Joana Josefa de Meneses
Joana Josefa de Meneses, Condessa da Ericeira (Lisboa, 13 de setembro de 1651 — Convento de Santa Clara, Lisboa, 26 de agosto de 1709) foi uma aristocrata e escritora portuguesa, usava o pseudónimo de Apolinário de Almada e Aonia[1].
Família e educação
[editar | editar código-fonte]D. Joana de Meneses era a única filha de D. Fernando de Meneses, 2.º Conde da Ericeira, e de sua esposa D. Leonor Filipa de Noronha, uma das damas da rainha D. Luísa de Gusmão.
A fim de preservar o título nobiliárquico na família Meneses, ela desposou seu tio paterno, D. Luís de Meneses, que se tornou o 3.° Conde da Ericeira com a morte do irmão em 1699. Eles tiveram dois filhos:
- D. Francisco Xavier de Meneses (1673-1743), mais tarde 4.° Conde da Ericeira;
- D. Maria Madalena de Meneses (1676-1735), freira no Convento da Encarnação de Lisboa[1].
D. Joana de Meneses aprendeu latim com o padre jesuíta António de Melo e, com seus pais, o italiano, o francês e o espanhol. Foi-lhe ensinada também a arte retórica e poética.
A Condessa da Ericeira ficou viúva em maio de 1690, quando seu marido cometeu suicídio ao atirar-se da janela do palácio do casal.
Camarista de D. Catarina de Bragança
[editar | editar código-fonte]Em virtude de sua educação, ela foi nomeada camarista, em 1695, de D. Catarina de Bragança, então já viúva de Carlos II da Inglaterra. Por cerca de dez anos, até o final da vida de sua senhora, a Condessa da Ericeira desempenhou tal cargo e, durante a regência do Reino por D. Catarina, devido à ausência de D. Pedro II, ela se tornou sua confidente na direção dos negócios do Estado[2].
Pirilampo
[editar | editar código-fonte]A fim de evitar a propagação pelo povo português e brasileiro de palavras como "caga-lume" e "caga-fogo", o padre e lexicógrafo Rafael Bluteau impôs em seu Vocabulario Portuguez e Latino o uso da palavra "vaga-lume" para se referir ao inseto luminescente. Os primeiros nomes citados se justificam pelo fato do inseto acender sua luz na parte posterior do abdómen. Um dos diversos nomes para o mesmo inseto, "pirilampo", foi criado pela Condessa da Ericeira. Ela construiu tal palavra ao pensar em um anagrama construído a partir do grego (pyros=calor e lampis=luz), também com o mesmo objetivo de Bluteau: evitar "nomes imundos" na língua portuguesa[3].
Escritos
[editar | editar código-fonte]Todas as obras da Condessa da Ericeira foram perdidas em um incêndio ocorrido no Palácio da Anunciada, em 1 de novembro de 1775. Muitas estão mencionadas no volume II da Biblioteca Lusitana, de Diogo Barbosa Machado, entre as quais:
- Panegírico ao governo da sereníssima senhora Duquesa de Saboia Maria Joana Baptista (1680);
- Reflexões sobre a misericórdia de Deus em fórma de solilóquios (1694);
- Despertador de Alma ao sonho da vida, em voz de um advertido desengano (1695);