António Guterres
António Guterres GCC GCL | |
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António Guterres em 2021 | |
9.º Secretário-geral das Nações Unidas | |
No cargo | |
Período | 1 de janeiro de 2017 até à atualidade |
Antecessor(a) | Ban Ki-moon |
10.º Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados | |
Período | junho de 2005 a dezembro de 2015[1] |
Antecessor(a) | Ruud Lubbers |
Sucessor(a) | Filippo Grandi |
113.º Primeiro-Ministro de Portugal | |
Período | 28 de outubro de 1995 a 6 de abril de 2002 |
Presidente | Mário Soares Jorge Sampaio |
Antecessor(a) | Aníbal Cavaco Silva |
Sucessor(a) | José Manuel Durão Barroso |
Secretário-geral do Partido Socialista | |
Período | 23 de fevereiro de 1992 a 21 de janeiro de 2002 |
Antecessor(a) | Jorge Sampaio |
Sucessor(a) | Eduardo Ferro Rodrigues |
Dados pessoais | |
Nascimento | 30 de abril de 1949 (75 anos) Lisboa |
Nacionalidade | português |
Alma mater | Instituto Superior Técnico |
Partido | Partido Socialista |
Religião | católico |
Profissão | Engenheiro eletrotécnico |
Assinatura | |
Website | www |
António Manuel de Oliveira Guterres (Lisboa, 30 de abril de 1949) é um engenheiro, político e diplomata português e timorense[2][3][4] que serve como nono secretário-geral da Organização das Nações Unidas desde 2017.[5][6]
Guterres foi Primeiro-Ministro de Portugal entre 1995 e 2002 e Secretário-Geral do Partido Socialista entre 1992 e 2002. Foi Presidente da Internacional Socialista entre 1999 e 2005.
Exerceu o cargo de Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados entre 15 de junho de 2005 e 31 de dezembro de 2015. No ano seguinte, anunciou sua candidatura ao cargo de secretário-geral das Nações Unidas.[7] Em 5 de outubro de 2016 foi anunciada a vitória de Guterres na eleição para secretário-geral, sendo marcada para o dia seguinte a votação formal no Conselho de Segurança.[8] Em 6 de outubro de 2016 o Conselho de Segurança votou por unanimidade e aclamação a resolução que recomenda à Assembleia Geral a designação de Guterres como novo secretário-geral das Nações Unidas.[9]
Depois do juramento prestado a 12 de dezembro de 2016, perante a Assembleia Geral das Nações Unidas, Guterres tomou posse como o nono secretário-geral das Nações Unidas no dia 1 de janeiro de 2017 para um mandato de 5 anos.[10]
Biografia
[editar | editar código-fonte]Infância e juventude
[editar | editar código-fonte]Nascido em Lisboa, na freguesia de Santos-o-Velho, com raízes familiares na aldeia das Donas,[11] concelho do Fundão, António Guterres demonstrou desde jovem deter uma capacidade de dedicação ao estudo que havia de lhe valer um Prémio Nacional dos Liceus, em 1965.[12]
Concluídos os estudos secundários, no Liceu Camões, em Lisboa,[11] ingressou em seguida no curso de engenharia eletrotécnica, no Instituto Superior Técnico.[12] Licenciou-se em 1971[13] e iniciou no mesmo ano uma efémera carreira académica, como assistente do Técnico, lecionando a disciplina de Teoria de Sistemas e Sinais de Telecomunicações.[12]
Durante a universidade, Guterres não se envolveu na oposição estudantil ao regime de Salazar, dedicando-se antes à ação social promovida pela Juventude Universitária Católica. Integrou também o Grupo da Luz, coordenado pelo padre Vítor Melícias e onde também viriam a participar, entre outros, Marcelo Rebelo de Sousa e Carlos Santos Ferreira.[12] Vítor Melícias celebraria o seu casamento com Luísa Melo, em 1972.[11]
Carreira política
[editar | editar código-fonte]António Guterres aderiu ao Partido Socialista em 1973, pela mão de António Reis. No ano seguinte, logo após o 25 de Abril, foi nomeado chefe de gabinete de José Torres Campos (sucessivamente Secretário de Estado da Indústria e Energia dos I, II e III governos provisórios).
Em 1976, na sequência das eleições legislativas desse ano, ganhas pelo PS, estreou-se como deputado à Assembleia da República, onde veio a exercer funções como presidente das comissões parlamentares de Economia e Finanças (1977-1979) e de Administração do Território, Poder Local e Ambiente (1985-1988). Presidiu também à comissão de Demografia, Migrações e Refugiados da Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa (1983).
Foi eleito cinco vezes presidente da Assembleia Municipal do Fundão, cargo que exerceu de 1979 até 1995.
Em 1992, num congresso em que enfrentou Jorge Sampaio, foi eleito secretário-geral do PS.[14] Depois venceu com maioria relativa as eleições legislativas de 1995 e de 1999, chefiando os XIII e XIV governos constitucionais, ambos minoritários e formados exclusivamente pelo PS.
Presidiu à Internacional Socialista, entre 1995 e 2000.
Na sequência das eleições autárquicas de dezembro de 2001, porém — nas quais o PS sofreu uma derrota significativa —, Guterres decidiu apresentar a sua demissão. No ato inesperado da demissão declarou demitir-se para evitar que o país caísse num «pântano político», devido à falta de apoio ao governo que os resultados autárquicos indicavam.
Sucederam-lhe Ferro Rodrigues, na liderança do PS, e Durão Barroso, do PSD na chefia do governo.
Assumiu desde a sua saída de primeiro-ministro, em 2002, até 2005, a função de consultor do Conselho de Administração da Caixa Geral de Depósitos.[15]
Em 2005 viria a ser nomeado para o cargo de Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados. Manteve-se nesse cargo até 2015. Esteve presente na reunião de 2012 dos Bilderberg na Alemanha nessa mesma qualidade.
A 7 de abril de 2016, tomou posse como conselheiro de Estado, designado pelo presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa, tendo acabado por renunciar ao mandato após a sua eleição como Secretário-Geral da ONU, em 24 de novembro de 2016.
Secretário-geral das Nações Unidas
[editar | editar código-fonte]Um ano depois de abandonar o cargo de Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados, Guterres foi escolhido pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas numa votação informal e à porta fechada, como o candidato ideal para secretário-geral das Nações Unidas, com treze votos a favor e nenhum veto — o que significa nenhum voto negativo dos estados membros permanentes do Conselho de Segurança (China, Estados Unidos, França, Reino Unido e Rússia). Em suma, na última de seis votações informais, realizada a 29 de setembro de 2016, e cujos resultados foram clarificados em 5 de outubro de 2016 (data da divulgação do sentido de voto dos membros permanentes do CSNU), Guterres conseguiu 13 votos de encorajamento e dois sem opinião; de entre os membros permanentes houve quatro votos de encorajamento e um sem opinião.[16] Para trás ficou a candidata búlgara Kristalina Georgieva, apoiada pela Alemanha, que obteve oito votos negativos.[17]
A votação oficial e definitiva por parte do CSNU ocorreu em 6 de outubro de 2016, por volta das 15h00 (hora de Portugal Continental) e nomeou, de forma definitiva e oficial, o antigo primeiro-ministro Português o escolhido pelo Conselho. Dessa forma, o novo secretário-geral da ONU só foi nomeado oficialmente quando a Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou com uma maioria simples a resolução que indica a sua nomeação.
Guterres tomou posse do novo cargo no dia 1 de janeiro de 2017.[18] Em 18 de junho de 2021 foi reeleito pela Assembleia Geral para um novo mandato de mais cinco anos.[19]
Cargos e diplomas
[editar | editar código-fonte]- Licenciado em engenharia eletrotécnica, pelo Instituto Superior Técnico, com média final de 19 valores[20]
- Chefe de Gabinete do Secretário de Estado da Indústria e Energia dos I, II e III Governos Provisórios
- Deputado à Assembleia da República, pelos círculos de Lisboa e Castelo Branco; no Parlamento virá a desempenhar a função de presidente das comissões de Economia e Finanças (1977-1979) e de Administração do Território, Poder Local e Ambiente (1985-1988), bem como à comissão de Demografia, Migrações e Refugiados da Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa (1983)
- Secretário-geral do Partido Socialista entre 1992 e 2002
- Primeiro-ministro dos XIII e XIV governos constitucionais, entre outubro de 1995 e abril de 2002.
- Presidente da Internacional Socialista, entre novembro de 1999 e junho de 2005
- Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados, entre junho de 2005 e dezembro de 2015
- Doutoramento Honoris Causa na área das Ciências Sociais e Humanas pela Universidade da Beira Interior
- Doutoramento Honoris Causa pela Universidade de Coimbra (Faculdade de Economia) (2016)
- Doutoramento Honoris Causa pela Universidad Europea de Madrid
- Conselheiro de Estado do Presidente da República de Portugal entre março de 2016 e dezembro de 2016
- Secretário-geral da Organização das Nações Unidas desde janeiro de 2017
- Doutoramento Honoris Causa pelo Instituto Superior Técnico da Universidade de Lisboa (19 de fevereiro de 2018)[21]
Condecorações [22][23]
[editar | editar código-fonte]Grã-Cruz da Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul do Brasil (23 de julho de 1996)
Grã-Cruz da Ordem do Mérito da República da Polónia (22 de setembro de 1997)
Grande-Oficial da Ordem da República Oriental do Uruguai (10 de dezembro de 1998)
Banda de Primeira Classe da Ordem da Águia Asteca do México (2 de julho de 1999)
Grã-Cruz da Ordem de Honra da Grécia (17 de março de 2000)
Grande-Cordão da Ordem de Leopoldo da Bélgica (9 de outubro de 2000)
Primeiro Grau da Ordem de Amílcar Cabral de Cabo Verde (27 de abril de 2001)
Grã-Cruz da Ordem do Mérito do Chile (30 de setembro de 2001)
Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito de França (4 de fevereiro de 2002)
Cavaleiro de Grã-Cruz da Ordem do Mérito da República de Itália (1 de abril de 2002)
Grande-Colar da Ordem de Mérito do Grão-Pará do Brasil (4 de abril de 2002)
Grã-Cruz da Ordem do Príncipe Jaroslau, o Sábio da Ucrânia (4 de abril de 2002)
Grande-Cordão da Ordem do Sol Nascente do Japão (4 de abril de 2002)
Grã-Cruz da Ordem da República da Tunísia (4 de abril de 2002)
Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo de Portugal (9 de junho de 2002)
Colar da Ordem de Timor-Leste (30 de Agosto de 2009)
Grã-Cruz da Ordem da Liberdade de Portugal (2 de fevereiro de 2016)[7][24]
Cronologia sumária
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ «António Guterres». Universidade de Lisboa
- ↑ Lusa, Agência. «Guterres diz que atribuição nacionalidade timorense é "profundo orgulho"». dnoticias.pt. Consultado em 30 de agosto de 2024
- ↑ Lusa (30 de agosto de 2024). «Parlamento atribui nacionalidade timorense a António Guterres». Público. Consultado em 30 de agosto de 2024
- ↑ Renascença (30 de agosto de 2024). «"Profundo orgulho". António Guterres tornou-se timorense e tem agora dupla nacionalidade - Renascença». Rádio Renascença. Consultado em 30 de agosto de 2024
- ↑ Pedro, Carla; Santiago, David (5 de agosto de 2016). «Guterres reforça liderança para secretário-geral da ONU». Jornal de Negócios - Portugal. Arquivado do original em 9 de outubro de 2016
- ↑ «Conselho de Segurança escolhe português para chefiar a ONU». g1.globo.com. 6 de outubro de 2016. Consultado em 6 de outubro de 2016
- ↑ a b «Guterres salienta "muitas dificuldades" na candidatura à ONU». TVI24. 2 de fevereiro de 2016. Consultado em 2 de fevereiro de 2016
- ↑ Negócios (5 de Outubro de 2016). «António Guterres eleito novo secretário-geral da ONU»
- ↑ Romildo, José (6 de outubro de 2016). «Conselho de Segurança indica António Guterres como novo secretário-geral da ONU». Agência Brasil. Consultado em 8 de junho de 2020
- ↑ Mansani, Tainã; Agência Lusa (12 de dezembro de 2016). «Guterres toma posse como secretário-geral da ONU». Deutsche Welle (www.dw.com). Consultado em 8 de junho de 2020
- ↑ a b c «Toda a história de António Guterres, de Donas para o mundo»
- ↑ a b c d «Biografia - António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas». Nações Unidas - ONU Portugal. 3 de abril de 2019. Consultado em 8 de junho de 2020
- ↑ «António Guterres». Dicionários Porto Editora. Infopédia. Consultado em 1 de maio de 2014
- ↑ Soares, Fundação Mário. «Fundação Mário Soares - Aeb - Crono - Id». www.fmsoares.pt
- ↑ «Jornal Económico». O Jornal Económico
- ↑ Group, Global Media (5 de outubro de 2016). «Guterres com luz verde para liderar a ONU»
- ↑ Dinis, Ana Brito, Nuno Ribeiro, David. «Nações Unidas. 13 a favor, nenhum veto. Guterres a horas de liderar a ONU»
- ↑ «ONU nomeia António Guterres como secretário-geral - Notícias - Internacional». Internacional
- ↑ «Gutierres é reeleito». G1. 18 de junho de 2021. Consultado em 18 de junho de 2021
- ↑ Lisboa, Técnico. «Técnico congratula-se com a eleição de António Guterres para secretário-geral da ONU»
- ↑ «Universidade de Lisboa vai distinguir António Guterres com grau de doutor "honoris causa"». IST. Consultado em 19 de fevereiro de 2018
- ↑ «Entidades nacionais agraciadas com ordens estrangeiras». Resultado da busca de "António Manuel de Oliveira Guterres". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 6 de fevereiro de 2015
- ↑ «Entidades nacionais agraciadas com ordens portuguesas». Resultado da busca de "António Manuel de Oliveira Guterres". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 6 de fevereiro de 2015
- ↑ Alexandre, =João (2 de fevereiro de 2016). «Cavaco diz que Guterres tem "indiscutivelmente" o perfil certo para liderar a ONU». TSF.pt. Consultado em 2 de fevereiro de 2016
Ligações externas
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Precedido por Ban Ki-moon |
Secretário-geral da Organização das Nações Unidas 2017 – presente |
Sucedido por – |
Precedido por Aníbal Cavaco Silva |
Primeiro-ministro de Portugal (XIII e XIV Governos Constitucionais) 1995 – 2002 |
Sucedido por José Manuel Durão Barroso |
Precedido por Paavo Lipponen Finlândia |
Presidente do Conselho Europeu janeiro de 2000 – junho de 2000 |
Sucedido por Jacques Chirac França |
Precedido por Jorge Sampaio |
Secretário-geral do Partido Socialista 1992 – 2002 |
Sucedido por Eduardo Ferro Rodrigues |
- Nascidos em 1949
- Naturais de Lisboa
- Alunos do Instituto Superior Técnico
- Engenheiros eletrotécnicos de Portugal
- Professores do Instituto Superior Técnico
- Políticos do Partido Socialista (Portugal)
- Deputados da Assembleia da República Portuguesa
- Líderes partidários de Portugal
- Líderes da oposição de Portugal
- Primeiros-ministros da Terceira República Portuguesa
- Membros do Conselho de Estado de Portugal
- Presidentes do Conselho Europeu
- Grã-cruzes da Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul
- Grã-Cruzes da Ordem Militar de Cristo
- Altos-comissários das Nações Unidas para os Refugiados
- Grã-Cruzes da Ordem da Liberdade
- Doutores honoris causa pela Universidade de Coimbra
- Católicos de Portugal
- Doutores honoris causa pela Universidade da Beira Interior
- Doutores honoris causa pela Universidade de Lisboa
- Socialistas cristãos
- Socialistas de Portugal