Saltar para o conteúdo

Artavasdes I Mamicônio

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
(Redirecionado de Artavasdes Mandacúnio)
 Nota: Para outras pessoas de mesmo nome, veja Artavasdes I.
Artavasdes I Mamicônio
Nascimento ca. 265
Morte Após 314
Etnia Armênio
Filho(a)(s) Vache I[1]
Amazaspo[1]
Religião Paganismo armênio

Artavasdes I Mamicônio (em latim: Artavasdes; em armênio: Արտաւազդ; romaniz.: Artawazd) foi um asparapetes (comandante-em-chefe do Reino da Armênia) e o membro conhecido mais antigo da família Mamicônio. É mencionado com certeza nas Histórias Épicas de Fausto, o Bizantino, mas a literatura aponta que deve ser o homônimo mencionado nas obras de Agatângelo e Moisés de Corene. Esteve ativo durante o reinado do rei Tiridates III (r. 298–330).

Nome[editar | editar código-fonte]

Artavasdes, Artoasdes ou Artabazo (Artabazus) são as formas latinas do armênio Astavasde (em armênio/arménio: Արտաւազդ, Artawazd),[2] que derivou do avéstico Axavasda (Ašavazdah-), "aquele que promove a justiça", através do iraniano antigo *Artavasda (*Artavazdah).[3][4] Foi registrado em persa médio como *Ardevaste (*Ard-vast), em grego como Artabasdo (Αρτάβασδος, Artábasdos), Artauasdes (Αρταουάσδης, Artaouásdēs), Artabazes (Αρτάβαζης, Artábazēs) e Artabazo (Αρτάβαζος, Artábazos) e em árabe como Artabatus (em árabe: ارتاباتوس).[2]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Tetradracma de Tigranes, o Grande (r. 95–55 a.C.)

Artavasdes é o membro mais antigo conhecido da família Mamicônio. É um provável descendente de Manceu, um general de Tigranes, o Grande (r. 95–55 a.C.), que defendeu Tigranocerta contra os romanos em 69 a.C..[5] O nome de seus pais é desconhecido, bem como quando nasceu, mas Christian Settipani propôs que pode ter nascido por volta de 265.[1] Considerando a presença do nome Amazaspo entre seus descendentes, Settipani pensa que pode ter se casado com uma filha de Amazaspo III, rei da Ibéria, com quem teria gerado ao menos um filho, Vache I. Settipani ainda sugeriu que teve outro filho, Amazaspo, que era pai de Vasaces I, Vardanes I, Vaanes, Amazaspiano I, Amazaspui e Bagos,[1] enquanto Cyril Toumanoff acha que eram filhos de Artavasdes II, filho de Vache.[5]

A fonte que o menciona com clareza são as Histórias Épicas de Fausto, o Bizantino, segundo as quais era naapetes (chefe de sua família) e asparapetes (comandante-em-chefe) do Reino da Armênia antes de ser sucedido por seu filho Vache.[1] Moisés de Corene não faz quaisquer menções aos Mamicônios nesse contexto e substituiu Artavasdes por certo homônimo da família Mandacúnio, cuja existência é contestada como uma fabricação do autor para substituir o histórico Artavasdes. Em seu relato, afirmou que Artavasdes serviu como tutor e pai adotivo dos reis arsácidas (dayeak), o que confirma a posição privilegiada dos Mamicônios à época,[6] e que foi responsável por levar o futuro Tiridates IV (r. 298–330) ao Império Romano após o assassinato de seu pai, Cosroes II (r. 279/80–287).[7][a] De acordo com Moisés, quando Tiridates ascendeu ao trono, nomeou Artavasdes como asparapetes em recompensa.[8] Agatângelo afirmou que recebeu a missão de buscar em Cesareia Mázaca os filhos de Gregório, o Iluminador, os futuros Aristácio I e Vertanes I, e levá-los à Armênia.[9] Deve ter morrido após 314, no contexto das guerras de Tiridates III no norte do país.[4][10]

Notas[editar | editar código-fonte]

[a] ^ Segundo Moisés de Corene, as ações de Artavasdes teriam irritado o xainxá Artaxes I (r. 224–242), que ordenou que sua família fosse exterminada, sobrevivendo apenas sua filha que foi levada para Cesareia Mázaca por Tazates de Asócia, com quem se casou.[7] Esse relato fantasioso está em desacordo com a cronologia das personagens citadas, haja vista Artaxes não ser contemporâneo de Cosroes II, bem como atribuiu aos sassânidas a extinção dos Mamicônios, que continuariam existindo até a Idade Média. Cyril Toumanoff justificou que a narrativa buscou dar o motivo à extinção dos Mandacúnios, cuja última menção conhecida ocorreu no início do final do século V, antes de Moisés de Corene redigir sua obra.[11]

Referências

  1. a b c d e Settipani 2006, p. 131-132.
  2. a b Justi 1895, p. 37-38.
  3. Ačaṙyan 1942–1962, p. 310-311.
  4. a b Fausto, o Bizantino 1989, p. 358.
  5. a b Toumanoff 1990, p. 329.
  6. Fausto, o Bizantino 1989, p. 358.
  7. a b Moisés de Corene 1978, p. 224-226.
  8. Moisés de Corene 1978, p. 228, 232.
  9. Moisés de Corene 1978, p. 220, nota 541.
  10. Moisés de Corene 1978, p. 234.
  11. Toumanoff 1963, p. 212, nota 239.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Ačaṙyan, Hračʻya (1942–1962). «Արտավազդ». Hayocʻ anjnanunneri baṙaran [Dictionary of Personal Names of Armenians]. Erevã: Imprensa da Universidade de Erevã 
  • Fausto, o Bizantino (1989). Garsoïan, Nina, ed. The Epic Histories Attributed to Pʻawstos Buzand: (Buzandaran Patmutʻiwnkʻ). Cambrígia, Massachusetts: Departamento de Línguas e Civilizações Próximo Orientais, Universidade de Harvard 
  • Justi, Ferdinand (1895). Iranisches Namenbuch. Marburgo: N. G. Elwertsche Verlagsbuchhandlung 
  • Moisés de Corene (1978). Thomson, Robert W., ed. History of the Armenians. Cambrígia, Massachusetts; Londres: Harvard University Press 
  • Settipani, Christian (2006). Continuité des élites à Byzance durant les siècles obscurs les princes caucasiens et lempire du VIe au IXe siècle. Paris: de Boccard. ISBN 978-2-7018-0226-8 
  • Toumanoff, Cyril (1963). Studies in Christian Caucasian History. Washington: Georgetown University Press 
  • Toumanoff, Cyril (1990). Les dynasties de la Caucasie chrétienne de l'Antiquité jusqu'au xixe siècle : Tables généalogiques et chronologiques. Roma: Edizioni Aquila