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Cruz Vitória para a Nova Zelândia

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Cruz Vitória para a Nova Zelândia
Classificação
País Nova Zelândia
Outorgante Rainha da Nova Zelândia
Tipo Condecoração Militar
Agraciamento ...bravura notável, ou por algum acto de valor ou de auto-sacrifício, ou extrema devoção na presença do inimigo.[1]
Condição ativo
Histórico
Criação 20 de Setembro de 1999
Primeira concessão 2 de Julho de 2007
Última concessão 2007
Premiados 1
Hierarquia
Inferior a nenhuma
Equivalente a Cruz da Nova Zelândia
Superior a Estrela de Bravura da Nova Zelândia
Cruz vitória para condecoração

A Cruz Vitória para a Nova Zelândia (CV) é uma condecoração militar concedida por valor ou bravura "na presença do inimigo" aos membros das forças armadas da Nova Zelândia. Pode ser atribuída a um militar de qualquer posição, em qualquer serviço, e a civis sob comando militar, pelo Governador-geral da Nova Zelândia durante a cerimônia de investidura que tem lugar na Casa do Governo, em Wellington. É a condecoração mais alta da Nova Zelândia e possui precedência sobre todas as outras medalhas.[2][3]

Foi criada em 1999 quando a Nova Zelândia implantou seu próprio sistema de condecorações, o qual veio substituir a generalidade das honras da Commonwealth. Foi concedida apenas uma vez, em 2 de Julho de 2007, tendo como destinatário o cabo Willie Apiata, por suas ações na Guerra do Afeganistão em 2004.[4]

A Cruz Vitória original foi instituída em 1856 pela rainha Vitória com o objetivo de reconhecer atos de valor durante a Guerra da Crimeia. A medalha foi atribuída 24 vezes a militares neozelandeses; o capitão Charles Upham recebeu a barra. Apenas 14 medalhas foram concedidas desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Pensa-se que medalha é feita com o bronze dos canhões russos capturados no cerco de Sebastopol. Pesquisas recentes têm levantado suspeitas sobre esta história, o que sugere origens diversas para o material que compõe as medalhas.[5][6]

Cruz Vitória

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A Cruz Vitória original foi criada pela Rainha Vitória em 1856 para reconhecer atos de bravura que não estavam relacionados com o longo ou meritório serviço de um homem. Ela assinou um mandado real em 29 de janeiro de 1856 que instituiu oficialmente a CV.[7] A ordem foi retroativa a 1854 para reconhecer atos de bravura durante a Guerra da Crimeia.[8]

As Cruzes de Vitória da Austrália e da Nova Zelândia são feitas do mesmo metal que a original.[9] Inicialmente, pretendia-se que as condecorações fossem feitas a partir do bronze de dois canhões que foram capturados dos russos no cerco de Sevastopol.[10][11][12] O historiador John Glanfield demonstrou, porém, que o metal usado é, na verdade, de um canhão chinês e sua origem é um mistério.[5][11][12]

Os canos do canhão em questão estão estacionados do lado de fora do escritório dos Oficiais no Royal Artillery Barracks em Woolwich. A porção restante do único cascavel remanescente, pesando 10 quilos, é armazenado em um cofre mantido pelo 15º Regimento do Corpo Logístico Real no MoD Donnington. Só pode ser removido sob guarda armada. Estima-se que aproximadamente mais 80 a 85 condecorações possam ser fabricadas a partir desta fonte. Uma única empresa de joalherias, Hancocks de Londres, foi responsável pela produção de todas as VC.[13]

Prêmios separados da Commonwealth

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Nos últimos 60 anos, vários países da Commonwealth criaram seus próprios sistemas de honras, separados do Sistema honorífico britânico. A Austrália, o Canadá e a Nova Zelândia[9] introduziram suas próprias condecorações para galhardia e bravura, substituindo as britânicas, como a Cruz Militar, por seus próprios prêmios. A maioria dos países da Commonwealth, no entanto, ainda reconhece alguma forma da Cruz Vitória como sua maior condecoração para o valor.[14]

A Austrália foi o primeiro país da Comunidade Britânica a criar sua própria Cruz Vitória, em 15 de janeiro de 1991. Embora seja um prêmio separado, sua aparência é idêntica à sua contraparte britânica.[15] O Canadá seguiu o exemplo quando, em 1993, a rainha Elizabeth assinou a Cartas de Patentes criando a Cruz Vitória do Canadá, que também é similar à versão britânica, exceto que a legenda foi alterada de FOR VALOR para a forma em latim PRO VALORE. Os prêmios da Nova Zelândia e da Austrália ainda são feitos pelos joalheiros Hancocks do metal usado nos originais. A Cruz Vitória do Canadá também inclui metal do mesmo canhão, junto com cobre e outros metais de todas as regiões do Canadá.[16]

A Nova Zelândia foi o terceiro país a criar a condecoração como parte de seu próprio sistema de honras.[9] Em 21 de setembro de 1999, a primeira-ministra Jenny Shipley anunciou que a rainha havia aprovado a instituição formal de uma nova série de prêmios reais para reconhecer atos de galanteria e bravura realizados pelos neozelandeses. Os prêmios foram projetados para ser o principal elemento final no desenvolvimento de um distinto sistema de honras da Nova Zelândia.

Estou confiante de que o novo sistema nos servirá bem e permitirá que a Nova Zelândia reconheça os vários atos de heroísmo realizados em nossa comunidade. O redesenvolvimento dos prêmios de bravura e coragem agora significa que temos uma gama completa de prêmios e honrarias que são distintamente da Nova Zelândia.
 
Jenny Shipley, Primeira-ministra da Nova Zelândia.[17].

O início do processo veio com propostas lançadas em 1995 pelo Comitê Consultor de Honras que revisou o sistema de honras. Até maio de 1996, a Nova Zelândia fez recomendações para vários prêmios britânicos por atos de bravura realizados durante operações militares e atos de bravura por civis, incluindo a Cruz Vitória e a Cruz de Jorge. No entanto, a revisão e a simplificação do sistema de recompensas do governo britânico proporcionaram uma oportunidade ideal para a Nova Zelândia também desenvolver um sistema único e simplificado.[18]

Características

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A Cruz Vitória da Nova Zelândia possuiu desenho idêntico ao da original . Constitui-se de uma cruz pátea, tendo 41 milímetros (1.6 in) de altura, 36 milímetros (1.4 in) de largura, com uma coroa encimada por um leão, e a inscrição FOR VALOUR.[nota 1] Originalmente, a inscrição era FOR BRAVERY, até que foi mudado por recomendação da rainha Victoria, que achava que alguns poderiam erroneamente considerar que apenas os receptores do VC eram corajosos em batalha.[11] O conjunto que forma a condecoração pesam cerca de 27 gramas.[19]

A cruz é suspensa por um anel na forma de um "V" seriado para uma barra ornamentada com folhas de louro, através da qual a fita passa. O reverso da barra de suspensão é gravado com o nome, classificação, número e unidade do destinatário. No verso da medalha, há um painel circular no qual a data do ato para o qual foi concedido está gravada no centro.[20] A fita é carmesim, 38 milímetros (1,5 polegadas) de largura. Embora os regulamentos definam a cor como sendo vermelha, ela é descrita pela maioria dos comentaristas como carmesim ou "vermelho-vinho".[21]

A Cruz Vitória da Nova Zelândia é concedida por:

bravura mais conspícua, ou algum ato de valor ou auto-sacrifício ousado ou preeminente, ou extrema devoção ao dever na presença do inimigo ou beligerantes[1]

A concessão da medalha é, oficialmente, uma atribuição da Rainha da Nova Zelândia. O ordenamento Real declara que "Os Prêmios de um galardão neozelandês e de um 'Bar' para um Prêmio serão feitos por Nós, Nossos Herdeiros e Sucessores, somente por recomendação do Nosso Primeiro Ministro da Nova Zelândia ou de um Ministro da Coroa atuando para o nosso primeiro-ministro."[22] Tal como acontece com a Cruz Vitória do Reino Unido, quaisquer recomendações passam pela cadeia de comando da Força de Defesa da Nova Zelândia para o Ministro da Defesa.[23]

A Cruz Vitória original foi concedida a 24 neozelandeses.[nota 2] Treze desses prêmios foram por ação na Primeira Guerra Mundial. A Cruz Vitória da Nova Zelândia foi concedida uma vez. Foi oficialmente anunciado em 2 de julho de 2007[24] que o Cabo Willie Apiata da NZ SAS a recebeu por salvar a vida de um "camarada sob fogo pesado de forças adversárias" durante o conflito no Afeganistão, em 2004.[23][25] Apiata recebeu sua medalha do governador-geral Anand Satyanand em uma cerimônia realizada no Palácio do Governo, em Wellington, em 26 de julho de 2007.[26]

Notas

  1. Original Warrant, Clause 1: "Firstly. It is ordained that the distinction shall be styled and designated "The Victoria Cross", and shall consist of a Maltese cross of bronze, with our Royal crest in the centre, and underneath with an escroll bearing the inscription 'For Valour'."
  2. Some recipients were serving with purely British units at the time of their award.

Referências

  1. a b img.scoop.co.nz (PDF) http://img.scoop.co.nz/media/pdfs/0707/VCmediakit2jul07.pdf. Consultado em 9 de dezembro de 2018  Em falta ou vazio |título= (ajuda)
  2. «Defence Internet | Defence News | Victoria and George Cross holders: the world's most exclusive club». web.archive.org. 9 de junho de 2007. Consultado em 8 de dezembro de 2018 
  3. «NZDF Medals - The Victoria Cross for New Zealand (VC)». medals.nzdf.mil.nz. Consultado em 9 de dezembro de 2018 
  4. «Willie Apiata Victoria Cross New Zealand: Gallantry Medal». National Army Museum. Consultado em 9 de dezembro de 2018 
  5. a b Davies, Catriona (28 de dezembro de 2005). «Author explodes myth of the gunmetal VC» (em inglês). ISSN 0307-1235 
  6. Davies, Catriona (28 de dezembro de 2005). «Author explodes myth of the gunmetal VC» (em inglês). ISSN 0307-1235 
  7. A., Ashcroft, Michael (2006). Victoria Cross heroes. London: Headline Review. ISBN 9780755316328. OCLC 124466718 
  8. A., Ashcroft, Michael (2006). Victoria Cross heroes. London: Headline Review. pp. 7–10. ISBN 9780755316328. OCLC 124466718 
  9. a b c «DPMC - New Zealand Honours: Gallantry Awards». web.archive.org. 7 de dezembro de 2006. Consultado em 8 de dezembro de 2018 
  10. 1980-, Beharry, Johnson, (2006). Barefoot soldier : a story of extreme valour. London: Sphere. 359 páginas. ISBN 9780316733212. OCLC 70671594 
  11. a b c «Display Collections at the Royal Naval Museum». web.archive.org. 19 de maio de 2007. Consultado em 8 de dezembro de 2018 
  12. a b «The Victoria Cross metal and manufacture, by Hancocks Jewellers, the antique jewelry and silverware specialists». web.archive.org. 27 de agosto de 2008. Consultado em 8 de dezembro de 2018 
  13. «Welcome to Hancocks & Co». www.hancocks-london.com (em inglês). Consultado em 8 de dezembro de 2018 
  14. «No. 56878». www.thegazette.co.uk. Consultado em 8 de dezembro de 2018 
  15. Cabinet, Prime Minister and (29 de junho de 2016). «It's an honour». www.pmc.gov.au (em inglês). Consultado em 8 de dezembro de 2018 
  16. «Canada's Victoria Cross» (PDF). archive.gg.ca. Consultado em 8 de dezembro de 2018 
  17. «NZDF Medals - News - New NZ Gallantry and Bravery Awards Approved». medals.nzdf.mil.nz. Consultado em 9 de dezembro de 2018 
  18. «NZDF Medals - News - New NZ Gallantry and Bravery Awards Approved». medals.nzdf.mil.nz. Consultado em 8 de dezembro de 2018 
  19. A., Ashcroft, Michael (2006). Victoria Cross heroes. London: Headline Review. 16 páginas. ISBN 9780755316328. OCLC 124466718 
  20. «The Victoria Cross». www.vvaa.org.au. Consultado em 8 de dezembro de 2018 
  21. «Welcome the Imperial War Museum's Collections Home Page : The Victoria Cross». web.archive.org. 27 de setembro de 2011. Consultado em 8 de dezembro de 2018 
  22. «NZDF - The New Zealand Gallantry Awards Royal Warrant». medals.nzdf.mil.nz. Consultado em 8 de dezembro de 2018 
  23. a b «New Zeland Special Air Service (NZSAS)» (PDF). img.scoop.co.nz. Consultado em 9 de dezembro de 2018 
  24. «Wayback Machine» (PDF). web.archive.org. 27 de setembro de 2007. Consultado em 9 de dezembro de 2018 
  25. Monday; July 2007, 2; Zeal, 10:48 am Press Release: New; Government. «NZSAS Gallantry in Afghanistan recognised | Scoop News». www.scoop.co.nz. Consultado em 9 de dezembro de 2018 
  26. «Willie Apiata receives his VC». NZ Herald (em inglês). 26 de julho de 2007. ISSN 1170-0777 
  • The Register of the Victoria Cross. This England. 1997. ISBN 0-906324-03-3.
  • Duckers, Peter (2006). British Gallantry Awards, 1855-2000. Shire Publications Ltd. ISBN 0-7478-0516-4.
  • Glanfield, John (2005). Bravest of the Brave. Sutton Publishing Ltd. ISBN 0-7509-3695-9.
  • Harvey, David (2000). Monuments to Courage. Naval & Military Press Ltd. ISBN 1-84342-356-1.