Saltar para o conteúdo

San Lorenzo in Piscibus

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Igreja de São Lourenço no Mercado de Peixes
San Lorenzo in Piscibus
San Lorenzo in Piscibus
A abside da igreja, a partir do Borgo Santo Spirito.
Informações gerais
Estilo arquitetónico Românico
Religião Igreja Católica
Diocese Diocese de Roma
Página oficial Site oficial
Geografia
País Itália
Localização Rione Borgo
Região Roma
Coordenadas 41° 54′ 06″ N, 12° 27′ 33″ L
Mapa
Localização em mapa dinâmico

San Lorenzo in Piscibus ou Igreja de São Lourenço no Mercado de Peixes[1] é uma igreja de Roma, Itália, localizada no rione Borgo, em borgo Santo Spirito. É dedicada a São Lourenço de Roma e é uma igreja subsidiária da paróquia de Santa Maria in Traspontina.[2] Fica perto da Praça de São Pedro e da Cidade do Vaticano, mas sua fachada não é visível a partir da grande via della Conciliazione.

O cardeal-diácono da diaconia de São Lourenço em Piscibus, criada em 24 de novembro de 2007 pelo papa Bento XVI, é Paul Josef Cordes, presidente-emérito do Pontifício Conselho Cor Unum.[3][4]

O primeiro documento a fazer referência a esta igreja é de 1143, com o nome de S. Laurentius in porticu maiore ("São Lourenço perto do Grande Pórtico"),[5][6] uma referência ao grande pórtico que, na Idade Média, ligava a Ponte Élio à Antiga Basílica de São Pedro atravessando o Borgo.[7][8]

O título "in piscibus", que apareceu pela primeira vez numa bula do papa Inocêncio III de 1205, significa, literalmente, "perto dos peixes". Trata-se de uma referência ou de um mercado de peixes nas imediações ou à família romana Piscibus.[6] Outras variantes conhecidas são "de piscibus" ("dos peixes"), "ad pisces" ("perto dos peixes") e "in Borgo" ("no Borgo").[8] Era também conhecida como San Lorenzolo ou Lorenzino, "Pequeno São Lourenço", uma referência ao seu tamanho diminuto.[6][8]

Antiga fachada no Borgo Santo Spirito, demolida na década de 1930.

Primeiras tradições

[editar | editar código-fonte]

Existe uma tradição de que a igreja atual foi construída no local de uma mais antiga, dedicada a Santo Estêvão ou Santa Gala, uma viúva romana do século VI.[5] A estrutura mais antiga, que abrigava um mosteiro para mulheres, foi provavelmente destruído durante as invasões bárbaras.[9] Foi depois reconstruída em homenagem a São Lourenço.

Períodos medieval e renascentista

[editar | editar código-fonte]

A menção à igreja em 1143 é na obra "Ordo Romanus", de Bento, o Cônego.[6] Nos séculos XIII e XIV, o edifício ficou sob os cuidados da Basílica de Latrão, como atestado por um inventário coletado por Nicola Frangipani durante o pontificado do papa Bonifácio VIII (r. 1294–1303). Lá, ela aparece com o cognome in piscibus, mas com um descritivo adicional estabelecendo sua localização: "na Cidade Leonina, perto do pórtico da Basílica do Príncipe dos Apóstolos" (em latim: "in civitate Leoniana iuxta Porticum Basilicae Principis Apostolorum").[6]

Durante a Idade Média, a administração da igreja foi transferida para os cônegos do capítulo da basílica vaticana, como se atesta em bulas do papa Inocêncio III (15 de outubro de 1205) e do papa Gregório IX (22 de junho de 1228).[6] A igreja foi reformada em 1417, segundo um documento no arquivos de São Pedro, mas a fonte não deixa claro quem ficou encarregado da obra. Ottavio Panciroli atribuiu a reforma ao cardeal inglês chamado "Tommaso Armellini" — possivelmente uma referência a Thomas Langley — mas Hülsen considera a referência uma confusão com Francesco Armellini, cardeal-camerlengo do papa Leão X.[6][8]

A igreja abrigou as irmãs clarissas por algum tempo, até que Leão X as mudou para outro local[8] e as substituiu por uma comunidade leiga da vizinha Santo Spirito in Sassia.[9] Foi nesta época que a estrutura da igreja, cuja fachada está no lado sul da Piazza Rusticucci, logo depois da confluência com o Borgo Vecchio (tudo destruído entre 1936 e 1937 durante a demolição da Spina di Borgo), foi incorporada pelos palácios vizinhos das famílias nobres e acabou tornando-se uma capela privada da família Cesi, donos do local.[5][9] O santuário foi reformado em estilo barroco em 1659 pelo arquiteto Francesco Massan, um sócio de Borromini.[5][8] No mesmo ano, a igreja passou para as mãos dos piaristas, que depois acrescentaram uma fachada com duas entradas,[9] projetada por Domenico Navona (1733) e que hoje não existe mais.[5][8]

Declínio e desconsagração

[editar | editar código-fonte]

A igreja permaneceu com os padres piaristas até o início do século XX. Porém, a região passou por grandes mudanças quando a parte central do rione Borgo, a Spina di Borgo, foi demolida para permitir a construção da moderna via della Conciliazione.[9] No decurso da construção da via, que se estendeu de 1936 a 1950,[5] a fachada foi completamente removida e o edifício foi escondido no interior do lado esquerdo do pátio de propileus que delimitam a piazza Pio XII. Na mesma época, o interior também foi reformado. Os arquitetos, Galeazzi & Prandi, tentaram num primeiro momento salvar a decoração barroca, mas, por conta do grande custo e da ameaça de desmoronamento, eles decidiram devolver a igreja a uma condição românica supostamente original, eliminando diversas diversas adições posteriores e eliminando quaisquer vestígios barrocos.[9]

A igreja foi vendida pelo governo italiano para a Santa Sé em 1941[5] e ela acabou, consequentemente, sendo desconsagrada por ser redundante. Foi depois convertida em um salão de estudos para a Scuola Pontificia Pio IX e, depois, utilizada como estúdio do escultor Pericle Fazzini, que esteve ali enquanto trabalhava em sua enorme "A Ressurreição", destinada a Sala Paulo VI, entre 1970 e 1977.[5][9]

Restituição e uso atual

[editar | editar código-fonte]

O papa São João Paulo II viu a antiga igreja, na época mais ou menos escondida e esquecida, como uma potencial sede para um centro ministerial para jovens no Vaticano. Ele reconsagrou-a com uma missa jovem especial em 1983, expressando seu desejo de que ela se tornasse "uma estufa de evangelização repleta de fé".[1] A igreja ainda hoje abriga o "Centro San Lorenzo", supervisionado pelo Pontifício Conselho para os Leigos.[1]

O interior da igreja está dividido em três naves, separadas por doze colunas reaproveitadas de mármore cinza.[8] O teto é de treliças de madeira e tanto a nave quanto a abside são de tijolos expostos.[9] Uma pequena e esguia torre sineira do século XII sobrevive à esquerda da fachada de forma quadrada com janelas altas com mainéis, com pilares no nível mais baixo e pequenas colunetas no campanário.[9]

Sobre o altar-mor ficava antigamente uma imagem do "Casamento da Virgem", de Niccolò Bertoni, um aluno de Carlo Maratta.[8]

Referências

  1. a b c Smibert, Catherine (18 de agosto de 2005). «Birthplace of World Youth Days; Background Work» (em inglês). ZENIT 
  2. «Chiesa Rettoria San Lorenzo in Piscibus» (em italiano). Vicariato de Roma 
  3. «Church of S. Lorenzo in Piscibus, Roma». gcatholic.com (em inglês) 
  4. «S. Lorenzo in Piscibus (Cardinal Titular Church)». catholic-hierarchy.com (em inglês) 
  5. a b c d e f g h «La chiesa di San Lorenzo in Piscibus» (em italiano). Pontifico Consiglio per i Laici 
  6. a b c d e f g Hülsen, Christian (1927). Le Chiese di Roma nel Medio Evo (em italiano). Florence: Leo S. Olschki 
  7. Borgatti, Mariano (1926). Borgo e S. Pietro nel 1300–1600 – 1925 (em italiano) 1 ed. Roma: Federico Pustet. p. 63 
  8. a b c d e f g h i Armellini, Mariano (1891). Le chiese di Roma dal secolo IV al XIX (em italiano). [S.l.]: Tipografia Vaticana 
  9. a b c d e f g h i «S. Lorenzo in Piscibus» (em italiano). Roma Segreta. 15 de abril de 2013 

Ligações externas

[editar | editar código-fonte]
O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre San Lorenzo in Piscibus