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Custódia de Belém

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Custódia de Belém, cuja autoria é atribuída a Gil Vicente, 1506, Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa

A Custódia de Belém é um ostensório português de ouro e esmalte datado de 1506 cuja autoria é atribuída a Gil Vicente. Por vezes também denominada Custódia dos Jerónimos[1] é considerada a obra-prima da ourivesaria portuguesa, foi encomendada pelo rei D. Manuel I de Portugal para a Capela Real. D. Manuel deixaria este tesouro em testamento ao Mosteiro dos Jerónimos, em Belém, que fundou e escolheu para seu enterramento, juntamente com uma cruz do mesmo ourives, perdida, e a hoje chamada Bíblia dos Jerónimos. A denominação comum da custódia deriva deste facto. De estilo gótico tardio, na sua manufactura foram utilizadas "1500 miticais de ouro"[2] trazidas por Vasco da Gama no regresso da sua segunda viagem à Índia em 1502, enviadas como tributo[3] pelo régulo de Quíloa (actual Kilwa Kisiwani, na Tanzânia), que assim reconhecia vassalagem ao rei de Portugal. Desde 1925 a Custódia de Belém está exposta no Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa.

Os esmaltes abundantes são um dos elementos que conferem uma beleza especial à Custódia de Belém. A sua aplicação em ronde-bosse nas imagens é de um virtuosismo raríssimo, só observável nos melhores exemplos desta arte.

A peça é rematada pela Cruz Abaixo está Deus Pai, sentado num trono, coroado e vestindo pluvial. Numa mão segura o globo e com a outra faz o gesto da benção. Era rodeado por seis pequenas imagens de que só restam três profetas. Sobre o viril pende uma pomba, símbolo do Divino Espírito Santo. No centro, rodeando o viril de cristal onde era exibida a hóstia consagrada presa numa lúnula, estão as figuras adorantes dos Doze Apóstolos, todas diferenciadas. Uma Anunciação está representada entre os dois pilares da custódia, povoados de anjos músicos. A empresa de D. Manuel I, a esfera armilar, repete-se seis vezes em torno da haste. Na base encontram-se seis cartelas com animais e flores. Na ilharga lê-se a seguinte inscrição:

O. MVITO. ALTO. PRI(N)CIPE. E. PODEROSO. SE(N)HOR. REI. DÕ. MANVEL.I. A. MANDOV.FAZER. DO OVRO. I.DAS.PARIAS. DE. QVILOA. AQVABOV. E.CCCCCVI

(O muito alto príncipe e poderoso senhor rei D. Manuel I a mandou fazer do ouro das párias de Quíloa. Acabou em 1506)[1] A Custódia de Belém foi tomada como saque pelas tropas francesas durante a Guerra Peninsular, sendo levada para França, sendo devolvida após o termo da guerra. Consta que foi enviada para a Casa da Moeda, aparentemente para fusão, destino do qual foi resgatada pela intervenção de D. Fernando de Saxe-Coburgo-Gotha, rei consorte de Portugal pelo seu casamento com a rainha D. Maria II de Portugal.

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Referências

  1. a b «A nossas Gravuras :A Custódia dos Jerónimos feita do primeiro ouro vindo da Índia». Com foto. O Occidente n.º 690. 28 de Fevereiro de 1898. pp. 0043, 0044. Consultado em 7 de junho de 2016 
  2. Cortesão, Jaime (1978). Do império no Índico e no Pacífico. Col: História dos Descobrimentos Portugueses. 3. [S.l.]: Círculo de Leitores. p. 27. OCLC 490010912 
  3. O primeiro tributo do Oriente a Portugal, Veratatis, 1 de setembro de 2022, in Pe. Francisco de Santa Maria, «Ano Histórico, Diário Português: Notícia Abreviada de pessoas grandes e coisas notáveis de Portugal», 1744.

Ligações externas

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