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O Sétimo Selo

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(Redirecionado de Det sjunde inseglet)
 Nota: Para o álbum de Rakim, veja The Seventh Seal (álbum).
O Sétimo Selo
Det Sjunde Inseglet
O Sétimo Selo
 Suécia
1957 •  p&b •  96[1][2] min 
Género drama
Direção Ingmar Bergman
Roteiro Ingmar Bergman
Elenco Gunnar Björnstrand
Bengt Ekerot
Nils Poppe
Max von Sydow
Bibi Andersson
Inga Gill
Idioma sueco

Det sjunde inseglet (O Sétimo Selo em português[1][2]) é um filme sueco de 1957, do gênero drama, escrito e dirigido por Ingmar Bergman.[1][2] O filme é baseado numa peça de teatro de autoria do diretor.

O filme ambienta-se em um dos mais obscuros e apocalípticos períodos da Idade Média européia. O título é uma remissão ao livro bíblico denominado Apocalipse ou Revelação. Segundo esta escritura, na mão de Deus há um livro selado com sete selos e a abertura de cada um destes selos implica num malefício sobre a humanidade, mas a abertura do sétimo é o que leva efetivamente ao fim dos tempos. No desenrolar do enredo torna-se clara a preocupação do diretor em buscar, no passado, um período que traga à tona questões ainda presentes no mundo contemporâneo. Ao fazê-lo, Bergman reconstruiu a Idade Média sueca não para tematizá-la em si, ainda que o trabalho de pesquisa histórica e de reconstrução da sociedade daquela época tenham sido cuidadosamente preparados, mas, principalmente, para expôr as aflições do mundo em que vivia. Destarte, Bergman busca no mundo medieval o medo apocalíptico, seja o temor de que o mundo pode acabar de repente ou de que ele seja dizimado gradualmente pela peste, o que acaba por expôr a preocupação própria do diretor com essa mesma questão.

O filme foi lançado em 1957, período em que os traumas da Segunda Guerra Mundial e da bomba atômica ainda marcavam a vida dos europeus. As décadas de 50 e 60 encerram o período de maior temor pela derrocada de uma guerra nuclear que destruísse o mundo em instantes. Acresce-se a isto que os traumas do holocausto e da mortandade desencadeados na guerra não haviam sido esquecidos, mas, pelo contrário, as pessoas pressentiam que tudo fora um presságio de que o homem seria o grande responsável pelo apocalipse final.

"A Morte disputando uma partida de xadrez", por Albertus Pictor, Diocese de Estocolmo.

O Sétimo Selo tem por tema fundamentalmente a questão do medo da morte; um cavaleiro que volta da Cruzada da Fé para encontrar em sua terra a peste e morte. Quando ele mesmo se depara com a personificação da morte, aceita-a como um visitante esperado, mas propõe-lhe uma negociação – numa disputa de xadrez - para que possa ganhar tempo e indagar sobre o sentido da vida e, conseqüentemente, o sentido da morte. Dessa forma, abre-se uma pausa no caminho da morte para vermos qual é o sentido da aflição que está sendo promovida e qual o caminho possível para fugir desse destino. O jogo de xadrez aparece talvez como uma alegoria da busca do cavaleiro a um entendimento da vida através da racionalidade que, ao final do filme, fica evidente que não seria possível, assim como, o cavaleiro mesmo percebe, não seria possível vencer a Morte.

No mundo medieval tudo era entendido através da religião, então o sentido da indagação do cavaleiro é questionar a religiosidade, incluindo o papel de Deus e do Diabo na vida humana. No filme, todos os aspectos da religiosidade são questionados, porém nunca é dada nenhuma resposta sobre sua veracidade. Nem Deus nem o Diabo se manifestam para o cavaleiro ou durante todo o filme, porém homens aparecem pregando, teatralizando e punindo em nome do sagrado. O personagem que sempre aparece para falar em nome de Deus é o homem que roubava jóias dos Mortos e que encabeça a procissão de flagelados, também foi aquele que convenceu o cavaleiro a partir para a cruzada, dez anos antes. Dessa forma, vemos como o sagrado é mudo neste filme; tanto Deus como o Diabo apenas existem na voz dos charlatães, em nome de uma igreja decadente - porque não consegue explicar a peste - e como formas de opressão.

O Sétimo Selo e Dom Quixote

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As gravações do filme

Remetendo a Dom Quixote, temos o cavaleiro e seu escudeiro como contrapontos da forma de encarar o mundo. Assim como no livro de Cervantes, o pragmatismo crítico do escudeiro revela um conhecimento do mundo distante dos questionamentos e indagações do cavaleiro sobre a morte e o sagrado. Com uma visão ácida, porém justa, o escudeiro não procura respostas, já as possuí pela experiência de vida, portanto não tem medo de enfrentar a própria morte. Assim como Sancho Pança sabe transitar entre o mundo da taverna, das brigas, da morte, etc., e o mundo quase sublimado e filosófico em que está o cavaleiro.

Apesar do filme retratar o tempo inteiro uma humanidade desesperada e moribunda, sob o agouro implacável da Morte, Bergman apresenta-nos um final onde é possível ter esperanças. A família de artistas são os únicos personagens que sobrevivem à “caçada” da Morte. A arte aqui tratada é aquela do malabarista ingênuo, puro; não a “arte” do homem que se proclamava o diretor da companhia, nem a encenação da procissão de flagelados, mas apenas aquela da família que vive pela arte e para levá-la para as pessoas. Somente esses artistas conseguem escapar da Morte, ajudados pelo cavaleiro, que a distrai para que estes fujam. O sentido da continuidade da humanidade aparece claramente dado pela salvação através da arte; todos os demais personagens que representam outras categorias sociais perecem ou estão condenados. Ao final de uma tormentosa tempestade, no momento seguinte ao da visita da Morte ao cavaleiro e seus companheiros, o sol surge brilhante, abrindo um caminho de esperança no horizonte por onde a família de artistas vai seguir.

Principais prêmios e indicações

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Festival de Cannes 1957 (França)

Fotogramas de Plata 1962 (Espanha).

  • Venceu na categoria de Melhor Ator Estrangeiro (Max von Sydow).

Sindacato Nazionale Giornalisti Cinematografici Italiani 1961 (Itália)

  • Venceu na categoria de Melhor Diretor - Filme Estrangeiro (Ingmar Bergman).

Referências

  1. a b c «O Sétimo Selo». AdoroCinema. Brasil: Webedia. Consultado em 16 de março de 2023 
  2. a b c «O Sétimo Selo». Cinecartaz. Público. Consultado em 16 de março de 2023 

Ligações externas

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