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Artemisia vulgaris

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Artemisia vulgaris
Artemisia vulgaris
Classificação científica
Reino: Plantae
Clado: angiospérmicas
Clado: eudicotiledóneas
Ordem: Asterales
Família: Asteraceae
Género: Artemisia
Espécie: A. vulgaris
Nome binomial
Artemisia vulgaris
L.

Artemisia vulgaris, comummente conhecida como artemísia[1] (sendo certo que esta designação é comum a todas as espécies do género Artemisia), é uma das várias espécies do género Artemisia, pertencendo ao tipo fisionómico dos hemicriptófitos.[2]

O nome comum «artemísia», conhece as seguintes variantes: artemísia-comum,[2] artemísia-mola,[2] artemísia-verdadeira[2] e urtemige.[2]

Além de «artemísia» e das suas variantes, esta espécie é conhecida, ainda, pelos seguintes nomes comuns: erva-de-são-joão[2][3] (não confundir com as espécies Hypericum perforatum e Glechoma hederacea, que também são conhecidas por este nome comum);flor-de-são-joão[2]; erva-das-ervas[2]; rainha-das-ervas[2]; erva-de-fogo;[2] e estacia.[2]

Do que toca ao nome científico:

Distribuição

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É nativa das regiões de clima temperado da Europa, Ásia e Norte da África.[2]

Trata-se de uma espécie presente no território português, nomeadamente em Portugal Continental, enquanto espécie autoctone.[6]

Marca presença nas zonas do Noroeste ocidental, do Noroeste montanhoso, das terras fria e quente transmontanas, do Centro-oeste calcário, do Centro-oeste arenoso, do Centro-leste de campina e do Centro-sul miocénico.[2]

Trata-se de uma espécie ruderal,[2] que prosa nas orlas de caminhos pedonais e de vias férreas, ao longo de regatos, em courelas agricultadas, terrenos incultos e até em casas devolutas.[7] Pode encontrar-se até 1.600 metros acima do nível do mar.[7]

É uma planta vivaz, herbácea, semelhante à losna.[7]

Conta com um caule avermelhado, herbáceo e ramoso, cuja altura varia entre meio metro e dois metros.[7] O caule é espesso e não conta com estolhos.[7]

As folhas têm um formato recortado em lóbulos agudos, apresentando uma coloração verde-escura e chegando a medir entre cinco a 20 centímetros.[7] As folhas pautam-se, ainda, por terem a face ou página superior completamente glabra, ao passo que, na face ou página inferior, denota-se uma pubescência esbranquiçada, esta é uma característica que ajuda a distinguir a artemísia-comum da losna.[7]

Floresce entre Julho e Outubro, apresentando flores pequenas (5 mm de comprimento) de cor amarela ou vermelho-escura e formato tulboroso.[7] As flores caracterizam-se pelos capítulos erectos, com invólucro, encontrando-se reunidas em grandes panículas de espigas frouxas.[7]

O aquénio desta planta é glabro.[7]

Supõe-se que a artemísia, muito mencionada e valorizada pelos físicos da Antiguidade e que dá nome ao étimo latino Artemisia, não será a Artemisia vulgaris L, mas a Artemisia absinthium.[7]

Contudo, na Idade Média, é efectivamente à artemísia-comum que se referiram o poeta francês Rutebeuf e, mais tarde, o cirurgião francês Ambroise Paré, que muito laudaram as suas virtudes medicinais.[7]

Durante muito tempo, a artemísia-comum foi utilizada na confecção de preparados medicamentosos para tratar a epilepsia e a dança de São Vito.[7] Esta planta tem ainda reconhecidas propriedades sobre o organismo feminino, enquanto regulador da menstruação,[7] terá sido por mercê a estas propriedades, que terá ficado associada na antiguidade clássica à deusa Artemisa.[7]

Historicamente, foi usada nos meios rurais, suspensa em ramos, nas padieiras das entradas de estábulos e cavalariças- porquanto a artemísia atrai as moscas - por molde a afastá-las dos animais, no guardados interior.[7]

Farmacologia e toxicologia

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No que toca aos componentes da artemísia comum, a mesma conta com um óleo essencial, resina, tanino, mucilagem e inulina.[7]

As folhas da artemísia contêm vitaminas Al, B1, B2 e C O.[7]

O óleo essencial da artemísia é rico em diversas substâncias: cineol e tujona, flavonoides, taninos, saponinas, resinas, artemisinina e princípios amargos.

As propriedades medicinais conhecidas da artemísia são o efeito analgésico, antiespasmódico, emenagogo, febrífugo, anticonvulsivo, tónico, calmante, digestivo, vermífugo e regulador da menstruação.[7] A artemisinina está a ser testada contra a malária.

Não deve ser consumida crua, pois é tóxica nesse estado, especialmente em doses elevadas.[7] O seu consumo é fortemente desaconselhado às mulheres grávidas.[7] O pólen desta planta é alergénico.[7]

Tradicionalmente, é um dos agentes que dão sabor amargo às cervejas gruit.[8] No Vietname, é usada como erva aromática na culinária. Na China, os talos crocantes dos exemplares jovens, conhecidos como luhao (Chinês: 芦蒿; pinyin: lúhāo), são um alimento sazonal usado frequentemente em refogados.[9]

No ensejo da medicina tradicional, as partes mais utilizadas da artemísia são as folhas, quando mondadas; as sumidades floridas, quando colhidas já de Julho a Outubro; e a raiz, colhida em Outubro.[7] Geralmente estas partes costumam ser polverizadas e conservadas em espaço resguardado da luz, sendo que a raiz, além desses preparos, também deve ser seca a altas temperaturas.[7]

No Nepal, a planta também é conhecida como titepati (tite significa "amargo", pati significa "folha"), e é usada como oferta aos deuses, para purificar o ambiente (varrendo o chão ou pendurando um feixe fora de casa), como incenso e como planta medicinal.[10]

A planta é queimada ou fumada por povos ameríndios, como os chumaches do sul da Califórnia por exemplo, em cerimônias de purificação.[11]

A planta tem relação com práticas mágicas dos tempos da Inglaterra anglo-saxã.[12]

Medicina oriental

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No ensejo da medicina oriental, utiliza-se tanto a artemísia-comum, como a artemísia-chinesa, na moxibustão, que é uma técnica semelhante à acupuntura e que consiste em atear pequenos montes de folhas, embrulhados em cones ou bastonetes de algodão, posicionados em pontos específicos do corpo.[7]

  • Barney, Jacob N.; Hay, Anthony G.; Weston; and Leslie A. Isolation and characterization of allelopathic volatiles from mugwort (Artemisia vulgaris) JOURNAL OF CHEMICAL ECOLOGY Volume 31, Number 2, 247-265, DOI: 10.1007/s10886-005-1339-8 Abstract Aug. 2011
  • Pires, Júlia Movilla; Mendes, Fúlvio R.; Negri, Giuseppina; Duarte-Almeida, Joaquim M.; Carlini Elisaldo A. Antinociceptive peripheral effect of Achillea millefolium L. and Artemisia vulgaris L.: both plants known popularly by brand names of analgesic drugs. Phytotherapy Research Volume 23, Issue 2, pages 212–219, February 2009 Abstract Aug. 2011

Referências

  1. Infopédia. «artemísia | Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». infopedia.pt - Porto Editora. Consultado em 30 de novembro de 2022 
  2. a b c d e f g h i j k l m n «Jardim Botânico UTAD | Espécie Artemisia vulgaris». Jardim Botânico UTAD. Consultado em 30 de novembro de 2022 
  3. Infopédia. «erva-de-são-joão | Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». infopedia.pt - Porto Editora. Consultado em 30 de novembro de 2022 
  4. «Artĕmīsĭa - ONLINE LATIN DICTIONARY - Latin - English». www.online-latin-dictionary.com. Consultado em 30 de novembro de 2022 
  5. «vulgāris - ONLINE LATIN DICTIONARY - Latin - English». www.online-latin-dictionary.com. Consultado em 30 de novembro de 2022 
  6. «Artemisia vulgaris |Flora-On | Flora de Portugal». flora-on.pt. Consultado em 30 de novembro de 2022 
  7. a b c d e f g h i j k l m n o p q r s t u v w x y Borralho da Graça, J. A. (1993). Segredos e virtudes das plantas medicinais. Lisboa: Reader's Digest. p. 81. 732 páginas. ISBN 9726090164 
  8. Muxel, Alfredo Alberto (2022). Química da Cerveja: Uma Abordagem Química e Bioquímica das Matérias-Primas, Processo de Produção e da Composição dos Compostos de Sabores da Cerveja. Curitiba: Editora Appris. 349 páginas. ISBN 9786525021041. Apesar das conhecidas propriedades benéficas do lúpulo na produção de cerveja, os diferentes aromas e sabores da cerveja, durante a Idade Média, entre os séculos X e XV, eram conferidos pela utilização do "gruit", uma mistura de ervas usada para dar amargor e aroma às cervejas. A tríade de ervas mais comuns na composição do gruit era a mírica (Myrica gale), artemísia (Artemisia vulgaris) e aquileia (Achillea millefolium). 
  9. Information office of Shangai municipality (12 de março de 2021). «Vegetables add joy to spring: let's walk in the vegetable garden». Consultado em 20 de outubro de 2021 
  10. Rysdyk, Evelyn C. (19 de fevereiro de 2019). The Nepalese Shamanic Path: Practices for Negotiating the Spirit World. [S.l.]: Simon and Schuster. ISBN 978-1-62055-795-2 
  11. Timbrook, Janice (2007). Chumash Ethnobotany: Plant Knowledge among the Chumash People of Southern California. [S.l.: s.n.] ISBN 978-1-59714-048-5 
  12. Knight, Katherine (1 de janeiro de 2002). "A Precious Medicine: Tradition and Magic in Some Seventeenth-Century Household Remedies". Folklore. 113 (2). [S.l.: s.n.] pp. 237–247. doi:10.1080/0015587022000015347. ISSN 0015-587X. S2CID 162291104 

Ligações externas

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