Algodoeiro-da-praia
Algodoeiro-da-praia | |||||||||||||||
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Classificação científica | |||||||||||||||
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Nome binomial | |||||||||||||||
Hibiscus tiliaceus L. |
O algodoeiro-da-praia (nome científico: Hibiscus tiliaceus) é uma espécie de árvore com flor pertencente à família Malvaceae, sendo originária dos trópicos do Velho Mundo.[1] Também é conhecida pelos nomes de aguaxima-do-mangue, algodoeiro-da-índia, baru, embira, embira-do-mangue, guaxima-do-mangue, ibaxama, majagua, manhoco, quiabo-do-mangue e uacima-da-praia. Seu epíteto específico, "tiliaceus", faz referência às suas folhas, que se assemelham àquelas do gênero relacionado Tilia.[1]
Descrição
[editar | editar código-fonte]H. tiliaceus é uma árvore que alcança entre 4–10 m de altura, com o tronco chegando até os 15 cm de diâmetro.[1] As flores são de cor amarela com coloração vermelha-escura no centro ao abrirem. No decorrer do dia, as flores adquirem uma cor laranja até chegarem ao vermelho, antes de caírem. Os galhos da árvore costumam se curvar com o tempo. As folhas são em forma de coração e vermelho escuro na var. rubra.
Distribuição e habitat
[editar | editar código-fonte]A espécie é comumente encontrada na costa do leste e no norte da Austrália,[2] Oceania, Maldivas, Sul e Sudeste Asiático. Se tornou naturalizada no Novo Mundo, como Flórida, Porto Rico e Ilhas Virgens.[1] Não se sabe se a espécie é nativa do Havaí, pois pode ter sido introduzida na Polinésia.[3] Hibiscus tiliaceus pode ser encontrada em elevações de até 800 m acima do nível do mar em áreas que recebem 900–2.500 mm de precipitação anual. É comumente encontrada crescendo em praias, rios e manguezais. O algodoeiro-da-praia é bem adaptado para crescer em ambiente costeiro, pois tolera sal e alagamento e pode crescer em areia de quartzo, areia de coral, marga, calcário[4] e basalto triturado.[5] Cresce melhor em solos ligeiramente ácidos a alcalinos (pH de 5–8,5).[4]
Usos
[editar | editar código-fonte]A madeira de H. tiliaceus tem peso específico de 0,6. Tendo sido usado em uma variedade de aplicações, como construção de embarcações, lenha e esculturas em madeira. É fácil de aplainar e girar bem, por isso é considerada por muitos como uma madeira para móveis de alta qualidade. As fibras vegetais retiradas dos caules têm sido tradicionalmente utilizadas na fabricação de cordas,[6] enquanto sua casca tem sido utilizada, como a cortiça, para vedar rachaduras em barcos. A casca e as raízes podem ser fervidas para fazer um chá para esfriar as febres, e seus brotos de folhas jovens podem ser comidos como vegetais. Os nativos havaianos usavam a madeira para fazer ʻiako (mastros) para wa'a (canoas), mouo (flutuadores de rede de pesca) e ʻau ko'i (alças de enxó). Kaula ʻilihau (cordame) era feito de fibras liberianas.[7] Hau seria usado para fazer ʻama (canoa) se wiliwili (Erythrina sandwicensis) não estivesse disponível.[8]
O H. tiliaceus é amplamente utilizado nos países asiáticos como matéria para bonsai, especialmente em Taiwan. Os melhores espécimes são retirados do Parque Nacional de Kenting. Prestando-se à enxertia livre, o tamanho da folha é reduzido com bastante rapidez. Suas folhas também são utilizadas na culinária, como bandejas de bolos de arroz no vapor (粿).
Na Indonésia, também é usada para fermentar o tempeh. A parte inferior das folhas é coberta por pelos conhecidos tecnicamente como tricomas, aos quais o fungo Rhizopus oligosporus pode ser encontrado aderido na natureza. A soja é pressionada na folha e armazenada. A fermentação ocorre resultando em tempeh.[9]
Propriedades químicas
[editar | editar código-fonte]A cianidina-3-glicosídeo é a principal antocianina encontrada nas flores de H. tiliaceus.[10] As folhas de H. tiliaceus exibiram forte atividade de eliminação de radicais livres e a maior atividade de inibição da tirosinase entre 39 espécies de plantas tropicais em Okinawa.[11] Com maior radiação UV nas áreas costeiras, é possível que as folhas e flores das populações costeiras naturais de H. tiliaceus tenham propriedades antioxidantes mais fortes do que as populações plantadas no interior.[12]
Sinônimos
[editar | editar código-fonte]- Hibiscus abutiloides Willd.
- Hibiscus boninensis Nakai
- Hibiscus circinnatus Willd.
- Hibiscus porophyllus Vell.
- Hibiscus tortuosus Roxb.
- Pariti boninense (Nakai) Nakai
- Pariti tiliaceum (L.) A. Juss.
- Paritium abutiloides (Willd.) G.Don
- Paritium circinnatum (Willd.) G. Don
- Paritium elatum var. abutiloides (Willd.) Griseb.
- Paritium tiliaceum (L.) A. Juss.
- Talipariti tiliaceum (L.) Fryxell[13]
Referências
- ↑ a b c d Little Jr., Elbert L.; Skolmen, Roger G. (1989). «Hau, sea hibiscus» (PDF). United States Forest Service. Common Forest Trees of Hawaii (Native and Introduced) (em inglês). Consultado em 21 de dezembro de 2021
- ↑ «Hibiscus tiliaceus». PlantNET - NSW FloraOnline. Consultado em 22 de dezembro de 2021
- ↑ Motooka, P.; L. Castro; D. Nelson; G. Nagai; L. Ching. «Hibiscus tiliaceus Hau» (PDF). University of Hawaii at Mānoa. Weeds of Hawaiʻi’s Pastures and Natural Areas; An Identification and Management Guide. Consultado em 22 de dezembro de 2021
- ↑ a b Elevitch, Craig R.; Lex A.J. Thomson (abril de 2006). «Hibiscus tiliaceus (beach hibiscus)» (PDF). Consultado em 22 de dezembro de 2021
- ↑ Allan, James A. (1 de janeiro de 2003). «Hibiscus tiliaceus L.». Reforestation, Nurseries & Genetics Resources. Tropical Tree Seed Manual. Consultado em 22 de dezembro de 2021
- ↑ Standley, Paul C.; Blake, S.F. (1923). «"Trees and Shrubs of Mexico (Oxalidaceae-Turneraceae)"». Washington, D.C.: Department of Botany, Smithsonian Institution. Contributions from the United States National Herbarium. 23 (3): 780. JSTOR 23492504
- ↑ «hau, hau kaʻekaʻe». Hawaii Ethnobotany Online Database. Bernice P. Bishop Museum. Consultado em 22 de dezembro de 2021. Arquivado do original em 2 de julho de 2007
- ↑ Medeiros, A. C.; C.F. Davenport; C.G. Chimera (1998). «Auwahi: Ethnobotany of a Hawaiian Dryland Forest» (PDF). Cooperative National Park Resources Studies Unit, University of Hawaiʻi at Mānoa. Consultado em 22 de dezembro de 2021
- ↑ Shirtleff, William; Akiko, Aoyagi (1979). The Book of Tempeh. [S.l.]: Soyinfo Center, Harper and Row. ISBN 9780060140090
- ↑ Lowry, J.B. «Floral anthocyanins of some Malesian Hibiscus species». Phytochemistry. 15: 1395–1396
- ↑ (Masuda et al., 1999; 2005)
- ↑ (Wong et al., 2009; Wong & Chan, 2010).
- ↑ «Talipariti tiliaceum». Germplasm Resources Information Network (GRIN). Agricultural Research Service (ARS), United States Department of Agriculture (USDA). Consultado em 22 de dezembro de 2021