Deisy Ventura
Deisy Ventura | |
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Nascimento | 2 de setembro de 1967 (57 anos) |
Nacionalidade | Brasileira |
Cidadania | Brasil |
Alma mater | Universidade Federal de Santa Maria Université de Paris 1 - Panthéon-Sorbonne |
Ocupação | Professora |
Empregador(a) | Universidade de São Paulo |
Página oficial | |
https://twitter.com/Deisy_Ventura | |
Deisy de Freitas Lima Ventura (2 de setembro de 1967, Santa Maria, RS) é professora titular da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP) onde coordena o Doutorado em Saúde Global e Sustentabilidade,[1] e leciona igualmente no Programa de Pós-graduação do Instituto de Relações Internacionais da mesma universidade. É graduada em Direito e mestre em Integração Latino-Americana pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), mestre em Direito Europeu e Doutora em Direito pela Université Paris 1 Panthéon-Sorbone.
Entre 2003 e 2006, foi consultora jurídica da Secretaria do Mercosul, em Montevideo, Uruguai. Antes de de ingressar na Universidade de São Paulo, foi professora na Universidade Federal de Santa Maria e na Universidade do Vale do Rio dos Sinos. Foi professora visitante na Universidade Sorbonne Nouvelle e na Foundation Nationale Des Sciences Politiques, ambas na França, e acadêmica visitante no Instituto Universitário de Altos Estudos Internacionais, na Suiça.
É autora de 15 livros sobre temas internacionais e de educação jurídica.
Saúde pública e pandemia de COVID-19
[editar | editar código-fonte]Atualmente é uma das coordenadoras do projeto "Direitos na Pandemia", do Centro de Estudos e Pesquisas de Direito Sanitário (CEPEDISA)[2] da Faculdade de Saúde Pública da USP, que elaborou a "Linha do Tempo da Estratégia de Disseminação da Covid-19"[3] cuja atualização foi requerida pela CPI da Pandemia. Uma versão deste estudo foi publicada no livro Bolsonaro Genocida, da editora Elefante.[4]
Durante a pandemia de COVID-19, Ventura foi uma voz ativa na imprensa e nos meios intelectuais em defesa do Sistema Único de Saúde (SUS) e da necessidade de articulação de políticas públicas de resposta à pandemia, denunciando a gestão do governo federal como "criminosa".[5] Em 2022, a professora foi selecionada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para fazer parte do grupo que discutiu a reforma do sistema de emergência sanitária global, mas teve seu nome vetado pelo governo de Jair Bolsonaro.[6]
Justiça de Transição
[editar | editar código-fonte]Ainda na sua atividade de intelectual pública, Ventura fundou, em 2009, juntamente com José Carlos Moreira Silva Filho, Kátia Kozicki, Marcelo Cattoni, Marcelo Torelly, Marília Ramos e Paulo Abrão o Grupo IDEJUST - Internacionalização do Direito e Justiça de Transição, numa parceria entre a Comissão de Anistia e o Instituto de Relações Internacionais da USP.[7]
Entre 2009 e 2016, o IDEJUST realizou nove reuniões semestrais em diferentes universidades brasileiras e foi um dos principais fóruns de articulação acadêmica do movimento por reparação, memória, verdade e justiça em relação aos crimes cometidos pela ditadura militar brasileira.[8][9][10]
Em diversas oportunidades, a professora fez uso da imprensa para denunciar a impunidade no Brasil.[11][12]
Migrações
[editar | editar código-fonte]Em 2013, Ventura foi indicada pelo Ministro da Justiça para compor a comissão de especialistas para elaborar uma proposta de Anteprojeto de Lei de Migrações e Promoção dos Direitos dos Migrantes no Brasil.[13] O anteprojeto formulado pela comissão de especialista alterou radicalmente a lógica do diploma legislativo antes vigente, o Estatuto do Estrangeiro, apresentando uma nova visão baseada nos direitos humanos.[14] O conteúdo do anteprojeto converge com a perspectiva do projeto de lei sobre a matéria apresentado pelo senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) que finalmente se transformou na Lei 13.445/2017 (nova Lei de Migração).
Após a aprovação da lei, a professora se manteve ativa na pauta, criticando retrocessos na regulamentação infra legal por decretos durante o governo do ex-presidente Michel Temer.[15]
Publicações mais recentes
[editar | editar código-fonte]Entrevistas
[editar | editar código-fonte]- Revista Continente. As pessoas não têm ideia do que vem pela frente. Entrevista a Débora Nascimento. Março de 2021.[16]
- El País. “Há indícios significativos para que autoridades brasileiras, entre elas o presidente, sejam investigadas por genocídio”. Entrevista à Eliane Brum, Julho de 2020.[17]
Livros
[editar | editar código-fonte]- VENTURA, D.F.L.; YUJRA, V. Saúde de Migrantes e Refugiados. Coleção Fazer Saúde. Rio de Janeiro: Editora da Fiocruz, 2019.[18]
Artigos em períodicos especializados e capítulos de livros
[editar | editar código-fonte]- VENTURA, D. F. L.; BUENO, F. T. C. . De líder a paria de la salud global: Brasil como laboratorio del -neoliberalismo epidemiológico- ante la Covid-19. FORO INTERNACIONAL (Colegio de México), 2021, p. 427-467.[19]
- BERROD, F. ; VENTURA, D. F. L. . Vers un Jus commune universalisable ? La santé dans le tourbillon des vents. In: Mireille Delmas-Marty; Kathia Martin-Chenut; Camila Perruso. (Org.). Sur les chemins d'un jus commune universalisable - Collection de l'Institut des sciences juridique et philosophique de la Sorbonne. 1ed.Paris: Mare & Martin, 2021, p. 67-83.[20]
- VENTURA, D. F. L.. Pandemia e estigma: nota sobre as expressões 'vírus chinês' e 'vírus de Wuhan'. In: Rosana Baeninger et al.. (Org.). Migrações Internacionais e a pandemia de Covid-19. 1ed.Campinas, SP: Unicamp, 2020, v. , p. 95-103.[21]
- VENTURA, D. F. L.; RIBEIRO, H. ; GIULIO, G. M. ; JAIME, P. C. ; NUNES, J. ; BOGUS, C. M. ; ANTUNES, J. L. F. ; WALDMAN, E. A. . Challenges of the COVID-19 pandemic: for a Brazilian research agenda in global health and sustainability. Cadernos de Saude Publica, v. 36, p. e00040620, 2020.[22]
- VENTURA, D. F. L. GIULIO, GABRIELA MARQUES DI ; RACHED, DANIELLE HANNA . Lessons from the Covid-19 pandemic: sustainability is an indispensable condition of Global Health Security. AMBIENTE & SOCIEDADE (ONLINE), v. 23, p. 1-11, 2020.[23]
- VENTURA, D.F.L.; RACHED, DANIELLE ; MARTINS, JAMESON ; PEREIRA, CRISTIANE ; TRIVELLATO, PAULO ; GUERRA, LÚCIA . A rights-based approach to public health emergencies: The case of the -More Rights, Less Zika' campaign in Brazil. Global Public Health, v. 1, p. 1-14, 2020.[24]
- STANDLEY, CLAIRE J. ; CHU, ERIC ; KATHAWALA, EMROSE ; VENTURA, D.F.L. ; SORRELL, ERIN M. . Data and cooperation required for Venezuela?s refugee crisis during COVID-19. Globalization and Health, v. 16, p. 1-7, 2020.[25]
- VENTURA, D.F.L.; MARTINS, J.V. Between science and populism: the Brazilian response to COVID-19 from the perspective of the legal determinants of Global Health. Revista de Direito Internacional, v. 17, p. 67-83, 2020.[26]
Referências
- ↑ «Saúde Global e Sustentabilidade – Pós Graduação – Faculdade de Saúde Pública». Consultado em 11 de agosto de 2021
- ↑ «CEPEDISA – CEPEDISA». Consultado em 11 de agosto de 2021
- ↑ Ventura, Deisy; et al. (28 de maio de 2021). «A LINHA DO TEMPO DA ESTRATÉGIA FEDERAL DE DISSEMINAÇÃO DA COVID-19» (PDF). CEPEDISA/USP. Consultado em 11 de agosto de 2021
- ↑ Peres, Tadeu Breda, Bianca Oliveira, Leonardo Garzaro, João. «Bolsonaro genocida». Editora Elefante. Consultado em 3 de julho de 2021
- ↑ Gaspar, Malu (22 de outubro de 2021). «Deisy Ventura: Muitos crimes cometidos na pandemia ainda virão à tona». Malu Gaspar - O Globo. Consultado em 15 de julho de 2024
- ↑ «Jamil Chade - Covid-19: Governo Bolsonaro veta nomeação de especialista brasileira na OMS». noticias.uol.com.br. Consultado em 15 de julho de 2024
- ↑ «Extrato de Acordo de cooperação Técnica entre o Ministério da Justiça e a Universidade de São Paulo. Diário Oficial da União (ISSN 1677-7069), Seção 3, em 10 de fevereiro de 2010, p.81.» (PDF)
- ↑ «IDEJUST». IDEJUST. 6 de março de 2015. Consultado em 15 de julho de 2024
- ↑ «Congresso Internacional discute a justiça de transição 50 anos após o golpe de 1964 | Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania | Prefeitura da Cidade de São Paulo». www.prefeitura.sp.gov.br. 17 de março de 2014. Consultado em 15 de julho de 2024
- ↑ Plataforma 9 (23 de novembro de 2016). «III Congresso Internacional sobre Justiça de Transição»
- ↑ «Folha de S.Paulo - TENDÊNCIAS/DEBATESDeisy Ventura: Terrorismo de Estado - 19/11/2008». www1.folha.uol.com.br. Consultado em 15 de julho de 2024
- ↑ Fachin, Patricia. «O regime do medo continua». www.ihuonline.unisinos.br. Consultado em 15 de julho de 2024
- ↑ Ministério da Justiça (2013). «Entenda o Anteprojeto de Lei de Migrações» (PDF)
- ↑ «Criação de lei de migrações é dívida histórica do Brasil». CartaCapital. 21 de agosto de 2014. Consultado em 15 de julho de 2024
- ↑ Núcleo de Apoio a Migrantes e Refugiados da UFBA (2022). «Entidades e pesquisadores defendem Lei de Migração e pedem mudanças em regulamentação»
- ↑ Continente, Revista. «"As pessoas não têm ideia do que vem pela frente"». Revista Continente. Consultado em 11 de agosto de 2021
- ↑ Brum, Eliane (22 de julho de 2020). «"Há indícios significativos para que autoridades brasileiras, entre elas o presidente, sejam investigadas por genocídio"». EL PAÍS. Consultado em 11 de agosto de 2021
- ↑ Ventura, Deisy de Freitas Lima; Yujra, Veronica Quispe (2019). Saúde de migrantes e refugiados. [S.l.]: Editora FIOCRUZ
- ↑ Ventura, Deisy de Freitas Lima; Bueno, Flávia Thedim Costa (30 de março de 2021). «De líder a paria de la salud global: Brasil como laboratorio del "neoliberalismo epidemiológico" ante la Covid-19». Foro Internacional (em espanhol): 427–467. ISSN 2448-6523. doi:10.24201/fi.v61i2.2835. Consultado em 11 de agosto de 2021
- ↑ «Sur les chemins d'un Jus commune universalisable | UMR 8103 - ISJPS». isjps.pantheonsorbonne.fr. Consultado em 11 de agosto de 2021
- ↑ «Pandemia e estigma: nota sobre as expressões 'vírus chinês' e 'vírus de Wuhan'». Museu da Imigração. Consultado em 11 de agosto de 2021
- ↑ Ventura, Deisy de Freitas Lima; Ribeiro, Helena; Giulio, Gabriela Marques di; Jaime, Patrícia Constante; Nunes, João; Bógus, Cláudia Maria; Antunes, José Leopoldo Ferreira; Waldman, Eliseu Alves (22 de abril de 2020). «Desafios da pandemia de COVID-19: por uma agenda brasileira de pesquisa em saúde global e sustentabilidade». Cadernos de Saúde Pública. ISSN 0102-311X. doi:10.1590/0102-311X00040620. Consultado em 11 de agosto de 2021
- ↑ Ventura, Deisy de Freitas Lima; Giulio, Gabriela Marques di; Rached, Danielle Hanna (3 de julho de 2020). «Lessons from the Covid-19 pandemic: sustainability is an indispensable condition of Global Health Security». Ambiente & Sociedade (em inglês). ISSN 1414-753X. doi:10.1590/1809-4422asoc20200108vu2020L3ID. Consultado em 11 de agosto de 2021
- ↑ Ventura, Deisy; Rached, Danielle; Martins, Jameson; Pereira, Cristiane; Trivellato, Paulo; Guerra, Lúcia (6 de outubro de 2020). «A rights-based approach to public health emergencies: The case of the 'More Rights, Less Zika' campaign in Brazil». Global Public Health (0): 1–14. ISSN 1744-1692. PMID 33019915. doi:10.1080/17441692.2020.1830425. Consultado em 11 de agosto de 2021
- ↑ Standley, Claire J.; Chu, Eric; Kathawala, Emrose; Ventura, Deisy; Sorrell, Erin M. (22 de outubro de 2020). «Data and cooperation required for Venezuela's refugee crisis during COVID-19». Globalization and Health (1). 103 páginas. ISSN 1744-8603. PMC PMC7578583 Verifique
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(ajuda). PMID 33092609. doi:10.1186/s12992-020-00635-7. Consultado em 11 de agosto de 2021 - ↑ Silva, Jameson Martins da; Ventura, Deisy de Freitas Lima (12 de dezembro de 2020). «Between science and populism: the Brazilian response to COVID-19 from the perspective of the legal determinants of Global Health». Revista de Direito Internacional (em inglês) (2). ISSN 2237-1036. doi:10.5102/rdi.v17i2.6687. Consultado em 11 de agosto de 2021