Saltar para o conteúdo

Ilan Pappé

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
(Redirecionado de Ilan Pape)
Ilan Pappé
Ilan Pappé
Nascimento 7 de novembro de 1954 (69 anos)
Haifa (Israel)
Cidadania Israel
Alma mater
Ocupação historiador, cientista político, professor universitário
Empregador(a) Universidade de Haifa, Universidade de Exeter
Obras destacadas The Ethnic Cleansing of Palestine, The Idea of Israel, Ten Myths About Israel
Movimento estético Novos Historiadores, antissionismo
Página oficial
https://www.simonandschuster.com/authors/Ilan-Pappe/167493452

Ilan Pappé (em hebraico: אילן פפה; Haifa, 7 de novembro de 1954) é um historiador israelense, professor de história na Universidade de Exeter, no Reino Unido. Foi docente em Ciências Políticas em sua cidade natal, na Universidade de Haifa (1984-2007).[1]

É um dos chamados Novos Historiadores, que reexaminaram criticamente a História de Israel e do sionismo. Pappé faz uma análise profunda sobre os acontecimentos de 1948 (criação do Estado de Israel) e seus antecedentes. Em seu livro mais importante, The Ethnic Cleansing of Palestine (no Brasil, publicado pela Editora Sundermann, como A Limpeza Étnica da Palestina, na tradução de Luiz Gustavo Soares), ele sustenta a tese de que houve uma limpeza étnica, ou seja, a expulsão deliberada da população civil árabe da Palestina - operada pela Haganah, pelo Irgun e outras milícias sionistas, que formariam a base do Tzahal - segundo um plano elaborado bem antes de 1948.[2] Pappé considera a criação de Israel como a principal razão para a instabilidade e a impossibilidade de paz no Oriente Médio. Segundo ele, o sionismo tem sido historicamente mais perigoso do que o islamismo extremista.[3]

Ao longo dos anos 2000, Ilan Pappé notabilizou-se por várias polêmicas, notadamente a controvérsia do massacre de Tantura, e por seu apelo ao boicote internacional às universidades israelenses, o que o levou a entrar em conflito com seus colegas da Universidade de Haifa, particularmente com Yoav Gelber. Ilan Pappé e Benny Morris, um outro "novo historiador", divergiram frontalmente quanto à análise dos eventos de 1948 e quanto à atribuição de responsabilidades no conflito israelo-palestino.

Ilan Pappé é um importante defensor da solução de um único estado para palestinos e israelenses.[4]

Em 2007, Ilan Pappé exilou-se na Grã-Bretanha, onde atualmente é professor de história na Universidade de Exeter e diretor do Centro Europeu de Estudos sobre a Palestina.

Antes de deixar Israel, ele havia sido veementemente condenado no Knesset, o parlamento de Israel. Um ministro da educação havia pedido a sua demissão da universidade, e sua foto havia sido publicada em um jornal, no centro de um alvo. Além disso, Pappé havia recebido várias ameaças de morte.[5]

Carreira acadêmica

[editar | editar código-fonte]

Pappé nasceu em Haifa, de uma família de um judeus alemães que fugira da perseguição nazista da década de 1930. Aos 18 anos, serviu nas Forças Armadas de Israel, lutando na disputa das Colinas de Golã, em 1973, na chamada Guerra de Yom Kippur.[6]

Pappé graduou-se na Universidade Hebraica de Jerusalém, em 1978, e, em 1984, sob a orientação do historiador árabe Albert Hourani e de Roger Owen,[6]recebeu o título de doutor pela Universidade de Oxford. Sua tese de doutorado tornou-se seu primeiro livro, Britain and the Arab-Israeli Conflict, 1948–1951 ("A Grã-Bretanha e o conflito árabe-israelense, 1948-1951)".

Foi Diretor Acadêmico do Instituto Givat Haviva,[7] entre 1993 e 2000, e presidente da Instituto de Estudos Palestinianos Emile Toma.

Em 1996, foi candidato à Knesset pela coligação Hadash, liderada pelo Partido Comunista de Israel.

Até sua nomeação para a Universidade Britânica de Exeter, em 2007, Pappé viveu em Kiryat Tivon, no distrito de Haifa, com a esposa e dois filhos.

Deixou a Universidade de Haifa, em 2007, após a sua aprovação ao boicote acadêmico a Israel,[8] o que levou o presidente da universidade a demiti-lo. Pappé disse que achava que "cada vez mais difícil de viver em Israel", com suas "indesejáveis opiniões e convicções." Já em 2005, em uma entrevista ao Haaretz, declarou que "o boicote atingiu a academia porque a academia em Israel optou por ser oficial [...] A academia escolheu a propaganda oficial de Israel. [...] A academia é o mais importante embaixador de Israel na alegação de que somos a única democracia no Oriente Médio".[9][10]

Numa entrevista no Catar explicou sua decisão de deixar Israel:

"Fui boicotado na minha universidade e houve tentativas de me expulsarem do meu trabalho. Estou recebendo ligações telefônicas com ameaças todos os dias. Não estou sendo visto como uma ameaça para a sociedade israelita, mas o meu povo pensa que sou louco ou que a minha opinião é irrelevante. Muitos israelenses acreditam também que estou trabalhando como mercenário para os árabes." [11]

Ilan Pappé é professor de etnopolítica do século XX, no Centro de Estudos Etnopolíticos da Universidade Britânica de Exeter.[12]

Os livros de Ilan Pappé têm sido elogiados por Walid Khalidi, Richard Falk, Ella Shohat, Nur Masalha e John Pilger. Pilger descreve Pappé como "o mais corajoso, íntegro e incisivo historiador israelense."

No entanto, seu trabalho também é duramente criticado por outros historiadores, como Benny Morris e Efraim Karsh. Seth J. Frantzman classifica o trabalho de Pappé como "um exercício cínico de manipulação de provas para adaptá-las a uma tese implausível (...) Ele ignora o contexto e tira conclusões escolhidas a dedo, escolhendo algumas evidências convenientes e ignorando inteiramente outras fontes".[13]

Referências

  1. «Exeter Centre for Ethno-Political Studies». Universidade de Exeter. Consultado em 6 de abril de 2008 
  2. PAPPÉ, Ilan. «Uma "suposta" limpeza étnica?». Revista Espaço Ética: Educação, Gestão e Consumo, Ano III, n° 7. Consultado em 18 de junho de 2016 
  3. PAPPÉ, Ilan - The Ethnic Cleansing of Palestine, 2007.
  4. «The Official Website of Ilan Pappé». Consultado em 4 de março de 2012. Arquivado do original em 20 de março de 2009 
  5. Arnot, Chris. I felt it was my duty to protest, The Guardian, 20 de janeiro de 2009.
  6. a b Logos Journal Power and History in the Middle East: A Conversation with Ilan Pappe.
  7. «Site do Instituto Givat Haviva.». Consultado em 15 de agosto de 2010. Arquivado do original em 14 de abril de 2015 
  8. Académicos norte-americanos apelam ao boicote cultural a Israel. Público (jornal) 29 de janeiro de 2009.
  9. Alone on the barricades. Meron Rapoport. Ha'aretz, 6 de maio de 2005.
  10. Boicote Acadêmico contra Israel? Umberto Eco não entendeu. Portal Vermelho, 19 de Julho de 2010.
  11. «Academic slams Israel for land grab». Consultado em 16 de janeiro de 2009 
  12. Exeter University
  13. FRANTZMAN, Seth J. - Flunking History: Ilan Pappé's The Ethnic Cleansing of palestine; A 'New historian' twists the facts to indict Israel," Middle Eastern Quarterly, vol. 15, no. 2, p. 70
  14. «Bibliografia». Consultado em 15 de agosto de 2010. Arquivado do original em 22 de julho de 2011 

Ligações externas

[editar | editar código-fonte]