Vendavais no estado de São Paulo em novembro de 2023
Os vendavais no estado de São Paulo em novembro de 2023 foram um evento meteorológico extremo e histórico que atingiu várias cidades da respectiva região na tarde do dia 3 de novembro de 2023, resultado de uma linha de instabilidade que se estendeu desde o litoral até o noroeste do estado.[1] No total, oito pessoas morreram em diferentes municípios e mais de quatro milhões ficaram sem luz na capital paulista, sendo esse considerado um dos maiores desastres da rede elétrica por onda de tempestades no Brasil.[2][3][4] Os efeitos desse fenômeno foram comparáveis aos provocados pelo ciclone bomba no sul do Brasil em 2020.[4][5] O evento foi documentado internacionalmente.[6][7]
Árvore danificada em Piracicaba (SP)
Tipo |
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Ventos mais fortes |
151 km/h ( ![]() |
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Áreas afetadas | |
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Fatalidades |
8 |
Danos em diferentes regiões[editar | editar código-fonte]
Grande São Paulo[editar | editar código-fonte]
A Grande São Paulo foi bastante afetada pelos temporais que atingiram o estado homônimo. Os ventos chegaram a 103,7 km/h na região do aeroporto de Congonhas, por volta das 16h15,[8] o maior valor registrado pelo Centro de Gerenciamentos de Emergências (CGE) da Prefeitura de São Paulo desde 1995, quando esses dados começaram a ser computados na capital paulista.[9] Além disso, as rajadas de vento foram medidas em até 94,1 km/h na estação Santana/Tucuruvi (16h30), 71,7 km/h em Campo Limpo (16h10) e 68,6 km/h no Aeroporto de Guarulhos (16h40).[10]
O temporal causou diversos estragos na infraestrutura e na mobilidade da região metropolitana. Foram registradas centenas de quedas de árvores em vários pontos, sendo que houve registro de 346 quedas somente nos parques da cidade.[11] Muitos bairros ficaram sem energia elétrica por horas ou dias, afetando milhares de moradores e comerciantes.[12] Houve mais de mil chamados para quedas de árvores, dois para enchentes e pelo menos 46 para desabamentos/desmoronamentos.[13] No Autódromo de Interlagos, que estava sediando o treino classificatório de São Paulo de Fórmula 1, o teto de duas arquibancadas caiu e feriu seis torcedores, sendo que dois deles precisaram de atendimento médico.[14]
Avaré[editar | editar código-fonte]
Em Avaré, a prefeitura chegou a classificar o evento como um ciclone. A mesma informou que os ventos chegaram a 133 km/h na cidade.[15] A tempestade derrubou árvores e estruturas, destelhou casas e arquibancadas, e interrompeu o fornecimento de energia elétrica em diversos bairros.[16] Um barracão de provas no Parque de Exposições Fernando Cruz desabou e parte da cobertura do setor de arquibancada do Arenão foi arrancada.[15][17]
Baixada Santista[editar | editar código-fonte]
A Baixada Santista foi a região mais atingida pela linha de instabilidade. Em Santos, os ventos chegaram a 151 km/h, valor medido pela Praticagem de Santos.[18] Na Avenida Bartholomeu de Gusmão, a estrutura de um posto de gasolina tombou. Ademais, várias árvores caíram e a Santa Casa municipal sofreu um destelhamento significativo.[19]
Piracicaba[editar | editar código-fonte]
![](http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/b/b6/Vendaval_Piracicaba_03-11-2023_2.jpg/220px-Vendaval_Piracicaba_03-11-2023_2.jpg)
Em Piracicaba, o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) registrou rajadas de vento de até 73 km/h, valor também divulgado pelo Posto Meteorólogico da Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" (Esalq).[20] Ao menos 20 árvores caíram na cidade e houve registro de destelhamentos, um deles no terminal de ônibus da Pauliceia.[21][20]
Sorocaba[editar | editar código-fonte]
Em Sorocaba, as rajadas de vento foram medidas em 91 km/h pelo Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), porém o meteorologista Carlo Vilella estimou que o valor poderia ter chegado a mais de 100 km/h em algumas áreas.[22] No fim, a estimativa foi de 105 km/h, valor divulgado pela Defesa Civil.[23] Os principais estragos foram queda de árvores e postes de luz, destelhamentos de imóveis e interrupção generalizada no fornecimento de energia elétrica.[24]
O blecaute[editar | editar código-fonte]
Um dos impactos mais notáveis deixados pelas tempestades foi o apagão que afetou cerca de 1,4 milhão de endereços na cidade de São Paulo e na Região Metropolitana, após a queda de centenas de árvores sobre as fiações, além da derrubada de postes, transformadores e do rompimento de fios elétricos.[25][26] A falta de luz durou quase uma semana em alguns locais,[27] causando prejuízos bilionários para o comércio, a indústria e os moradores, que tiveram alimentos e remédios estragados.[12][28] De acordo com especialistas, o apagão em São Paulo só teve precedente no ciclone bomba que atingiu o Sul do Brasil no final de junho de 2020, quando mais de 4 milhões de clientes ficaram sem energia nos estados de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul.[4]
O apagão também prejudicou o funcionamento de serviços essenciais, como hospitais, escolas e transporte público.[29] O Parque Ibirapuera, onde estava sendo realizada a 35ª Bienal de São Paulo, ficou sem energia por dois dias.[30] Estudantes que fizeram o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) relataram atrasos de mais de uma hora para chegar ao local de prova.[29][31]
A concessionária Enel, responsável pelo fornecimento de energia na capital paulista, foi alvo de críticas e protestos por parte da população e das autoridades, que cobraram uma solução rápida e eficiente para o restabelecimento da rede elétrica.[32][33] O prefeito Ricardo Nunes ameaçou entrar na Justiça contra a empresa, caso ela não cumprisse o prazo de religar a energia de todos os clientes até o dia 7 de novembro.[30] A Enel descumpriu o prazo,[26][34] recebendo uma multa de R$12,7 milhões do Procon no dia 17 do mesmo mês.[35][36]
Referências
- ↑ Climatempo (4 de novembro de 2023). «Ventos passam de 90 km/h em SP, RJ e MG | Climatempo». www.climatempo.com.br. Consultado em 3 de dezembro de 2023.
No começo da tarde de 3/11/23, as nuvens de temporal da linha de instabilidade estavam na divisa com o Paraná. Por volta das 4 horas da tarde já estavam na região da cidade de São Paulo.
- ↑ «Sobe para oito o número de mortos por temporal em São Paulo». Agência Brasil. 7 de novembro de 2023. Consultado em 3 de dezembro de 2023
- ↑ «Bombeiros e Defesa Civil confirmam oito mortes pelas chuvas em SP». UOL. 7 de novembro de 2023. Consultado em 3 de dezembro de 2023
- ↑ a b c «Falta de luz em São Paulo só tem precendente no ciclone bomba de 2020». MetSul Meteorologia. 5 de novembro de 2023. Consultado em 3 de dezembro de 2023
- ↑ «São Paulo teve vendavais por condição vista no ciclone bomba de 2020». MetSul Meteorologia. 3 de novembro de 2023. Consultado em 3 de dezembro de 2023
- ↑ Bayat, Saboor (7 de novembro de 2023). «São Paulo Storm Causes Eight Deaths, Widespread Power Outages». BNN Breaking (em inglês). Consultado em 3 de dezembro de 2023
- ↑ Gortázar, Naiara Galarraga (6 de novembro de 2023). «Medio millón de vecinos de São Paulo siguen sin luz a los tres días de una tormenta que mató a siete personas». El País América (em espanhol). Consultado em 3 de dezembro de 2023
- ↑ Climatempo (11 de março de 2023). «Temporal com ventos de 104 km/h em São Paulo | Climatempo». www.climatempo.com.br. Consultado em 12 de dezembro de 2023
- ↑ «Temporal com rajadas de vento de mais de 100 km/h é recorde em SP; veja medição por bairro». Estadão. Consultado em 12 de dezembro de 2023
- ↑ «Temporal com rajadas de vento de mais de 100 km/h é recorde em SP; veja medição por bairro». UOL. 4 de novembro de 2023. Consultado em 12 de dezembro de 2023
- ↑ «Temporal derrubou 346 árvores só nos parques de SP; veja em mapa quais foram os mais afetados». Estadão. Consultado em 13 de dezembro de 2023
- ↑ a b Dias, Manoela Carlucci, Ana Beatriz. «Apagão em São Paulo: moradores relatam prejuízo e desespero após dias no escuro». CNN Brasil. Consultado em 3 de dezembro de 2023
- ↑ «Chuva deixa três mortos em desabamentos em SP, mais de mil chamados para quedas de árvores e aeroporto de Congonhas sem luz». G1. 3 de novembro de 2023. Consultado em 13 de dezembro de 2023
- ↑ «Tempestade no Autódromo de Interlagos fere seis torcedores, nenhum com gravidade». UOL. 3 de novembro de 2023. Consultado em 13 de dezembro de 2023
- ↑ a b «Avaré foi atingida por ciclone com ventos de 133 km/h - Agência 14News». 14news.com.br. 3 de novembro de 2023. Consultado em 30 de junho de 2024
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- ↑ Notícias, Avaré (3 de novembro de 2023). «Forte chuva e vendaval causam estragos em Avaré». Avaré Notícias. Consultado em 30 de junho de 2024
- ↑ «Posto tomba, teto de shopping desaba e telhados voam com rajadas de vento de 151 km/h no litoral de SP; VÍDEOS». G1. 3 de novembro de 2023. Consultado em 13 de dezembro de 2023
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- ↑ a b «Chuva derruba árvores, destelha terminal de ônibus em Piracicaba e causa estragos em outras cidades». G1. 3 de novembro de 2023. Consultado em 30 de junho de 2024
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- ↑ «Ventos de mais de 100 km/h derrubam árvores, postes e causam destruição». PORQUE. 3 de novembro de 2023. Consultado em 30 de junho de 2024
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- ↑ Digital, Olhar; Spadoni, Pedro Borges (10 de novembro de 2023). «Apagão em SP: setores de comércio e serviços amargam prejuízo bilionário». Olhar Digital. Consultado em 3 de dezembro de 2023
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- ↑ a b «O que se sabe sobre o apagão de São Paulo – DW – 07/11/2023». dw.com. Consultado em 3 de dezembro de 2023
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- ↑ «MTST protesta em frente à Enel contra falta de energia e privatização | Metrópoles». www.metropoles.com. 7 de novembro de 2023. Consultado em 3 de dezembro de 2023
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- ↑ Osorio, Pedro. «Enel é multada em R$12,7 milhões por apagão na Grande SP». CNN Brasil. Consultado em 3 de dezembro de 2023