Ascális
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Bandeira utilizada por alguns ashkalis[1] | ||||||
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Grupos étnicos relacionados | ||||||
Ciganos, egípcios dos Balcãs, albaneses |
Os ascális[5] (também grafado como estrangeirismos ashkalis, aškalije, haškalije, hashkali) são uma minoria étnica de língua albanesa e religião islâmica que habita tradicionalmente no Kosovo. Embora de possível origem cigana, segundo a sua própria tradição seriam procedentes da Pérsia.
Durante a Guerra do Kosovo muitos ascális e egipcianos fugiram para campos de refugiados na Albânia e na República da Macedónia,[6] tendo parte regressado ao Kosovo nos anos seguintes, onde são objeto de marginalização e discriminação nas áreas da educação, da proteção social, dos cuidados de saúde e da habitação.
Eles são uma minoria reconhecida, de língua albanesa, que vive sobretudo no Kosovo. São por vezes considrados como ciganos albanisados, mas não se consideram como tal. Antes da Guerra do Kosovo de 1999, os ascális registravam-se como albaneses. Atualmente os ascális e os "egípcios dos Balcãs" constituem dois grupos diferentes, embora partilhem a cultura, tradicões e língua (albanês).[7]
Durante a Guerra do Kosovo, muitos foram refugiados na Albânia, Sérvia e na República da Macedónia, e em países da Europa ocidental como a Alemanha ou a França. A identidade "ascáli" começou a ser afirmada a partir de 1999, enfatizando as suas simpatias pró-albanesas e distinguindo-se dos Roma (ciganos).
História
[editar | editar código-fonte]Os ascális são classificados como uma "nova identidade étnica nos Balcãs", formada nos anos 90.[8]
O nome "ascáli" vem da raiz turca As (Has). Era inicialmente aplicado aos Roma sedentários que se estabeleceram nas zonas albanesas durante o Império Otomano. Os ascális falavam albanês como a sua primeira língua e frequentemente trabalhavam como ferreiros, ou então como trabalhadores rurais nas grandes propriedades otomanas, e habitavam sobretudo o Kosovo central e oriental. Os ascális afirmam serem originários da Pérsia, no século IV a.C. (Ashkal, Gilan, no Irão); no entanto, há outras teorias, segundo as quais os ascális terão vindo de uma aldeia turca chamada Aşkale (no distrito de Erzurum), ou há muito tempo da Palestina, da cidade de Ascalão (atualmente em Israel). Outros acreditam que são viajantes do norte da Índia (Romani) que adotaram a língua albanesa.
Tal como a maioria dos ciganos do Kosovo, muitos refugiados ascális foram para a Sérvia e para o Montenegro. O primeiro partido ascáli (Partido Democrático dos Ascális Albaneses do Kosovo) foi fundado em 2000 por Sabit Rrahmani, defendendo a independência do Kosovo.[7]
No Kosovo, os ascális estiveram alinhados com os albaneses antes, durante e após as guerra.[7] No entanto, há notícias de expulsões de ascális da região, tal como ocorreu com os ciganos.[9]
População
[editar | editar código-fonte]A maioria dos ascális vivem no Kosovo e na República da Macedónia, mas também vivem alguns na Albânia, na Sérvia e no Montenegro.
Os ascális são predominantes nas regiões central e oriental do Kosovo: Ferizaj, Kosovo Polje and Lipljan. As comunidade ascáli e egípcia tinham 98% de desemprego em 2009.[10]
De acordo com o recenseamento kosovar de 2011, os ascális são a demografia mais numerosa na localidade de Bresje, Kosovo Polje (2.785 habitantes no total de 5.526).[11]
Política
[editar | editar código-fonte]No Kosovo, os ascális são representados por partidos como o Partido Democrático Ascáli do Kosovo (atual nome do Partido Democrático dos Ascális Albaneses do Kosovo)[12] e o Partido Ascáli para a Integração.
A Constituição do Kosovo reserva um lugar no parlamento para os ascális, e mais um lugar para o partido que tenha tido mais votos no conjunto das comunidades egípcia, roma e ascáli.[13] Nas eleições de 2017, o Partido Democrático Ascáli do Kosovo e o Partido Ascáli para a Integração elegeram um deputado cada, com 2.424 e 2.107 votos, respetivamente.[14]
Relação entre os romas, ascális e egípcios
[editar | editar código-fonte]Há uma série de disputas identitárias entre os roma, os egípcios e os ascális, sendo as várias comunidades frequentemente vistas pelo resto da população como sendo todos "ciganos". Os roma consideram os egípcios e os ascális como sendo minorias artificiais, promovidas com o intuito de dividir[15] a comunidade roma; também os egípcios tendem a considerar os ascális como sendo egípcios que, sob influência albanesa, teriam passado a afirmar-se como uma etnia distinta. As organizações internacionais operando nos Balcãs frequentemente procuram evitar a controvérsia recorrendo a expressões como "romas, ascális e egípcios".[16]
Cultura
[editar | editar código-fonte]Não há canais de televisão ou de rádio dedicados a audiências das minorias ascáli ou egípcia.[10]
Referências
- Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em inglês cujo título é «Ashkali and Balkan Egyptians», especificamente desta versão.
- ↑ Zeman 2010, p. 2
- ↑ «Population by sex, age and ethnic/cultural background 2011». Kosovo Agency of Statistics (em inglês). Consultado em 12 de julho de 2017
- ↑ «Access to Civil Documentation and Registration in South Eastern Europe: Progress and Remaining Challenges since the 2011 Zagreb Declaration» (PDF) (em inglês). UN Refugee Agency. 25 de outubro de 2013. Consultado em 12 de julho de 2017.
The 2011 census indicated that 147,604 Roma, 997 Ashkali and 1,834 Egyptians reside in Serbia.
- ↑ «„Other" Ethnic communities with less than 2000 members and dually declared» (PDF). 2011 Census of Population, Households and Dwellings in the Republic of Serbia (em inglês). Gabinete de Estatística da República da Sérvia. Consultado em 12 de julho de 2017
- ↑ Siegertszt, Sidney Robin (maio de 2015). «Kosovo e Sérvia: um Acordo para Normalizar Relações» (PDF). Revista de Ciências Militares. III: 39-64. Consultado em 1 de fevereiro de 2018
- ↑ Hannah Slavik Roma diplomacy página 222
- ↑ a b c Nicolae, Valeriu; Slavik, Hannah (2007). Roma Diplomacy (em inglês). [S.l.]: IDEA. ISBN 978-1-932716-33-7
- ↑ Marushiakova, Elena; Popov, Vesselin (2001). «New Ethnic Identities in the Balkans: The Case of the Egyptians» (PDF). Universidade de Nis (Sérvia). Facta Universitatis, Series: Philosophy, Sociology, Psychology and History (em inglês). 2 (8): 465-477. ISSN 1820-8509. Consultado em 11 de julho de 2017
- ↑ Memorandum of the Society for Threatened People on the Issue of Lead Poisoning of Roma in IDP Camps in Kosovo, GFBV.
- ↑ a b «Notes made from the Ashkali and Egyptian communities for the shadow report on the Implementation of the Framework Convention for the Protection of National Minorities in Kosovo» (PDF). Minelres.lv (em inglês). Consultado em 28 de dezembro de 2017
- ↑ «The population of the municipality of Fushë Kosova according to settlement, gender and ethnicity 2011». Kosovo Agency of Statistics (em inglês). Consultado em 28 de dezembro de 2017
- ↑ Elsie, Robert (2011). «Democratic Ashkali Party of Kosovo (Partia Demokratike e Ashkanlive të Kosovës) (1999-)». Historical Dictionary of Kosovo. Historical Dictionaries of Europe (em inglês) 2ª ed. The Scarecrow Press. p. 74. 452 páginas. ISBN 9780810874831. Consultado em 29 de dezembro de 2017
- ↑ Artigo 64, Cláusula 2 da Constituição do Kosovo Secção IV - Assembly of the Republic of Kosovo, Constituição do Kosovo ; em Inglês
- ↑ «Rezultatet Përfundimtare Nga Qnr Konačni Rezultati Iz Cpr-A Ndarja E Ulëseve Sipas Subjekteve Raspodela Mesta Za Subjekte» (PDF). Komisioni Qendror i Zgjedhjeve (em albanês). 2017. Consultado em 14 de julho de 2017
- ↑ Duijzings 1999, p. 149
- ↑ Marushiakova et al. 2001, pp. 3-4
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Duijzings, Ger (28 de maio de 1999). Religion and the politics of identity in Kosovo (Tese de doutoramento) (em inglês). Universiteit van Amsterdam. 221 páginas. Consultado em 28 de dezembro de 2017
- Marushiakova, Elena; Heuss, Herbert; Boev, Ivan; Rychlik, Jan; Ragaru, Nadege; Zemon, Rubin; Popov, Vesselin; Friedman, Victor (2001). Identity Formation among Minorities in the Balkans (PDF). The cases of Roms, Egyptians and Ashkali in Kosovo (em inglês). Sofia: Minority Studies Society Studii Romani. ISBN 954-9878-11-2
- Zemon, Rubin (2010). «History of Ashkali Identity» (PDF) (em inglês). 4 páginas. Consultado em 28 de dezembro de 2017