Estação Ferroviária de Serpa-Brinches
Serpa-Brinches
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Linha(s): | Ramal de Moura (PK 182,951) |
Coordenadas: | 37° 59′ 59,63″ N, 7° 36′ 49,1″ O |
Município: | Serpa |
Inauguração: | 14 de Abril de 1878 |
Encerramento: | 1 de Janeiro de 1990 |
A Estação Ferroviária de Serpa-Brinches, originalmente denominada de Serpa, é uma interface encerrada do Ramal de Moura, situada no concelho de Serpa, na região do Alentejo, em Portugal.
História
[editar | editar código-fonte]Século XIX
[editar | editar código-fonte]Após a construção da linha férrea até Beja e antes da continuação até ao Algarve, concluída em 1889, a vila de Serpa fazia parte do percurso habitual nas comunicações entre aquela região e o resto do país, uma vez que se encontrava na estrada entre Beja e Mértola, onde se apanhavam os barcos que subiam e desciam o Rio Guadiana.[1]
O lanço do Ramal de Moura entre Quintos e Serpa entrou ao serviço em 14 de Abril de 1878, com o nome de Linha do Sueste, tendo sido construído pela divisão estatal dos Caminhos de Ferro do Sul e Sueste.[2] O tramo seguinte da linha, até Pias, foi aberto à exploração em 14 de Fevereiro de 1887.[3]
Em finais de 1898, o Conselho Superior de Obras públicas analisou um pedido de Raymundo Sousa Netto para construir duas vias férreas até às estações de Pias, Serpa e Cuba, para servir as minas da Orada e Pequito.[4]
Século XX
[editar | editar código-fonte]Em 1903, foi formada uma empresa para a exploração de carreiras rodoviárias entre vários pontos do país, incluindo uma que unisse a vila de Serpa à estação.[5]
Nos horários de Julho de 1913, esta interface denominava-se apenas como Serpa.[6] Nesse ano, a estação estava ligada a carreiras de diligências até às localidades de Brinches e Serpa.[7] Posteriormente, o percurso entre a vila de Serpa e a estação passou a ser feito através de serviços de autocarros.[8] Em Novembro de 1918, foi afixado um aviso na estação de Serpa, prevenindo os passageiros que o governo tinha proibido a entrada na vila, uma vez que esta tinha sido atingida por uma epidemia de Pneumónica.[9]
Em 12 de Agosto de 1922, o Partido Liberal organizou um congresso distrital em Beja, onde foram delineadas as principais reivindicações a fazer ao governo, incluindo a construção de uma linha férrea que ligasse a estação de Serpa ao importante porto fluvial do Pomarão, passando pela vila de Mértola.[10]
Em 1 de Abril de 1934, a Gazeta dos Caminhos de Ferro relatou que a primeira secção do Conselho Superior de Obras Públicas tinha-se pronounciado sobre uma variante entre as estações de Quintos e Brinches-Serpa, de forma a passar por aquela vila.[11] Em 16 de Março de 1940, a Gazeta dos Caminhos de Ferro noticiou que já tinham sido concluídos os estudos para a variante de Serpa.[12] Na sessão de 17 de Abril de 1948 da Assembleia Nacional, o engenheiro Mira Galvão discursou sobre as vias férreas no Distrito de Beja, tendo promovido a alteração do traçado do Ramal de Moura, com uma nova estação de Serpa-Brinches, e que fossem concluídas as obras do Ramal de Serpa, que estavam interrompidas há vários anos.[13] Durante a primeira metade do Século XX, também foi planeada a construção de uma linha férrea que iria reduzir o percurso entre a Linha do Alentejo à Linha de Sines, que traria vários benefícios económicos à região, incluindo um melhor escoamento dos produtos agrícolas de Serpa e de outros concelhos do Alentejo interior para o Porto de Sines.[14]
Na transição para a década de 1990, a empresa Caminhos de Ferro Portugueses lançou um programa de reestruturação, que incluiu o encerramento do Ramal de Moura e outras linhas férreas, em 2 de Janeiro de 1990.[15][16]
Na década de 2020 o governo lançou o programa Fundo Revive Natureza, que tinha como finalidade promover o restauro e o reaproveitamento turístico de várias estações e apeadeiros encerrados, tendo em 13 de Outubro de 2023 sido aberto o concurso para a estação de Serpa-Brinches.[17]
Referências literárias
[editar | editar código-fonte]No Guia de Portugal de 1924, é descrita a estação de Serpa-Brinches e a via férrea em redor:
“ | -30 km. Serpa-Brinches (D.), est. que serve a vila de Serpa, a 7 km. à dir. (dilig.), e a Brinches à esq. a 4,2 kms. | ” |
— PROENÇA, Raúl e DIONÍSIO, Santana, Guia de Portugal, p. 97 |
Ver também
[editar | editar código-fonte]- Infraestruturas de Portugal
- Caminhos de Ferro Portugueses
- Transporte ferroviário em Portugal
- História do transporte ferroviário em Portugal
Referências
- ↑ GUITA, 2005:17
- ↑ TORRES, Carlos Manitto (1 de Fevereiro de 1958). «A evolução das linhas portuguesas e o seu significado ferroviário» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 70 (1683). Lisboa. p. 75-78. Consultado em 21 de Janeiro de 2014 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
- ↑ NONO, Carlos (1 de Fevereiro de 1949). «Efemérides ferroviárias» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 61 (1467). Lisboa. p. 131-132. Consultado em 20 de Dezembro de 2015 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
- ↑ «Há Quarenta Anos» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 50 (1223). Lisboa. 1 de Dezembro de 1938. p. 537-538. Consultado em 20 de Dezembro de 2015 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
- ↑ «Há 50 anos» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 65 (1563). Lisboa. 1 de Fevereiro de 1953. p. 470. Consultado em 20 de Dezembro de 2015 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
- ↑ «Moura (Sueste) - Beja a Moura e vice-versa». Guia official dos caminhos de ferro de Portugal. Ano 39 (168). Outubro de 1913. p. 100. Consultado em 22 de Janeiro de 2014 – via Biblioteca Digital de Portugal
- ↑ «Serviço de Diligencias». Guia official dos caminhos de ferro de Portugal. Ano 39 (168). Outubro de 1913. p. 152-155. Consultado em 25 de Fevereiro de 2018 – via Biblioteca Digital de Portugal
- ↑ GUERREIRO, 1983:186
- ↑ PIÇARRA e MATEUS, 2010:43
- ↑ PIÇARRA e MATEUS, 2010:26
- ↑ «Obras Públicas» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 46 (1111). Lisboa. 1 de Abril de 1934. p. 187. Consultado em 6 de Novembro de 2023 – via Hemeroteca Municipal de Lisboa
- ↑ «Linhas Portuguesas» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 52 (1254). Lisboa. 16 de Março de 1940. p. 186. Consultado em 20 de Dezembro de 2015 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
- ↑ «Problemas ferroviários» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 70 (1449). Lisboa. 1 de Maio de 1948. p. 296. Consultado em 20 de Dezembro de 2015 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
- ↑ PIÇARRA e MATEUS, 2010:49
- ↑ «CP encerra nove troços ferroviários». Diário de Lisboa. Ano 69 (23150). Lisboa: Renascença Gráfica. 3 de Janeiro de 1990. p. 17. Consultado em 25 de Março de 2021 – via Casa Comum / Fundação Mário Soares
- ↑ CORREIA, Teixeira (4 de Abril de 2010). «Ciclistas pedem ecopista para antigo ramal». Jornal de Notícias. Consultado em 28 de Janeiro de 2014
- ↑ Agência Lusa (16 de Outubro de 2023). «Estações de comboio no Alentejo vão ser requalificadas para turismo». Idealista. Consultado em 6 de Novembro de 2023
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- GUERREIRO, Aníbal C. (1983). História da Camionagem Algarvia (de passageiros) 1925-1975. da origem à nacionalização. Vila Real de Santo António: edição do autor. 233 páginas
- GUITA, José (2005). Uma Família Algarvia. Quadros de um viver antigo 1.ª ed. Vila Nova de Gaia: Editora Ausência. 149 páginas. ISBN 9789895532100
- PIÇARRA, Constantino; MATEUS, Rui (2010). Beja: Roteiros Republicanos. Col: Roteiros Republicanos. Matosinhos: Quidnovi - Edição e Conteúdos, S. A. 128 páginas. ISBN 978-989-554-720-3
- PROENÇA, Raúl; DIONÍSIO, Santana (1991) [1924]. Guia de Portugal: Generalidades, Lisboa e arredores. Col: Guia de Portugal. Volume 1 de 5 3.ª ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian. 696 páginas. ISBN 972-31-0544-6