]

1920[editar | editar código-fonte]

Charretes e cavalos constituíam os meios de condução constantes e mais velozes. Os cavalos utilizados pelos mais Aventureiros, as carruagens eram empregadas para se deslocar até o centro da cidade comercializar produtos agrários, madeira ou para adquirir sal, açúcar e café. O resto chegava das hortas das próprias famílias. os habitantes aguardavam desejosos pelas comemorações religiosas e juninas. A festa litúrgica de São Pedro perdurava dois dias. Nesses dias, pessoas de todos os lugares, principalmente do longínquo Ganchinho, se reunia na paróquia de Umbará para orar, alimentar-se de churrasco, tomar sorvete, ingerir mimosa, ver novamente os companheiros e namorar. Boa parte dos casamentos eram promovidos de junho a julho para tirar proveito da entresafra. Quem contraía núpcias no momento da colheita não merecia a lua de mel. Contraía núpcias retornava diretamente para o campo. No dia do casamento, o paiol, em geral usado para guardar os produtos da agricultura, era convertido em um salão em que ocorria o baile dos noivos.[6]

1938[editar | editar código-fonte]

O cotidiano diário na região acompanhava alguns ritos. Após o trabalho, se congregavam nos botequins para dialogar, jogar truco e tomar pinga e vinho. As mulheres costuravam, organizavam a residência, preparavam comida ou oravam. as crianças descansavam cedo para no dia posterior para capturar peixes nas águas limpas do rio Iguaçu, e realizar caçadas de passarinhos. As meninas colaboraram as mães em casa. A região que sempre teve um cotidiano de tranquilidade, compareceu no começo da década de 1930 a um acontecimento que caracterizou o cotidiano religioso do Umbará. Até a metade da década de 1920, a Igreja de São Pedro foi entregue aos clérigos escalabrianos e josefinos. Em 19 de junho de 1928, tinha ao povoado o Frei Anselmo de São Mauro de Saline. Logo após à sua vinda, iniciaram-se os desentendimentos dentre o Frei Anselmo e a comunidade. Primeiro foram críticas dos poloneses que não admitiam a celebração das missas apenas em italiano, depois foram as desavenças para a reedificação da paróquia. Ao passo que o padre almejava que fosse recuperada a antiga, a população queria que fosse erguida uma nova edificação. Em 12 de junho de 1931, a briga terminou no momento que um conjunto de imigrantes pegou Frei Anselmo pelos braços expulsou-o da paróquia, pôs em um caminhão e o "entregou para o convento das Mercês". Se diz que em sua partida lançou uma maldição: "O Umbará permanecerá cem anos sem se desenvolver".[7]

1941[editar | editar código-fonte]

O desfecho dos anos 1930 e o começo da década de 1940 vieram com várias novidades. Com o final do ciclo da erva-mate as barricarias foram sumindo e um novo setor comercial começou a predominar a região: as indústrias cerâmicas. Se diz que, em 1938, Vitório Bobato criou a primeira indústria cerâmica. Em 1939, o desejo da comunidade do Umbará de possuir uma nova paróquia era concretizada com a primeira abertura oficial da nova sede pelo pároco Primo Bernardi. No entanto, as novidades não se limitadas apenas à fé. Em 1941, a primeira linha de ônibus, a Linha Umbará, era aberta oficialmente pela primeira vez. Assim como grande parte dos habitantes morava em propriedades ou casas de campos isoladas da igreja (lugar do ponto de ônibus), existia um rito para pegá-lo. Homens, mulheres e crianças andavam a pé, a cavalo ou de bicicleta até a igreja. Lá retiravam os chinelos, limpavam os membros inferiores com água, vestiam calçados e deslocavam felizes para a cidade. Outra opção de condução constituía o bonde que acompanhava do centro até a Avenida Kennedy, no Portão. O resto do trajeto devia ser realizado a pé ou de carruagem, no momento que se obtinha um passeio.[8]

1950[editar | editar código-fonte]

No Caximba, o importante atrativo constituía o trio Zezo, Zezinho e Moreninho que animava bailes em diversas sociedades — dentre elas a Sociedade Operária do Umbará, criada no dia 14 de junho de 1956 — e já fazia sucesso nas rádios curitibanas. Em toda a região, a água até então era de poço e os banheiros constituíam as "casinhas" implantadas fora da residência porque não existia sistema de saneamento básico. Em 1954, o Colégio Pedro Morelli era aberto oficialmente pela primeira vez pelo pároco escalabriniano Albino Vico. Naquele tempo aparecia, na fazenda de Ângelo Segalla, uma nova opção de diversão com a fundação da Lagoa Azul, um refúgio em que era possível realizar piqueniques, pegar peixes e paquerar. Na transição para a década de 1960 os costumes dos residentes passariam a se transformar, com a vinda da energia elétrica. As indústrias cerâmicas progressivamente sucederiam o motor a óleo pelo elétrico e as residências, estando ligadas à situação geográfica, ganhariam a mesma luminosidade que tinham no decorrer do dia.[9]

1967[editar | editar código-fonte]

No decênio em que a Terra sofreria grandes transformações em seu intelecto, a região dos cinco bairros meridionais de Curitiba vivenciava contradições dentre o moderno e o antigo. Por aí, as mulheres já participavam do mercado de trabalho faz bastante tempo. Muitas colaboravam na agricultura e lideravam as ocupações em casa. Entretanto, os costumes até então eram do campo e a instituição família continuava a constituir a essência da comunidade. Vários menores de idade nasciam nas mãos de parteiras e os membros da própria comunidade prescreviam boa parte dos medicamentos. As indústrias cerâmicas, os areões, as gramínias e as pequenas plantações já se mostravam excelentes atividades para quem era capaz tirar proveito do que a natureza da região propiciava. Nos anos posteriores, Umbará, Tatuquara, Campo de Santana, Ganchinho e Caximba seriam grande "matéria-prima" para o progresso de Curitiba.[10]

1974[editar | editar código-fonte]

A região, até então de costumes rurais, passava a experimentar as consequências iniciais do "desenvolvimento", os jornais informavam as primeiras ocupações de terras. No Umbará, as notícias falavam de violência. Aparentava um teste para a comunidade mostrar sua habilidade de estruturação. Com a energia elétrica chegaram os primeiros eletrodomésticos. Com geladeira em casa, não era mais preciso se deslocar ao armazém diariamente. Com a televisão, o costume de assistir a novelas sucedeu os diálogos na praça da paróquia ou nos bares.[11]

1985[editar | editar código-fonte]

De um ângulo, o cotidiano rural, de outro as consequências temporárias das metrópoles. Ao passo que no começo da década de 1980 no Tatuquara as ocupações e as desocupações eram notícia nos jornais no Campo de Santana as manchetes tratavam da implantação da primeira comunidade rurbana do Brasil. Já no Umbará, estava sendo noticiado que uma mandioca havia sido plantada por Nadinho Wacheski em seus longínquos campos. Para colhê-la, Nadinho cavou meio metro de profundidade por um de largura. Arremessou folhas de mato, cisco, excremento bovino, suíno, equídeo e de aves, e ao longo de dois anos irrigou-a de quinze em quinze dias com uréia.[12]

1999[editar | editar código-fonte]

Década de 1990. No Tatuquara, as ocupações irregulares de terras prosseguiam e várias delas já haviam sido convertidas em vilas. No Caximba, a responsabilidade dos habitantes era com o aterro sanitário, implantado no bairro. No Umbará, a Rua Nicola Pelanda, pavimentada, não constituía mais a antiga estrada de terra por onde transitavam tropeiros. Apesar disso, o tempo até então transcorria demoradamente e a região conservava a maioria de suas florestas e aspectos rurais. Umbará, Campo de Santana, Ganchinho, Caximba e porção do Tatuquara vinham ao começo de um novo século experimentando a grande função de ser a área florestal curitibana.[13]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Notas

Referências

  1. Fenianos 1999, p. 19.
  2. Fenianos 1999, p. 20.
  3. Fenianos 1999, p. 21.
  4. Fenianos 1999, p. 22.
  5. Fenianos 1999, p. 23.
  6. Fenianos 1999, p. 24.
  7. Fenianos 1999, p. 24.
  8. Fenianos 1999, p. 26.
  9. Fenianos 1999, p. 27.
  10. Fenianos 1999, p. 28
  11. Fenianos 1999, p. 29.
  12. Fenianos 1999, p. 30.
  13. Fenianos 1999, p. 31.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Fenianos, Eduardo Emílio (1999). Umbará, Campo de Santana, Ganchinho, Tatuquara e Caximba. Curitiba: UniverCidade 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]