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Chico Science

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(Redirecionado de Francisco de Assis França)
Chico Science
Chico Science
Chico Science em 1993
Nome completo Francisco de Assis França
Conhecido(a) por Chico Science
Nascimento 13 de março de 1966
Olinda, PE
Morte 2 de fevereiro de 1997 (30 anos)
Recife, PE
Nacionalidade brasileiro
Filho(a)(s) Louise Taynã
Ocupação
Principais trabalhos Da Lama ao Caos (1994)
Afrociberdelia (1996)
Carreira musical
Período musical 1987–1997
Gênero(s)
Instrumento(s)
Gravadora(s) Sony Music Brasil (1990–97)
Chaos/Sony Music (1994–97)
Afiliações
Influências Mestre Salustiano,[10] Josué de Castro,[11] Fellini,[12] Jorge Ben Jor,[13] Isaac Asimov,[14] Roberto Carlos[15]
Página oficial
[www.recife.pe.gov.br/chicoscience «Sítio oficial»] Verifique valor |url= (ajuda) 

Francisco de Assis França (Olinda, 13 de março de 1966Recife, 2 de fevereiro de 1997),[16] mais conhecido pela alcunha de Chico Science, foi um cantor e compositor brasileiro, um dos principais colaboradores do movimento manguebeat[17] em meados da década de 1990.[18] Líder da banda Chico Science & Nação Zumbi, deixou dois discos gravados: Da Lama ao Caos e Afrociberdelia. Sua carreira foi encerrada precocemente por um acidente de carro numa das vias que ligam Olinda ao Recife. Seus dois álbuns foram incluídos na lista dos 100 melhores discos da música brasileira da revista Rolling Stone, elaborada a partir de uma votação com 60 jornalistas, produtores e estudiosos de música brasileira: Da Lama ao Caos ficou na 13ª posição e Afrociberdelia na 18ª.[19][20] Em outubro de 2008, a revista Rolling Stone promoveu a Lista dos Cem Maiores Artistas da Música Brasileira, na qual Chico Science ocupou o 16ª lugar.[21][22][23]

Início da década de 1980: Início da carreira

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Entrevista de Chico Science no Programa Ensaio da TV Cultura em 1996.

Chico Science participava de grupos de dança e hip hop em Pernambuco no início dos anos 1980.[24] No final da década integrou algumas bandas de música como Orla Orbe e Loustal, inspiradas na música soul, no ska, no funk e no hip hop. Suas principais influências musicais eram James Brown, Bob Marley, Grandmaster Flash e Kurtis Blow entre outros artistas de destaque da soul music norte-americana.[25]

1991–1997: Lamento Negro e Nação Zumbi

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A fusão com os ritmos nordestinos, principalmente o maracatu, veio em 1991, quando Science entrou em contato com o bloco afro Lamento Negro, de Peixinhos, subúrbio de Olinda. Misturou o ritmo da percussão com o som de sua antiga banda e formou o Nação Zumbi. A partir daí o grupo começou a se apresentar no Recife e em Olinda e iniciou o "movimento" mangue beat, com direito a manifesto ("Caranguejos com Cérebro", de Fred 04, do Mundo Livre S/A).

Em 1993, uma rápida turnê por São Paulo e Belo Horizonte chamou a atenção da mídia.[26] O primeiro disco, Da Lama ao Caos, teve boa receptividade da crítica e projetou a banda nacionalmente. O segundo, Afrociberdelia, mais pop e eletrônico, confirmou a tendência inovadora de Chico Science e Nação Zumbi, que excursionaram pela Europa, onde encontraram Os Paralamas do Sucesso, e pelos Estados Unidos, onde fizeram sucesso de público e crítica e tocaram juntamente com Gilberto Gil.[27]

1998 e 2013: Lançamentos póstumos

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A Nação Zumbi lançou um CD duplo em 1998, depois da morte do líder Chico Science, com músicas novas e versões ao vivo remixadas por DJs.

A sua versão da canção "Maracatu Atômico" foi o clipe que encerrou as atividades da MTV Brasil, do grupo Abril, em 30 de setembro de 2013. A Ex-VJ Cuca Lazzarotto, que assim como no primeiro clipe da emissora em 1990, foi quem apresentou o videoclipe.[28]

Imagem pública

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Gilberto Gil considerava Chico Science (juntamente com o grupo baiano Olodum) como "o que surgiu de mais importante na música brasileira nos últimos vinte anos".[27]

Chico Science em 1994

Podem ser citadas como bandas relacionadas a Chico Science, as conterrâneas Mundo Livre S/A, Bonsucesso Samba Clube, as mais recentes Cordel do Fogo Encantado, Mombojó e Otto (o qual é ex-integrante do Mundo Livre S/A). Outras bandas influenciadas por Chico: Sepultura (mais especificamente o álbum Roots[29]), Soulfly (que gravou "Sangue de Bairro" no seu disco 3 e contou com Lúcio Maia, Jorge Du Peixe e Gilmar no seu primeiro disco Soulfly,[30]Cássia Eller (intérprete de músicas como "Corpo de Lama" e "Quando a Maré Encher"), Fernanda Abreu (álbum Raio X) e Arnaldo Antunes (álbum O Silêncio), além da antiga parceira e ainda em atividade, a Nação Zumbi. O Charlie Brown Jr. gravou "Samba Makossa" em seu disco acústico e seu vocalista Chorão se declarava fã de Chico.[31][32][33]

A banda filipina de nu metal Chicosci, originalmente chamava Chico Science, inspirada pelo artista brasileiro.[34] O músico de drum and bass inglês Goldie, conhecido nos anos 90 como "o rei do jungle", compôs uma música em homenagem ao cantor brasileiro chamada "Chico - Death of a rockstar".[35]

O túmulo do Chico Science sempre recebe visitas dos fãs no Cemitério de Santo Amaro no Recife.[36]Fotografia de 11 de junho de 2022.

Chico Science morreu no final da tarde de um domingo do dia 2 de fevereiro de 1997,[37] em um acidente de automóvel quando dirigia o carro de sua irmã de Recife a Olinda. Às 18h30, ele estava sozinho ao volante na estrada quando seu Fiat Uno se chocou com um poste depois que um outro veículo teria fechado a sua passagem.[38]

Science ainda foi socorrido por um policial que estava passando num ônibus e o levou ao Hospital da Restauração, mas o jovem cantor e compositor não resistiu e chegou ao hospital morto com múltiplas lesões. O enterro aconteceu na segunda-feira do dia 3 de fevereiro de 1997, no Cemitério de Santo Amaro, localizado no Recife. A família de Chico Science recebeu indenização de cerca de 10 milhões de reais da montadora Fiat, responsabilizada pela morte do cantor e compositor no acidente, devido a falhas no cinto de segurança do carro que dirigia e que poderia ter lhe poupado a vida.[39] Seu túmulo é visitado por fãs e admiradores da sua obra e de seu legado.[40]

Com Chico Science & Nação Zumbi

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  • Da Lama ao Caos (1994) — disco de ouro, mais de 100.000 cópias vendidas.
  • Afrociberdelia (1996) — disco de ouro, mais de 100.000 cópias vendidas.
  • Maxximum: Chico Science & Nação Zumbi (2005) — Sony BMG
  • Grandes Sucessos: Chico Science & Nação Zumbi (2001) — Sony Music
  • 21 Grandes Sucessos: Chico Science & Nação Zumbi (2000) — Chaos

Com outros artistas

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Participações em trilhas sonoras

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  • A Cidade
  • "Maracatu Atômico"
  • "Manguetown"
  • "Sangue de Bairro"[nota 1]

Lançamentos póstumos

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Notas e referências

Notas

  1. Por volta de 1993 foram feitos dois clipes amadores, "A Cidade" e "Maracatu de Tiro Certeiro", com as versões demo das respectivas canções.

Referências

  1. a b c «Carreira». Jornal do Commercio (Recife). Consultado em 30 de novembro de 2015. Arquivado do original em 24 de julho de 2014 
  2. «Glossário: Mangue de "A" a "Z"». Consultado em 30 de novembro de 2015 
  3. «Chico Science». Consultado em 30 de novembro de 2015 
  4. Igor Ribeiro (Outubro de 2006). «Como Chico Science produziu o clássico "Afrociberdelia"». Editora Abrila. Consultado em 30 de novembro de 2015 
  5. LUIZ ANTÔNIO RYFF (17 de Julho de 1996). «Paralamas e Science dividem palco francês». Folha de S.Paulo. Consultado em 30 de novembro de 2015 
  6. Marcos Augusto Gonçalves (10 de dezembro de 1996). «Entrevista». Folha de S.Paulo 
  7. Yuri de Castro (13 de junho de 2013). «Marcelo D2: na lata, mas com dó». Consultado em 30 de novembro de 2015 
  8. Tony Aiex (3 de fevereiro de 2012). «Lembrando Chico Science - TMDQA!» 
  9. «Ortinho». Consultado em 30 de novembro de 2015 
  10. «O Mestre Salustiano». Casa da Rabeca. Consultado em 30 de novembro de 2015 
  11. Bruno Albertim (7 de abril de 2014). «Entre Chico e Josué de Castro havia José Teles». Jornal do Comércio. Consultado em 30 de novembro de 2015 
  12. Diogo Rodriguez (10 de agosto de 2010). «Fellini e Nação Zumbi». Revista Trip. Consultado em 30 de novembro de 2015 
  13. «Jorge Ben Jor». Roda Viva (programa de televisão). 18 de dezembro de 1995. Consultado em 30 de novembro de 2015 
  14. Welton Oda (Novembro de 2013). «O que há de Science no Chico Science?» (PDF). Universidade Federal do Amazonas. Consultado em 30 de novembro de 2015 
  15. «Chico Science». Faculdade de Ciências Humanas de Olinda. Maio de 2005. Consultado em 30 de novembro de 2015 
  16. «Memorial Chico Science». Governo de Pernambuco. S/data. Consultado em 20 de março de 2014. Domingo, 2 de fevereiro: por volta das 19h, o Fiat que Chico dirigia se choca contra um poste no Complexo de Salgadinho, a caminho de Olinda. 
  17. «Com homenagem ao Manguebeat, Fenearte reúne 5 mil expositores, oficinas e apresentações culturais». G1. Consultado em 30 de junho de 2022 
  18. «Fenearte 2022: feira pernambucana homenageia os 30 anos do Manguebeat. Confira detalhes». jc.ne10.uol.com.br. Consultado em 30 de junho de 2022 
  19. «'Da lama ao caos', de Chico Science & Nação Zumbi, é eleito o melhor disco da MPB nos últimos 40 anos». O Globo. Consultado em 16 de junho de 2022 
  20. «Rolling Stone Brasil elege os 100 melhores discos de música brasileira». Grandeabobora.com. 21 de Julho de 2010. Arquivado do original em 8 de outubro de 2009 
  21. «Chico Science». Os 100 Maiores Artistas da Música Brasileira. Rolling Stone. Consultado em 31 de maio de 2017. Arquivado do original em 13 de maio de 2017 
  22. «Chico Science, mais vivo do que nunca». webstories.revistaforum.com.br. 3 de fevereiro de 2022. Consultado em 16 de junho de 2022 
  23. Internet (amdb.com.br), AMDB (25 de abril de 2022). «Nação Zumbi: História de Chico Science deve virar filme; saiba mais». Rolling Stone. Consultado em 16 de junho de 2022 
  24. Moisés Neto. «Chico Science, Zeroquatro & Faces do Subúrbio: A Cena Recifense» (PDF). Consultado em 16 de junho de 2022 
  25. «Programa lembra os 25 anos sem Chico Science, principal nome do movimento manguebeat». www12.senado.leg.br. Consultado em 2 de julho de 2022 
  26. * Chico Science em São Paulo e Belo Horizonte: [1]; [2] (2 Arquivado em 13 de abril de 2008, no Wayback Machine.)
  27. a b «The Interview». Universo Online 
  28. «O que seria da música brasileira sem Chico Science, que morreu há 25 anos». CNN Brasil. Consultado em 2 de julho de 2022 
  29. «Folha de S.Paulo - Música: Max exorciza o passado em "Soulfly" - 10/04/98». www1.folha.uol.com.br. Consultado em 29 de novembro de 2022 
  30. «Folha de S.Paulo - Música: Max exorciza o passado em "Soulfly" - 10/04/98». www1.folha.uol.com.br. Consultado em 15 de fevereiro de 2019 
  31. «As melhores frases de Chico Science, criador do manguebeat». Letras.mus.br. Consultado em 2 de julho de 2022 
  32. «Chorão era fã de Chico Science e gravou com Otto». jconline.ne10.uol.com.br. Consultado em 15 de fevereiro de 2019 
  33. Brito', 'Aline (2 de fevereiro de 2022). «Morte de Chico Science, precursor do manguebeat, completa 25 anos». Diversão e Arte. Consultado em 2 de julho de 2022 
  34. «Chicosci». Tower of Doom (em inglês). 30 de novembro de 2015. Consultado em 15 de fevereiro de 2019 
  35. «Folha de S.Paulo - Música: Goldie faz homenagem a Chico Science (com foto) - 10/09/97». www1.folha.uol.com.br. Consultado em 15 de fevereiro de 2019 
  36. «Morte de Chico Science completa 25 anos e manguebeat segue inovando». Agência Brasil. 2 de fevereiro de 2022. Consultado em 16 de junho de 2022 
  37. «Chico Science morre em acidente de carro». Agência Folha. 2 de fevereiro de 1997. Consultado em 1 de junho de 2017 
  38. «Morto há 25 anos, Chico Science vive em obra que captou dissonâncias ainda vigentes no Brasil em 2022». G1. Consultado em 16 de junho de 2022 
  39. Gois, Ancelmo (7 de março de 2012). «Fiat paga indenização à família de Chico Science». Globo.com. Consultado em 31 de maio de 2017 
  40. «Morte de Chico Science completa 25 anos e manguebeat segue inovando». Agência Brasil. 2 de fevereiro de 2022. Consultado em 2 de julho de 2022 

Ligações externas

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