Metímna
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Localidade | ||||
Vista da fortaleza de Metímna | ||||
Localização | ||||
Localização de Metímna na Grécia | ||||
Coordenadas | 39° 22′ N, 26° 10′ L | |||
País | Grécia | |||
Região | Egeu Setentrional | |||
Unidade regional | Lesbos | |||
Município | Lesbos | |||
Unidade municipal | Metímna | |||
Características geográficas | ||||
População total (2011) [1] | 1 390 hab. |
Metimna[2] ou Mitímna (em grego: Μήθυμνα; romaniz.: Mí̱thymna), por vezes chamada Mólivos (em grego: Μόλυβος; romaniz.: Mólyvos) é uma aldeia grega localizada na costa norte da ilha de Lesbos, a cerca de 60 km de Mitilene, a principal cidade da ilha. De acordo com o censo de 2001 tinha 1 667 habitantes e constituía uma municipalidade de mesmo nome, que englobava 3 aldeias circundantes (Árgeno, Lepetímno e Sicamineia) que compunha 2 433 habitantes,[3] mas desde a reforma do plano Kallikratis, a vila perdeu seu estatuto de municipalidade e passou a formar uma unidade municipal de Lesbos.[4]
História
[editar | editar código-fonte]Como Metímna, a cidade foi certa vez a segunda cidade mais próspera de Lesbos, com um mito fundador que identifica uma epônima Metímna, a filha de Macareu e esposa da personificação de Lesbos.[5]
Período Arcaico
[editar | editar código-fonte]Muito pouco se sabe sobre Metímna no Período Arcaico. A história de Árion e o golfinho, que envolve o tirano coríntio Periandro e que pode ser evidentemente datada da virada do século VII a.C., sugere que Metímna já era uma cidade proeminente com amplos contatos através do mundo grego da época.[6] Heródoto nos diz que, em algum momento no Período Arcaico, Metímna escravizou a cidade de Arisba, em Lesbos: isto teria aumentado consideravelmente o território de Metímna, bem como teria dado a ela acesso à terra fértil em torno do golfo de Caloni.[7][8][9] De acordo com Mirsilo de Metímna, um historiador da primeira metade do século III a.C., Metímna teria fundado a cidade de Assos, na costa da Ásia Menor.[10] O historiador do século V a.C. Helânico de Mitilene, contudo, afirma que Assos foi uma fundação eólia, mas não especifica uma cidade particular como sua fundadora.[11] Isso levou a alguns historiadores modernos a duvidar de Mirsilo e a considerar que isto é um exemplo da "manipulação metimnana do passado", embora isso possa ser igualmente verdadeiro para Helânico.[nt 1]
Período Clássico
[editar | editar código-fonte]Metímna teve uma longa rivalidade com Mitilene, e durante a Guerra do Peloponeso ficou do lado de Atenas na revolta mitilênia de 428 a.C. quando todas as outras cidades de Lesbos se uniram a Mitilene.[13] Quando os atenienses debelaram a revolta no ano seguinte, somente Metímna foi poupada de ter seu território transformado numa clerúquia.[14][15] Após 427 a.C., Metímna e Quios foram os únicos membros da Liga de Delos a permanecer autônomas e isentas de tributo, indicando a posição privilegiada que Metímna manteve dentro do Império Ateniense.[16] Metímna foi brevemente capturada pelos espartanos no verão de 412 a.C., antes de rapidamente ser retomada pelos atenienses: na descrição do episódio, o historiador Tucídides indica que os metimnanos estavam mais inclinados a Atenas do que Esparta.[17] Isto foi também o caso em 411 a.C., quando um grupo de metimnanos que estavam em exílio em Cime, na Eólia, tentou retornar para Metímna a força, mas foram repelidos pela população. Quando o comandante espartano Calicrátidas sitiou Metímna em 406 a.C., a cidade permaneceu leal a sua guarnição ateniense e resistiu até ser atraiçoada por vários traidores.[18]
O conhecimento sobre a história de Metímna no século IV é limitado, mas sua proeminência como uma pólis é firmemente atestada na cunhagem de bronze e prata da cidade.[19] Até pelo menos os anos 340 a.C., o tirano Cleômis expulsou os democratas e permaneceu no poder pela década seguinte.[20][21][22] Não se sabe o que aconteceu com Cleômis depois disso, embora é provável que foi expulso quando a ilha caiu em 336 a.C. para Parmênio e Átalo, os generais de Filipe II.[23] A história política dos quatro anos seguintes é mal atestada: sabe-se que Lesbos mudou de mãos várias vezes entre as forças macedônicas de Alexandre, o Grande e as forças persas de Mêmnon de Rodes, que Mêmnon capturou Metímna em 323 a.C. e que quando o general de Alexandre, Hegéloco, recapturou Metímna em 332 a.C., seu tirano foi Aristônico e não Cleômis.[24] Contudo, não está claro se Aristônico foi feito tirano quando os persas recapturaram Metímna em 335 a.C., ou se Cleômis foi reinstalado e Aristônico foi feito tirano apenas em 333 a.C.. Qualquer que seja o caso, em 332 a.C. Alexandre deu Aristônico para a recém-restaurada democracia metimnana, e ele foi considerado culpado e condenado à morte por tortura.[25][26]
Período Helenístico
[editar | editar código-fonte]Em c. 295 a.C., Metímna cunhou dracmas para o rei Lisímaco (r. 306–281 a.C.), indicando que a cidade fez parte de seu reino neste momento.[27] Contudo, pelos anos 250 a.C. ou mais tarde, Metímna caiu sob a influência do Reino Ptolemaico.[nt 2] Durante este período, um festival em honra dos ptolemeus, a Ptolemaia, foi instituído, e documentos públicos produzidos pela cidade foram datados dos anos dos ptolemeus.[29] O culto de Serápis, um culto egípcio frequentado pelos ptolemeus, foi provavelmente introduzido em Metímna neste momento, e permaneceu uma parte importante da vida da cidade por vários séculos.[30]
No século II a.C., Metímna cada vez mais buscou laços mais estreitos com o emergente poder da República Romana. Metímna permaneceu leal a Roma durante as Guerras macedônicas, e em 167 a.C., quando os romanos puniram a vizinha Antissa por deslealdade, foi recompensada com a transferência do territória de Antissa.[9][31][32] O território de Metímna foi devastado pelo rei Prúsias II da Bitínia junto com várias outras cidades na região ca. 156 a.C., mas os romanos mais tarde obrigaram Prúsias a pagar reparações de 100 talentos pelo dano feito.[33] Em 129 a.C., uma inscrição de Metímna mostra que a cidade formou uma aliança formal com Roma.[34] Uma dedicatória à princesa gálata Adobogiona (fl. c. 80−50 a.C.), que foi a amante de Mitrídates VI do Ponto, um inimigo de longa data de Roma, pode indicar um esfriamento das relações entre Metímna e Roma ou simplesmente conveniência política.[34]
Período Romano
[editar | editar código-fonte]Metímna ganhou uma reputação particular entre os romanos para a viticultura durante o período imperial. Virgílio fala das vinhas de Metímna como as melhores e mais numerosas de Lesbos, enquanto Ovídio evoca-as como um exemplo de algo que é proverbialmente numeroso e abundante.[35][36] O forte sabor característico do vinho metimnano é mencionado por Sílio Itálico, e Propércio usa isto como um ponto de referência quando descreve outro vinho grego.[37] Quando Virgílio e Sílio quiseram indicar a qualidade excepcional do vinho falerniano, o vinho metimnano é citado entre os vintages que dizem que ele supera.[38][39] Também sabemos por Horácio que as uvas metimnanas foram igualmente valorizadas pelo excelente vinagre que poderia ser produzido delas e ele descreve que o vinagre acompanha uma prato de enguia suntuoso.[40] O escrito médico Galeno, que foi um nativo da vizinha Pérgamo, considerou todos os vinhos de Lesbos excelentes, mas classificou o de Metímna como o primeiro em qualidade, seguido pelo de Eresos em segundo e o de Mitilene em terceiro.[41][nt 3] Dáfnis e Cloé, um romance ambientado numa propriedade entre Metímna e Mitilene e possivelmente da autoria do aristocrata mitileno Longo, ressalta que a colheita das videiras é o período mais importante do ano agrícola, e que o proprietário mitileno desta localidade programou suas visitas anuais para coincidir com o fim da colheita, que é quando o lucro do ano pode ser estabelecido.[42]
Período Bizantino
[editar | editar código-fonte]O primeiro bispo atestado de Metímna foi Cristodoro em 520.[43][44] Em 640, Metímna foi mencionada no Ecthesis, pseudograficamente atribuído a Epifânio de Salamis, como uma arquidiocese autocéfala, e em torno de 1084, foi feita uma sé metropolita sob Aleixo I Comneno (r. 1081–1118). A Quarta Cruzada provocou a conquista latina da ilha, de modo que a Igreja Católica manteve uma sé puramente titular em Metímna.[carece de fontes]
Em 840, a cidade foi saqueada por árabes cretenses e muitos dos habitantes foram vendidos como escravos.[45] As fortificações de Metímna foram fortalecidas após este ataque, e novamente no fim do século XI, como evidenciado em uma inscrição datada de 1084/1085.[46] Poucos anos depois, em 1089/90, estas fortificações ajudaram os habitantes a repelir com sucesso um ataque do emir Tzacas de Esmirna.[47][48] Estas fortificações novamente mantiveram Metímna segura quando o senhor genovês de Foceia, Domenico Cattaneo, capturou o resto de Lesbos em 1335; ele foi incapaz de tomar Metímna e a cidade igualmente bem-fortificada de Eresos. Junto com o resto de Lesbos, Metímna tornou-se uma possessão da família Gattelusio em 1355. Metímna repeliu uma força invasora turca em 1450, mas suas defesas foram superadas em uma segunda invasão em 1458, quando o almirante Ismaelos capturou a cidade com uma força de 150 navios.[49] Usando Metímna como base, a ilha inteira foi gradualmente conquistada até setembro de 1462.[carece de fontes]
Notas
- ↑ [12]. Uma complicação adicional é que Alexandre, o Polímata (FGrHist 273 F 96, citado em Estêvão de Bizâncio) diz que Assos foi uma colônia de Mitilene. Contudo, o editor de Estêvão, Augustus Meineke, comentou que ele acredita que possa ser um erro no manuscrito e que originalmente dizia que Assos foi uma colônia de Metímna.
- ↑ Brun 1992, p. 99-113 sugere uma data anterior nos anos 270, mas isto não tem sido aceito pelos estudiosos.[28]
- ↑ Em 14.28-29, ele considera o vinho de Eresos melhor que o Metímna
Referências
- ↑ «Ανακοίνωση Νόμιμου Πληθυσμού 2011» (PDF) (em grego). Consultado em 11 de maio de 2014. Arquivado do original (PDF) em 25 de dezembro de 2013
- ↑ «Ilha de Lesbos | Infopédia»
- ↑ «Απογραφή πληθυσμού της 18ης Μαρτίου 2001» (PDF) (em grego). Consultado em 11 de maio de 2014
- ↑ «Kallikratis plan» (PDF) (em grego). Consultado em 11 de maio de 2014
- ↑ «Methymna» (em grego). Consultado em 11 de maio de 2014
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