Homem na Estrada
"Homem na Estrada" | |||||||
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Canção de Racionais MC's do álbum Raio X do Brasil | |||||||
Lançamento | 1993 | ||||||
Gravação | 1993 | ||||||
Gênero(s) | Hip hop alternativo | ||||||
Gravadora(s) | Zimbabwe Records | ||||||
Letra | Mano Brown | ||||||
Composição | Mano Brown | ||||||
Faixas de Raio X do Brasil | |||||||
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"Homem na Estrada" é uma canção do grupo brasileiro de rap Racionais MC's. Composta por Mano Brown, foi lançada em 1993 no LP Raio X Brasil.
Elementos musicais
[editar | editar código-fonte]Letra
[editar | editar código-fonte]A letra conta a história dos últimos dias da vida de um ex-presidiário negro, pobre, morador da periferia que busca reconstruir sua vida.[nota 1] Sua narração é feita por um narrador onipresente que se coloca ao lado do personagem da letra, embora o foco narrativo às vezes mude como nos trechos nos quais a própria história do narrador se confunde com o relato sobre o personagem da canção.[nota 2]
A lírica evidencia que a condição de ex-detento minimiza as chances do protagonista da canção levar uma vida comum novamente, com versos que reforçam um cotidiano de banalização da violência e da morte[nota 3] e de descrença na polícia.[nota 4]
Depois de ter seu nome envolvido em uma lista de suspeitos de participar em "assaltos na redondeza", o ex-presidiário termina executado arbitrariamente pela polícia durante uma invasão ao seu barraco na madrugada e seu corpo foi encontrado na estrada do M'Boi Mirim. A história fictícia de "Homem na Estrada" assemelha-se a métodos extrajudiciais de ação da polícia brasileira contados pelo ex-detento e escritor Luiz Alberto Mendes em suas obras. "Eles vão do criminoso ao crime, não do crime ao criminoso, como seria a lógica."[1]
Base musical
[editar | editar código-fonte]"Homem na Estrada" usa "samples" de "Ela Partiu", interpretada por Tim Maia. No refrão, os Racionais utilizaram principalmente os vocais do cantor. Em outro trecho de "Homem na Estrada" aparece o verso"e nunca mais voltou", que em "Ela Partiu" se refere à mulher amada, mas foi ressignificada na letra do grupo de Rap paulistano quando seguida do verso "Até o IBGE passou aqui".
Recepção
[editar | editar código-fonte]Em 1994, o júri da Associação Paulista de Críticos de Arte elegeu "Homem na Estrada" como a melhor música do ano.[2]
Grande fã dos Racionais MC's, o político Eduardo Suplicy notabilizou-se em algumas ocasiões por conta de performances de "Homem na Estrada" em programas de televisão (como o "Programa do Jô" e o "Pânico na TV"). Em uma sessão do Senado federal, Suplicy cantou o rap, como forma de convencer seus colegas a votar contra a aprovação da redução da maioridade penal na Comissão de Constituição e Justiça.[3]
Créditos
[editar | editar código-fonte]- Voz - Mano Brown
- Vozes Extras - Edi Rock e Wander
- KL Jay - Sampler, Efeitos Sonoros e Programação de Bateria
Notas
- ↑ Como em: "Sua finalidade, a sua liberdade, que foi perdida,/ subtraída/ e quer provar a si mesmo que realmente mudou/ que se recuperou, que quer viver em paz."
- ↑ Como em: "Quero que meu filho nem se lembre daqui".
- ↑ Como em: "Deu meia noite e o corpo ainda estava lá/ Coberto com lençol, ressecado pelo sol, jogado"
- ↑ Como em: "Não confio na polícia, raça do c******!"
Referências
- ↑ Mendes 2001, p. 275.
- ↑ Garcia 2018, p. 188.
- ↑ Folha 2007.
Bibliografia consultada
[editar | editar código-fonte]- Mendes, Luiz Alberto (2001). Memórias de um sobrevivente. São Paulo: Companhia das Letras
- Garcia, Walter (2018). «Critérios de valorização estética da canção popular-comercial brasileira: uma introdução» (PDF). Foz do Iguaçu. NUPEMLA: II Jornada de Investigação da Música Latino-Americana (2): 178-195. Consultado em 17 de agosto de 2021
- «Contra redução penal, Suplicy interpreta rap para senadores». Folha de S.Paulo. 27 de abril de 2007. Consultado em 17 de agosto de 2021