Soldado Milhões
Aníbal Augusto Milhais CavTE • MPCG | |
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Nascimento | 9 de julho de 1895 Valongo, Murça Reino de Portugal |
Morte | 3 de junho de 1970 (74 anos) Valongo de Milhais, Murça Portugal |
Nacionalidade | Português |
Cônjuge | Teresa de Jesus |
Ocupação | Agricultor, soldado |
Serviço militar | |
País | Portugal |
Serviço | Exército Português |
Anos de serviço | 1915-1919 |
Patente | Praça |
Unidades | 2.ª Divisão de Infantaria Corpo Expedicionário Português |
Conflitos | Primeira Guerra Mundial (Batalha de La Lys) |
Condecorações | Antiga e Muito Nobre Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito Ordem Nacional da Legião de Honra Medalha Militar da Cruz de Guerra, 1.ª Classe |
Aníbal Augusto Milhais CvTE • MPCG (Murça, Valongo, 9 de Julho de 1895 – 3 de Junho de 1970), mais conhecido por Soldado Milhões, foi o soldado português mais condecorado da I Guerra Mundial e o único militar português condecorado com a mais alta honraria nacional, a Antiga e Muito Nobre Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito, no campo de batalha em vez da habitual cerimónia pública em Lisboa.[1]
Infância
[editar | editar código-fonte]Aníbal Augusto Milhais nasceu às 6 horas da manhã do dia 9 de julho de 1895, na então denominada freguesia de Valongo, filho de António Manoel e Roza Milhais, "jornaleiros" (agricultores)[2] e naturais da mesma freguesia.[3]
História
[editar | editar código-fonte]Na Batalha de La Lys a 2.ª Divisão do Corpo Expedicionário Português foi completamente desbaratada, sacrificando-se nela muitas vidas, entre os mortos, feridos, desaparecidos e capturados como prisioneiros de guerra.
No meio do caos, distinguiram-se vários homens, anónimos na sua maior parte. Porém, um nome ficou para a História, deturpado, mas sempiterno: o Soldado Milhões.
De seu verdadeiro nome Aníbal Augusto Milhais, viu-se sozinho na sua trincheira, apenas munido da sua arma, uma metralhadora Lewis, conhecida entre os lusos como a Luísa. Munido de coragem, enfrentou sozinho as colunas alemãs que se atravessaram no seu caminho, o que em último caso permitiu a retirada de vários soldados portugueses e ingleses para as posições defensivas da retaguarda. Vagueando pelas trincheiras e campos, ora de ninguém ora ocupados pelos alemães, o Soldado Milhões continuou ainda a fazer fogo esporádico, para o qual se valeu de cunhetes de balas que foi encontrando pelo caminho. Quatro dias depois do início da batalha, encontrou um médico escocês, salvando-o de morrer afogado num pântano. Foi este médico, para sempre agradecido, que deu conta ao exército aliado dos feitos do soldado transmontano.
Regressado a um acampamento português, o comandante Ferreira do Amaral saudou-o, dizendo o que ficaria para a História de Portugal, "Tu és Milhais, mas vales Milhões!".[4]
Homenagens
[editar | editar código-fonte]- Agraciado com a Antiga e Muito Nobre Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito e várias condecorações estrangeiras.[5]
- Em 5 de julho de 1924 o Parlamento alterou o nome da povoação de Valongo, para Valongo de Milhais.[6]
- Medalha do Soldado Milhões, Câmara Municipal de Murça do escultor Laureano Eduardo Pinto Guedes (1970)[7].
- Busto do Soldado Milhões, na Praceta Herói Milhões em Murça do escultor Laureano Eduardo Pinto Guedes (1972-1973)[8].
- Exposição permanente do espólio (pistola, caderneta militar e medalhas) no Museu Militar do Porto [9]
- A casa onde nasceu foi transformada em museu inaugurado em 10 de abril de 2023, pelo presidente da república Marcelo Rebelo de Sousa.
Na Banda desenhada
[editar | editar código-fonte]- O Soldado Milhões, de Augusto Trigo, baseado num texto de A. Guilhermino Pires, Jornal do Exército nº 335 (1987/88)[10].
No cinema
[editar | editar código-fonte]- Soldado Milhões (Ukbar Filmes, 2018)
Na literatura
[editar | editar código-fonte]- Milhões: Tragicomédia em 2 Atos, de José Leon Machado. Edições Vercial: Braga, 2018.
Condecorações
[editar | editar código-fonte]Nacionais
[editar | editar código-fonte]- Cavaleiro da Antiga e Muito Nobre Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito de Portugal (1918/08/31)
- Medalha Militar da Cruz de Guerra de 1.ª Classe de Portugal (1918)
- Medalha da Vitória de Portugal (1919)
- Medalha Comemorativa das Campanhas – França 1917-1918 de Portugal (1919)
Estrangeiras
[editar | editar código-fonte]- Cavaleiro da Ordem Nacional da Legião de Honra de França (1918)
- Medalha de Ouro da Ordem de Leopoldo II da Bélgica (1918)
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ «Corpo Expedicionário Português - Aníbal Milhais». 19 de novembro de 2008. Consultado em 9 de agosto de 2012. Cópia arquivada em 26 de abril de 2012
- ↑ Infopédia. «jornaleiro | Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». infopedia.pt - Porto Editora. Consultado em 29 de janeiro de 2023
- ↑ Livro de Batismos da Paróquia de Valongo de Milhais (Cód. Ref. PT-ADVRL-PRQ-PMUR08-001-031) ― Registo de Batismo de Aníbal Augusto. Folha 55v, Registo 10/1895. Arquivo Distrital de Vila Real
- ↑ «O Soldado Milhões - Herói de torre e Espada». Jornal das Cortes. Consultado em 9 de agosto de 2012. Cópia arquivada em 20 de fevereiro de 2012
- ↑ Barroso da Fonte. Dicionário dos mais ilustres Trasmontanos e Alto Durienses. [S.l.: s.n.] Consultado em 9 de agosto de 2012. Cópia arquivada em 28 de maio de 2014
- ↑ «Freguesia de Valongo de Milhais». CM Murça. Consultado em 9 de agosto de 2012. Arquivado do original em 3 de março de 2016
- ↑ «Laureano Eduardo Pinto Guedes». UP. Consultado em 9 de agosto de 2012
- ↑ «Homenagem ao soldado Milhões a propósito da inauguração do seu busto em Murça» (PDF). AR. Consultado em 9 de agosto de 2012. Cópia arquivada (PDF) em 3 de março de 2016
- ↑ «Era Milhais de apelido mas valeu por milhões». JN. 11 de abril de 2010. Consultado em 9 de agosto de 2012. Cópia arquivada em 4 de março de 2016
- ↑ «O Soldado Milhões». Beija-flor. Consultado em 9 de agosto de 2012. Arquivado do original em 30 de dezembro de 2010