António Maria Vasco de Melo Silva César e Meneses
António Maria Vasco de Melo Silva César e Meneses | |
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Nascimento | 13 de novembro de 1851 Lisboa |
Morte | 21 de maio de 1923 Lisboa |
Cidadania | Portugal, Reino de Portugal |
Alma mater | |
Ocupação | escritor, poeta, diplomata, Par do Reino, político |
Distinções |
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Movimento estético | Vencidos da Vida |
António Maria Vasco de Melo Silva César e Meneses[1] (Lisboa, 13 de Novembro de 1851 — Lisboa, 21 de Maio de 1923), 9.º Conde de Sabugosa, também conhecido por António Vasco de Melo, bacharel formado em Direito, diplomata e alto funcionário, mordomo-mor da Casa Real, Par do Reino, poeta e escritor distinto. Foi autor de múltiplos contos, crónicas, comédias e poemas, de diversas obras sobre escritores portugueses do século XVI e de uma obra histórica sobre Sintra. Fez parte do grupo dos Vencidos da Vida, tendo colaborado também na Revista de Portugal.
Biografia
[editar | editar código-fonte]D. António Maria Vasco de Melo Silva César e Meneses nasceu em Lisboa, a 13 de Novembro de 1851, filho de D. António Maria José de Melo da Silva César e Meneses, o 3.º marquês de Sabugosa, e de D. Maria do Carmo da Cunha Portugal e Meneses, dama honorária da rainha D. Maria Pia. Seu pai foi um prestigiado par do Reino, ministro, governador civil e um dos mais destacados membros do Partido Histórico do seu tempo.
Casou a 8 de Janeiro de 1876 com D. Mariana das Dores de Melo, 4.ª Condessa de Murça, título que lhe foi renovado como herdeira de seu pai, D. João José Maria de Melo e Abreu Soares de Brito Barbosa Palha de Vasconcelos Guedes, o 3.º Conde de Murça, e de D. Ana de Sousa Coutinho Monteiro Paim. A esposa foi dama das rainhas D. Maria Pia e D. Amélia de Orleães e presidente da Associação Protectora das Escolas para Crianças Pobres.
António Vasco de Melo, nome que utilizou enquanto estudante e com o qual assinou muitas das suas obras literárias, era bacharel formado em Direito pela Universidade de Coimbra, onde terminou o seu curso em 1877.
Por decreto de 15 de Setembro de 1879, recebeu a mercê do título de 9.º conde de Sabugosa, para além de ter herdado diversos outros títulos e honras, que reuniu na sua casa aos da casa dos condes de Murça, provenientes da família da esposa. Apesar de poder suceder a seu pai nos títulos de marquês de Sabugosa e de conde de São Lourenço, nunca se encartou.
Em 1882 ingressou na carreira diplomática como funcionário da Secretaria de Estado dos Negócios Estrangeiros, com o cargo de segundo-oficial, sendo nomeado secretário de legação em 1885. Ascendeu a enviado extraordinário e ministro plenipotenciário, servindo no gabinete do ministro, cargo de que foi exonerado, a seu pedido, por decreto de 3 de Novembro de 1910, na sequência da implantação da República. Foi também alcaide-mor de Elvas e veador e mordomo-mor da casa da rainha D. Amélia de Orleães, tendo sido o último a exercer esses cargos.
Actividade literária
[editar | editar código-fonte]Herdeiro de uma vasta biblioteca, que incluía muitas obras raras e inéditos, foi escritor e poeta de mérito. Em 1894 publicou, de colaboração com Bernardo Pinheiro Correia de Melo, 1.º conde de Arnoso, um interessante livro de contos, intitulado De braço dado. Em 1903 publicou o livro O Paço de Sintra, Apontamentos Históricos e Arqueológicos, obra que inclui desenhos da autoria da rainha D. Amélia de Orleães, para além de colaboração artística do aguarelista Enrique Casanova (1850-1913) e do arquitecto Raúl Lino da Silva (1879-1974). A obra inclui a primeira publicação em português do poema Sintra da poetisa humanista Luisa Sigea.
Em 1906 editou o Auto da Festa, de Gil Vicente, obra então caída no esquecimento, a partir de raro exemplar que encontrou na biblioteca do seu palácio do Calvário. O Auto da Festa foi publicado acompanhado por um estudo crítico da sua autoria e de numerosas notas e comentários. Também editou, a partir de texto encontrado na sua livraria, a obra Auto da Natural Invenção do poeta António Ribeiro "Chiado", o Chiado (1917).
Em 1908 publicou o livro Embrechados, que em pouco tempo teve duas edições. Colaborou assiduamente na Revista de Portugal editada por Eça de Queirós e também se encontra colaboração da sua autoria nas revistas A semana de Lisboa[2] (1893-1895), Serões[3] (1901-1911), O Thalassa[4] (1913-1915) e Ideia Nacional [5] (1915).
Para além das obras atrás citadas, publicou muitas outras, bem como muitos artigos e ensaios de carácter histórico e literário, contos e versos que se encontram dispersos em revistas e jornais. Colaborou com texto da sua autoria na obra In memoriam: Júlio de Castilho [6] publicada em 1920.
Fez parte do grupo de intelectuais que se autodenominava Vencidos da Vida, tendo privado, entre outros, com Joaquim Pedro de Oliveira Martins, Ramalho Ortigão, Eça de Queirós e Maria Amália Vaz de Carvalho.
Actividade política
[editar | editar código-fonte]Na eleições gerais de Outubro de 1879 foi eleito deputado às Cortes pelo círculo de Arouca, prestando juramento a 14 de Janeiro de 1880. Apesar de pouco interventivo, participou nas comissões parlamentares de negócios estrangeiros e de legislação civil, sendo secretário de ambas. Não voltou a ser eleito.
Por falecimento de seu pai, a 2 de Dezembro de 1897, ascendeu ao pariato por direito hereditário, tendo tomado assento na Câmara a 26 de Março de 1898. Na Câmara dos Pares fez parte de múltiplas comissões, com destaque para as relacionadas com os negócios estrangeiros e o comércio externo, com destaque para a procura de mercados para as exportações tradicionais portuguesas: vinho e cortiça. Não fez intervenções de grande fôlego, nem foi muito participativo no hemiciclo.
Destacou-se em 1908 na discussão da lei sobre os cargos e o financiamento da Casa Real, defendendo a sua independência em relação ao poder político e a necessidade de evitar a ingerência partidária na vida palatina.
Com o advento da Implantação da República Portuguesa, afastou-se da actividade política, mas manteve-se fiel aos seus princípios monárquicos, tendo visitado frequentemente a família real portuguesa durante o seu exílio em Inglaterra. Essa fidelidade, e aberta defesa que fazia da monarquia, valeram-lhe algumas semanas de prisão no Castelo de São Jorge durante a fase crítica da intentona da Monarquia do Norte.
Falecimento, honras e títulos
[editar | editar código-fonte]Faleceu em Lisboa a 21 de Maio de 1923. Foi grã-cruz da Ordem de Cristo; comendador e grã-cruz da Ordem de Santiago da Espada, por decreto de 4 de Dezembro de 1909; mordomo-mor da Casa Real, nomeado em Abril de 1903; Par do Reino, por nomeação de 17 de Março de 1898; e sócio efectivo da Academia Real das Ciências de Lisboa.
Foi também membro do Instituto de Coimbra, da Associação dos Arquitectos Civil e dos Arqueólogos Portugueses e da Sociedade Literária Almeida Garrett. Foi presidente da Sociedade de Bibliófilos Diogo de Machado.
Tendo passado pela carreira diplomática, foi agraciado com múltiplas condecorações estrangeiras.
Obras publicadas
[editar | editar código-fonte]António Maria José de Melo César e Meneses foi editor de obras de Gil Vicente e do poeta Chiado. Entre as suas principais obras publicadas contam-se:
- Minuete (1877);
- Poemetos (1882)
- Na Goela do Leão (1882);
- De Braço Dado (em colaboração com o 1.º conde de Arnoso) (1894)
- O Paço de Cintra, apontamentos historicos e archeologicos (adornado com desenhos da rainha D. Amélia de Orleães) (1903);
- Embrechados (1908);
- Neves de Antanho (1910);
- Donas de Tempos Idos (1912; n. ed.: Porto, Fronteira do Caos, 2006).
- Gente d'Algo (1915);
- A Rainha D. Leonor (1921)
- Bobos na Corte (1923; n.ed.: Lisboa, 2007).
Referências
- ↑ Pela grafia arcaica, Antonio Maria Vasco de Mello Cezar e Menezes.
- ↑ A semana de Lisboa : supplemento do Jornal do Commercio (1893-1895) cópia digital, Hemeroteca Digital
- ↑ Serões: revista semanal ilustrada (1901-1911) cópia digital, Hemeroteca Digital
- ↑ O Thalassa: semanario humoristico e de caricaturas (1913-1915) cópia digital, Hemeroteca Municipal
- ↑ Rita Correia (5 de fevereiro de 2015). «Ficha histórica:A ideia nacional : revista politica bi-semanal (1915)» (PDF). Hemeroteca Municipal de Lisboa
- ↑ Composto por Tipografia da Empresa Diário de Notícias. «In memoriam: Júlio de Castilho, índice, pág. 194». Consultado em 15 de maio de 2020
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- -----, Conde de Sabugosa, In Memoriam, Lisboa, 1924.
- Fernando Emídio da Silva, Um perfil do Conde de Sabugosa, Coimbra, 1924.
- Maria Filomena Mónica (coordenadora), Dicionário Biográfico Parlamentar (1834-1910), vol. 3, pp. 899–901, Colecção Parlamento, Assembleia da República, Lisboa, 2006.
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- Nascidos em 1851
- Mortos em 1923
- Homens
- Escritores de Portugal do século XIX
- Escritores de Portugal do século XX
- Poetas de Portugal do século XX
- Condes de Sabugosa
- Deputados do Reino de Portugal
- Diplomatas do Reino de Portugal
- Pares do Reino de Portugal
- Mordomos-mores do Reino de Portugal
- Alcaides-mores de Elvas
- Monárquicos de Portugal
- Apoiantes da Monarquia do Norte
- Vencidos da Vida
- Alumni da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra
- Académicos da Academia das Ciências de Lisboa
- Grã-Cruzes da Ordem de Cristo
- Comendadores da Ordem de Santiago da Espada
- Grã-Cruzes da Ordem de Santiago da Espada
- Naturais de Lisboa