Sernambi
[1][2] Sernambi | |||||||
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A concha do sernambi Anomalocardia flexuosa (Linnaeus, 1767); segundo o Dicionário Aurélio, uma "designação comum a algumas espécies de moluscos bivalves, especialmente Anomalocardia brasiliana", seu antigo nome;[3][4] também chamada berbigão, papa-fumo e vôngole, entre outras denominações populares.[5] | |||||||
Espécies denominadas sernambi no Brasil, segundo o Dicionário Aurélio e o Dicionário Houaiss: Donax hanleyanus Philippi, 1847, da família Donacidae (acima, à esquerda),[6] Amarilladesma mactroides (Reeve, 1854), da família Mesodesmatidae (acima, à direita),[7] Tivela mactroides (Born, 1778) (no centro),[8] Eucallista purpurata (Lamarck, 1818) (abaixo, à esquerda),[9] ambas da família Veneridae, e Phacoides pectinatus (Gmelin, 1791), da família Lucinidae (abaixo, à direita).[10]
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Classificação científica | |||||||
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Sernambi[1][11][12] (também chamado cernambi[2],[3] sernambitinga,[1][11][12] cernambitinga,[3][13] sarnambi[1][14] ou sarnambitinga)[1][13] é o nome comum, ou denominação vernácula, em português do Brasil e derivado da língua indígena tupi, que pode ser dado às seguintes espécies de moluscos bivalves, marinhos e costeiros, geralmente utilizados na alimentação humana; aqui citados em ordem alfabética:
- Amarilladesma mactroides (Reeve, 1854); ex Mesodesma mactroides Reeve, 1854 - família Mesodesmatidae; espécie que Eurico Santos dá como sinônimo de moçambique ou maçambique.[3][7][11][12][15]
- Anomalocardia flexuosa (Linnaeus, 1767); ex Anomalocardia brasiliana (Gmelin, 1791) - família Veneridae; embora seu verbete esteja grafado cernambi, o Dicionário Aurélio cita tal nomenclatura, especialmente para esta espécie, e Eurico Santos também a denomina sernambitinga.[1][3][4][5][11]
- Donax hanleyanus Philippi, 1847 - família Donacidae; também citada como beguaba, pelo Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, ou moçambique, por Eliezer de Carvalho Rios, ou maninim, no Paraná, Região Sul do Brasil.[1][6][16][17][18]
- Dosinia concentrica (Born, 1778) - família Veneridae[3][19][20]; mais conhecida por sernambitinga, cernambitinga ou sarnambitinga; mas também por amêijoa-branca.[13][21]
- Erodona mactroides Bosc, 1801 - família Corbulidae.[3][12][22]
- Eucallista purpurata (Lamarck, 1818); ex Amiantis purpurata (Lamarck, 1818) - família Veneridae.[1][3][9][20]
- Phacoides pectinatus (Gmelin, 1791); ex Lucina pectinata (Gmelin, 1791) - família Lucinidae; também conhecida por lambreta, segundo Eliezer de Carvalho Rios.[1][3][10][11][20][23][24]
- Tivela mactroides (Born, 1778) - família Veneridae; tratando-se da primeira espécie citada pelo Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, que lhe dá diversos sinônimos: maçambique, maçunim, moçambique, samanguaiá, samanguiá, samongoiá, sapinhanguá, simanguaiá, simongoiá, simongóia.[1][8]
Etimologia
[editar | editar código-fonte]O Dicionário Aurélio e o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa citam o termo sernambi, ou cernambi, como tendo origem na língua tupi; com o Dicionário Houaiss acrescentando: ETIMOL tupi sarina'mbi; Luiz César Saraiva Feijó propondo o étimo suruna'mbi; f.hist - forma histórica - 1618 sernambim, 1624 pernambins.[1] Eurico Santos afirma que a palavra, em Nheengatu ("neengatu", sic), significa "orelha muito aberta, conforme a concha se afigurou ao indígena".[11] Eduardo de Almeida Navarro comenta ainda que o termo seri designa uma espécie de caranguejo costeiro com barbatanas nas pernas traseiras (o siri; página 442); e tinga, no caso de sernambitinga, sarnambitinga ou cernambitinga, uma coisa branca ou enjoativa (páginas 477-478).[25] O termo sernambi, ou cernambi, de acordo com Rodolpho von Ihering, ainda é usado, no Ceará, Região Nordeste do Brasil, para designar "qualquer concha de molusco marinho, podendo ser considerado sinônimo de itã".[12] O Dicionário Aurélio, supracitado, dá ao termo sernambi, ou cernambi, também, os significados de "sambaqui", no Pará, Região Norte do Brasil, e de uma "borracha de qualidade inferior".[3]
Rodolpho von Ihering e Eurico Santos
[editar | editar código-fonte]É possível que um dos dois principais dicionários do português do Brasil tenha se confundido ao acrescentar Tivela mactroides[8] à lista das espécies de sernambi.[carece de fontes] Eurico Santos afirma que o molusco é Phacoides pectinatus[10] ou Anomalocardia flexuosa (este último ainda sob seu antigo nome científico),[4] também lhe nomeando sernambitinga;[11] e que Rodolpho von Ihering cita a nomenclatura para Amarilladesma mactroides (também ainda sob seu antigo nome científico),[7] afirmando que "semelhante a Anomalocardia brasiliana[4] é Erodona mactroides,[22] e não Mesodesma".[7][11] Em seu livro Dicionario dos Animais do Brasil, Rodolpho von Ihering se confunde e troca o mesodesmatideo[7] pelo corbiculideo,[22] ao dizer que seu "nome científico foi substituído várias vêzes; assim, chamava-se Azara labiata,[22] Mesodesma mactroides[7] e hoje parece que prevalece Corbula mactroides" ( = Erodona mactroides);[22] ainda citando que "é comestível; também o conservam sêco, salgado ou preparado no fumeiro".[12]
Conservação
[editar | editar código-fonte]Embora fossem consideradas espécies comuns, durante o século XX,[26] em 2018 Amarilladesma mactroides,[7] Anomalocardia flexuosa,[4] Donax hanleyanus[6] e Tivela mactroides,[8] foram colocadas no Livro Vermelho da fauna brasileira; publicado pelo ICMBio; consideradas espécies pouco preocupantes (LC) ou espécies deficientes de dados (DD), e citando apenas a primeira espécie sob a nomenclatura sernambi.[27]
Referências
- ↑ a b c d e f g h i j k HOUAISS, Antônio; VILLAR, Mauro de Salles; FRANCO, Francisco Manoel de Mello (2001). Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa 1ª ed. Rio de Janeiro: Objetiva. p. 2555. 2922 páginas. ISBN 85-7302-383-X
- ↑ a b Segundo o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa (2001; página 679); cernambi; s.m. - substantivo masculino - MALAC - malacologia - B - regionalismo - f. a evitar - forma a evitar -, por SERNAMBI.
- ↑ a b c d e f g h i j FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda (1986). Novo Dicionário da Língua Portuguesa 2ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. p. 384. 1838 páginas
- ↑ a b c d e «Anomalocardia flexuosa (Linnaeus, 1767)» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 19 de abril de 2021
- ↑ a b SOUZA, Rosa Cristina Corrêa Luz de; LIMA, Tania Andrade; SILVA, Edson Pereira da (2011). Conchas Marinhas de Sambaquis do Brasil 1ª ed. Rio de Janeiro, Brasil: Technical Books. p. 121. 252 páginas. ISBN 978-85-61368-20-3
- ↑ a b c «Donax hanleyanus Philippi, 1847» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 19 de abril de 2021
- ↑ a b c d e f g «Amarilladesma mactroides (Reeve, 1854)» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 19 de abril de 2021
- ↑ a b c d «Tivela mactroides (Born, 1778)» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 19 de abril de 2021
- ↑ a b «Eucallista purpurata (Lamarck, 1818)» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 19 de abril de 2021
- ↑ a b c «Phacoides pectinatus (Gmelin, 1791)» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 19 de abril de 2021
- ↑ a b c d e f g h SANTOS, Eurico (1982). Zoologia Brasílica, vol. 7. Moluscos do Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia. p. 43-45. 144 páginas
- ↑ a b c d e f IHERING, Rodolpho von (1968). Dicionario dos Animais do Brasil. São Paulo: Editora Universidade de Brasília. p. 634-635. 790 páginas
- ↑ a b c d «sernambitinga». Michaelis.UOL. 1 páginas. Consultado em 19 de abril de 2021.
VAR: cernambitinga, sarnambitinga.
- ↑ IHERING, Rodolpho von (Op. cit., p.627.).
- ↑ BOFFI, Alexandre Valente (1979). Moluscos Brasileiros de Interesse Médico e Econômico. São Paulo: FAPESP - Hucitec. p. 64-65. 182 páginas
- ↑ RIOS, Eliézer (1994). Seashells of Brazil (em inglês) 2ª ed. Rio Grande, RS. Brazil: FURG. p. 252. 280 páginas. ISBN 85-85042-36-2
- ↑ ABSHER, Theresinha Monteiro; FERREIRA JUNIOR, Augusto Luiz; CHRISTO, Susete Wambier (2015). Conchas de Moluscos Marinhos do Paraná (PDF). Curitiba - PR: Museu de Ciências Naturais - MCN - SCB - UFPR. p. 7. 20 páginas. ISBN 978-85-66631-18-0. Consultado em 19 de abril de 2021
- ↑ SOUZA, Rosa Cristina Corrêa Luz de; LIMA, Tania Andrade; SILVA, Edson Pereira da (Op. cit., p.115.).
- ↑ a b c «Dosinia concentrica (Born, 1778)» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 19 de abril de 2021
- ↑ a b c FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda (Op. cit., p.103.).
- ↑ a b «amêijoa-branca». Michaelis.UOL. 1 páginas. Consultado em 19 de abril de 2021.
REG (SC) ZOOL Molusco bivalve (Dosinia concentrica), da família dos venerídeos... cernambitinga, sarnambitinga, sernambitinga.
- ↑ a b c d e f «Erodona mactroides Bosc, 1801» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 19 de abril de 2021
- ↑ RIOS, Eliézer (Op. cit., p.252.).
- ↑ SOUZA, Rosa Cristina Corrêa Luz de; LIMA, Tania Andrade; SILVA, Edson Pereira da (Op. cit., p.91.).
- ↑ NAVARRO, Eduardo de Almeida (2013). Dicionário de Tupi Antigo: a língua indígena clássica do Brasil. a Língua Indígena Clássica do Brasil 2 ed. São Paulo: Global. p. 442-478. 620 páginas. ISBN 978-85-260-1933-1
- ↑ ABBOTT, R. Tucker; DANCE, S. Peter (1982). Compendium of Seashells. A color Guide to More than 4.200 of the World's Marine Shells (em inglês). New York: E. P. Dutton. p. 337-367. 412 páginas. ISBN 0-525-93269-0
- ↑ ICMBio (2018). Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção: Volume I (PDF). Brasília, DF: ICMBio/MMA. p. 464. 492 páginas. ISBN 978-85-61842-79-6. Consultado em 19 de abril de 2021