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Cáspios

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Mapa étnico do Cáucaso nos séculos V e IV a.C.

Cáspios (em grego: Κάσπιοι; romaniz.: Káspioi; کاسپی‌ها; em árabe: ܟܣܦܝ; romaniz.: kspy; em armênio/arménio: Կասպք; romaniz.: Kaspk’[1]), caspos (em latim: caspi) ou caspianos (caspiani) eram um povo da Antiguidade que vivia ao longo da costa sudoeste do mar Cáspio, na região conhecida como Caspiana (Plínio, o Velho, História Natural, Vi.13). Seu nome mencionado duas vezes por Heródoto (III.92-92) entre as satrapias aquemênidas de Dario I (r. 522–486) e aplicado por Estrabão (II.2.15). O nome não é atestado no antigo iraniano.[2]

Os Cáspios têm sido geralmente considerados um povo pré-indo-europeu. Foram identificados por Ernst Herzfeld com os cassitas, que falavam uma língua não identificada com nenhum outro grupo linguístico conhecido e cujas origens têm sido objeto de debate há muito tempo. No entanto, evidências onomásticas relacionadas a este ponto foram descobertas em papiros aramaicos do Egito publicados por Pierre Grelot, nos quais vários dos nomes cáspios mencionados - e identificados sob o gentílico כספי kaspai - são, em parte, etimologicamente iraniano. Os cáspios dos papiros egípcios são, portanto, geralmente considerados como um povo iraniano ou fortemente sob influência cultural iraniana.[2]

No século V, durante o domínio persa no Egito, um regimento (aramaico deguel) de cáspios estava estacionado em Elefantina, conforme atestado nos papiros de Elefantina. São chamados de kspy em aramaico e compartilhavam seu regimento com os corásmios, báctrios e outros povos iranianos. Eles não eram a única guarnição em Elefantina, onde havia também um regimento de judeus.[3]

Os cáspios são chamados de caspianos no De situ orbis de Pompônio Mela, caspos na História Natural de Plínio, o Velho e caspíadas (caspiadae) na Argonáutica de Valério Flaco. Na última obra, os cáspios são aliados do rei Perses da Cólquida e aparecem entre os povos citas.[4] Dizem que têm cães de luta que levam para seus túmulos. Isso pode, de fato, refletir uma variante do costume zoroastrista do enterro celestial, no qual o falecido é deixado para os cães devorarem.[5] Os caspíadas reaparecem na medieval Historia de via Hierosolymitana entre o povo organizado contra as forças da Primeira Cruzada (1096–1099). O poeta anônimo, baseando-se em Flaco, provavelmente procurou conectar os turcos seljúcidas, o verdadeiro inimigo dos cruzados, com os antigos citas.[6]

Referências

  1. Hewsen 1992, p. 254.
  2. a b Schmitt 1990, p. 62.
  3. Toorn 2016.
  4. Vaux 1870, p. 559.
  5. Wijsman 2000, p. 59.
  6. Morton 2016, p. 203.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Hewsen, Robert H. (1992). The Geography of Ananias of Širak. The Long and Short Recensions. Introduction, Translation and Commentary. Wiesbaden: Dr. Ludwig Reichert Verlag 
  • Morton, Nicholas (2016). Encountering Islam on the First Crusade. Cambridge: Cambridge University Press 
  • Schmitt, Rüdiger (1990). «Caspians». Enciclopédia Irânica Vol. V, Fasc. 1. Nova Iorque: Imprensa da Universidade de Nova Iorque 
  • Toorn, Karel van der (2016). «Ethnicity at Elephantine: Jews, Arameans, Caspians». Tel Aviv: Journal of the Institute of Archaeology of Tel Aviv University. 43 (2): 147–164. doi:10.1080/03344355.2016.1215532 
  • Vaux, W. S. W. (1870). «Caspii». In: Smith, William. Dictionary of Greek and Roman Biography and Mythology Vol. 2. Boston: Little, brown and Company 
  • Wijsman, Henri J. W. (2000). Valerius Flaccus, Argonautica, Book VI: A Commentary. Leida: Brill