Agathyrno da Silva Gomes
Agathyrno da Silva Gomes | |
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Nascimento | 27 de novembro de 1927 Rio de Janeiro |
Morte | 17 de novembro de 2015 Rio de Janeiro |
Cidadania | Brasil |
Ocupação | advogado |
Agathyrno Silva Gomes (Rio de Janeiro, 27 de novembro de 1927 - Rio de Janeiro, 17 de novembro de 2015) foi advogado com mais de 50 anos de atuação na cidade do Rio de Janeiro[1][2] e presidente do Club de Regatas Vasco da Gama entre 1969 e 1979.[3]
Trajetória no clube
[editar | editar código-fonte]Agathyrno tornou-se sócio do Vasco da Gama aos 16 anos de idade como presente oferecido pelo pai por ter sido aprovado no Colégio Pedro II e, na década de 1940, participou do time de remo do clube.[4][5]
Em 1959 foi eleito pela primeira vez para o conselho deliberativo do Vasco e, a partir daí, foi reeleito consecutivamente por vários mandatos, assumindo diversas diretorias do clube. Em 1967 foi eleito vice-presidente do clube e, com a cassação do mandato do presidente Reinaldo de Mattos Reis, assumiu a presidência.[4]
Período na presidência
[editar | editar código-fonte]Aos 42 anos de idade Agathyrno tornou-se um dos presidentes mais jovens da história do Vasco.[4] Entretanto, assumiu em um momento difícil da história do clube, que amargava seu maior jejum de títulos no futebol estadual,[6] uma vez que não conquistava o Campeonato Carioca havia 11 anos. A pressão da torcida era grande, e os rivais contavam com times muito fortes, mas Agathyrno mostrou que tinha estrela: poucos meses depois de assumir a presidência e contra todos os prognósticos, o Vasco se sagrou campeão carioca em 1970.[7] Além disso, o Vasco da Gama também venceu o Campeonato Carioca de Remo daquele ano, consagrando-se "Campeão de Terra e Mar".[8]
Já naquela época o Vasco passava por dificuldades financeiras. Em entrevista no início de 1971, Agathyrno afirmava: "Patrimônio e finanças são alicerces do meu programa para 1971, isto sem descuidar do futebol, remo, atletismo, basquetebol, que retocaram o ano de ouro que foi 1970".[9] Naquele momento, o presidente tentava readequar o estádio São Januário para receber novamente os jogos do Vasco e assim aferir mais receitas com os ingressos, o que conseguiu algum tempo depois ao finalizar uma grande reforma.[4]
Sua gestão ficou marcada pelo surgimento de Roberto Dinamite em 1971.[10][11] O jogador se transformaria, nos anos seguintes, no maior ídolo da história do clube.[12][13] Foi o maior goleador da história do Vasco, com 705 gols, e o atleta com mais jogos disputados (1.110 jogos oficiais).[14] Muitos anos mais tarde, Roberto Dinamite foi eleito presidente do clube por dois mandatos consecutivos.[15][16]
Em 1972, em um lance de ousadia de Agathyrno, o Vasco contratou o tricampeão mundial Tostão junto ao Cruzeiro, vencendo uma acirrada disputa com o rival Fluminense. Foi a transferência de maior valor entre clubes nacionais até então.[17][18] Entretanto, a contratação acabou se transformando em um grande fiasco: pouco tempo depois, o jogador constatou uma séria lesão na retina de um de seus olhos, e foi aconselhado por médicos a deixar de jogar futebol, sob o risco de ficar cego do olho afetado.[19] Assim, menos de um ano depois de chegar ao Vasco, tendo custado uma fortuna, Tostão jogou sua última partida como futebolista profissional em fevereiro de 1973, abandonado o esporte logo em seguida. No total, foram apenas 44 jogos e 7 gols do jogador com a camisa cruzmaltina.[20] A decepção e o prejuízo com a contratação do craque mineiro perseguiram Agathyrno por toda a vida, e ele admitiu, mais de 40 anos depois de realizar a compra do atacante, que ainda não havia digerido a frustração.[20]
Em 1973 foi reconduzido à presidência do clube.
Em 1974 o Vasco conquistou o título inédito de campeão brasileiro, vencendo o Cruzeiro na final no estádio do Maracanã.[21] Foi o título mais importante conquistado pelo clube durante a gestão de Agathyrno.
Em 1976 vence novamente as eleições para presidente do Vasco, batendo a chapa encabeçada por João Maria Medrado Dias.
Em 1977 o Vasco seria mais uma vez campeão carioca, vencendo a final nos pênaltis contra o rival o Flamengo.[22] Este seria o último título do Vasco sob o comando de Agathyrno.
Os dois anos seguintes foram negativos para o futebol do Vasco. Perdeu as finais dos estaduais de 1978 e 1979 para o Flamengo, e a final do Campeonato Brasileiro de Futebol de 1979 para o Internacional de Porto Alegre.
A pressão gerada pelas derrotas consecutivas, somada ao natural desgaste pelos sucessivos anos de gestão fizeram com que Agathyrno perdesse a eleição de 1979, encerrando seu período no comando do clube.
Em 1982 disputou novamente as eleições para presidente do clube, mas foi derrotado.
Reconhecimento
[editar | editar código-fonte]Sendo sócio do clube por mais de 70 anos, e em função de sua dedicação e atuação destacada na defesa dos interesses do Vasco, Agathyrno foi reconhecido como Grande Benemérito do Vasco do Gama,[23] tendo cumprido mandato como presidente do Conselho de Beneméritos logo após deixar a presidência do clube.[4]
Falecimento
[editar | editar código-fonte]Agathyrno faleceu de causas naturais no dia 17 de dezembro de 2015, aos 88 anos de idade.[3] Em homenagem a seu ex-presidente, o Vasco da Gama decretou um luto oficial de três dias.[24]
Referências
- ↑ Advogados que receberam a medalha Sobral Pinto Arquivado em 22 de dezembro de 2015, no Wayback Machine. - Site OAB-RJ Sub-secção Barra - Acesso em 19 de dezembro de 2015
- ↑ Grandes advogados da História do Brasil: Sobral Pinto
- ↑ a b Morre aos 88 anos o ex-presidente do Vasco Agathyrno Silva Gomes
- ↑ a b c d e Paixão Vasco - Enciclopédia do Vasco da Gama: Agathyrno Silva Gomes Arquivado em 22 de dezembro de 2015, no Wayback Machine. - Acesso em 19/12/2015
- ↑ Agathyrno Silva alertava naquela época da necessidade de união dos vascaínos
- ↑ Vasco iguala seu maior jejum de títulos na história do Campeonato Carioca - Globo Esporte, 14/04/2015 - Acesso em 19/12/2015
- ↑ Campeonato Carioca: 96 anos de história 1902-1997, Roberto Assaf e Clóvis Martins, Editora Irradiação Cultural, 1997 - Trechos disponíveis no Google Books - Acesso em 19/12/20015
- ↑ Centenária rivalidade entre Vasco e Fla no remo atraía multidões de cariocas - Acervo "O Globo" - Jornal "O Globo" de 09/11/1970 - Acesso em 19/12/2015
- ↑ Os planos de Agathyrno, 1971 Arquivado em 22 de dezembro de 2015, no Wayback Machine. - Revista Grandes Clubes Brasileiros no site SempreVasco.com - Acesso em 19/12/2015
- ↑ VejaRio: Roberto Dinamite há 40 anos - Acesso em 19/12/2015
- ↑ Presidente do Vasco, Roberto lembra o dia em que explodiu o Garoto-Dinamite - UOL Futebol 08/10/2011 - Acesso em 19/12/2015
- ↑ Os craques do século parte III. Revista Placar, n° 1153, julho de 1999. Disponível em Google Books: Placar Magazine - jul. 1999
- ↑ Craques dos sonhos. Revista Placar, nº 1304, março de 2007. Disponível em Google Books: Placar Magazine - mar. 2007
- ↑ Marcelo Monteiro (6 de setembro de 2011). «Memória EC: Rogério Ceni entra em seleto grupo ao lado de Pelé e Dinamite». Consultado em 7 de setembro de 2011
- ↑ Dinamite é eleito presidente do Vasco
- ↑ Roberto Dinamite é reeleito presidente do Vasco
- ↑ Tostão, o mineirinho de ouro - Doentes por Futebol - Acesso em 20/122015
- ↑ A contratação de Tostão Arquivado em 22 de dezembro de 2015, no Wayback Machine. Site Paixão Vascão - Acesso em 20/12/2015
- ↑ Por que Tostão Parou Arquivado em 22 de dezembro de 2015, no Wayback Machine. - Site Paixão Cruzeirense - Acesso em 20/12/2014
- ↑ a b Ex-presidente vascaíno admite decepção com Tostão após 40 anos - Acesso em 20/12/2015
- ↑ É o Vasco: Campeão Brasileiro de 1974 - Revista Placar 229 de 09/08/1974 - Disponível no Google Books - Acesso em 20/12/2015
- ↑ Final do Campeonato Carioca de 1977 - Apaixona Futebol - Acesso em 20/12/2015
- ↑ Site Oficial do Vasco - Diretoria e Beneméritos - Acesso em 19/12/2015
- ↑ Site oficial do Vasco da Gama - Luto Oficial pelo falecimento de Agathyrno Silva Gomes
Precedido por Reynaldo de Mattos Reis |
Presidente do Club de Regatas Vasco da Gama 1969 — 1979 |
Sucedido por Alberto Pires Ribeiro |