Ilha das Flores (curta-metragem)
Ilha das Flores | |
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Trecho da introdução do filme. | |
Brasil 1989 • cor • 13 min | |
Género | documentário |
Direção | Jorge Furtado |
Roteiro | Jorge Furtado |
Narração | Paulo José |
Elenco | Ciça Reckziegel Takahiro Suzuki Irene Schmidt Luciana Azevedo Douglas Trainini Julia Barth Igor Costa |
Direção de arte | Fiapo Barth |
Edição | Giba Assis Brasil |
Companhia(s) produtora(s) | Casa de Cinema de Porto Alegre |
Lançamento | maio de 1989 |
Idioma | português |
Ilha das Flores é um documentário[1] de curta-metragem brasileiro de 1989, dirigido por Jorge Furtado e produzido pela Casa de Cinema de Porto Alegre com apoio da Kodak do Brasil, Curt-Alex Laboratórios e Álamo Estúdios de Som.
De forma ácida e com uma linguagem quase científica, o curta mostra como a economia gera relações desiguais entre os seres humanos. O próprio roteirista/diretor já afirmou em entrevista que o texto do filme é inspirado em suas leituras de Kurt Vonnegut ("Café-da-manhã dos Campeões"/ "Breakfast of Champions") e nos filmes de Alain Resnais ("Meu Tio da América"/ "Mon Oncle d'Amérique"), entre outros.[2] Embora tenha um leve cunho humorístico, a mensagem que o filme transmite ao espectador sobre como os seres humanos tratam uns aos outros é mostrada de forma séria.
Em novembro de 2015, o filme entrou na lista feita pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine) dos 100 melhores filmes brasileiros de todos os tempos.[3] Em maio de 2019, o filme foi também eleito pela Abraccine o melhor curta-metragem brasileiro da história.[4]
Sinopse
[editar | editar código-fonte]Um narrador conta, durante todo o filme, o desenrolar de um tomate. O curta se inicia no campo de cultivo de tomates do Sr. Suzuki, que vende seus tomates para um supermercado, onde são comprados pela Sra. Anete, uma vendedora de perfumes, juntamente com um pouco de carne de porco. Cada compra requer a utilização de dinheiro, que é, junto com o tomate, o elemento constante na história. A Sra. Anete pretende fazer um molho de tomate para preparar junto à carne de porco, mas ao perceber que um dos tomates que ela comprou (e que veio da horta do Sr. Suzuki) está apodrecido ela o joga no lixo. Juntamente com o restante do lixo, o tomate descartado é levado para a "Ilha das Flores", um aterro de Porto Alegre. Lá, o material orgânico considerado adequado é selecionado como alimento para suínos de um dono de um terreno no local. O resto, que é considerado inadequado para os porcos, é dado a mulheres e crianças pobres para comer.
Elenco
[editar | editar código-fonte]- Ciça Reckziegel como Dona Anete
- Luciana Azevedo como Ana Luizia Nunes
- Irene Schmidt como cliente da Dona Anete
- Takahiro Suzuki como Sr. Suzuki
- Douglas Trainini como um dos familiares da Dona Anete
- Julia Barth como um dos familiares da Dona Anete
- Igor Costa como um dos familiares da Dona Anete
Recepção
[editar | editar código-fonte]O filme já foi acusado de "materialista" por ter, em uma de suas cartelas iniciais, a inscrição "Deus não existe", no entanto o crítico Jean-Claude Bernardet definiu Ilha das Flores como "um filme religioso"[5] e a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) concedeu ao filme o Prêmio Margarida de Prata, como o "melhor filme brasileiro do ano" em 1990.
Em 1995, durante o Festival de Curtas-Metragens de Clermont-Ferrand, Ilha das Flores foi eleito pela crítica europeia (junto com Couro de Gato de Joaquim Pedro de Andrade) como um dos 100 mais importantes curtas-metragens do século XX.[6]
Levantamento feito em 2019 pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema classificou o filme como o melhor curta-metragem brasileiro da história.[1]
Prêmios
[editar | editar código-fonte]- Melhor Curta-Metragem, Melhor Curta do Júri Popular, Prêmio da Crítica e mais 6 prêmios no 17° Festival de Gramado, 1989.[7]
- Urso de Prata para curta-metragem no 40° Festival de Berlim, 1990.[8]
- Prêmio Air France como melhor curta brasileiro do ano, 1990.
- Prêmio Margarida de Prata (CNBB), como melhor curta brasileiro do ano, 1990.
- Prêmio Especial do Júri e Melhor Filme do Júri Popular no 3° Festival de Clermont-Ferrand, França, 1991.
- "Blue Ribbon Award" no American Film and Video Festival, New York, 1991.
- Melhor Filme no 7º No-Budget Kurzfilmfestival, Hamburgo, Alemanha, 1991.
Referências
- ↑ a b «'Ilha das Flores' é eleito melhor curta-metragem brasileiro da história». G1. Consultado em 24 de maio de 2019
- ↑ «ILHA DAS FLORES - texto original». Casa de Cinema de Porto Alegre. Dezembro de 1988. Consultado em 21 de Fevereiro de 2011
- ↑ André Dib (27 de novembro de 2015). «Abraccine organiza ranking dos 100 melhores filmes brasileiros». Abraccine. abraccine.org. Consultado em 26 de outubro de 2016
- ↑ «"Ilha das Flores" é eleito o melhor curta-metragem brasileiro da história». GaúchaZH. 5 de maio de 2019. Consultado em 5 de maio de 2019
- ↑ Xavier, Ismail (1996). O cinema no século. [S.l.]: Imago. ISBN 9788531205279
- ↑ «Folha de S.Paulo - Clermont-Ferrand celebra centenário - 27/1/1995». www1.folha.uol.com.br. Consultado em 24 de maio de 2019
- ↑ «Vencedores - Festival de Cinema de Gramado». Consultado em 9 de julho de 2020
- ↑ «BERLINALE - PRIZES & HONOURS 1990». Consultado em 9 de julho de 2020