Saltar para o conteúdo

Les Travailleurs de la Mer

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
(Redirecionado de Les Travailleurs de la mer)
Les Travailleurs de la Mer
Os Trabalhadores do Mar
Les Travailleurs de la Mer
Ilustração de François Chifflart para Os Trabalhadores do Mar; gravada em madeira por Fortuné Méaulle.
Autor(es) Victor Hugo
Idioma Francês
País Bélgica
Gênero Romance
Linha temporal século XIX
Localização espacial França
Editora Verboeckhoven et Cie
Formato Brochura/Encadernado
Lançamento 1866
Cronologia
Les Chansons des rues et des bois
La voix de Guernsey

Os Trabalhadores do Mar é a tradução em português de Les Travailleurs de la mer, um romance de Victor Hugo, escritor francês, publicado em 1866.[1] O livro é dedicado à Ilha de Guernsey, onde Hugo viveu 15 anos em exílio auto-infligido. A dedicatória diz:

Dedico este livro ao rochedo de hospitalidade e de liberdade, a este canto da velha terra normanda onde vive o nobre e pequeno povo do mar, à ilha de Guernesey (ou Guernsey), severa e branda, meu atual asilo, meu provável túmulo.

À guisa de apresentação, o editor escreve na primeira página:

A religião, a sociedade, a natureza: tais são as três lutas do homem. Estas três lutas são ao mesmo tempo as suas três necessidades; precisa crer, daí o templo; precisa criar, daí a cidade; precisa viver, daí a charrua e o navio. Mas há três guerras nessas três soluções. Sai de todas a misteriosa dificuldade da vida. O homem tem de lutar com o obstáculo sob a forma superstição, sob a forma preconceito e sob a forma elemento. Tríplice 'ananke' pesa sobre nós, o 'ananke' dos dogmas, o 'ananke' das leis, o 'ananke' das coisas. Na Notre-Dame de Paris, o autor denunciou o primeiro; em 'Os Miseráveis', mostrou o segundo; neste livro indica o terceiro. A essas três fatalidades que envolvem o homem, junta-se a fatalidade interior, o 'ananke' supremo, o coração humano. (Obs.: 'ananke': palavra grega para fatalidade.)

O polvo (1866), aquarela de Victor Hugo.

Atenção o texto a seguir contêm revelações sobre o enredo

A história tem como protagonista um habitante de Guernsey de nome Gilliatt. O personagem que, segundo um 'leitmotiv' comum na poética de Victor Hugo, é um marginal social, que se enamora de Deruchette, sobrinha do armador Lethierry. Quando o navio de Lethierry naufragou no rochedo Douvres, um lugar particularmente perigoso, não muito distante da ilha, em direção da costa francesa, Deruchette promete casar-se com o homem capaz de recuperar o motor a vapor da embarcação. Gilliatt oferece-se, e o romance passa a narrar as suas aventuras e desventuras, entre elas a luta com um imenso polvo gigante, dentro de uma caverna no rochedo. Os Trabalhadores do Mar é ambientado imediatamente após as guerras napoleônicas, e entre seus temas está também o impacto da primeira revolução industrial na mencionada ilha.

O romance introduz a palavra pieuvre (polvo), do dialeto Dgèrnésiais no vocabulário francês: o termo usado até então era poulpe.

Como no livro The Book of Ebenezer Le Page, de Gerald Basil Edwards, Victor Hugo usa o cenário da comunidade de uma pequena ilha para transpor eventos aparentemente mundanos para um drama do mais alto quilate.

Há no livro, ainda, a questão da morte voluntária, escolhida pelo principal personagem do romance, Gilliatt, quando lhe ficou bem claro que irrevogavelmente perdera o amor de Deruchette, apesar de ter feito o que ela pedira. Dirigiu-se ao mar, que ele conhecia tão bem, escolhendo caminhos desertos, para o último ato de sua vida: esperar a morte, por afogamento, com a maré alta, sentado na Cadeira Gild-Holm-Ur, curiosa formação no rochedo, de frente para o mar, em forma de poltrona. De lá, viu passar o navio Cashmere que levava sua amada, recém-casada com o jovem pastor anglicano do lugar. E, à medida que a embarcação afastava-se, subia o nível do mar. Victor Hugo descreve os últimos momentos de um amor impossível:

A água chegava-lhe à cintura. A maré levantava-se. O tempo corria. Ao mesmo tempo que a água infinita subia à roda do rochedo Gild-Holm-Ur, ia subindo a imensa tranqüilidade da sombra nos olhos profundos de Gilliatt. O navio afasta-se no horizonte: Depois diminuiu. Depois dissipou-se. No momento em que o navio dissipava-se no horizonte, a cabeça desaparecia debaixo da água. Tudo acabou; só restava o mar.

História da publicação

[editar | editar código-fonte]

O romance foi primeiro publicado em Bruxelas, em 1866.

Hugo pretendeu originalmente que o ensaio L'Archipel de la Manche (O arquipélago do Canal da Mancha) servisse como uma introdução ao romance, embora o ensaio não tivesse sido publicado senão em 1883, e que os dois só tivessem sido publicados juntos no século XX.[1]

Traduções brasileiras

[editar | editar código-fonte]

A primeira tradução para o português, no Brasil, foi feita por Machado de Assis, trinta anos antes de Dom Casmurro e quase que simultaneamente à publicação do autor, em 1866: o original chegou às livrarias de Paris no dia 12 de março daquele ano; três dias depois, a tradução de Machado de Assis, inicialmente sob a forma de folhetim para o jornal Diário do Rio de Janeiro, aconteceu entre março e julho do mesmo ano.[2] Não que o tema fosse de sua predileção, mas à época Machado ainda não era famoso e fez o trabalho porque, em primeiro lugar, dominava bem o francês, e, em segundo, porque precisava do dinheiro que o editor lhe oferecia.[carece de fontes?]

Traduções em outras línguas

[editar | editar código-fonte]

A primeira tradução para o inglês não apareceu senão em 1887, quando Ward Lock publicou a tradução de Sir G. Campbell com o título ‘’Workers of the Sea’’. O título atual em inglês Toilers of the Sea estabeleceu-se somente a partir de 1896, com a tradução de Routledge.

Adaptações para o cinema

[editar | editar código-fonte]

Há registro de quatro adaptações do romance:

  • Toilers of the Sea (1914) – dire(c)tor desconhecido (mudo)
  • Toilers of the Sea (1915) – dire(c)tor desconhecido (mudo)
  • Toilers of the Sea (1923) – dire(c)tor Roy William Neill (mudo)
  • Toilers of the Sea (1936) – dire(c)tor Selwyn Jepson.

Referências

  1. a b Universidade de Brasília - "Traições editoriais: Os trabalhadores do mar, de Victor Hugo a Machado de Assis
  2. Machado, Ubiratan. Dicionário de Machado de Assis, pág. 338. Rio de Janeiro: Academia Brasileira de Letras (2008)

Ligações externas

[editar | editar código-fonte]