Belmonte (corveta)
Belmonte | |
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Desenho da Corveta Belmonte | |
Brasil | |
Operador | Armada Imperial Brasileira |
Fabricante | Augustin Normand, Le Havre |
Lançamento | 1856 |
Viagem inaugural | 1858 |
Descomissionamento | 1876 ? |
Estado | Descomissionado |
Características gerais | |
Tipo de navio | Corveta |
Deslocamento | 602 toneladas |
Comprimento | 51.20 m |
Boca | 7.46 m |
Calado | 2.74 m |
Propulsão | máquinas alternativas a vapor, gerando 120 shp, acoplados a um eixo. |
Armamento | 4 canhões de 32 cal. em bateria 2 canhões de 68 cal. 1 canhão raiado Whitworth de 70 cal. em rodizios. |
A Belmonte foi um navio de guerra que serviu a Armada Imperial Brasileira durante as guerras do Uruguai e Paraguai. Foi um dos navios que participaram da Batalha Naval do Riachuelo. Possui conexão significativa com a história de Brusque.
História
[editar | editar código-fonte]A Corveta Mista a Hélice Belmonte foi construída nos estaleiros Augustin Normand, em Le Havre, França em 1856 tendo seu lançamento ao mar em 1857. A construção da embarcação foi supervisionada pelo Engenheiro Naval Trajano Augusto de Carvalho e pelo Almirante Tamandaré. Seu nome Belmonte foi uma homenagem as cidades de mesmo nome nas províncias da Bahia e Pernambuco. Após testes foi incorporada a armada em 1858, tendo seu primeiro comandante o Capitão-de-Mar-e-Guerra Lourenço da Silva Araújo Amazonas, e atracou no Brasil em 29 de maio de 1859.[1]
Uma das primeiras missões que lhe foi confiada foi a de se juntar a divisão naval (Almirante Tamandaré), sob o comando do Primeiro-Tenente Antônio Carlos de Mariz e Barros, composta pela Fragata Amazonas e a Canhoneira Paraense, entre os meses de outubro e novembro de 1859, para escoltar o Vapor Apa que conduzia a família imperial em visita as províncias do nordeste.[1] Em janeiro de 1860 esteve no Desterro, em Santa Catarina, onde o Primeiro-Tenente Mariz e Barros foi substituído no comando pelo Primeiro-Tenente Antônio Luiz Von Hoonholtz, em fevereiro desse ano.[2]
Guerra do Uruguai
[editar | editar código-fonte]Durante a Guerra do Uruguai Belmonte foi incorporada no mês de julho de 1864 a esquadra que tinha como missão operar contra navios leais a Atanasio Aguirre. Neste momento estava sob o comando do Capitão-Tenente Luís Maria Piquet.[1]
Durante o cerco de Paysandú a corveta participou, juntamente com as corvetas Recife, Parnahyba e as Canhoneiras Araguaya e Ivahy, no desembarque de cerca de 400 soldados entre imperiais-marinheiros, soldados do batalhão naval e praças 1º Batalhão de Infantaria de Linha além de peças de artilharia. A batalha terminou em 2 de janeiro de 1865 com vitória brasileira.[1]
Guerra do Paraguai
[editar | editar código-fonte]Fazendo parte da Esquadra formada pela Fragata Amazonas (capitânia), pelas Corvetas Beberibe, Jequitinhonha e Parnahyba e pelas Canhoneiras Araguary, Mearim, Ipiranga e Iguatemy comandada pelo Almirante Francisco Manuel Barroso da Silva, partiu de Buenos Aires no dia 30 de abril em direção ao Rio Paraná rumo à localidade de Três Bocas para efetivar o bloqueio dos portos sob o controle das Forças paraguaias naquelas águas. Para essa missão, recebeu a bordo 95 praças da Polícia do Rio de Janeiro e do 1º Batalhão de Artilharia do Exército, com três oficiais. No dia 9 de junho de 1865, o Capitão-Tenente Luis Maria Piquet foi substituído no comando do navio pelo 1º Tenente Joaquim Francisco de Abreu devido a uma enfermidade por ele contraída.[2]
Após derrotaram os paraguaios no combate naval de corrientes em 10 de junho do mesmo ano, a esquadra partiu para as proximidades de um pequeno afluente do rio Paraná, chamado Riachuelo.[1]
No dia 11 de junho se inicia a Batalha Naval do Riachuelo, quando a esquadra brasileira avista a esquadra paraguaia que tinha o intuito de capturar os navios da armada imperial para si. As 09:00 começa o embate.[1] A corveta Belmonte, com uma tripulação de 109 praças e seis oficiais, além do contingente da Polícia do Rio de Janeiro e do 1º Batalhão de Artilharia,[2] num determinado momento da batalha fica sob fogo da artilharia paraguaia se incendiando e com 37 rombos no casco, 9 mortos e 22 feridos, é conduzida pelo Primeiro-Tenente Joaquim Francisco de Abreu, ferido em combate, para uma ilha próxima se encalhando de propósito para não afundar.[3]
Após seu conserto participou das ações em Mercedes, Cuevas, Passo da Pátria, Curuzu, Curupaíti, Angostura e nas ações finais da campanha do Paraguai.[1]
Seu último comandante foi o Capitão-Tenente Júlio César de Noronha em 1876.[1]
Foi descomissionada em Pernambuco, por meio de Aviso de 16 de janeiro de 1878, sendo então desarmada e posta a venda em leilão público.[2]
Origem do nome “Brusque”
[editar | editar código-fonte]A embarcação tem conexão significativa com a história de Brusque.
No dia 25 de julho de 1860, atracou no Porto de Itajaí a embarcação "Belmonte", que havia partido de Desterro, atual Florianópolis. A bordo estavam importantes políticos catarinenses como o presidente da Província, Dr. Francisco Carlos de Araújo Brusque, o Major João de Souza Melo e Alvim e Alvin, o Dr. Joaquim Monteiro Caminhoa e o Barão Maximiliano von Schnéeburg.[4]
Além da tripulação, Belmonte trazia consigo 55 imigrantes alemães que iniciaram oficialmente a colonização do Vale do Itajaí-Mirim, que sob administração do Barão de Schnéeburg, foi fundada a Colônia Itajahi em 4 de agosto.[5]
Ainda a bordo da Belmonte, Dr Joaquim Monteiro Montanoa expressou o desejo de todos em nomear a nova colônia com o nome “Brusque”, em homenagem ao presidente da Província. O nome foi oficializado em 1890.[6]
Referências
- ↑ a b c d e f g h «NGB - Corveta Belmonte». www.naval.com.br. Consultado em 14 de outubro de 2018
- ↑ a b c d Diretoria do Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha, DPHDM. «Belmonte Corveta» (PDF). Consultado em 6 de julho de 2021
- ↑ Ferreira, Eduardo Bacellar Leal (15 de maio de 2017). «Ordem do dia». Marinha do Brasil. Consultado em 14 de outubro de 2018
- ↑ Glatz, Rosemari (2018). Brusque - aos 60 e os 160: elementos da nossa história (PDF). Brusque: UNIFEBE. p. 33. ISBN 9788598713182
- ↑ Brusque, Sociedade Amigos (2019). «Anuário de Vicente Só» (PDF). Museu Casa de Brusque. Anuário de Vicente Só (67): 43. Consultado em 27 fev. 2024
- ↑ Brusque, O Município (2010). «Álbum do Sesquicentenário de Fundação de Brusque». O Município. Consultado em 26 fev. 2024
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Mendonça, Mário F. (1959). Repositório de nomes dos navios da esquadra brasileira. Rio de Janeiro: Ministério da Marinha. OCLC 17073937