Cartofílax
Um cartofílax (em grego: χαρτοφύλαξ; romaniz.: chartophylax, de χάρτα, "documento" + φύλαξ, "guarda, guardador"), às vezes também referido como cartulário, foi um oficial eclesiástico encarregado de documentos oficiais e registros na Igreja Ortodoxa Grega dos tempos bizantinos. O posto existiu em Constantinopla bem como nas dioceses provinciais a partir do século VI, e titulares do posto foram responsáveis pelos arquivos e chancelaria. Alguns mosteiros também incluíam um cartofílax ou, para os conventos de mulheres, uma cartofilacissa, a cargo de seus registros. O cartofílax tinha precedência sobre todos os bispos, embora fosse apenas um diácono.[1]
No século IX, por virtude da importância de seu ofício, o cartofílax do patriarca constantinopolitano ascendeu e tornou-se um dos oficiais mais importante do clero, apesar de ser nominalmente de baixo nível.[2] Na ocasião, removeu as funções dos padres tendo doze notários sob seu comando.[3] O cartofílax de Constantinopla foi análogo ao cartulário da Sé de Roma, mas muito mais poderoso.[4] Dentre os cartofílaces conhecidos estão: Jorge de Pisídia, João XI Beco e João Pediasimo.[5][6]
Jorge Codino chama o grande cartofílax de juiz de todas as causas, e o braço direito do patriarca. Ele acrescenta que este oficial foi o depositário ou o criador de todas as cartas relativas aos direitos eclesiásticos armazenados no arquivo, chamado cartofilácio (em latim: cartophylacium; em grego: χαρτοφυλακίων), bem como o chefe do secreto encarregado de mantê-lo. Além disso, o cartofílax presidiu sobre causas matrimoniais,[7] e foi o principal intermediário entre o clero e o patriarca, controlando sua correspondência e o acesso a ele. Examinou candidatos ao sacerdócio e preparou certificados para eles, escreveu erotapokriseis em assuntos canônicos e elaborou todas as sentenças e decisões do patriarca, que assinou e selou-as; presidiu sínodos na ausência do patriarca e tomou conhecimento de todas as causas e assuntos civis e eclesiásticos, seja entre o clero, os monges, ou o povo.[2]
Referências
- ↑ Anônimo 1749, p. 272.
- ↑ a b Kazhdan 1991, p. 415-416.
- ↑ Jorge Codino 1839, p. 128.
- ↑ Niermeyer 1997, p. 175.
- ↑ Ostrogorsky 2008, p. 121; 142.
- ↑ Jurewicz 1984, p. 318.
- ↑ «NPNF2-14. The Seven Ecumenical Councils»
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Jorge Codino (1839). Codini Curopalatae de officialibus Palatii Cpolitani et de officiis magnae Ecclesiae liber. 37. Bona: Impensis Ed. Weberi
- Kazhdan, Alexander Petrovich (1991). The Oxford Dictionary of Byzantium. Nova Iorque e Oxford: Oxford University Press. ISBN 0-19-504652-8
- Niermeyer, Jan Frederik; C. van de Kieft; G. S. M. M. Lake-Schoonebeek (1997). Mediae latinitatis lexicon minus : lexique latin medieval-francais/anglais. Leida: Brill. ISBN 9004071083
- Anônimo (1749). Notizie letterarie oltramontane [afterw.] Giornale de'letterati. Agosto/dec. 1742-1754. Roma: Appresso Lifratelli Pagliarini
- Ostrogorsky, George (2008). História de Bizâncio. Varsóvia: Publicações Científicas Polonesas. ISBN 978-83-01-15268-0
- Jurewicz, A. (1984). História da literatura bizantina. Wroclaw: Ossolineum. ISBN 83-04-01422-X