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A doutrina do fascismo

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"A doutrina do fascismo" (italiano: "La dottrina del fascismo") é um ensaio escrito por Benito Mussolini e Giovanni Gentile,[1] este último considerado o "filósofo do fascismo". A primeira parte do ensaio, intitulada "Ideias Fundamentais" foi escrita pelo filósofo Giovanni Gentile, enquanto apenas a segunda parte, "Doutrina Política e Social", é obra do próprio Mussolini.[2]

Embora escrito em 1927 por Mussolini, com a ajuda de Giovanni Gentile foi publicado pela primeira vez na Enciclopédia Italiana de 1932,[2] como a primeira seção de uma extensa entrada sobre "Fascismo". A entrada completa sobre o fascismo abrange as páginas 847-884 e inclui numerosas fotografias e imagens gráficas. A inscrição começa na página 847 e termina na 851 com a linha de crédito "Benito Mussolini". Já na Segunda Guerra Mundial, Benito Mussolini tentou coletar e destruir todas as cópias disponíveis de "A Doutrina do Fascismo", mudando de ideia sobre algumas frases do texto.[3] No entanto, sua tentativa foi malsucedida.

Definição e origem do fascismo

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O conceito-chave do ensaio é que o fascismo é uma rejeição autocrítica de modelos anteriores.[4] Mussolini apresenta o fascismo como uma doutrina revolucionária (“o estado fascista é único, e é uma criação original. Não é reacionário, mas revolucionário”)[5] que vai contra o marxismo, a democracia e o liberalismo.[6][7] Mussolini escreveria:[1][8]

Podemos pensar que este é o século da autoridade, um século da "direita", um século fascista; se o século XIX foi o século do indivíduo (liberalismo significa individualismo), podemos pensar que este é o século "coletivo" e, portanto, o século do Estado.

Em 1933, Jane Soames foi a primeira a ser autorizada a traduzir o ensaio para o inglês,[5][9] sendo publicada por Leonard e Virginia Woolf:[10][11]

Podemos pensar que este é o século da autoridade, um século de esquerda, um século fascista; se o século XIX foi o século do individualismo (liberalismo sempre significa individualismo), podemos pensar que este é o século do coletivismo e, portanto, o século do Estado.

Mussolini explica que o fascismo foi inspirado nas ideias de George Sorel, o fundador teórico do sindicalismo revolucionário; de Charles Péguy, um socialista e nacionalista convertido ao catolicismo; de Hubert Lagardelle, fundador da revista Le Mouvement Socialiste e pioneiro do sindicalismo francês; e os sindicalistas italianos.[1][5]

Rejeição do liberalismo

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Ao apresentar o fascismo como anti-individualista, o fascismo se posiciona de forma contrária ao liberalismo, que “negava o Estado no interesse do indivíduo particular; o fascismo reconfirma o Estado como a verdadeira realidade do indivíduo",[5] portanto, "tudo reside no Estado, e nada que seja humano ou espiritual existe (…) fora do Estado“ fazendo do fascismo uma doutrina totalitária. Mussolini enfatiza a ideia de que: “se quem fala liberalismo fala do indivíduo, quem fala fascismo fala do Estado”.[5]

Rejeição do socialismo marxista

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Para Mussolini, o socialismo morrera como doutrina após a Primeira Guerra Mundial.[5] Ele considera que nem os indivíduos nem os grupos (partidos políticos, associações, sindicatos, classes) deveriam estar fora do Estado, portanto, o fascismo, para ele, era contrário ao socialismo já que o socialismo “ignora a unidade do Estado que pode reunir as classes harmonizando-as em uma única realidade econômica e moral”.[5]

O fascismo rejeita os conceitos de materialismo histórico e da luta de classes do "socialismo apelidado de científico ou marxista",[5] acrescentando Mussolini que “uma vez que o socialismo está ferido nesses dois pontos essenciais de sua doutrina, nada resta dele senão a aspiração sentimental — antiga como a humanidade — por uma convivência social em que os sofrimentos e as dores das pessoas mais humildes pareçam aliviados".[5] Mais tarde, ele afirmaria que o socialismo científico de Marx está ligado ao socialismo utópico.[5]

Rejeição da democracia

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Mussolini explica que “o fascismo se opõe à democracia, que confunde o povo com a maioria, rebaixando-o ao nível da maioria”.[5] No entanto, apesar dessa rejeição, argumenta-se que "o fascismo é a mais franca das democracias, uma vez que o povo é concebido, como deve ser concebido, qualitativamente, e não quantitativamente".[5]

Intervenção do Estado na economia

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Devido à crise de 1929, Mussolini explica que “só o Estado pode resolver as dramáticas contradições do capitalismo. A crise só pode ser resolvida pelo Estado, no Estado”, criticando as posições de não intervenção do Estado na economia. Explica-se que “o fascismo quer o Estado forte, orgânico e ao mesmo tempo amparado pela mais ampla base popular”,[5] reivindicando para si “o campo da economia e, através das instituições corporativas, sociais e educacionais por ele criadas, o sentido do Estado atinge as últimas ramificações, e no Estado circulam, enquadradas nas respectivas organizações, todas as forças políticas, econômicas e espirituais da nação”.[5]

Referências

  1. a b c «Giovanni Gentile e Benito Mussolini: La dottrina del fascismo». web.archive.org. 30 de março de 2009. Consultado em 23 de novembro de 2020 
  2. a b De Felice, Renzo (1974). Mussolini il duce (em italiano). Torino: G. Einaudi. OCLC 2590325 
  3. Fascism, Noel O'Sullivan, 1983 p. 138: referencing; Mussolini's Roman Empire, by Mack Smith Penguin, ed., 1979, first published in 1976, p. 247.
  4. Parkinson, Hannah Jane (1 de dezembro de 2016). «Stop 'fascism' becoming word of the year, urges US dictionary». The Guardian (em inglês). ISSN 0261-3077 
  5. a b c d e f g h i j k l m n «"The Political and Social Doctrine of Fascism", first authorized translation into English by Jane Soames» (PDF) 
  6. Mussolini, Benito (4 de julho de 2019). «The Doctrine of Fascism». Eleventh Edition. | New York: Routledge, 2019. | “Tenth edition, published by Routledge, 2017”—T.p. verso.: Routledge: 337–345. ISBN 978-0-429-28682-7 
  7. Sturge, Kate (2010). «'Flight from the Programme of National Socialism'? Translation in Nazi Germany». London: Palgrave Macmillan UK: 51–83. ISBN 978-1-349-30138-6 
  8. «FASCISMO in "Enciclopedia Italiana"». web.archive.org. 17 de outubro de 2020. Consultado em 23 de novembro de 2020 
  9. Hoover, Herbert (1934). The challenge to liberty. New York-London: Charles Scribner's Sons. p. 66 
  10. McTaggart, Ursula (2010). «"Opening the Door": The Hogarth Press as Virginia Woolf's Outsiders' Society». Tulsa Studies in Women's Literature (1): 63–81. ISSN 0732-7730. Consultado em 10 de março de 2021 
  11. Mussolini, Benito (1933). The political and social doctrine of fascism. Col: Day to day pamphlets. London: Published by Leonard and Virginia Woolf at the Hogarth Press 

Ligações externas

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